Usina de Letras
Usina de Letras
176 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62188 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50593)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->LER: Como Processar A Leitura Do Texto? -- 03/03/2012 - 13:36 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O leitor precisa ter uma estratégia de leitura. Usar o que possui ao alcance da mente, suas memórias, vivências, desejos, afetos, vão orientar a interpretação do texto. Ler pressupõe conhecer a gramática e o léxico.



Como cada leitor faz uso da língua? Das palavras que conhece, da maneira mais adequada para a compreensão. Palavras, essas personagens do dicionário, podem ser lidas conforme o significado frasal que possuam em certo contexto de significação.



A leitura possui, talvez, mão única, no sentido de que cada texto se desdobra em direção à página final. Essa mão única indica um caminho retilíneo, página a página, mas certamente existe leitor que prefere saltar parágrafos e até páginas sem com isso perder o fio da meada da leitura.



Aqueles que possuem uma subjetividade dinâmica podem realmente promover saltos na leitura porque a atividade mental dos sentimentos, emoções e vontade estão integradas na dinâmica do ler.



Se uma fábrica de cachaça quer dá ao produto uma sofisticação que não possui, pode sugerir que ela seja apresentada ao leitor em inglês. “Pitú is on the table”. Esta apresentação confere um “status” que ela não tem, mas que sugere a curiosidade do leitor intimado a adquiri-la como se fosse substituto do malte escocês.



A idéia de que também a cachaça pernambucana está sobre a mesa das melhores famílias de biriteiros ao redor do mundo. Do mundo que fala inglês. O leitor de tal anúncio sente-se promovido ao participar do gosto, supostamente sofisticado, de americanos, australianos e ingleses que prestigiam o alcoolismo na língua materna ingerindo whisky.



Essas associações, por vezes aleatórias, fazem parte do repertório cultural de cada leitor. As tirinhas de quadrinhos dos jornais chamam este leitor à interpretações de suas imagens e mensagens a rápido prazo. São um convite à interação imediata de sentido humorístico de cada enunciado sugestivo.



Ou o leitor ativa de imediato seus conhecimentos pertinentes à sua interpretação do mundo, ou o sentido visualizado fica comprometido. O produtor do texto convida à interação, à participação do leitor. Essa interação precisa ser momentânea simplesmente porque o leitor padrão não tem tempo para ficr matutando sobre qual a melhor simultânea sugerida pelos quadrinhos.



José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, ao escrever uma história infantil, “A Maior Flor Do Mundo” desculpou-se com seu público por não saber se seria, a historinha, do agrado do público infantil. A simplicidade dos textos infantis sugere interpretações como as da dinâmica interpretativa na interação das tiras de jornais.



O objetivo da produção desses textos sugere, de imediato, a seleção mais adequada a cada situação de interação dinâmica autor/leitor. O gênero do texto por si mesmo proporciona a oportunidade de adequação da mensagem à dinâmica mental do leitor.



O conhecimento metacomunicativo ocasiona ações de articulação de sinais, por vezes inusitadas, presentes tanto no processo criativo do autor, como na construção interpretativa do leitor. A interação entre os conteúdos subjetivos de ambos se faz como se por meio de transmissão de pensamento e sentido. Para não dizer telepáticos.



Vejamos: numa série de quadro quadrinhos de uma tira de jornal um personagem masculino e outra feminina estão vivendo um certo estranhamento. O personagem afirma:



— Minha beleza é tão absurda que eu preciso usar esta máscara.



— É? Responde a mulher.



— Se eu tirasse e você visse meu rosto uma coisa incrível aconteceria.



— Que coisa incrível? Responde ela.



— Eu ficaria invisível. Nunca mais poderias me ver. Nunca!



— Tira, tira. Ela avança com muita disposição, com ambas as mãos em direção ao disfarce sobreposto ao rosto de seu interlocutor. Cheia de curiosidade.



— Não estou brincando, é sério. Revida o personagem masculino. Vendo o ataque determinado da mulher, atrela as mãos com força a segurar a máscara no rosto.



Ora, estamos diante de uma síntese de comportamento representativo de diversos eventos do cotidiano da sociedade. A curiosidade mórbida da mulher, a sugestão de um mistério que não se revela mas está próximo, supostamente ao alcance da mão, a desafiar sua solução; a vontade traduzida em histerismo de penetrar no mistério do outro, de, com isso, solucionar sua própria impenetrabilidade, seu desconhecimento subjetivo.



Observamos nesses quatro quadrinhos a dramatização de uma situação a princípio lúdica, mas que descamba para a beligerância. A sugestão dos conflitos humanos diante da obscuridade, do estranhamento e do que há de impenetrável na natureza humana. A atitude do homem que reluta em revelar os segredos de seu “iceberg” subjetivo.



Todas essas sugestões se fazem presente, e muitas outras, dependendo do repertório subjetivo do leitor. Este, pode criar interpretações que não teriam respaldo até mesmo na intenção inicial do autor da tira dos quadrinhos.



Outro exemplo é a fábula de Esopo “A Cabra E O Asno”. Exemplo de como uma narrativa infantil traz nela embutido sentidos muito mais pertinentes aos comportamentos humanos, do que, à primeira vista se imagina. A cabra, enciumada da quantidade de alimento que recebia o asno a mais que ela, bola uma estratégia para penalizá-lo.



— Que vida a sua, diz ela. Sempre trabalhando muito, carregando fardos. Ouça meu conselho. Finja um mal-estar, caia num buraco.

O asno ingenuamente cai. Tanto no buraco como no engodo bolado pela cabra. Ele presume que ela, cabra de peste, está cheia das boas intenções. Faz justiça ao nome que soa apelido: asno.



O dono do bicho, preocupado, vai ao veterinário.



— Se lhe der um bom chá de pulmão de cbra. Logo-logo ele estará curado.



Dona cabra, cheia de perversidade e malícia, ao conspirar contra seus semelhantes animais do mesmo convívio, termina vitimando a si mesma.



Lições: “Quem com o ferro fere com o ferro será ferido”. “O feitiço virou contra o feiticeiro”. A atitude presumivelmente muito esperta da cabra teve sua contrapartida de esperteza contra ela mesma. A lei do carma funcionando de maneira a configurar uma moral comportamental:



O asno poderia ter, mais que ferimentos, quebrado o pescoço e morrido na queda. De qualquer modo ela, dona Cabra, provocou deliberadamente sofrimentos num animal com o qual mantinha relações de proximidade. E por que não dizer? De intimidade.



Traiu essa confiança que o asno nela depositava e, como castigo, teve de ser sacrificada para que seu companheiro de ambiente, sobrevivente à perversidade de sua trama, pudesse recuperar os movimentos provisoriamente perdidos.



Esses modelos episódicos de situações cotidianas (“frames”) representam situações socioculturais que fazem parte das vivências cotidianas das pessoas em qualquer lugar do planeta globalizado por experiências similares. Elas apresentam experiências circunstanciais presentes na cultura de qualquer grupo social.





Talvez por isso sejam tão exemplares. E para os mais despertos, sirvam de advertência. Pertinente a comportamentos tidos e havidos como normais.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui