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Artigos-->A poesia d`Os quintos do inferno -- 25/02/2002 - 01:37 (Francisco Rodrigues Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
À memória cada vez mais saudosa de meu pai

Francisco Rodrigues Sobrinho

À minha mãe cada vez mais amada e admirada

Ana Rodrigues Cordeiro

À minha esposa e filhas cada vez mais atenciosas

Santuza de Menezes Rodrigues

Ana Elisa e Maria Luisa

Aos alunos e colegas do CEIVA e da UNIMONTES

Devo-lhes o meu estímulo inicial.



Francisco Rodrigues Júnior









SUMÁRIO









ADVERTÊNCIA.................................................................................................7



EM BUSCA DA POESIA....................................................................................8



A POESIA NOSSA DE CADA DIA.................................................................19



E AS NOSSAS POESIAS CHEGARAM NAS CARAVELAS... ....................23



A POESIA BRASILEIRA GANHA ESCOLAS LITERÁRIAS......................25



GLOSSÁRIO.....................................................................................................55



BIBLIOGRAFIA................................................................................................59



Avertência



Quero que o leitor saiba, antes de mais nada, que o propósito maior deste estudo não foi em classificar autores, estudar suas obras e nem sequer suas biografias; a intenção única e maior foi catalogá-los, obedecendo, claro, seus estilos de época e suas respectivas escolas literárias. O orgulho de ser brasileiro torna-se maior, quando conhecemos aquilo que é produzido em nosso País.



Francisco R. Júnior





EM BUSCA DA POESIA

“Por isso escrevo em meio

Do que não está ao pé,

Livre do meu enleio,

Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!”

Fernando Pessoa





Não precisa ser poeta para falar de poesia, nem tampouco excesso de sensibilidade para entendê-la. É preciso, antes de tudo, saber lê-la, compreendê-la, sem nunca se sentir frustrado por não ter em mãos um paradigma, ou seja, uma receita exata para analisá-la. Muitos estudiosos trouxeram e ainda trazem a nós diversas receitas de como ler, interpretar e analisar poesias. São todas interessantes, embora, presas aos paradigmas de suas correntes filosóficas. Modelos, apenas modelos, nos levam a estudos puramente tautológicos, mecanizados, superficiais, incapazes (muitas vezes) de nos fazer interagir com o mundo abstruso do poeta.

A poesia, como sabemos, é a arte de escrever em versos. Através dela a palavra tem um dom de se manifestar numa linguagem em que a sonoridade e o ritmo predominam sobre o conteúdo.

Quanto aos gêneros poéticos, a poesia pode apresentar-se em composições muito variadas. Os antigos retóricos gregos dividiram-na em épica, lírica e dramática. A poesia épica (poema narrativo) canta as façanhas de um herói ou de uma coletividade, tendo como estrutura às baladas ou cantos populares em que simbolizam as aspirações e conquistas de uma raça ou de um povo. A lírica (poema breve e mais subjetivo), vem de lira, instrumento musical usado para acompanhar os cantos gregos. Isso ocorreu até o final da Idade Média, quando as poesias eram cantadas. Dizemos que uma poesia é lírica quando o poeta nos passa uma emoção, um estado, centrando-se no seu interior uma forte carga subjetiva. A dramática (própria das peças de teatro), que há muito tempo foram escritas em verso, as paixões humanas constituem sua fonte de inspiração e costumam ser expressas na forma de diálogos e monólogos.

Embora a poesia tenha passado por diversas alterações formais no romper de muitos séculos, adequando-se, claro, a cada estilo e época dos poetas que experimentaram-na, ninguém chegou a ponto de romper a sua subjetividade. E por falar em subjetividade, toda linguagem carregada de significado é literatura:





“A distinção entre literatura e demais artes vai operar-se nos seus elementos intrínsecos, a matéria e a forma do verbo. De que serve o homem de letras para realizar seu gênero inventivo? Não é, por natureza, nem do movimento como o dançarino, nem da linha como escultor ou como o arquiteto, nem do som como o músico, nem da cor como o pintor. E sim - da palavra.

A palavra é, pois, o elemento material intrínseco do homem de letras para realizar sua natureza e alcançar seu objetivo artístico.”





Às vezes, perguntamos, o que é poesia? “Poesia” vem do grego poíeses, de poien: ação de fazer algo, criar, no sentido de imaginar. Os latinos chamavam a poesia de ORATIO VINCTA, linguagem travada, ligada por regras de versificação.

Para entendermos o que é poesia, antes de tudo, é preciso que saibamos distingui-la da prosa, que, embora pareçam distintas em seus aspectos gráficos, há uma diversidade de idéias complexas. A distinção entre poesia e prosa está no fato de a primeira exprimir-se em versos, e a segunda não. Se levarmos em conta apenas este parâmetro, veremos que: a poesia pode ser versificada ou não; a prosa pode ser versificada ou não (inclusive a prosa literária); pode haver poesia no poema em prosa e pode haver poesia no poema em verso. Aristóteles tinha nítida consciência da diversidade entre poesia e prosa, porquanto, “os estilicistas”, diz Thorne , “foram sempre atraídos pela questão de se é ou não possível identificar aspectos da estrutura lingüística que distingam a prosa da poesia. O problema é muito antigo e muito difícil”, somente os estudiosos germânicos com sua peculiar capacidade mental, para assuntos de teoria filosófica e estética, chegaram a uma fórmula capaz de obviar a questão: a poesia estaria presente na música, na pintura, na escultura, na arquitetura, na coreografia, como se fosse o seu objetivo último. Sendo assim, a prosa é a linguagem natural, linguagem comum, resultado de um trabalho estilístico do escritor; enquanto que a linguagem da poesia é artificial, pois contém versos e os versos têm artifícios de construção que procura obter efeitos no estado receptivo do leitor ou auditor.

E fiquemos com a poesia.





“A poesia é conhecimento, salvação, poder e abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal. Inspiração, respiração, exercício muscular. Súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero. Oração, litania, epifania, presença. Exorcismo, conjuro, magia. Sublimação, compensação, condensação do inconsciente. Expressão histórica de raças, nações, classes. Nega a história: em seu seio resolvem todos os conflitos objetivos e o homem adquire, afinal, a consciência de ser algo mais que passagem. Experiência, sentimento, emoção, intuição, pensamento não-dirigido. Filha do acaso; fruto do acaso; fruto do cálculo. Arte de falar em forma superior; linguagem primitiva. Obediência às regras; criação de outras Imitações”. dos antigos, cópia do real, cópia de uma cópia da idéia. Loucura, êxtase, logos. Regresso à infância, coito, nostalgia do paraíso, do inferno, do limbo. Jogo, trabalho atividade ascética. Confissão. Experiência inata. Visão, música, símbolo. Analogia: o poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. Ensinamento, moral, exemplo, revelação, dança, diálogo, monólogo. Voz do povo, língua dos escolhidos, palavra do solitário. Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!”





A poesia sempre existiu, vimos que os gregos conceituaram-na de “ação de fazer algo, criar, no sentido de imaginar...” se o Universo foi criado por Deus, da forma que nos relatam as escrituras bíblicas, consideramo-lo o primeiro poeta, senão, o condutor de toda inspiração poética. De onde surge tanta beleza, tanta riqueza e estética para a criação poética? O homem em sua ação de “fazer algo” interpenetra-se originalmente em sua essência, extraindo, por mais abstrata que seja a natureza, onde está estampada a sua realidade física ou espiritual - por natureza, entendemos todos os seres vivos que constituem o Universo e, por realidade, seja física ou espiritual, o homem está e sempre esteve presente. Consideremos a poesia tudo aquilo que está ligado a arte em conexão ao sentimento estético, pois a arte implica por si mesma uma espécie de magia que se foi purificando no decorrer dos séculos e que é pura e puramente estética quando a invasão do homem pela natureza advém exclusivamente do prazer de uma visão ou de uma intuição puramente intencional ou supra-subjetiva.

Se, etimologicamente, considerarmos a palavra poesia - poíeses, de poiem - constataremos que o homem, desde o início de sua história, tinha um caráter mágico diante daquilo que fazia: moradias, utensílios domésticos, armas, túmulos, objetos de artes e inclusive a criação da linguagem como meio de comunicação. A escrita, por mais rudimentar que fosse, também foi concebida por ele e, posteriormente, serviu de longo passo para dar origem a uma nova fase chamada civilização. A respeito disso, isto é, do fazer do homem, o professor Bosi , escreveu:





“A mão lavra a terra há pelo menos oito mil anos, quando começou o Neolítico em várias partes do Egito. Com as mãos, desde que criou a agricultura, o homem semeia, poda e colhe. Empunhando o machado e a foice, desbasta a floresta; com a enxada, revolve a terra, limpa o mato, abre covas. Com picareta, escava e desenterra. Com a pá, estruma. Com o rastelo e o forcado, gradeia, sulca e limpa. Com o regador, água. Desgalha com a faca e o tesourão”.

Manejando o cabo dos utensílios de cozinha, o homem pode talhar a carne, trinchar as aves, espetar os alimentos sólidos e conter os líquidos que escoariam pelas juntas das mãos em concha.

Morar é possível porque mãos firmes e pele dura amassam o barro, empilham pedra, atam bambus, assentam tijolos, aprumam o fio, traçam ripas, diluem a cal virgem, moldam o concreto, argamassam juntas, desempenam o reboco, armam o madeirame, cobrem com telha, goivo ou sapé, pregam ripas no forro, pregam tábuas no assoalho, rejuntam azulejos, abrem portas, recortam janelas, chumbam batentes, dão à pintura a última demão.

A mão do oleiro leva o barro ao fogo: tijolos. A mão do vidreiro faz a bolha de areia, e do sopro nasce o cristal.

A mão da mulher tem olheiros nas pontas dos dedos: risca o pano, enfia a agulha, costura, alinhava, pesponta, chuleia, cerze, caseia. Prende o tecido nos aros do bastidor: e tece e urde e borda.

A mão do lenhador brande o machado e racha o tronco. Vem o carpinteiro e da lenha faz o lenho: raspa e desbasta com a plaina, apara com o formão, alisa e desempena com a lixa, penetra com a cunha, corta com a serra, entalha com a talhadeira, boleia com o torno, crava pregos com o martelo, marcheta com as tachas, encera e lustra com o feltro.

O ferreiro malha o ferro na bigorna, com o fogo o funde, com o cobre o solda, com a broca o fura, com a lima o rói, com a tenaz o verga, torce e arrebita.

O gravador entalha e chanfra com o cinzel, pule com o buril. O ourives lapida com o diamante, corta com o cinzel, afina com o buril, engasta com a pinça, apura com o esmeril.

O escultor corta e lavra com o escopro e o formão.

O pintor, lápis ou pincel na mão, risca, rabisca, alinha, esquadra, traça, esboça, debuxa, mancha, pincela, pontilha, empastela, retoca, remata.

O escritor garatuja, rascunha, escreve, reescreve, rasura, emenda, cancela, apaga.”.





Desde a antiguidade oriental, a escrita tem se tornado instrumento da arte. Os egípcios não só cultivaram a escrita hieroglífica e a escrita demótica, como também foi uma civilização muito criadora no campo intelectual, artístico, científico e religioso. A sua literatura era em grande parte filosófica e religiosa. Sem dúvida, os melhores representantes foram o Drama Menfítico e Hino ao Sol, de Amenófis IV, conhecido por AKHNATON, e os hinos de devoção pessoal, que sobreviveram ao período do Novo Império. Já na antiga Mesopotâmia o gênero literário mais comum era o épico, destacando-se a Epopéia da Criação e a Epopéia de Gilgamesh, enquanto os hebreus cultivavam uma literatura de grande expressividade, como por exemplo, Os Salmos, de Davi, e o Cântico dos Cânticos, de Salomão, registrados na literatura bíblica. Com os fenícios, os maiores navegadores do mundo antigo, embora considerados, como a maioria dos semitas, vulgarizador, ganhamos o alfabeto composto por 22 consoantes e que serviu de base para a elaboração de outros alfabetos. Da pérsia, apenas as artes, equivalendo, sobretudo, a luta constante entre o bem e o mal... é a partir da civilização grega, que a literatura – falando-se em poesia – começa o seu apogeu.

A poesia épica foi a primeira expressão literária surgida entre os gregos. Neste gênero poético destacaram-se, no século VIII a.C., Homero e Hesíodo. Ao primeiro atribui-se a autoria dos dois maiores poemas épicos da Grécia: Ilíada e Odisséia. Hesíodo foi autor de Os trabalhos e os dias e Teogonia.

Em geral, o meio mais comum de expressão literária na época de formação dos povos era a narração épica de feitos heróicos. Os mais famosos poemas épicos gregos foram escritos no final da época homérica. A primeira a ser desenvolvida foi a elegia, que provavelmente se destinava a ser antes declamada do que cantada com acompanhamento musical. No século VI e no começo do V a.C., a elegia foi gradualmente cedendo lugar à poesia lírica, sendo cantada ao som de lira. O novo tipo de poesia era especialmente adaptado à expressão dos sentimentos apaixonados, dos amores e ódios violentos, despertados pela luta de classes. O maior de todos os escritores, neste gênero, foi Píndaro, de Tebas, que escreveu durante a primeira metade do século V. Em seguida podemos destacar Safo (poetisa de Lesbos), Anacreonte e Alceu. Na literatura helenística, surge a poesia bucólica, onde autores como Teócrito celebravam a vida simples e os prazeres do povo do campo. Temos que levar em consideração que desde o período helênico, a expressão literária maior dos gregos foi, sem dúvida, o teatro (que nasceu das festas ao deus Dionísio), grandioso em dois gêneros diferentes: a tragédia e a comédia. Desta forma, podemos constatar que a arte grega em geral caracterizou-se pela leveza, pela harmonia e pelo equilíbrio das formas. Seus poetas deixaram registrados, em seus “achados”, o ideal grego de moderação, de amor à vida e de exaltação do belo. Exprimiram perfeitamente o humanismo e a glorificação do homem como a mais importante criação do Universo.

