Quanto tempo dura uma esperança?
A pergunta parece imbecil, eu sei, e parece também extremamente subjetiva,
o que provavelmente também é verdade... e também é questionável em sua própria
forma: uma esperança ou A Esperança?
Estou, já há algum tempo, refletindo sobre a tal da esperança e cada vez fico
mais confusa.
Se eu considerar que se trata de “uma” esperança, ela, de fato, se torna subjetiva
e assim sendo, finita ou não (muito pelo contrário!) dependendo da pessoa... porém,
se a análise correta for “A” Esperança ela passa a ser algo infindável e comum a todas
as pessoas, o que mais ou menos quer dizer que todos nós temos esperança,
invariavelmente, a respeito dos assuntos mais diversos e que estamos fadados a esperar
por tudo, mesmo sabendo que o tudo pode nunca acontecer... confuso? Sim, confuso...
aliás, confuso e contraditório.
Vamos tentar novamente: “A” Esperança adquire uma conotação de sentimento, de uma coisa
genérica e não específica. “uma” esperança se refere a um único caso, se limita a este
único caso. Taí, limite! Talvez explique melhor, “A” Esperança é ilimitada, “uma”
esperança é limitada ao desfecho do tal do caso, certo? Hummm, estamos melhorando.
O fato é que, independente do tempo que dure, a esperança é composta de uma mistura
doida de diversos fatores, como angústia, ansiedade, vontade, ilusão, negação,
incerteza, certeza, incerteza, certeza...
E o pior de tudo é que mesmo quando tudo leva a crer que já não há mais esperança,
mesmo quando todos dizem que não acreditam mais, mesmo quando chega a ser ridículo
considerar mais possibilidades e todas as portas parecem fechadas, ainda assim
no cantinho escuro do quarto vazio, escondida embaixo de tudo o que passou a maldita
voz continua dizendo “mas, e se...”, bem baixinho pra você mesmo não acreditar que
você ainda acredita...
Ninguém se surpreende quando algo que se esperou por muito tempo finalmente acontece,
porque na verdade nunca deixamos de esperar. A felicidade quando isso acontece é luz,
magia, mas não há surpresa. Somos traídos e salvos pela certeza de que tudo vai dar
certo. E esta certeza dura exatamente o tempo necessário para afugentar a amargura.
Diz aquela frase batida: “a esperança é a última que morre”. Muitos complementam:
“e a primeira que decepciona”. Inegáveis ambas, mas nem hoje, nem nunca decepção foi
ou será sinônimo de fim. Mesmo quando não existir mais nada, nem decepção, nem ilusão,
ainda assim haverá Esperança, essa praga que sobrevive em meio a todos os cacos de
todos os corações partidos, pelo tempo que for.
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