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Artigos-->LER: A Opção Pela Qualidade De Pensamento -- 01/03/2012 - 10:10 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Aceite o desafio de entrar no larbirinto do Minotauro. Os dedos abrem a primeira página. Ainda hesitante caminhe os primeiros passos. Folheie lendo atenciosa, ou ansiosamente, as páginas seguintes. Não tenha medo. Vença a preguiça mental. Ela vem de longe e não é fácil de vencer.



Aguce o desejo de aprender. Penetre e desvende mistérios de natureza intelectual. Enfrente a fera das palavras, parágrafos e páginas. Antecipe as complexidades. E as complexas cidades que existem entre um e outro capítulo. Entre um e outro parágrafos.

Cada um leitor, suponho, possui uma diversa subjetividade. E a partir dessa subjetividade, ele, leitor, pode ou não gostar do que está lendo. O exercício intelectual da leitura precisa de motivação pertinente ao interesse adequado sobre o conteúdo literário que se tem em mãos.



A representação do pensamento do autor através da criação de suas personagens fica diluída à proporção que essas personagens ganham autonomia narrativa. Mas, por mais autonomia dramática ganhem, ainda continuam sendo produto da criação literária do autor.

O leitor insere-se na intenção autoral de maneira invasiva. Quem sabe freudianamente, penetra nos labirintos sugeridos pelos interesses diversos, por vezes divergentes, das personagens.



Ao escrever, muitas vezes o autor presume considerações sobre as experiências e os conhecimentos do leitor. Escreve para atingir um certo segmento de mercado do qual possui conhecimento antecipado e ao qual visa alimentar as necessidades de consumo. Essa intenção autoral não é garantia de que vá satisfazer as intenções de leitura desse segmento. Uma vez que há muita diversidade entre os leitores do mesmo.



Ao decodificar emocional e/ou racionalmente o texto escrito, o leitor precisa lê-lo de forma “aberta”. A significação denotativa das palavras se abre ao significado conotativo mais amplo das mesmas palavras. E a tradução delas no contexto frasal depende do repertório intelectual de quem ler. O leitor mais atento, com melhores recursos técnicos de leitura, se permite considerações interpretativas mais amplas do texto.



Se o leitor é realmente chegado à práxis da leitura, ao ler, ele reescreve com sua imaginação as entrelinhas sugeridas pelo autor. Os sujeitos todos da leitura interagem consigo, leitor, independente de que esteja ele mais ou menos consciente dessa interação.



Autor, leitor, personagens centrais, coadjuvantes, opiniões críticas, comentários de vizinhos, comentários de colegas de classe, opinião da professora, apreciações maliciosas de terceiros, a argumentação da resenha do jornal, a fala suspeita da namorada que não gostou nada do livro, a sugestão do apresentador de TV, a opinião desconhecida do cara que estava na fila de cinema para comprar ingresso. Para não falar do que disse o diletante na Internet.



Em suma: o inconsciente pessoal do leitor está a todo o momento sendo influenciado pelo inconsciente coletivo de cada ambiente no qual circula. Todos, em todos os lugares são sujeitos interpretativos que influenciam, direta ou indiretamente, a atividade pessoal de organização de sentido. Da leitura.



A opinião do leitor está sendo mobilizada pelo conjunto de eventos, uns mais, outros menos, consciente. Ao se aproximar de um livro é, talvez, aconselhável ao leitor ter em mente uma certa reserva quanto ao conteúdo literário do mesmo.



Tal como o gato Garfield que, ao passear por um quintal da vizinhança, lê a advertência (1) “Cuidado com o cão”, (2) “Quando ele morde arranca pedaços”; (3) “Mas todo é negociável”. Ao se aproximar do ambiente controlado pelo “cão” do Garfield ele não é pego de surpresa (quanta esperteza!) porque teve a iniciativa de levar um bife para aplacar a ferocidade do bicho.