Muito antes do declínio da Grécia, uma nova civilização, derivada em grande parte da grega, desenvolvia-se nas margens do Tibre, na Itália; e, ao entrarem os gregos na sua Idade Áurea, Roma já era uma força dominante na península ibérica, e, por mais seis séculos continuou a manter o poder e a supremacia no mundo civilizado, quando a glória dos gregos não passava de apenas recordação. No entanto, os romanos nunca igualaram os gregos nas realizações intelectuais e artísticas, talvez até por causas geográficas. Os romanos permaneceram um povo essencialmente agrícola, durante a maior parte de sua história, e absorvido em preparativos militares, forçados a defender suas próprias conquistas contra povos invasores. A língua Latina não possuía a riqueza, a harmonia e a flexibilidade da língua grega. Era precisa, grave, majestosa. Língua própria para sentenças breves, leis, ordens. Não era própria para a poesia, que só vai surgir séculos depois, refletindo o caráter do seu povo. As realizações literárias dos romanos refletiam pela direta ligação à sua filosofia. Horácio, poeta lírico e satírico, nas suas famosas Odes, serve-se de abundância dos ensinamentos tanto dos epicuristas, quanto dos estóicos, combinando a justificação epicurista do prazer com a bravura estóica em fase da adversidade. Também Virgílio, grande poeta épico, dá uma amostra do espírito filosófico dessa época, embora suas Églogas prendessem até certo ponto ao ideal epicurista do prazer tranqüilo, ele era antes um estóico. Sua obra mais famosa, “Eneida”, é uma glorificação propositada do imperialismo romano, a epopéia imperial com os trabalhos e os triunfos da fundação do Estado, suas tradições gloriosas e seu destino magnífico. Os únicos grandes escritores da época de Augusto foram Ovídio, mestre da poesia lírica, autor de versos cheios de suavidade e harmonia, ficou famoso pela suas obras A arte de amar e Metamorfoses, poema narrativo em 15 livros, redigido em versos de seis sílabas, e Tito Lívio, historiador, autor de História de Roma. O primeiro foi o maior poeta elegíaco romano, e o último tinha sua maior credencial na habilidade como estilista, como historiador, era lastimosamente deficiente. As obras literárias romanas influenciaram, em grande parte, no reflorescimento do saber que se espalhou pela Europa no século XII e atingiu seu zênite na Renascença.

Dos árabes, filhos de Alá, herdamos obras maravilhosas, imaginativas e ricas de sensualidade, quer em prosa As mil e uma noites ou em poesia, o Rubayyat, de Osmar Khayyam.





“A arte poética, dentre todas as demais, sempre foi a que os árabes mais exaltaram com uma paixão irresistível e, até os nossos dias, é ela que os conduz espontaneamente a um estado próximo da magia (...) Todos os povos veneram a própria poesia, e a relação particular dos árabes com sua língua explica-se pela história e pela religião.”





Ao recorrermos à história da literatura dos começos da Idade Média perceberemos que ela se caracterizou, primeiramente, por um declínio de interesses pelas obras clássicas e depois pelo desenvolvimento de uma tosca originalidade que, por fim, abriu caminho ao desenvolvimento de novas tradições literárias. No século V já começara a decair o gosto pela boa literatura latina. Conseqüentemente, o latim medieval acabou por se corromper numa lamentável confusão de mudanças de sintaxe e de ortografia e pela introdução de novas palavras usadas na conversação. Nos fins do período, contudo, as línguas nacionais, que tinham evoluído aos poucos de uma fusão de dialetos bárbaros, com alguma mistura adicional de elementos latinos, começaram a ser empregadas em vastas obras poéticas. Em conseqüência disso houve novo e vigoroso desenvolvimento literário, que atingiu seu auge, aproximadamente, no século XIII. O exemplo mais conhecido dessa literatura em língua vernácula foi o poema anglo-saxão Beowulf. A Irlanda passou, no fim do século VI e no começo do VII d.C., por um brilhante renascimento que fez do país um dos lugares mais esplendentes da chamada “Idade das Trevas”. Sem gozar o benefício de qualquer influência latina, os monges e os poetas irlandeses escreveram histórias e aventuras fantásticas em terras e mares e centenas de poemas de cores ricas e, generosa compreensão da natureza humana.





“Estas duas literaturas, a épica dos “trouvères” do Norte, e a lírica dos “troubadours” do Sul, já nascem maduras, constituídas, refinadas, pressupondo, portanto, um período anterior de elaboração cujas raízes estão por determinar. Como se explicaria que nos dois hemisférios franceses se produzissem duas literaturas diferentes? Ambas abandonaram o latim como veículo da expressão literária e foram buscar na língua vulgar, no romance, a expressão respectivamente do verbo épico e do verbo lírico. Se o romance as aproxima, distanciam-se entretanto pela inspiração. Já se procurou explicar o temperamento lírico da França meridional por causas geográficas e pela organização municipal das suas comunas. Mais do que a organização política e o argumento romântico do clima, militam outras causas, como as condições de existência e a concepção da vida.”





Temos notícias que no começo do período medieval raras foram as expressões literárias escritas. As que haviam eram constituídas, em sua maior parte, de obras sagradas, como hinos e comentários de ordem religiosa. As lendas que povoavam os castelos e burgos eram cantadas e passavam para a posterioridade através da tradição oral. Trovadores e menestréis eram homens que se encarregavam da preservação e difusão desse corpo lendário. Posteriormente, estas canções de gesta passaram para a forma escrita e adquiriram peculiaridades, conforme os países onde surgiam. Podemos mencionar os “trobadours” da Provença, na França; os “minnesingers” na Alemanha, os cantores da Itália, os mestres de “juglária” na Espanha, os trovadores em Portugal.

Os primeiros poemas da escola trovadoresca já eram escritos nas respectivas línguas nativas. São, portanto, os verdadeiros marcos iniciais da literatura de cada país. Se recorrermos aos poemas épicos, registrados nas literaturas de cada país, durante esse período, teremos na França Chanson de Roland, escrito por autor anônimo, compõe de 4.000 versos simples, constituindo-se numa das primeiras manifestações da literatura francesa; na Espanha “Cid, el Campeador , também de autoria desconhecida, é um poema considerado não apenas como o primeiro documento das letras castelhanas, mas também como o símbolo do espírito nacional da Espanha; na Alemanha foram preservadas a tradição mitológica germânica, que, através dos “mestres cantadores” alemães vieram a estruturar no corpo de “eddas”, grupos de poemas baseados nas lendas nórdicas .

A lírica trovadoresca era constituída de poemas de amor. Divulgaram-se principalmente na França e na Itália, nos versos dos “troubadours” da Provença e no “travatori” da Toscana e da Lombardia. Alguns trovadores franceses do século XII foram Bernardo de Ventatour, Pierre Vidal e Bertrand de Born, Rinaldo de Aquino (irmão de São Tomás), Guino de la Collone e Iocopo de Lentino, entre os italianos. Eram versos profundamente líricos, dirigidos geralmente à bem-amada, não havendo oportunidade para a realização dos anseios amorosos. A mulher era colocada em uma posição espiritualista, como um objeto de difícil alcance. É o amor impossível.

É bom ressaltar que o período medieval é compreendido em duas fases: a Idade Alta Média (ao período compreendido entre os séculos V e IX e que corresponde, em termos de Europa, à formação, desenvolvimento e apogeu do sistema feudal), a criação literária se restringe a algumas obras religiosas, escritas em latim, e a Baixa Idade Média ( período entre os séculos XI e XV e que corresponde à desagregação do sistema feudal e à conseqüente transição para o sistema capitalista), com o renascimento comercial e urbano, com as universidades e com a formação das línguas nacionais, ampliou-se o gosto pela literatura, e surgiram obras em poesia e em prosa de grande peso intelectual, pois, após as canções de gesta, as baladas e os “lieds”, surge o romance, já nas proximidades do século XIII. Os romances eram narrações também compostas de versos, mas já escritos em linguagem acessível às classes populares e abordando temas próprios, com coesão e coerência. Na França, dois grandes romances medievais, que merecem destaques são o Romance da rosa, de Guilherme de Lorris e João Meung, (com 4.000 versos), a Divina Comédia, de Dante Alighieri; o Decameron, de Giovanni Boccacio e África, de Francesco Petrarca. Estes três últimos foram os precursores do Humanismo, que iria estruturar-se mais tarde nos diversos aspectos do Renascimento.

É lícito dizer que – assim como a poesia – dois estilos musicais conviveram na Idade Média: a música sacra e a música profana. A sacra destacou-se o canto gregoriano, criado pelo papa Gregório I, e a profana destacaram-se as canções populares, tocadas e cantadas pelo homem comum, e as canções trovadorescas, cantadas e tocadas por trovadores que viviam percorrendo os castelos e as feiras, exaltando o amor à mulher e o espírito cavalheiresco da aristocracia.





A POESIA NOSSA DE CADA DIA



“Quando sinto a impulsão lírica

escrevo sem pensar tudo o que

meu inconsciente me grita.

Penso depois: não só para corrigir,

como para justificar o que escrevi.” Mário de Andrade)





corremos desde a Pré-História até a Idade Média para sondarmos a presença da poesia e sua importância nas civilizações que marcaram profundamente nossas raízes. Sabemos, pois, que a nossa Literatura Brasileira está totalmente enraigada à Literatura Portuguesa, cujos moldes foram remontados às custas das Literaturas Gregas e Latinas. Tudo começou no século XII, quando Portugal se constituiu como um país independente. Nessa época, com a unificação da linguagem de Portugal e Galiza, passou-se a utilizar a língua galego-portuguesa. Dois traços marcantes devem ser lembrados para uma visão da sociedade da época: o teocentrismo, no plano religioso, e o feudalismo, no plano político-econômico. Com o teocentrismo, isto é, a centralização da vida humana em Deus, expressava-se a intensa religiosidade, que acompanhou toda luta dos portugueses empenhados na expulsão dos mouros da Península Ibérica. Com o feudalismo, os nobres que possuíssem feudos exerciam os poderes do governo por meio de um sistema de vassalagem, que era baseado numa espécie de contrato que implicava obrigações mútuas entre o senhor e o vassalo. Os vassalos obedeciam ao senhor e o serviam pela proteção e ajuda econômica que dele recebiam. Esse sistema de vassalagem refletiu-se na poesia trovadoresca, principalmente nas cantigas de amor, em que o trovador se colocava normalmente na condição de vassalo diante da dama. A literatura portuguesa começa pela poesia. Era natural que assim o fosse: a prosa, produto da razão já desenvolvida e cultivada; poesia, conseqüência natural da sensibilidade e da imaginação, pouco pede e pouco exige para existir.Em prosa, não havia ainda modelos que imitar. O pouco era em latim medieval. Assim surgiu a Cantiga da Ribeirinha (ou da Guavaia), uma cantiga de amor, o primeiro documento literário português, datado de 1189 (ou 1198), do poeta Paio Soares de Taveirós, dedicado a D. Maria Paes Ribeiro. E hoje, encontramo-la, reunida com outras poesias trovadorescas em cancioneiros, que são, da Ajuda (com 310 cantigas), da Vaticana (com 1205 cantigas) e da Biblioteca Nacional de Lisboa (com 1647 cantigas). Foram os nossos primeiros trovadores: Paio Soares de Taveirós, João Soares de Paiva, D. Dinis (o Rei Trovador), João Garcia de Guilharde, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes, Torneol. Todos eles são aduzidos como gêneros poéticos: a canção d’amor, a cantiga d’amigo e a cantiga d’escárnio e de mal dizer, classificadas, posteriormente, como canções líricas e satíricas.

No Humanismo, Segunda Época Medieval, 1418, os autores, sujeitos líricos, revelam a coexistência, em seu íntimo de forças contrárias: o contentamento provocado pela visão da mulher amada e o tormento que essa mesma visão lhe provoca. O amor atua como forma de desenvolvimento espiritual, uma vez que a dama é muito mais uma idéia de perfeição e beleza a que se aspira do que um ser de carne e osso cuja presença física se possa desfrutar. Os poemas não são mais cantados e sim, recitados, o poeta é capaz de extrair sons e ritmos das palavras. Os padrões métricos que os poetas seguem para escrever os seus poemas são em versos de sete ou cinco sílabas, redondilhas maiores e menores. Os poetas desse período foram João Roiz de Castelo- Branco, Diogo Brandão, Tristão Teixeira, Conde de Vimioso.

No teatro de Gil Vicente (1460-1536), vamos encontrar a poesia dramática, com o emprego da redondilha maior, metro inteiramente do povo. A língua é a do povo: arcaica, cheia de figuras e comparações, nem sempre correta, quer na pronúncia, quer na sintaxe. Para nós, brasileiros, tem isso grande valor porque foi, precisamente, esse tipo de língua o que entrou no Brasil. Apesar de comediógrafo, no seu humorismo e lirismo há passagens grandemente poéticas. Suas obras mais conhecidas e estudadas são Pastoril Português, Barca do Inferno, Barca do Purgatório, História de Deus, Velho da Horta.

