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Ensaios-->COELHO NETO, UM ESCRITOR PROLÍFICO -- 10/02/2005 - 16:33 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COELHO NETO, ESCRITOR PROLÍFICO


Francisco Miguel de Moura*
Membro da APL


Numa época de velocidade como a nossa, quando o tempo que se conta é o da diversão e pouco o do sentir em profundidade e aprender através da reflexão minuciosa - escolher-se Coelho Neto como escritor é quase um paradoxo. Porque ele foi, sem nenhum sentido depreciativo, um escritor prolífico. Que outros o acusem de prolixo mas não eu, pois tenho uma evidente tendência a produzir muito, neste particular seguindo o mesmo ritmo de meu parente Fontes Ibiapina.
Pois bem, no dia 30 de novembro do ano passado fui surpreendido com um convite para participar de programa da TV Cidade Verde, nesta Capital, capitaneado pela simpática e educadíssima apresentadora Vanusa Coelho.
Não sei se por sugestão do nome Coelho lhe veio a idéia de focalizar o escritor Coelho Neto. Nem ao menos se o escritor seria ainda seu parente.
Para os que não sabem ou esqueceram, Cidade Verde é o nome atual da TV Pioneira. Daí talvez a lembrança dos produtores do programa de Vanusa Coelho, visto que seria um enigma o nome da pessoa que apelidou Teresina de «Cidade Verde». E quando teria sido. Pessoa importante, sem dúvida, pois que possui até rua com seu nome, no centro desta Capital.
Quem teria sido essa pessoa? Quem teria criado o cognome de Cidade Verde para Teresina? Seria um jornalista, um político? um escritor? Essas, então, as perguntas que Vanusa Coelho lançaria aos telespectadores da Cidade Verde, como grande achado da mídia.
Pediu-me ela que pesquisasse a vida do escritor maranhense. E assim o fiz.
Aqui vão os dados biográficos principais. Nome completo: Henrique Maximiniano Coelho Neto. Nasceu em Caxias, no vizinho Estado do Maranhão, aos 21 dias do mês de fevereiro de 1864 e faleceu no Rio de Janeiro, a 28 de novembro de 1934. Era filho de português e índia civilizada. Aos 6 anos foi para o Rio. Dedicou-se ao jornalismo. Estudou direito mas não chegou a terminar o curso jurídico. Foi professor de literatura em Campinas, SP, e no Colégio Pedro II, onde havia estudado. Deputado em três legislatura. Mas viveu praticamente da pena. Era, portanto, um escritor profissional, deixando 112 obras publicadas e 50 peças de teatro, a maioria encenadas. Tradutor literário em vários idiomas e membro da Academia Brasileira e Letras, de cuja instituição foi, por algum tempo, seu Presidente. Eleito príncipe dos prosadores brasileiros, em concurso publico. Escritor da chamada belle époque, suas características principais são afetação, passadismo e helenismo. Reinou como amante da forma, numa época em que davam as cartas Rui Barbosa e sua «Réplica», as gramáticas e suas leis inflexíveis. A forma era tudo. O parnasianismo era tudo. Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Corria, a santa trindade da poesia. Cultivou todos os gêneros, do conto ao romance, da crítica à poesia, das memórias ao teatro. Sertanista e regionalista em «Sertão», mas de um sertanismo e de um regionalismo não estruturais porque apenas no conteúdo, escreveu outros livros de contos como «Treva» e «Banzo». Sobre o último, diz o crítico Fausto Cunha, depois de apontar os defeitos de seu estilo, inclusive a prolixidade: «Resta também lembrar que há luzes positivas na criação de Coelho Neto. Banzo, por exemplo, é um momento de grandeza.»
Dos seus romances, os mais apreciados na época são «Turbilhão», «Miragem» e «Inverno em Flor». As memórias romanceadas estão em «A Conquista» e «Fogo Fátuo».
Enfim, não deveríamos citar todas as suas obras, para não enfadar o leitor.
Lembramos, no programa da TV Cidade Verde, de Vanusa Coelho, que em 1889, convidado a visitar Teresina e homenageado pelos intelectuais piauienses, no Hotel «15 de Novrmbro», na Rua Álvaro Mendes, Coelho Neto pronunciou uma oração das mais importantes de sua carreira, pois ficou imortalizado no Piauí. Foi quando falava e repetia simpaticamente que Teresina era uma Cidade Verde, uma Cidade Garota. Pegou Cidade Verde, o outro não. Por quê?
Aliás, esse foi o recado mais importante que dei naquela noite, ao Canal 5, quando desejava recitar o famoso soneto «Ser Mãe», pelo qual Coelho Neto é mais conhecido. Mas não houve tempo. Entrevista resumida, repito, mas de grande importância porque lembrando um escritor que está no esquecimento há alguns anos. E é uma ironia da história, e da história literária, que quem suou para criar, escrever e publicar mais de cem obras literárias não se salve do esquecimento por uma obra sequer. Hoje praticamente Coelho Neto é nome de rua, nome de cidade (do Maranhão), mas apenas citado na História da Literatura. E citado com restrições. Não é mais lido, editado, nem comentado pela crítica.
Algumas de suas obras deveriam sobreviver. Escritores menores sobrevivem. Por que não Coelho Neto, também?

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*Francisco Miguel de Moura, e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br
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