O leitor precisa também de uma estratégia de abordagem literária. Quem sabe posicionar o objeto da leitura no criado mudo, em cima da mesa da sala, por sobre a carteira escolar, debaixo do travesseiro, até resolver abrir o livro com a intenção de se divertir. Lendo, vamos com calma, o prefácio ou uma apreciação crítica primeiro.



Uma vez preparado o terreno para a colheita da leitura, o leitor precavido terá avaliado que não será pego de surpresa. O conteúdo do mesmo, seja romance de mocinho contra bandidos, seja uma descrição fantasiosa de um amor cheio de ocasiões para chôrôrô, bem ao gosto da mulher do Agostinho, ou um texto de terror tipo “O Iluminado”, ou uma saga urbana bem ao gosto dos leitores de Jorge Amado, de qualquer forma ele, leitor, se dará bem com a leitura.



Ela, leitura, será, senão divertida, uma ocasião de exercício do aprendizado intelectual mais intenso nos dias de hoje, quando a TV paga e a Internet pontificam com suas imagens frias de participação intelectual nula, ou menos intensa. Na leitura os neurônios espelhos sugerem mil associações, se postos para trabalhar.



Assuntar a chama da curiosidade do espírito conduz ao desenvolvimento da inteligência e à motivação dos processos criativos internos. Os que despertam para as possibilidades, as mais inusitadas, de interação mental pertinente ao crescimento da criatividade literária pessoal. O leitor é um escritor em potencial.



A coisa boa da leitura literária é saber aproximar-se com certa cautela da fera do livro. O gato Garfield com sua dica do bife salvador da pátria proporcionou ao leitor a dica: agir com certa desconfiança, que nem mineiro que confia desconfiando. Por via das dúvidas e dúvida das vias, melhor se precaver.



Mas também não precisa exagerar e fazer como aquele político que não se sabe se sai ou não vai ser candidato à Prefeitura de São Paulo. Periga dezembro de 2012 chegar e não ter mais nem prefeitura para ocupar. Finalmente o tucano com rabo de pavão resolveu sair candidato.



Ao que tudo indica o leitor precisa resolver começar a ler o livro, porque sempre existem outros muitos na fila de leitura. Se é que ele deseja mesmo começar a longa jornada noite adentro lendo e tentando pegar pelo chifre o touro bravo, de difícil domesticação, que é a energia dispersiva da mente imersa em mil anos de dissipada solidão.



Antes de começar a jornada larbirinto adentro, saber que o Minotauro, ou quem sabe uma preguiça intelectual gigantesca, vai querer que você desista na próxima esquina, nas quebradas de páginas. Afinal há aquele filme com o Angelina Jolie, podre de chique, esnobando charme frente ao Brad Pitt ou de cara com o Leonardo De Caprio.



Você quer ser pego pela intensidade da curiosidade emocional sugerida pela leitura. Mas, veja você, não tens culpa de nada, mas a musiquinha do Jornal Nacional anuncia as novas do dia. O horror mais recente permeado pela intensidade de uma curiosa morbidez que te chama ao sofá frente à telinha.



Agora, paciência, é a Teresa Cristina que bola maldades contra sua inimiga de estimação. Ela instiga a curiosidade do leitor que hesita em abandonar o livro em troca das façanhas engraçadinhas de seu mordomo bichinha. O livro fica para depois, que ninguém é de ferro para resistir ao chamado alado do pessoal sarado, a pele manchada pelas tatuagens “da hora” e as bundas gostosas do mulheril viril do Big-Brother.



O leitor terá de fazer a opção entre ser um leitor que instiga a massa cinzenta e aceita o desafio de motivar a mente: neurônios, sinapses e neurotransmissores, ou cair no sofá da sala de jantar sob as influências deletérias do entretenimento para cães. Não esqueça da pipoca com guaraná e do bife para jogar aos leões.



Ou, como quem escolhe uma opção, consciente, matreiro, astuto e manhoso superar a imobilidade felina do gato, e, ao invés de ficar olhando para os espaços vazios do tempo, continuar a educação da mente em direção a outras dimensões nos universos paralelos do saber, no ambiente fora do sofá na caverna de Platão.


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