Mas a nossa literatura, ainda nos meandros da literatura, puramente lusa, vai começar a despontar somente a partir do Classicismo, quando, no contexto histórico-social aparece um amplo movimento econômico, cultural, surgido na Itália, em fins da Idade Média, e que rapidamente se espalhou por toda a Europa – o Renascimento. A Idade Média não desconheceu os valores dos principais autores gregos e latinos, muitos poetas medievais tentavam imitá-los, procurando aperfeiçoar os seus fazeres poéticos, conforme a citação de Aristóteles que “nada se cria, tudo se copia”. Estavam longe de alcançar a perfeição, embora, a partir do século XVI, fizeram o verdadeiro renascer dos estudos clássicos. Se na esfera da filosofia e da teologia os gregos eram mais conhecidos, Cícero e Virgílio foram os mais acatados na esfera literária. Todas as produções escritas passaram a tomar feição imitada das latinas, incluindo-se Histórias, segundo os moldes de Tito Lívio; as comédias de acordo com Plauto e Terêncio; as tragédias dentro dos modelos gregos; o bucolismo de Teócrito e Virgílio o lirismo em forma de epigramas, mas especialmente a epopéia. O latim passou a não ser só o modelo, mas também a própria língua de muitos humanistas, que se recusavam a falar e a ensinar em outro idioma qualquer.

No Classicismo português, o poeta lírico canta os feitos elevados dos reis e as glórias das navegações portuguesas, capazes de descobrir novas terras. A ênfase que se dá é ao poema épico, a mais alta realização da poesia clássica antiga e, portanto, a grande inspiração dos poetas renascentistas. Um exemplo disso é o poeta Francisco de Sá de Miranda (1481-1558) que lutou por introduzir em Portugal as novidades da Itália: o soneto com acentuação nas sílabas pares; as églogas, a canção de Petrarca, os tercetos de Dante, a oitava rima de Policiano e Ariosto. Ele (Sá de Miranda) escreveu 33 sonetos, 20 em português e 13 em castelhano; 9 églogas, 8 cartas e 3 elegias; seus sonetos são ronceiros, duros, mal feitos, como, aliás, toda a sua obra poética; Diogo Bernardes (1530-1595) pertenceu ao ciclo literário de Sá de Miranda, estava sempre bem informado do movimento literário renascentista da Itália. Poetando à maneira de Petrarca, em seus sonetos, e à maneira de Dante em tercetos, deixou-nos Elegias, Sonetos, Odes, Églogas que reuniu em Rimas Várias e Flores do Lima; Antônio Ferreira (1528-1569) conviveu grandemente com os mestres do renascimento italiano, vindo a ser o introdutor da tragédia clássica, ao modo grego, nas artes portuguesas. A sua versificação é áspera, imperfeita, ainda que a sua linguagem seja correta e clássica; deixou-nos a famosa tragédia Castro e ainda Bristo e Cioso. Escreveu várias poesias menores tais como églogas, epitalâmios, odes, elegias. O maior poeta que vamos ter nesse período é Luís Vaz de Camões (1524-1580), seja ele épico, lírico ou dramático, tornou-se o verdadeiro gênio literário, perlustrando todos os gêneros da literatura clássica, em todos fazendo valer o seu talento extraordinário. É o maior poeta épico da língua portuguesa, com Os Lusíadas, obra composta de 10 cantos, 1.102 estrofes, num total de 8.816 versos, nos relata o descobrimento do caminho das Índias, por Vasco da Gama. Estávamos, porém, no período das grandes navegações: a poesia, cheia de lirismo e pompa, estava, contudo, prestes a desembarcar com os portugueses, ou espanhóis, em terras nunca conhecidas...



E AS NOSSAS POESIAS CHEGARAM NAS CARAVELAS...



Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

(Fernando Pessoa)



A partir de 1500 chegaram na Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, posteriormente, e, fixamente, Brasil, os primeiros argonautas portugueses. Vieram-se por mal ou por bem, poesias trouxeram também. Quem lê a carta-relatório de Caminha encontra nela uma linguagem poética. Mesmo que não há rimas, por tratar-se de uma prosa informativa, claro, há em suas entrelinhas marcas de um lirismo tão penetrante, que, se não fosse em prosa, seria puramente poesia... é onde a poesia se esbarra na prosa e o leitor, muitas vezes, não consegue distingui-las.

Se as nossas poesias chegaram nas caravelas lusas, nós já a tínhamos aqui: os nossos índios, batizados assim pelos portugueses, eram povos de origem asiática, de língua aglutinante e fonética própria, somente modificada depois pela língua imposta pelos dominadores. Segundo o Padre Fernão Cardim, em uma de suas cartas , “os nossos indígenas, quando se visitavam, choravam longo tempo e entre lágrimas, com os cabelos desgrenhados, contavam os acontecimentos que se sucederam durante o tempo em que não se viram, tudo em prosa trovada, como se já conhecessem rima e poesia”. É o caso da língua tupi-guarani, que foi sistematizada pelos padres jesuítas e que até hoje é falada por tribos da região amazônica e estudada por lingüísticos, que acham-na maviosamente poética.

A partir de 1530, quando a expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza chega ao Brasil, está Portugal empenhado a colonizar a Nova Terra, recém descoberta por Pedro Álvares Cabral. Juntos vieram os primeiros poetas que reproduziram as nossas belezas naturais em suas poesias, ora cantadas em prosas ou em versos. As primeiras criações literárias a serem produzidas aqui foram puramente religiosas, a poesia de devoção, dos jesuítas. Não podemos deixar de mencionar que durante esse período a escravidão tornou-se necessária no Brasil, porque os trabalhos nas plantações e engenhos exigiam muita gente. Os colonos recorreram aos índios e, posteriormente, aos africanos, que eram bem mais resistentes e trabalhadores que os índios. Tudo isso vai refletir em nossas poesias como eixo temático de nossos poetas (cada um registra em seu estilo de época, suas experiências e visão de mundo).

O grande piahy , ou seja, padre José de Anchieta (1530-1597), espanhol, veio para o Brasil acompanhar D. Duarte da Costa, em 1553; no ano seguinte fundou um colégio em Piratininga, pleno planalto paulista, embrião da cidade de São Paulo. Ele nos legou a primeira gramática da língua tupi-guarani, além de escrever várias poesias, seguindo a tradição do verso medieval. Merecem destaques De Beata Virgine Dei Matre Maria e A Santa Inês, além de vários autos, segundo o modelo deixado por Gil Vicente. Sua missão era a catequese, portanto, os elementos mais presentes em sua literatura são o Bem e o Mal, o Anjo e o Diabo. A nossa literatura, durante esse período, vai se denominar como “a literatura dos catequistas e dos viajantes no século XVI”, cuja predominância maior será a da prosa. Os primeiros relatos sobre a nossa terra foram registrados por Pero Vaz de Caminha (1500), Pero Lopes de Souza (1530), Gabriel Soares de Souza (1587), Padre Fernão Gardim (1583), Ambrósio Fernandes Brandão (1618), Padre Manuel da Nóbrega (s/d) e Frei Vicente do Salvador (l627), entre outros cronistas, prosadores, gramáticos, geógrafos e historiadores quinhentistas. Durante esse século não tivemos ainda uma literatura propriamente nossa. A poesia que se criava aqui ainda tinha o lirismo confidencial e o sotaque puramente lexical da língua de Camões. A nossa poesia de cada dia ainda estava a brotar do coração daquela gente, que um dia, sem dúvida, tornaria uma “brava gente brasileira”.









A POESIA BRASILEIRA GANHA ESCOLAS LITERÁRIAS

"Enquanto revolver os meus Consultos,

Tu me farás gostosa companhia

Lendo os fastos da sábia, mestra História,

E os cantos da Poesia.”

Tomás Antônio Gonzaga



No final do século XVI e início do século XVII caracteriza-se na Europa uma nova corrente literária, denominada Barroco, palavra de origem obscura, mas que serve para marcar o traço distintivo de todas as manifestações culturais do período, que traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal, Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; espírito e matéria. Os poetas desarmonizam a poesia, em oposição à harmonia da época renascentista, empregando muitas figuras de estilo como a metáfora, a antítese, o paradoxo, a hipérbole e a prosopopéia, cantando a fugacidade da vida e das coisas; a morte, expressão máxima da efemeridade das coisas; castigo, como decorrência do pecado; arrependimento, narração de coisas trágicas, erotismo, o sobrenatural, o misticismo e o apelo à religião. É o Antropocentrismo se opondo ao Teocentrismo, ou seja, a Tensão. Esse período é marcado por conflitos de ordem religiosa, a Contra-Reforma, que propunha uma volta ao medievalismo e a irrestrita fé na autoridade da igreja e do rei.

Em 1580, Portugal perde sua autonomia como país, passando a integrar o reino da Espanha; porquanto o Brasil ainda não estava com a sociedade totalmente estruturada, o que nos leva a crer que entre os séculos XVII e primeira metade do século XVIII, houve apenas reflexos do Barroco europeu em nossa literatura, que aqui sofreu modificações, incorporando elementos da nossa realidade: a estrutura de um país-colônia, acompanhando os ciclos da nossa economia. O Barroco brasileiro é marcado pelo poema épico camoniano Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto, que, segundo Rodolfo Garcia, na introdução que escreveu para o segundo volume de “Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil”, coleção “Eduardo Prado” o poeta não é, portanto, brasileiro e sim israelita do Porto. É sabido que o Barroco brasileiro vicejou primeiro em Pernambuco e na Bahia, sedes da riqueza da época: a cana-de-açúcar. Foram os nossos primeiros poetas nacionais Gregório de Matos Guerra (1633-1695), o “Boca do Inferno”, que escreveu poesia lírica, satírica e religiosa ; Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), com Música do Parnaso, publicado em1705 e outros mais, membros das academias literárias fundadas nessa época para discutir assuntos de interesse geral e demonstrar habilidades versejatórias. As academias eram as seguintes:





Academia dos Felizes – Fundada a 6 de maio de 1736 no Rio de Janeiro por José da Silva Pais. O seu lema era afugentar a preguiça: ignavia fugante et fugienda. Fechou-se em 1740.

Academia dos Seletos – Fundada no Rio de Janeiro em 1751 sob a proteção do conde de Bobadela, inspirada por Feliciano Joaquim de Souza Nunes.

Academia Brasílica dos Renascidos – Fundada por José Mascarenhas Pacheco Pereira de Melo, na Bahia em 1759 sob a proteção do Marquês de Pombal que depois mandou prender o presidente acadêmico. O latim escolhido era: Multiplicado dies. O lema não foi profético porque se fechou logo em 1760.

Arcádia Ultramarina – Fundada talvez em 1780 e foi, certamente, a mais ilustre de todas, pois a ela pertenceram Cláudio Manuel da Costa, José Basílio da Gama, Santa Rita Durão, Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga, Caldas Barbosa e outros.

Sociedade Literária do Rio de Janeiro – Fundada em 1786 com a aprovação do vice-rei Luis de Vasconcelos e Souza. A sua alma foi o poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga e dela fez parte o ilustre Mariano José Pereira da Fonseca, Marquês de Marica. Foi fechada sob acusação de conspirarem contra o Reino e os dois escritores foram presos na Ilha das Cobras.





A partir da segunda metade do século XVIII a Europa caracteriza-se por uma profunda mudança: o Iluminismo, movimento de renovação cultural surgido inicialmente na França, entre os intelectuais ligados à publicação da Enciclopédia. Todos os autores desejavam voltar aos moldes clássicos de outrora, à imitação dos modelos greco-romanos, indo procurar novamente a inspiração da vida pastoril na mitologia dos povos antigos. A língua passou a ser cuidada, combatendo-se os excessos da adjetivação vazia de sentido, das expressões retumbantes, das comparações disparatadas, tendo por objetivos principais a simplicidade e a correção. Esse fato assinala um novo movimento literário conhecido como Arcadismo. O nome provém de Arcádia, região lendária da Grécia, onde os pastores e os poetas viviam num ambiente bucólico, tranqüilo, em paz com a vida e com o amor. Os poetas passaram a adotar nomes (pseudônimos) poéticos pastoris, que também eram atribuídos às suas amadas.

O Brasil, nesse período, está vivendo o século do ouro, graças à intensa atividade de extração mineral e à descoberta do diamante. Desloca-se o eixo econômico e cultural para Minas Gerais (centro de extração do minério) e Rio de Janeiro (porto de escoamento e nova capital do país desde 1763). O Arcadismo no Brasil vai coincidir com a Inconfidência Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, muitos deles ex-estudantes da Universidade de Coimbra, que tentaram repugnar a exploração da coroa portuguesa sobre a nossa colônia. Os poetas que mais representaram esse movimento foram os líricos Cláudio Manuel da Costa, Clauceste Satúrnio (1729-1789), com Obras Completas, com cem sonetos e várias églogas; Tomás Antônio Gonzaga, Dirceu (1744-1810), com Liras de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas, longo poema satírico cuja autoria lhe é atribuído; Manuel Inácio José de Alvarenga Peixoto, Alcindo Palmireno (1744- 1814), com Glaura, O desertor, poema de intenção satírica e outros trabalhos incluindo églogas, epístolas, odes e canções; Alvarenga Peixoto (1743 ou 1744-1792), sua obra parece ter-se perdido em virtude de sua prisão por envolvimento na Inconfidência Mineira; os poucos que chegaram a nós permitem-nos perceber um poeta preso às convenções da poesia da época; os principais cultivadores do gênero épico foram Cláudio Manuel da Costa, José Basílio da Gama (1741-1795) com O Uraguai; Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784) com Caramuru, poema épico do descobrimento da Bahia, publicado em 1781. Em quase todas as obras desses autores estão presentes na busca de uma identidade nacional para nossa literatura, manifestando-se o aproveitamento do indígena como herói literário e a visão crítica da situação política do país. A poesia brasileira dessa época, assim como demais cantadas na Europa, aos poucos assumia um caráter romântico e singular na Literatura Brasileira.

