Estranho como alguns sentimentos adormecem dentro de nós... E de tão quietos, pensamos que eles não incomodam mais. É que eles foram ofuscados pelo turbilhão de pensamentos e obrigações sempre urgentes que carregamos na mente. Até que... Alguém ou alguma coisa nos leva a verbalizar, sinceramente, sobre o que aconteceu. As reações são as mais inesperadas... E em meio a soluços me dou conta de que passei 15 anos sem sofrer a minha perda.
Na época, eu não enxuguei os olhos: simplesmente não deixei que eles marejassem mais. Sufoquei a complexidade do que estava vivendo com um constante “a vida continua”.
É verdade: a vida continua. Mas ela poderia ter continuado melhor se eu tivesse me permitido compreendê-la naquele instante, naquela circunstância, com aqueles personagens.
A boa notícia é que ainda tenho tempo. E, pela primeira vez nesses anos todos, tenho coragem para ressignificar os sentimentos adormecidos dentro de mim.