O Arcadismo, como sabemos, marcou um traço muito forte na nossa literatura, já ganhávamos, aos poucos, uma poesia de identidade nacional. Os nossos poetas cantavam os grandes espetáculos da natureza tropical, ainda que, selvagem, mas carregada de emoção. Ao recorrermos às metáforas empregas por eles, ou seja, à significância histórica que nos é deixada em seus versos, teremos, apesar de toda subjetividade, indícios de que nossa civilização começou a adquirir consciência a partir desse período. A forma de como o homem brasileiro (na condição de colônia) pensava e se comportava, perante a cada situação, era extraída através do “Eu” poético, que se assinala como uma emoção primitiva do conhecimento individual de cada poeta. Tudo aquilo que o incomodava, tornava-se tese em suas poesias; uma arte rica não procura beleza, permanece sempre a serviço de algum efeito prático.

Se no Arcadismo o homem colono-brasileiro adquiria consciência para reforçar o seu espírito de luta, contra tudo aquilo que o incomodava, a partir de 1822, com a proclamação de independência do Brasil é que a sua consciência torna-se mais nobre. Nesse momento ocorre a afirmação da nacionalidade, fato que coincide com a chamada escola romântica que havia surgido na Alemanha em 1774; depois Inglaterra (18l9) e França, que teve como tarefa de difundi-lo a outros países. Em Portugal o Romantismo inicia-se em 1825, vindo a ocorrer no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica Suspiros poéticos e saudades.

É bom lembrar que as origens do Romantismo estão ligadas ao declínio da nobreza e à ascensão da burguesia européia, no final do século XVIII, que causou alterações na ordem social. Nesse contexto surge uma literatura renovada em várias vertentes, pronta para atender um novo público leitor; que, agora, conta com o surgimento da imprensa burguesa. Nosso país assistiu, no início do século seguinte, fatos que desencadearam sua independência política e social: a vinda da família real. Com a chegada de d. João VI ao Rio de Janeiro, ocorreu uma série de transformações sociais e econômicas que visavam a possibilitar a administração de Portugal daqui do Brasil. Os fatos mais importantes foram a abertura dos portos; a fundação do Banco do Brasil; a criação dos tribunais de finanças e de justiça; a permissão para o livre funcionamento de toda espécie de indústria e a implantação da imprensa, que rapidamente se tornou um grande veículo de difusão cultural. A poesia mais uma vez marca o início de uma nova escola literária, estávamos no período romântico, chamado Romantismo, que teve, para nós, características notáveis como a valorização do índio, de nossa flora e fauna; o regionalismo ou sertanismo (que aborda o homem do interior e seus costumes); o mal do século (marcado pela melancolia, tristeza, sentimento de morte e pessimismo de nossos poetas); a realidade política e social (o abolicionismo absolutista, as lutas humanitárias, sentimentos liberais, o poder agrário e corrupção); os problemas urbanos (surgidos com o relacionamento indústria-operário). Os poetas brasileiros que marcaram esse período foram: Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882) o Visconde Araguaia, com Suspiros poéticos e saudades, obra que tem mais valor histórico que literário; Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) Primeiros cantos, Segundos Cantos, Últimos cantos, Teatro, Sextilhas de Frei Antão, Meditação, Os Timbiras e Poesias Póstumas; Manuel de Araújo Porto Alegre (1806-1879), poeta pouco conhecido, escreveu Colombo, poema de 40 cantos, em decassílabos brancos; Angélica Firmino, A Estátua Amazônica, Os Voluntários da Pátria, A Noite de São João, Dinheiro e Saúde e Brasilianas; Bernardo Joaquim da Silva Guimaraens (1825-1884) além de prosador foi poeta, considerado pré-romântico. Seus versos são brancos e de timbre nobre (que lembra os de Basílio da Gama e Gonçalves Dias). Escreveu Contos da Solidão, Poesias, Novas Poesias e Folhas de Outono; Laurindo José da Silva Rabelo (1826-1864), o “poeta lagartixa”, apelido que recebeu por ser muito magro, foi um poeta lírico e satírico, suas produções aparecem em Trovas, Obras Poéticas e Obras Completas; Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852) deu-nos apenas uma amostra do que faria o seu gênio se a morte não o tolhesse, escreveu A Lira dos Vinte Anos, Poesias Diversas, Poesias do Frade e O Conde Lopo; Luís José Junqueira Freire (1832-1855) toda sua poesia é travada entre o monge e o moço do século, escreveu Inspirações do Claustro e Contradições poéticas; Casimiro José Marques de Abreu (1839-1860), poeta espontâneo, profundamente sentimental, mas de pequena inspiração, escreveu Primaveras; Luís Nicolau Fagundes Varela (1841-1875), depois de Gonçalves Dias, é um dos maiores poetas que possuímos, sua vida foi cheia de paradoxos, não teve muito sossego para escrever, falecendo muito novo; são suas obras Noturnas, Pendão Auriverde, Vozes da América, Cantos e fantasias, Cantos religiosos, Anchieta ou O Evangelho das Selvas, Cantos Meridionais, Cantos do Ermo e da Cidade ; Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889) não tem destaque entre os poetas românticos, duas produções poéticas de sua autoria aparecem em quase todas as antologias, o soneto Morrer...dormir e o pequeno poema Ilusões da Vida, deixou-nos Traduções e poesias; Aureliano Lessa (1828-186l), poeta Diamantinense, pouco conhecido, foi companheiro de Álvares de Azevedo, deixou-nos apenas Poesias Póstumas; Tobias Barreto de Menezes (1839-1889), um dos maiores poetas da América, retumbante poeta de Dias e Noites, foi um dos mestiços mais inteligentes de toda nossa história literária, seus numerosos trabalhos estão reunidos em Obras Completas, em vários volumes; Pedro Luís (1839-1884) o ardoroso condoreiro de Terribilis dea, não publicou obra nenhuma, seus trabalhos foram reunidos e publicados pela Academia Brasileira de Letras sob o título de Dispersos; Antônio de Castro Alves (1847-1871) cantou todos os problemas sociais que ocorreram no seu tempo, escreveu Os escravos, A Cachoeira de Paulo Afonso, Espumas Flutuantes, Vozes da África e O Navio Negreiro; Tobias Barreto de Menezes (1839-1889) foi poeta contemporâneo e rival de Castro Alves, escreveu Dias e Noites, Menores e loucos, Polêmicas, Discursos, entre outras.

Os poetas supracitados, adeptos a essa escola literária valorizavam o “eu”, gerando o egocentrismo, desvinculando-se completamente dos padrões e normas estéticas do Classicismo. O verso livre, sem métrica e sem estrofação, e o verso branco, sem rima, caracterizam a poesia romântica, prevalecendo, assim, o “acento da inspiração”. Foi uma época em que, pelo ao menos na cidade de São Paulo, todos queriam ser poetas. Poucos se destacaram e mereceram reconhecimentos de suas obras nessa escola literária. Vivíamos, então, o apogeu da poesia em nossa literatura, que aos poucos viria a alcançar novos horizontes.

O exacerbado sentimentalismo empregado pelos poetas e prosadores românticos, aos poucos, decadenciava-se. Todos os aparatos vocabulares utilizados por eles, as adjetivações, as expressões imaginosas, metafóricas, produtos da fantasia e do subjetivismo foram substituídas por uma linguagem mais objetiva. A prosa dominou a

poesia, tornando-se a língua comum, real e viva, porquanto, o verso, seguindo os moldes da linguagem objetiva, é procuradamente correta e se dá atenção às rimas ricas. Estamos falando do Realismo, Naturalismo e Parnasianismo, que se inauguraram, como estilo literário, a partir da segunda metade do século XIX, quando a Europa vive profundas transformações vividas pela sociedade: a segunda fase da Revolução Industrial, o desenvolvimento do pensamento científico e das doutrinas filosóficas e sociais. Essa nova sociedade serve de pano de fundo para uma nova interpretação da realidade, que gera teorias de variadas posturas ideológicas. O homem está em busca de algo mais objetivo, negando o subjetivismo romântico e voltando-se para aquilo que está diante e fora dele, o não-eu; o personalismo cede terreno ao universalismo. O materialismo leva à negação do sentimentalismo e da metafísica. O Realismo, em termos gerais, só se preocupa com o presente, com o contemporâneo. Enquanto o Naturalismo valoriza os instintos naturais do homem, levando o Realismo ao extremo, a nossa poesia vai se manifestar nessa época dentro de uma escola de predominância poética: o Parnasianismo.

O Parnasianismo é a manifestação poética da época do Realismo / Naturalismo, embora não mantenha, ideologicamente, todos os pontos de contato com os romancistas realistas e naturalistas. É a estética da “arte pela arte”, com os seus poetas à margem das grandes transformações do final do século XIX e início do século XX. Esse estilo surgiu na França. O termo relaciona-se a um lugar mitológico da Grécia, o Parnassus, que seja a morada das musas, onde os artistas buscavam inspirações. O Parnasianismo só conseguiu êxito na França e no Brasil, preocupando, sobretudo, com a preocupação formal: a arte deve estar descompromissada da realidade, procurando atingir a perfeição normal. Os poetas desse movimento elegeram a Antiguidade clássica (cultura greco-romana) como ponto de referência para a almejada perfeição formal: objetividade, gosto por coisas e fatos exóticos, visão mais carnal que espiritual do amor, predomínio da ordem indireta, escolha de palavras incomuns, mais raras no vocabulário cotidiano, preferência pela rima rica e preciosa, predomínio de descrições pormenorizadas e universalismo.

O Parnasianismo no Brasil divide-se em dois momentos: o primeiro de 1880 a 1890, na convergência de idéias anti-românticas, como a objetividade no trato dos temas e o culto da forma, remontando as antologias publicadas a partir de 1866, sob o título de Parnasse Contemporain, em Paris, França. Nesse momento estrearam os poetas Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac. O segundo momento, batizado como neoparnasiano, que se inicia a partir do primeiro vintênio do século XX, (quando, na Europa, os poetas se aderiam ao movimento Simbolista), encontraremos poetas discípulos dos que marcaram o primeiro momento desse movimento. A partir do neoparnasianismo a poesia brasileira ganha novas tendências, ora românticas, ora parnasianas, ora simbólicas e até modernas.

O nosso primeiro livro parnasiano data-se de 1882, Fanfarras, de Teófilo Dias, em seguida, a corrente terá mestres como Antônio Mariano Alberto de Oliveira (1859-1936) pertenceu a Academia Brasileira de Letras e foi considerado o primeiro “Príncipe dos poetas brasileiros”. Forma o triângulo de ouro do parnasianismo brasileiro ao lado de Olavo Bilac e Raimundo Correia. Suas produções poéticas são numerosas, escreveu: Meridionais, Sonetos e Poemas, Versos e Rimas, Livro de Ema, Céu, Terra e Mar; Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1860-1911) vibrou todos os sentimentos humanos, sempre delicado e profundo, Primeiro Sonhos, Sinfonias, Versos e Versões, Aleluia e Poesias; Luís Delfino dos Santos (1834-1910) teve vida longa principiou na poesia romântica, passou pelo Parnasianismo, experimentou o Simbolismo e quase atingiu o Modernismo. Deixou: Algas e musgos, Poemas; Poesias Líricas, Íntimas e Aspásias, Atlante Esmagado; Rosas Negras, Esboço da Epopéia Americana, Arcos do Triunfo, Posse Absoluta, O Cristo e a Adúltera; Imortalidade; Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1909) apesar de ter se destacado mais na prosa realista, deixou-nos poesia Parnasianas, como Crisálidas (1864), Falenas (1870) e Americanas (1875) ; Luís Caetano Pereira Magalhães Júnior (1845-1869), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tem em Sonetos e Rimas a sua melhor produção; Antônio Valentim da Costa Magalhães (1859-1903), poeta de temas socialistas e de terno lirismo, Cantos e Lutas e Rimário; Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) foi eleito, depois do desaparecimento de Alberto de Oliveira, o primeiro “Príncipe dos Poetas”, em concurso promovido pela revista Fon-fon em 1907, suas obras parnasianas foram: Poesias (1888) – obra que inclui Panóplias, Via-Lactea, Sarças de fogo, Alma Inquieta e O caçador de esmeraldas; Sagres (1898); Poesias Infantis (1904); Tarde (publicado postumamente em 1906); Francisca Júlia da Silva (1874-1920) foi a primeira dentre todas as literatas do Brasil e distinguiu-se entre todos os parnasianianos pelo culto da forma e represa emotividade como queria a escola, deixou-nos duas obras Mármores e Esfinges; Padre José Severiano de Resende (1871-1931) deixou pequena brochura de poesias, ao gosto naturalista, retratando animais: Mystérios; Vicente Augusto de Carvalho (1866-1924) está colocado entre os mais profundos poetas líricos, é conhecido na nossa literatura como “o poeta do mar”, Ardentias, Poemas do mar, O Relicário, Rosa, Rosa de amor, Poemas e Canções, Páginas Soltas, Luisinha, Versos da Mocidade, Versos da Carteira de um doido; Manuel Batista Cepellos (1872-1915) escreveu em vários jornais e revistas de S. Paulo e do Rio de Janeiro, a sua poesia nacionalista, de modo especial paulista pelos assuntos: A Derrubada (poemeto), O Cisne Encantado (poema) e Os Bandeirantes, com prefácio de Olavo Bilac, 1906; Rodrigo Otávio de Langoard Menezes (1866-1944) foi poeta, historiador, contista e teatrólogo, escreveu Pâmpanos, Poemas e Idílios, Sonhos Funestos (drama em versos) e Vera; Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior (1860-1938) um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, deixou Prelúdios, Devaneios, Telas Sonantes, Rimas de Outrora e Poesias Escolhidas; Sebastião Cícero dos Guimarães Passos , (1866-1909) foi também fundador da Academia Brasileira de Letras, escreveu vários trabalhos em colaboração com Bilac, Versos de um simples, Hino do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil e Horas Mortas; Humberto de Campos (1886-1934) poeta, jornalista, contista, crítico, foi membro da Academia Brasileira de Letras, parnasiano na poesia e romântico na prosa, escreveu Poeira, Poesias Completas; Amadeu Amaral (1875-1929) foi jornalista, poeta, filólogo. Parnasiano na poesia depois de ter sido romântico em seus primeiros livros: Urzes, Névoa, Espumas e Lâmpada Antiga; Paulo Setúbal (1893-1937) como poeta escreveu versos de saber popular: Alma Cabocla; Afonso Schmidt (1890-1964), o valor da sua obra está no conteúdo, no assunto, muito mais do que na forma. Ganhou vários prêmios da Academia Brasileira de Letras: Lírios Roxos, Miniaturas, Lusitânia, Janelas Abertas, Ao Relento, Garoa, Poesias Escolhidas e Poesias; Rui Ribeiro (1898-1963) foi poeta e prosador, escrevendo em francês e servo-croata, tem vários contos, poesias e, inclusive o romance, Cabocla, traduzidos para o francês, o italiano, húngaro, sueco e servo-croata: O Jardim das Confidências, Poemetos de Ternura e Melancolia, Um Homem na Multidão, Canções de Amor, Cancioneiro do Ausente, Dia Longo, Rive Estrangère, Entre Mar e Rio, Jeux de L’Apprenti Animalier; Augusto Meyer Júnior (1902-1969) como poeta foi regionalista ou folclorista, deixando nos Poesia (reunião de todas as suas poesias), A Chave e a Máscara e Cancioneiro Gaúcho; Cid Franco (1904-1933), como escritor foi poeta, prosador e pesquisador do folclore brasileiro, deixou nos obras poéticas como Música Extinta (Lírica dos 17 anos), História Envenenada, À procura de Cristo (poesias e pensamentos espirituais), Poemas, Avatar, Trovas para o meu Senhor (poesia religiosa); Gustavo Teixeira (1881-1937), a sua poesia ressente-se da sua falta de informação literária; o seu primeiro livro Ementário foi muito bem recebido pela imprensa e o tornou conhecido dos centros literários do Estado de S. Paulo, publicou ainda Poemas Líricos, hoje enfeixados no volume Poesias Completas; Maria Eugênia Celso (1890-1963), poetisa e notável escritora, sua obra mais bela é Vicentinho, inspirada no filho, que nasceu em 1922 e veio a falecer dois anos depois, escreveu também Em Pleno Sonho (poesias), Alma Vária (versos), Jeunesse (versos em francês) e Oração da Enfermeira (poesia); Benedito Luís Rodrigues de Abreu (1897-1927) iniciou suas publicações com um pequeno livro de poesias Noturnos, 1917 e, mais tarde, já em convivência com outros literatos da capital paulista, também escreveu A sala dos Passos Perdidos e A Casa Destelhada; Cleómenes Campos Oliveira (1896-1968), poeta lírico dos mais delicados, apesar de sergipano, pertenceu à Academia Paulista de Letras, escreveu Coração Encantado, De Mãos Postas e Zabelé; Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927) foi poeta e membro da Academia Brasileira de Letras. É o autor da letra do Hino Nacional Brasileiro, cuja música é de Francisco Manuel da Silva. Foi, antes de tudo, um crítico combatível e terrível polemista contra as correntes modernistas. Suas obras principais foram: Arte de fazer versos, Rimas Ricas, Crítica e Polêmica.

Vimos que o Parnasianismo equivaleu na poesia ao Realismo na prosa, surgindo como uma reação contra o Romantismo e seu exacerbado subjetivismo. A maior preocupação dos poetas parnasianos era a forma, a perfeição do verso, que exigiria sempre a precisão da métrica e da rima, segundo os cânones da poética tradicional. Buscaram-se as normas poéticas da Antigüidade clássica através dos autores neoclássicos e dos autores renascentistas.

Embora o Parnasianismo obtivesse maior êxito na França e no Brasil, podemos afirmar que no Brasil não houve parnasianos puros, com exceção, talvez de Francisca Júlia (neoparnasiana), que conseguiu em seus versos a impassibilidade e objetivismo pregados pelo estilo. Os outros autores, de Bilac a Alberto de Oliveira, todos têm, em maior ou menor quantidade, poesias intimistas, e, ou em maior ou menor intensidade, de versos que se caracterizam pelo lirismo.

Apesar de o Parnasianismo ter rompido barreiras e atravessado um século de poesia, no Brasil, nesses entrementes, vai ocorrer vários movimentos literários que causarão a ruptura dos modelos clássicos em nossa literatura. Em relação aos outros países, principalmente aos da Europa, o Brasil vai fazer despontar o Simbolismo, o Pré-Modernismo (movimento exclusivamente nosso, que se registra, literalmente falando, como um período de transição às novas tendências literárias) e o Modernismo, propriamente dito. Poetas e poesias se confundem no decorrer dessas novas mudanças. Se recorrermos aos estudos de cada um deles, veremos que haverá momentos de conversão, ou seja, o poeta estréia-se em uma escola literária e depois passa pertencer a outra. É óbvio que cada escritor tem o seu estilo literário de acordo com a sua época e/ou com as mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais do seu país e do mundo.

As duas últimas décadas do século XIX na Europa mostram uma sociedade apoiada principalmente em duas classes sociais: os capitalistas, que viviam de lucros, e uma classe média em crise. O materialismo que havia prometido a felicidade para todos, vai ser questionado. Desse questionamento emergem valores esquecidos, que vão ser cultivados de novo a metafísica – que a ciência expulsara da filosofia -, o misticismo, o sonho, a fé, a religião, a análise do subconsciente e do inconsciente volta à tona na última década desse século, em 1890, quando se inicia na França um movimento literário contra o Parnasianismo: o Simbolismo. Achavam os poetas que o excesso de objetivismo da escola precedente, a sua indiferença sentimental e a tão apregoada sensibilidade dos vates já eram assuntos julgados e aborrecidos. Era necessário maior sutileza sentimental; sentir, expressar os sentimentos, mesmo de maneira vaga, imprecisa, mais pelo som das palavras do que pela significação delas. Tudo deveria ser dito musicalmente, ritmicamente, por meio de símbolos, de figuras, de comparações. A métrica, o estilo, nem mesmo as regras gramaticais poderiam impedir o poeta a expressar os seus sentimentos.

No Brasil, embora tardio, o Simbolismo vai acontecer paralelamente com o Parnasianismo. Seu marco inicial será em 1893, quando Cruz e Sousa publica Missal e Broquéis. Segundo Faraco & Moura “Aos novos poetas – os simbolistas – não foi dada a oportunidade de se manifestarem através de jornais e revistas, veículos sempre disponíveis aos parnasianos, aceito pelo público. (...) Só mais tarde, já no século XX, os simbolistas passaram por um processo de reavaliação, em que se considerou sua poesia fundamental para o surgimento do nosso Modernismo.” São poucos os poetas desse movimento: João da Cruz e Souza (1861-1898) foi o mais importante simbolista brasileiro, seus poemas são marcados pela musicalidade, pelo individualismo, pelo sensualismo, às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela cor branca: Broqueis (versos), Missal (poemas em prosa), Evocações, Faróis e Últimos Sonetos ; Bernardino da Costa Lopes (1859-1916) sabendo apenas ler, tinha a poesia nas veias e o talento à flor da pele; foi dos poetas mais lidos e imitados em todo o país, publicando livros sobre livros, onde a beleza das inspirações encontra perfeita expressão, não só de linguagem sonoramente constante, mas também na perfeição da técnica: Cromos, Pzicatos, D. Carmem, Brasões, Sinhá Flor, Pela Época de Crisântemos, Val de lírios, Helenos-Lírios de Quatorze Pétalas, Plumário, Poesias Completas, em 4 volumes; Vergílio Várzea (1862 - 1941) a sua linguagem é cuidada, colorida e musical, publicou em versos apenas Traços Azuis; Vescelau José de Oliveira Queirós (1865-1921), como era novidade o Simbolismo, dedicou-lhe atenção, publicando Nevrose, versos, Goivos, Heróis, Sob os olhos de Deus, Reza do Diabo e Cantinelas ; Emiliano David Perneta (1866–1921) o “príncipe dos poetas paranaenses” , como poeta começou a ser beaudelairiano, aderindo depois ao grupo dos simbolistas: Músicas, Carta à Condessa d’Eu, O Inimigo, Alegorias, Ilusão, Pena de Talião, Setembro. Estão todas reunidas em Obras Completas; Antônio Francisco da Costa e Silva (1885-1950) foi um dos poetas mais apreciado do seu tempo, se no seu primeiro livro Sangue, 1908, ainda oferecia alguma influência simbolista, já no segundo Zodíaco se firmava como verdadeiro parnasiano. Publicou ainda Pandora, Verônica, Antologia e Poesias Completas; Hermes Fontes (1888–1930) em sua produção encontram-se poesias que rivalizam com as mais altas da língua portuguesa no Brasil; Apoteose, Gênese, O Mundo em Chamas, Ciclo de Perfeição, Miragem no Deserto, Epopéia da Vida, Microcosmo, A Lâmpada Velada, Despertar, A Fonte da Mata e Poesias Escolhidas; Alceu Wasmosy (1895–1925) nos legou poesias de intenso lirismo, escrevendo obras como Flâmulas e Terra Virgem; José Alves Félix Pacheco (1879 – 1935) foi jornalista, deputado federal, senador e ministro das Relações Exteriores, escreveu Chicotadas, Via Crucis, Mors Amor, Amores Alvos, Luar de Amor, Poesias, Inesita, Maria, Tu, só tu, No limiar do Outono, O Pendão da Taba Verde, Lírios Brancos, Estos e Pausas, Em Louvor de Paulo Barreto; Emílio de Meneses (1867–1918), filiado entre os parnasianos, escreveu versos sempre pomposos, quase sempre em alexandrinos, mas de conteúdo pequeno, quer como emoção, quer como pensamento: Marcha Fúnebre, Poemas da Morte, Dies Irac, Poesias, Últimas Rimas e Deuses em Ceroulas (Mortalhas); Mário Pederneiras (1868–1915), a sua poesia é toda subjetiva é das mais harmoniosas do Brasil; nos versos livres foi um dos mais perfeitos, nos deixou: Agonia, Rondas Noturnas, Histórias do meu Casal, Ao Léu do Sonho e à mercê da Vida, Outono; Afonso Henrique da Costa Guimarães – Alphonsus de Guimaraens – (1870–1921) foi um místico, no sentido de tratar temas ligados à religião, sem que disto decorresse o misticismo de sua vida. Teve pouca ressonância a sua poesia s somente depois que faleceu é que se passou a dar-lhe maior atenção literária. São suas obras: Setenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística Kyriale, Pauvre Lyre, Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte e Poesias; Jorge Faleiros (1898–1924) conhecia como poucos a língua portuguesa e a poesia não lhe teve segredo algum, deixando-nos um livro póstumo, Nirvana; Pedro Kilkerry (1885–1917) não teve nenhuma obra editada: seus poemas e textos em prosa foram publicados em jornais e revistas da época, especialmente em revistas simbolistas Os Anais e Nova Cruzada. Em 1970, Augusto de Campos publicou Re-visão de Kilkerry, reunindo os textos disponíveis do poeta.

É lícito afirmar que no Brasil, o Simbolismo não teve, porém, encontrado ressonância na alma dos nossos autores e muito menos na alma do público, que habituados ao Parnasianismo não aceitaram esse movimento, que exigia muito mais do que o conhecimento de uma “arte poética”. A estética simbolista, infelizmente, foi sufocada com a longevidade dos nossos poetas parnasianos que, somente depois de muitos anos conheceram outros estilos e aos poucos se aderiram à ruptura proposta pelos modernistas, após a Semana de 1922. Faltava-lhes a consciência de que poesia não era simplesmente uma arte, mas teria de estar vinculada aos sentimentos humanos, livre de regras ou manuais da arte de versejar.

Após a proclamação da República, os nossos dois primeiros presidentes eram militares: o marechal Deodoro da Fonseca e o marechal Floriano Peixoto. O primeiro presidente civil, o paulista Prudente de Morais, tomou posse em 1894. Com ele, teve início uma alternância de poder conhecida como a política do “café-com-leite”, que manteve durante as três primeiras décadas do século XX. As oligarquias rurais de São Paulo e Minas Gerais é que dominavam os cenários políticos e econômicos do país. Apesar do domínio, essas oligarquias rurais caminhavam em descompasso com as grandes transformações pelas quais passava a sociedade brasileira. Essas transformações eram resultados do acentuado processo de urbanização, da vinda de grandes contingentes de imigrantes e do deslocamento ou da marginalização dos antigos escravos; surgia uma nova classe social: o proletariado, camada social formada pelos assalariados. Durante as duas primeiras décadas deste século ocorreram várias agitações sociais: a Revolta da Vacina, em 1904; a Revolta da Chibata, em 1910; os primeiros grandes movimentos grevistas em São Paulo, em 19l7. Nesse quadro de graves desequilíbrios sociais, os escritores passaram a expor uma visão crítica dos problemas brasileiros, embora não tenham se constituído como um movimento literário específico. Durante este período, conhecido na nossa Literatura Brasileira como Pré-Modernismo, a predominância maior foi a prosa; os três poetas que mais se destacaram foram Augusto dos Anjos (1884-1913) é o poeta mais original e pode-se dizer que único em seu gênero, misturando romantismo com realismo, inspira-se nas cenas mais cruas da vida humana, usou de linguagem científica como se fosse biólogo ou fisiólogo, nos deixou as seguintes obras: Eu, Rio de Janeiro, 1912 e Eu e outros Poemas (3a edição do primeiro), Rio, 1928; Raul de Leoni Ramos (1895–1918) embora tenha publicado tão pouco, inscreveu-se entre os mais perfeitos líricos brasileiros. Não é só emoção a sua poesia, mas encerra sempre um pensamento, uma meditação espiritual e profunda; tem a forma perfeita, o ritmo impecável e a linguagem correta. Nos legou: Ode a um Poeta Morto (pela ocasião da morte de Olavo Bilac) e Luz Mediterrânea; Olegário Mariano Carneiro da Cunha (1889-1958) poeta pré-modernista, o cantor das cigarras e dos namorados, deixou páginas cheias de encanto e de ternura: Visões de Moço, Ângelus, XXII Sonetos, Evangelho da Sombra e do Silêncio, Água Corrente, Últimas Cigarras, Cidade Maravilhosa, Castelos na Areia, Bataclã, Canto da Minha Terra, Destino, Teatro, Poesias Escolhidas, Vida, Caixa de Brinquedos, Poemas de Amor e de Saudade, O Enamorado da Vida, Quando vem baixando o crepúsculo, A vida que já vivi, Cantigas de encurtar caminho, Tangará conta histórias, Correio Sentimental, Toda uma vida de Poesia.

A partir desse momento iremos ganhar a poesia musicada, ou seja, os compositores eruditos passaram a manifestar interesse e a valorizar os ritmos populares, fazendo com que as elites começassem também a aceitar aquele tipo de música. A poesia, aos poucos, estaria propensa a fundir-se com a música, ou seja, ganhar alma e invadir o espírito humano, como hoje faz em grande estilo tecnológico. E isso não é de se admirar, uma vez que, desde a Idade Média ela já era cantada através da lira.

Se as duas primeiras décadas do século XX foram marcadas por várias agitações sociais, no Brasil, no mundo vai ocorrer a crise do capitalismo e o nascimento da democracia de massas. A revolução científica rompia as barreiras do tempo e do espaço, produzindo um grande e universal estado de euforia e crença no progresso. Inventaram-se, no fim do século XIX e início do século XX, o telégrafo, o automóvel, a lâmpada, o telefone, o cinema e o avião. Essas mudanças provocaram radicais alterações na forma de viver, de analisar a realidade e de representá-la artisticamente.

A máquina se tornou participante de todos os setores da vida, viver confortavelmente e aproveitar o presente eram preocupações fundamentais do homem naquele momento. A esse momento do início do século dá-se o nome de belle époque, que, no entanto, durou pouco, pois em 1914 iniciou-se a Primeira Guerra Mundial, encerrada em 19l8. O conflito, que envolveu praticamente o mundo todo, gerou a desconfiança nos sistemas políticos, sociais e filosóficos vigentes. O homem que viveu a guerra começou a questionar os valores do seu tempo.





“Terminada a guerra mundial de 19l4, toda Europa estava, naturalmente, convulsionada. Se a política procurava reconstruir a sociedade, em outras bases porque novos problemas sociais haviam aparecido, a literatura, produto eminentemente social, se viu também com a mesma desorientação. O passado estava extinto e com ele os temas literários de ante-guerra. Era necessário procurar no futuro imediato os assuntos literários, isto é, deviam os escritores acomodar-se ao que pudesse vir, já que o passado era outra cousa morta. O progresso da humanidade ia entrar na era da máquina, da técnica, da ação direta e imediata, na rapidez dos transportes, das comunicações quase instantâneas em que o indivíduo contava muito pouco e tudo repousava no mecanismo dos instrumentos. A literatura deveria fazer de tudo isto o seu assunto. O “futurismo”empregado por Marinetti estendia-se da Itália à França, à Europa toda, projetava-se na América, especialmente, no Brasil, cuja visita fizera o pai da renovação literária, entre apupos, vaias e aclamações. Na França, os que regressavam dos campos de batalha traziam ainda a revolta do sofrimento, a angústia das destruições e como se as idéias, as manifestações do passado fossem responsáveis pela hecatombe, contra elas investiam afrontosamente. Deviam enterrar, nas trincheiras esse passado com todas as suas figuras, com a falsa tristeza dos poetas, com as falsas criações do romantismo, com os falsos recursos de sonoridade do simbolismo. Nada de tudo isso era real, era vivido, mas apenas fantástico, imaginário, falso. A vida era áspera e difícil, cheia de luta e de sangue. Assim devia ser a literatura. Atacaram os cânones da língua, da estilística, da moral. Liberdade de expressão, liberdade de empregar a palavra como quisessem, liberdade de dizer o que deviam dizer, fosse ainda pornográfico ou imoral. Mas não é fácil querer cortar com o passado: o que descobririam para substituí-lo? Um novo ritmo? Novas formas poéticas? Novos assuntos? Nova língua? Desta luta surgiram então as escolas conhecidas por cubismo, dadaísmo, suprarrealismo. Eram expressões falhadas da renovação literária, do modernismo. As duas primeiras procuravam o preciosismo, a fantasia, a incoerência,. Buscava a última, o suprarrealismo ser mais que a própria realidade, exagerando o lado pouco estético e grosseiro da realidade (...).”





No Brasil, o Modernismo vai adquirir adeptos a partir de sua inauguração oficial no “Teatro Municipal de São Paulo”, em 1922, dividindo-se em apenas três “espetáculos”: o primeiro a 13 de fevereiro, o segundo a 15 de fevereiro e o terceiro a 17. O objetivo principal destes espetáculos de oratória, declamação, música, tudo acompanhado de vaias, assobios, pateadas e também aplausos, foi escandalizar o “burguês”, isto é, o sequaz ainda do Parnasianismo, do Simbolismo e do Romantismo. O saldo deste movimento foi nulo: nenhuma obra de valor substancial apareceu, apenas teve o valor de um “grito de clamor” que se fez ouvir nos anos consecutivos, despertando em todo o Brasil movimentos semelhantes, livros, revistas, estas sempre efêmeras e aqueles de valor muito discutível. Os poetas brasileiros que marcaram esse período foram: Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945), poeta, romancista, crítico literário, crítico musical, ensaísta de arte, folclore, literatura e música. A cidade de São Paulo, sua mais profunda paixão, constitui tema freqüente de sua obra: Há uma gota de sangue em cada poema, Paulicéia desvairada, Losango cáqui, Clã do jabuti; Remate de males, Poesia, Lira Paulistana, seguida de O carro da miséria; Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968) foi o poeta que viveu enganado, atacado pela tuberculose, que apesar de tudo, viveu 80 anos. Pertenceu a Academia Brasileira de Letras e, como poeta, foi de grande sentimentalidade e, por isso, romântico. Inspira-se em temas de sua própria vida, sendo autobiográficas várias de suas obras. Depois que adotou o verso livre, mais prosa ritmada do que verso entrou para a fileira dos modernistas com grande êxito. Obras: A Cinza das Horas, Carnaval, O ritmo dissoluto, Libertinagem, Estrela da Manhã, Lira dos cinquent’Anos, Belo, Belo, Mafuá do Maluco, Estrela da Tarde, Estrela da vida inteira; Cassiano Ricardo Leite (1895-1975), sua obra poética acompanha as diversas fases do Modernismo brasileiro. Os seus dois primeiros livros apresentam ainda características parnasiano-simbolista: Dentro da Noite; A flauta de Pã; Martim Cererê ou O Brasil dos Meninos, dos poetas e dos heróis, O sangue das horas, Jeremias sem chorar, Os sobreviventes; José Oswald de Sousa Andrade (1890- 1954) suas produções poéticas caracterizam-se por uma linguagem que mostra o nosso falar quotidiano, a língua do povo. Embora fosse injustiçado pela crítica, que não lhe conferiu o destaque de primeiro plano no movimento modernista, vendo nele apenas mais um dos seguidores de Mário de Andrade; hoje reconhecemos a importância de suas obras sob o aspecto lingüístico e literário. Escreveu: Pau-Brasil, O primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, Poesias Reunidas, Cânticos dos cânticos para flauta e violão e O escaravelho de ouro; Ide Schloembach Blumenschein (1882-1962) filha de pais alemães, nasceu em São Paulo. Desmentindo a fleugma de sua origem alemã, foi o temperamento mais exaltado da poesia feminina em qualquer fase ou escola literária. Tornou-se conhecida pelo seu pseudônimo Colombina, tendo colaborado em todas as revistas literárias de seu tempo e publicado numerosos livros de verdadeira e exaltada poesia tropical: Vislumbres, Sândalo, Lampeão de Gás, Cantares do Bem Querer, Cantigas ao Luar, Uma Cigarra cantou para Você, Distância, Inverno em Flor e Gratidão Rapsódia Rubra; Ronald de Carvalho (1893-1935) figura ao lado daqueles que iniciaram o movimento modernista no Brasil. Escreveu uma Pequena História da Literatura Brasileira: Luz Gloriosa, Poemas e Sonetos, Epigramas irônicos e sentimentais, Toda a América e Jogos Pueris; Raul Bopp (1898-1984) um dos dirigentes, com Oswald de Andrade e Alcântara Machado, da Revista Antropofagia (1928-1929), sua obra de maior repercussão é o poema Cobra Norato, que em tupi quer dizer língua boa, muito representativo do estilo modernista pelo aproveitamento de um mito brasileiro e pelo uso dos versos livres. Escreveu em seguida Urucungo, Memórias de um embaixador, Putirum, Poesias, Os movimentos modernistas e Coisas do oriente; Guilherme de Andrade e Almeida (1890-1969) participou da Semana de 22 recitando dois poemas. Foi um dos mais ativos redatores da revista Klaxon. Sua obra não apresenta muitas características modernistas, pois seus versos obedeciam a normas métricas mais perfeitas e quanto ao tema revela-se um continuador da tradicional poesia lírica em língua portuguesa: Nós, A Dança das Horas, Messidor, Livro de Horas de Sóror Dolorosa, Era uma Vez..., A Flauta que eu Perdi, Encantamento, Meu, Raça, A Flor que foi um Homem, Simplicidade, Cartas à Minha Noiva, Você, Cartas que eu não Mandei, Acaso, Cartas do Meu Amor, Poesia Vária, O Anjo de Sal, Toda a Poesia, Acalanto de Bartira, Camoniana, Pequeno Romanceiro, A Rua, Rosamor; Paulo Menotti del Picchia (1892-1988) em 1922 já era um escritor de sucesso, graças ao poema Juca Mulato, que é a sua obra mais conhecida. Participou ativamente da Semana de Arte Moderna, e, uma vez que dispunha de uma coluna no jornal Correio Paulistano, colocou a serviço dos interesses modernistas. Além de escrever romances, deixou-nos Poemas do Vício e da Virtude, Moisés, Juca Mulato, Angústia de D. João, Chuva de Pedras, O Amor de Dulcinéia, República dos Estados Unidos do Brasil, Poemas.

A poesia da segunda fase do Modernismo abrange toda a década de 30 e os primeiros anos da década de 40. Caracteriza-se por mudanças profundas no cenário Brasileiro, decorrentes das transformações políticas internas, bem como de fatos externos que afetaram o nosso país, que vai de1930, do governo de Washington Luís até a Era Vargas, que se encerra em 1945, quando Getúlio Vargas é deposto pelas Forças Armadas, extinguindo-se o Estado Novo. Se percorrermos por toda a história que marcou esse período, veremos que aconteceram fatos marcantes no Brasil e no mundo, desde a quebra da bolsa de Nova York, em 1929, até a Segunda Guerra Mundial, 1939 e 1942, quando o Brasil declarou estado de guerra contra a Alemanha e a Itália, concedendo aos Estados Unidos o direito de utilizarem as bases de Belém, Natal, Salvador e Recife. No ano seguinte, entraríamos na Segunda Guerra. A poesia durante esse período conflituoso adquire o amadurecimento das obras de autores da primeira fase que ainda continuavam produzindo. O surgimento de novos poetas, alguns deles já participantes da Semana de Arte Moderna, mas que não tinham ainda publicados nenhuma obra. A poesia caracteriza-se pelos seguintes aspectos: o humor da poesia piada; temas universalizantes, abarcando a reflexão sobre o destino do ser humano; o verso livre incorporado definitivamente em nossa poesia, fazendo valer a poesia lírico-amorosa, que vai tornar-se mais freqüente nesta fase. Destacam-se os poetas Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), toda sua obra registra o “sentimento do mundo” – para ele, função essencial do poeta – e relata os acontecimentos, a realidade do dia-a-dia, os problemas do ser humano, enfim, tudo aquilo que rodeia o homem ou a ele se refere: questões de ordem social, política, moral ou psicológica. Teve um profundo conhecimento da alma humana: Alguma poesia, Brejo das Almas, Sentimento do Mundo, Poesias, A rosa do povo, Poesia até agora, Claro enigma, Sinal estranho, Poesia errante, Viola de bolso, Viola de bolso novamente encordoada, Fazendeiro do ar, A vida passada a limpo, Lição de coisas, Boitempo, As impurezas do branco, A paixão medida, Corpo, Amar se aprende amando, Amor, O amor natural ; Murilo Monteiro Mendes (1901-1975) acompanhou todas as transformações vividas pelo século XX, quer no campo econômico e político, quer no campo artístico, foi o poeta que mais se identificou com o Surrealismo europeu, escreveu: Poemas, História do Brasil, Tempo e eternidade (escrito em parceria com Jorge de Lima), A poesia em pânico, O visionário, As metamoforses, Mundo enigma, Poesia liberdade, Contemplação de Ouro Preto, Poesias, Bumba-meu-poeta, Sonetos brancos, Parábola, Siciliana, Tempo espanhol e Convergência; Jorge Mateus de Lima (1895-1953) sua poesia inspirou-se em temas negros da escravidão do Brasil e predisposição mística, ficando célebre a Negra Fulo, sendo vários dos seus trabalhos traduzidos para o francês e para o espanhol: XIV Alexandrinos, O Mundo do Menino Impossível, Poemas, Essa Negra Fulo, Poemas Escolhidos, Tempo e Eternidade, obra escrita em parceria com Murilo Mendes), Poemas negros, A Túnica Inconsútil, Poemas Negros, Livros de Sonetos, As Ilhas, Poema do Cristão e A Invenção de Orfeu; Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964) iniciou-se na literatura participando da chamada “corrente espiritualista”, sob influência dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspiração neo-simbolista. Foi distinguida com o título honoris causa pela Universidade de Nova Delhi e recebeu várias comendas em outros países. A Academia Brasileira de Letras outorgou-lhe um prêmio pelo seu livro Viagem. O seu lirismo foi, na sua época, o mais perfeito, deixando-nos poesias de alto valor intrínseco, sendo considerada a melhor poetisa da língua portuguesa: Espectros , Viagem, Nunca mais... e Poema dos poemas, Romanceiros da Inconfidência, Balada para el-Rel, Vaga Música, Mar Absoluto, Retrato Natural, Amor em Leonoreta, Doze Noturnos da Holanda, O aeronauta, Pequeno Oratório de Santa Clara, Pistóia, Cemitério Brasileiro, Giroflé, Giroflá, Romance de Santa Cecília, A Rosa e Obras Poéticas; Marcus Vinícius da Cruz de Moraes (1913-1980) o início de sua carreira literária está também ligada ao Neo-Simbolismo da “corrente espiritualista” e à renovação católica de 1930. Percebe-se em vários de seus poemas dessa fase um tom bíblico, seja nas epígrafes, seja diluído pelos versos. No entanto, o eixo de sua obra logo se desloca para um sensualismo erótico, uma contradição entre o prazer temporário da carne e a formação religiosa; destaque também para o cotidiano (a vida do momento), tornando a sua poesia, música popular: O caminho para a distância, Forma e exegese, Ariana, a mulher, Novos poemas, Cinco elegias, Poemas, sonetos e baladas, Livro de sonetos, Novos poemas, O mergulhador, A arca de Noé.

A partir de 1945, fim da Segunda Guerra Mundial, início da Era Atômica com as explosões de Hiroxima e Nagasáqui, cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU), publicando, mais tarde, a Declaração dos Direitos do Homem. Logo depois, inicia-se a Guerra Fria entre o mundo capitalista e o mundo socialista, período marcado pela hostilidade e permanente tensão política entre as grandes potências mundiais. No Brasil, vamos viver o fim da ditadura de Getúlio Vargas e a eleição de Eurico Gaspar Dutra, dando-se o início da redemocratização brasileira. Logo depois, abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalidades e exílios. A Literatura Brasileira também passa por profundas alterações, com algumas manifestações representando muitos passos adiante e, outras, um retrocesso: a essa mudança chamamos de Pós-Modernismo, que se dá a partir da terceira fase do Modernismo (1945 a 1960). A poesia, a partir de 1945 ganha corpo de uma geração de poetas que se opõe às conquistas e inovações dos modernistas de 1922. A nova proposta foi defendida inicialmente pela revista Orfeu, cujo primeiro número, lançado na primavera de 1947, afirmando, entre outras coisas que “Uma geração só começa a existir no dia em que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no dia em que deixam de acreditar nela”. Ao contrário dos modernistas de 1922, passaram a dedicar uma poesia mais “equilibrada e séria”, distante do que eles chamavam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A preocupação primordial era que a poesia fosse considerada como um artefato, resultante da precisão formal e da correção de linguagem. Muitos críticos viam nessas propostas um retorno ao Parnasianismo, intitulando, posteriormente, a “geração de 45” de neoparnasiana; embora o termo geração não define com exatidão o grupo de poetas do período, pois há heterogeneidade de posturas e tendências. Deve ser entendido apenas como marco cronológico para agrupar os que estrearam por volta daqueles anos. As revistas que divulgaram os novos poetas foram a Revista Brasileira de Poesia, em São Paulo e a revista Orfeu, no Rio de Janeiro.

Sobre a criação literária universal a partir de 1945, Milklós Szabolcsi registra o seguinte pressuposto:





“(...) Desde 1945, certos autores e grupos começaram a exercitar-se com a possibilidade de criar poesias com o emprego de computador, desenhos por meio de calculadoras, e música, por meio de eletrônicos. A partir de 1953, uma escola organiza-se na Alemanha, em torno de Eugen Gomringer. Esta poesia inicia sua jornada na França, em 1962, com o movimento ‘espacialista’ de Pierre Garnier, com o concretismo brasileiro (Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari) e Jan Finlay e Edwin Morgan, na Inglaterra. Praticamente à mesma época (em 1953), Öyvind Fahlström edita sua proclamação na Suécia. Surgem legiões de poetas, em Viena, na Noruega, na Tchecolosváquia e em outros lugares, que desconstroem a tessitura poética em palavras e letras, realizam a variação e a permutação dos elementos através de recursos manuais ou mecânicos, segundo regras manuais ou mecânicos, segundo regras matemáticas ou de sabor de sua vontade. De início ainda veiculam ritmos, estados de ânimo, e impulsos compreensíveis; mais tarde tudo vai se transformando em matemática. Emergem a poesia imagética, numérica, fônica, de objetos e letras e inúmeras outras variações. (...) “.

Se recorrermos a todas as obras sobre tratados de Literatura Brasileira, vamos encontrar apenas uma breve citação sobre os poetas da geração de 45, que para muitos críticos literários brasileiros, é uma geração formada por um grupo de poetas não-catalogáveis; foram, entre outros, Odorico Bueno de Rivera Júnior (1914), foi redator da Rádio Mineira e trabalhou em publicidade. Ele participou com destaque no Congresso Paulista de Poesia (1948). Escreveu Mundo Submerso (Rio, 1944), obra de estréia, considerado “o primeiro grande livro da nova geração” (por corporificar certos ideais do Neomodernismo, no que se refere ao sensou da medida e à abolição do prosaísmo) e Luz do Pântano (Rio, 1948); Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919-1992), um dos fundadores do Clube de Poesia, cuja presidência ocupou, além de dirigir a Revista Brasileira de Poesias. Ele pertence à Academia Paulista de Letras. Como crítico antologista e ensaísta, tem se preocupado em especial com o problema da técnica da poética; escreveu Lamentação floral, Sol Sem Tempo, Lua de Ontem, Poesia quase completa; Alphonsus de Guimaraens Filho (1918) pertence a Academia Mineira de Letras, além de poeta é autor de uma antologia da poesia modernista mineira e organizador das edições de seu tio-avô, Bernardo Guimaraens, e de seu pai Alphonsus de Guimaraens, escreveu Lume de Estrelas, Poesias, A Cidade do Sul, O Irmão, Poemas Reunidos, Antologia Poética, O mito e o criador; Ledo Ivo (1924) fez parte do conselho consultivo da revista Orfeu, tornando-se um, dos principais poetas da “geração de 45”, estreou na literatura com o livro de poemas As Imaginações (1944), em seguida escreveu: Ode e Elegia, Acontecimento do Soneto, Barcelona, Ode ao Crepúsculo, Cântigo, Linguagem, Um Brasileiro em Paris, Magias, Estação Central, Finisterra, produziu também romances, contos, crônicas e ensaios, sendo em 1986 eleito para a Academia Brasileira de Letras. Paulo Bonfim, Geir Campos (1924-1999) dedicou-se profissionalmente ao jornalismo e à literatura; manteve programas literários na Rádio Ministério da Educação, foi cronista e articulista d”A Noite, do Diário de Notícias e de Paratodos. Como poeta, estreou em livro com Rosa dos Rumos (Rio, 1950) e em seguida Arquipélago, Coroa de Sonetos, Canto Claro e Poemas Anteriores, Operário do Canto e Cantigas de Acordar Mulher; Thiago de Melo (1926) apesar de estar vinculado à geração de 1945, somente tornou-se nacionalmente conhecido na década de 1960 pela poesia engajada com a qual manifestou seu repúdio ao autoritarismo e à repressão. Escreveu Coração de terra, Silêncio e palavra, Narciso cego, A lenda da rosa, Faz escuro mas eu canto, A canção do amor armado, Poesia comprometida com a minha e a tua vida, Canto do amor armado, Horóscopo para os que estão vivos e Mormaço na floresta. Em abril de 1985, o poema os Estatutos do homem, de 1977, musicado por Cláudio Santoro, abriu a temporada de concertos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro ; José Ribamar Ferreira (1930), conhecido autoralmente com o nome Ferreira Gullar, surgiu após o movimento modernista de 1922, praticando uma poesia de cunho social, embora sensível às emoções cotidianas do indivíduo. Domina a forma poética, mas adota palavras e versos tidos como “antipoéticos” ou “sujos”. Estreou na literatura com a coletânea Um pouco acima do chão (1949) e em seguida escreveu A luta corporal (obra considerada precursora do movimento paulista de poesia concreta), Poemas, Dentro da noite veloz, Poema sujo, Vertigem do dia e Barulhos; José Paulo Paes (1926) realizou pesquisas poéticas de vanguarda. Fez parte da revista Invenção, que reunia poetas novos e um grupo de poesia concreta. Suas obras mais significativas são O aluno, Homem ao vento e Poemas reunidos.

Ao recorrermos em todos os compêndios de literatura brasileira, veremos que o mais importante dos poetas dessa chamada “geração de 45” foi João Cabral de Melo Neto ( 1920-1999), que surgiu com esse grupo de poetas, mas logo se desligou, seguindo um caminho original e único na poesia moderna brasileira. Segundo José de Nicola, João Cabral de Melo Neto “só pertenceria à Geração de 45 se levado em conta o critério cronológico; esteticamente afasta-se de grupos, abrindo caminhos próprios e tornando-se um caso particular na evolução da poesia brasileira moderna”. Ele pertenceu a Academia Brasileira de Letras desde 1968 e nos deixou as seguintes obras: Pedra do Sono, O engenheiro, Psicologia da Composição, O Cão sem Plumas, O Rio, Duas Águas, Morte e vida severina, Paisagem com Figuras, Uma Faca só Lâmina, Quaderna, Dois Parlamentos, Terceira Feira, A Educação Pela Pedra, Museu de Tudo, Auto do Frade, Agrestes, Crime na Calle Relator, Poesias Completas.

Na década de 1950, ou seja, a terceira e última fase do modernismo, surge a revista-livro Noigandres , apresentando um movimento poético inovador chamado Concretismo, com Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari sendo seus fundadores e principais representantes. Estes três poetas, iniciadores das experiências concretistas, já se encontravam agrupados desde 1952, quando do lançamento da revista, em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em São Paulo. No ano seguinte, repetiu-se a mesma exposição no Rio de Janeiro, com maior repercussão. Estávamos vivendo um extraordinário avanço tecnológico, com o presidente Juscelino Kubitschek orientando a economia para o capitalismo associado ou dependente, procurando criar uma estrutura industrial, tendo como base o Programa de Metas, com o slogan: “50 anos de Progresso em 5 anos de Governo”. A poesia haveria de aliar à linguagem dos meios de comunicação de massa ( a chamada mídia), que acabaram permeando-a. Tornaram-se urgentes novas formas de expressão, condizentes com uma sociedade em que tudo acontece de maneira rápida. O concretismo propõe uma poesia não linear ou discursiva, mas espacial, decretando o fim do verso e abolindo a sintaxe tradicional, elaborando novas formas de comunicação poética em que predomine o visual, em consonância com as transformações ocorridas na vida moderna, em virtude da influência dos meios de comunicação de massa. Além da revista-livro Noigandres (onde em 1958, no número 4, foi publicado o “plano- piloto para a poesia concreta”), a revista Invenção também serviu de divulgadora das idéias do Concretismo, que conta ainda com a participação de José Lino Grünewald, José Paulo Paes, Pedro Xisto, Ronaldo Azeredo, Wladimir Dias Pinto e outros.

Em 1960, fim do governo de Juscelino Kubitschek e inauguração de Brasília, o Brasil passa a restabelecer o equilíbrio financeiro (de acordo com as normas do F.M.I), adotando medidas de restritivas do câmbio (instrução 204 da SUMOC) e severo controle dos gastos internos. O presidente da República Federal do Brasil é Jânio Quadros, que em 31 de janeiro de 1961, – o mesmo ano em que tomou posse -, renuncia, desencadeando uma das maiores crises políticas da história contemporânea do Brasil. Depois de intrincadas manobras, João Goulart, o vice-presidente, tomou posse. Em 1964 o general Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, encabeçou um golpe militar que derrubou João Goulart, dando início ao ciclo de presidentes militares, que só encerraria em 1985, quando o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo de Almeida Neves para a presidência da República, sendo o primeiro presidente civil, depois de 21 anos. Horas antes de tomar posse, Tancredo é submetido a uma cirurgia e falece em 21 de abril, sem assumir o cargo; o vice, José Sarney, era o novo presidente da República. Em seguida foi eleito pelo povo, Fernando Collor de Melo, que tomou posse em 1990 e foi cassado dois anos depois, acusado de corrupção, em seu lugar assumiu o vice, Itamar Franco; em 1995, Fernando Henrique Cardoso é eleito à presidente, sendo reeleito em 1998. Durante todo esse período, a nossa poesia foi ganhando novas características, incluindo-se ora no Modernismo, ora no Pós-Modernismo (50/60 à atualidade), tornando-se difícil de esquematizá-la, uma vez que, são fatos recentes demais e há uma grande mistura de estilos que convivem pacificamente. A atitude pós-moderna configura-se, na arte, pela ironia, pelo pastiche e pela pouca esperança diante da realidade. Segundo Domingos Proença Filho , a arte produzida nesse período apresenta as seguintes características:



- Eliminação de fronteiras entre a arte erudita e a arte popular.

- Presença marcante da intertextualidade, isto é, o diálogo ou o cruzamento entre obras.





Portanto, após o Concretismo, que foi uma vanguarda artística exclusivamente brasileira, surgiu a Poesia-Práxis (1962) partindo do princípio de que a “palavra é uma célula do discurso”, valorizando a palavra dentro de um contexto extralingüístico, caracterizando-se pela “periodicidade e repetição das palavras, cujo sentido e dicção mudam”, conforme a sua posição no texto. Filiam-se ao grupo práxis Mário Chamie (principal poeta), Mário Gama, Yone Gianetti Fonseca, Armando Freitas Filho e Antônio Carlos Cabral; o Poema/Processo, lançados em exposições realizadas no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte, em 1967, radicalizando ainda mais o Concretismo, utilizando sobretudo signos visuais, encerrando em 1973, quando publicou-se um Manifesto de Encerramento do Poema-Processo. O líder do grupo foi o poeta Wladimir Dias-Pino; a Poesia-Social, resultado da reação de alguns poetas a duas características: o excesso de formalismo e o distanciamento do público e a alienação dos movimentos de vanguarda; procurando buscar maior comunicação com o leitor, retornando ao verso, fazendo o emprego de uma linguagem mais simples e uma temática voltada para a realidade social. Para os poetas dessa tendência, a poesia é veículo de participação política. Fizeram parte Ferreira Gular, Thiago de Melo e Affonso Romano de Sant’Anna; Tropicalismo, que vai dominar o cenário da música nos anos 67 e 68, apresentando algumas características para a literatura, principalmente no campo da poesia, quando aparecem poemas de Torquato Neto e Carlos Drummond de Andrade, musicado e parodiado; Poesia Marginal (década de 70), chamada assim porque sua impressão e distribuição não eram feitas por editoras e sim rodados em mimeógrafos, off-set ou processos semelhantes. Alguns desses poetas têm hoje sua obra impressa e distribuída por grandes editoras: Chacal, Paulo Leminski, Cacaso, Chico Alvim, José Edward Lima (A pátria que te pariu, 1989) e Aroldo Pereira (Cinema bumerangue, 1997), entre outros. A linguagem dos poemas marginais é muito diversificada, quase fusão, de poesia e vida, cujas influências são decorrentes do Concretismo e do Poema/Processo. É bom lembrar que, a partir de 1980, toda poesia criada será decorrente das produções contemporâneas, que visa refletir sobre a realidade e a busca de novas formas de reflexão, mantendo a tradição da poesia discursiva. Temos a permanência de poetas consagrados e outros a consagrar, como JOÃO CABRAL DE MELO NETO, ADÉLIA PRADO, MÁRIO QUINTANA, FERREIRA GULLAR, JOSÉ PAULO PAES, MANOEL DE BARROS, JOÃO MOURA JÚNIOR, HENRIQUETA LISBOA, YEDA PRATES BERNIS, EFE FERNANDES, ULISSES TAVARES, AFONSO SCHMIDT, AUGUSTO FREDERICO SCHMIDT, AUGUSTO MEYER, CARLOS LACERDA, CLEÓMENES CAMPOS, MURILO ARAUJO, ONESTADO DE PENNAFORT, RICARDO GONÇALVES, RODRIGUES DE ABREU, ROSALINA COELHO LISBOA, JOVE DA MATA, JOSÉ ANTONIO DO VALE FILHO, PAULO BOMFIM, VALÉRIA R. BOTHARO, ELIAS RAPOSO, PAULO JOSÉ CUNHA, OLYMPYADES GUIMARAES CORRÊA, NELSON CAIXETA, OSCAR G. GAIADO, CARLOS FELIPE BRUNO, NEIMAR DE BARROS, DARCY DAMASCENO, JOÃO DAMASCENO, DJALMA ALVES TEIXEIRA, NEWTON ALMEIDA, JOSUÉ ALVES MARTINS, HINDEMBURGO DOBAL TEIXEIRA, LADEMIR FILIPPIN, JOSÉ GODOY GARCIA, KATSUKO SHISHIDO, LÚCIA NUNES, MARIJÔ, CASTELAR DE OLIVEIRA LEITE, WALDIR DE PINHO VELOSO, ANTÔNIO FÉLIX DA SILVA, MAURÍLIO ARRUDA, ILDEU BRAÚNA, JOSÉ CATARINO RODRIGUES, DENISE MAGALHÃES, DORISLENE ALVES ARAÚJO E ALMEIDA, VICENTE GERBASI, ROSANA HUMMEL, GILDO MAGALHÃES, CLAUDIA GIANUBILO MARTINI, WALTER MASSI, MARQUES OLIVEIRA, FRANCISCO ORBAN, ÁLVARO PACHECO, LUIZ F. PAPI, MARCELO PERRONE, BALTAZAR DOS REIS, RICARDO SALDANHA, FLÁVIO SARLO, JOSÉ FERREIRA SIMÕES, PAULO DE TARSO, VILMA MUNIZ VERAS, FERNANDO MENDES VIANA, HERBET FROTA e muitos muitos muitos outros poetas brasileiros , que fazem da poesia arte de expressar sentimentos... e por falar em arte, é mister dizer que a poesia está profundamente enraigada na vida do homem. Vimos que, desde os tempos primordiais, o homem tem se preocupado em deixar registrado a sua arte como marca de sua existência. Que seja um risco (um traço ou um rabisco), este ícone poderá tornar-se tão representativo, que ao mundo inteiro terá significado poético. Poesia, não vem do grego de poien? Poien não significa fazer algo, criar, no sentido de imaginar? Então, qual outra palavra se dá à criação humana, senão poesia? O saber fazer é a plena certeza de que aquilo que se cria e se realiza tem que ser eterno. A eternidade é a principal fonte de inspiração do poeta. A eles, devemos todos os conhecimentos adquiridos no decorrer de nossa história; pois, poesia, não é apenas rimas e nem tampouco versos soltos, mas sim aquilo que está escrito nas entrelinhas, envolvendo a gênese e o êxtase do seu criador. Como diz o poeta, Aroldo Pereira , em “poesia”:



cuido da poesia

como quem cuida

de uma princesa

beijo, brinco, brigo

xingo palavrão

pra qu`ela se

mantenha acesa

e não descuide da

revolução

evolução

revolução

evolução

revolución













GLOSSÁRIO



Alba: gênero de poema trovadoresco, cuja temática invariável era a separação dos amantes ao romper da aurora.



Balada: pequeno poema narrativo de assunto lendário ou fantástico muito praticado do século XV ao XIX, quando inspirou os compositores românticos o gênero musical. Do provençal “canção de bailar” poema formado por três oitavas ou três décimas, que têm as mesmas rimas e terminam pelo mesmo verso, seguidas de uma meia-estrofe (quadra ou quintilha), dita oferta ou ofertório, na qual se repetem as rimas e o último verso das oitavas ou das décimas.



Bucolismo: gênero literário e artístico que busca realçar as virtudes campestres.



Burlesco: gênero literário que aborda ou faz referência a situações sérias a partir de enfoque jocoso. Cultivado desde a antiguidade em formas poéticas ou dramáticas.



Canção: composição musical sobre texto poético, para ser cantada por uma ou mais vozes.



Canção de gesta: composição literária em versos, quase sempre anônima e caracterizada pela narração de feitos heróicos, reais ou lendários. Praticada durante a Idade Média.



Cancioneiro: designação genérica dos códigos de poemas galego-portugueses escritos do século XII ao XIV. Os mais conhecidos são: os da Ajuda, da Vaticana e da Biblioteca Nacional.



Cântico ao Sol: hino religioso composto por São Francisco de Assis. Com versos rítmicos e rima irregular, louva a Deus por intermédio de suas criaturas, como o “Irmão Sol”, a “irmã Lua” e a “irmã Morte”.



Cânticos dos Cânticos: livro poético do Antigo Testamento, tradicionalmente atribuído a Salomão. Reúne uma coleção de diálogos amorosos entre um homem e uma mulher, nos quais exaltam a beleza e a paixão.



Cantiga: forma poética medieval concebida para o canto, baseada, sobretudo, em lendas amorosas e religiosas. Típica da Galícia portuguesa.



Cantiga de amigo: composição poética trovadoresca, em geral em redondilhas, em que o poeta se coloca no lugar da amada e fala de seus sentimentos em relação ao amigo. Umas das primeiras manifestações líricas portuguesas, muito cultivada durante a Idade Média.



Cantiga de amor: composição poética trovadoresca, em geral em redondilhas, na qual o amante se declara com delicadeza à amada. Originária da cansó occitânica, cultivada em Portugal durante a Idade Média.



Cantiga de escárnio e maldizer: composição poética satírica em que o poeta ataca diretamente uma pessoa. Cultivada em Portugal durante a Idade Média.



Cantilena: lamento suave ou cântico edificante cultivado na Idade Média. Precursor da poesia épica.



Canto: designação genérica para qualquer manifestação musical de voz humana, segundo os princípios de ritmo, melodia e harmonia.



Cordel: versos populares (usado entre desafiadores, ou seja, cantadores repentistas) geralmente de sete sílabas. A denominação cordel vem do fato de que, ainda hoje, os folhetos com as histórias (de amor, política, de heróis, de cangaço, cômicas ou eróticas) são colocados à venda nas feiras, pendurados num cordel.

Cesura: pausa que separa o verso em dois hemistíquios. Indica também pausas menores.



Elegia: gênero poético que se caracteriza pela temática baseada na tristeza dos amores interrompidos. Surgido na Grécia no século VII a.C.



Epopéia: Poema “longo” narrativo que trata de fatos notáveis, grandiosos, extraordinário de um povo, geralmente representado por um herói: Ilíada, Eneida, A Odisséia, Os Lusíadas.



Escansão: contagem das sílabas poéticas, que diferem das sílabas gramaticais. As sílabas poéticas ou métricas não se contam da mesma maneira que as gramaticais.



Estribilho (ou refrão): verso que se repete no fim das estrofes ou uma estrofe que se repete no poema.



Lied (lid): poema estrófico, geralmente sentimental e destinado ao canto.



Lírico: a palavra origina-se de lira, instrumento musical que os gregos utilizavam para acompanhar seu canto. Desde o seu surgimento até a Idade Média os poemas eram feitos para serem cantados. Há predominância da linguagem subjetiva. A voz que fala é a do eu-poético, chamada também de eu-lírico.

Metro (métrica): a medida do verso (quantidade de sílabas poéticas).



Ode: composição poética de estrofes simétricas e caráter lírico. Originária da Grécia antiga, nas formas individual e coral.



Pastoral: gênero de literatura, em prosa e verso, que apresenta a sociedade dos pastores como modelo de simplicidade e virtude. Surgido no Renascimento, derivado do idílio grego e da égloga latina.



Poema: nome genérico das composições literárias em versos, de extensão variável. Agrupamento de estrofes ou versos. Pode haver também poema de apenas uma estrofe.



Poemas figurativos: chamados também de poemas concretos ou cinéticos, são aqueles que têm uma disposição especial de versos e palavras, dão a impressão de formas concretas e movimento (cinético). A estrutura gráfica auxilia na transmissão da mensagem.



Poema-piada: usado para ridicularizar alguém ou alguma idéia ou como simples recurso lúdico para divertir o leitor.



Poema-processo: movimento artístico lançado em 1967 no Brasil, como reação à poesia tradicional. Valorizava o aspecto visual como elemento básico na elaboração da obra.



Poesia: arte de dispor as palavras de modo a construir enunciados que chamem atenção por si mesmos em seus aspectos externo. Mais antiga forma literária. Linguagem subjetiva, emotiva que apresenta um certo ritmo e a predominância da linguagem figurada, da conotação.



Poesia didática: gênero de poesia que se propõe a expor com beleza temas científicos e técnicos ou doutrinas filosóficas ou religiosas. Derivado da épica clássica inclui entre suas formas a fábulas ou obras populares como refrão e adivinhações.



Poética: disciplina que se dedica ao estudo da poesia e de suas diversas formas. Em sentido amplo, pode referir-se a obras sobre todos os gêneros literários.



Quadras e trovas: comuns na literatura popular. É um agrupamento de quatro versos, ou seja, de apenas uma estrofe. Mais utilizado nas quadras ou trovas de amor.



Recitação: leitura dos versos em voz alta. Requerem-se alguns requisitos para uma boa recitação: gesticulação, expressão fisionômica e a pronúncia das palavras de acordo com o ritmo do poemas e das idéias.



Rima: identidade ou semelhança de sons no final ou no interior dos versos. Quanto à disposição (colocação), as rimas podem ser: emparelhadas ou paralelas; cuzadas, alternadas ou entrelaçadas; opostas ou interpoladas; encadeadas ou internas. Quanto à qualidade (valor), as rimas podem ser: pobres, ricas e raras.



Ritmo: sucessão alternada de sons tônicos e átonos, repetidos com intervalos regulares, resultando uma cadência agradável.



Soneto: poema de forma fixa surgiu entre os séculos XII e XIII e é o que mais tem sido praticado, até hoje, por grandes poetas, em vários idiomas.



Vate: palavra latina que se refere àquele que faz vaticínios, profeta; poeta,



Versificação: arte de fazer versos.



Verso: a unidade rítmica de um poema. Corresponde a uma linha de uma estrofe: agrupamento de versos.



Versos brancos ou soltos: versos sem rima. São muito usados pelos modernistas.



Versos livres: muito usado pelos poetas modernistas, não seguem as regras da versificação tradicional, como o número de sílabas e a distribuição de acentos, isto é, a distribuição de sons fortes e fracos.



















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DADOS SOBRE O AUTOR



BRASIL: 500 ANOS DE POESIA

RODRIGUES, Francisco Júnior (1964)



Graduado pela Faculdade de Ciências e Letras de Ribeirão Pires; Ribeirão Pires, SP.



Pós-graduado em Gramática da Língua Portuguesa e Literatura Brasileira na Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, SP.



Professor de Língua Latina, Literaturas Brasileira e Portuguesa e Teoria da Literatura do curso de Letras da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, campus Januária –MG.







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