ÉTICA – UMA META A SER PRATICADA
Há muito tempo o homem busca o melhor proceder diante do mundo, da sociedade, de seu próximo e de si mesmo. Mas, almejar algo não é o mesmo que verdadeiramente conquistar algo. Querer somente é poder na medida em que nossos corações estão direcionados aos objetivos propostos e estamos dispostos a mover céus e terra para a conquista de nossas metas.
Ética vem do grego “èthos” – caminho. Portanto, numa acepção singela, desejar a ética é desejar um caminho a ser percorrido. Caminho este que irá levar o peregrino que o está trilhando a um determinado objetivo apriorísticamente traçado.
A ética que as pessoas vêm almejando é aquele proceder de forma honesta e digna diante do mundo. É fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem a nós. Como disse Cristo: “Tudo aquilo que vós quereis que os homens vos façam, fazei vós também a eles”. Acredito que a ética seja um caminho de mão única, num sentido objetivo. Se quisermos o bem de todos e da sociedade não há meio-termo, curvas e concessões. Uma pessoa não pode ser um pouco boa, um pouco honesta, um pouco honrada. Ou praticamos o bem, ou estamos contra o bem. Praticar o bem somente àqueles que nos retribuem com o bem é fácil, é trivial, é meramente humano, e nenhum mérito traz ao praticante. Mas, proceder eticamente em todas as circunstâncias, diante de todos, sem distinção, sejam bons ou maus, sejam ricos ou pobres, poderosos e humildes, isso é digno, é honroso, é sobre-humano. O grande problema é que a maior parte dos sonhos humanos ficam apenas na abstração, poucos chegam a concretude. Quantos sonhos não teriam se realizado se não fosse o medo de tentar. Como diz Luiz Fernando Veríssimo, em seu magnífico texto “Quase”, “ainda pior do que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase”. É o quase que me entristece, que me incomoda, trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi. E faz um alerta dizendo que: “Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer”. E finaliza brilhantemente dizendo: “Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando... Fazendo que planejando... Vivendo que esperando... Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu”. Einstein disse certa vez que: 'Algo só é impossível até que alguém duvida e prova o contrário'.
Portanto, hoje é o dia e o agora é o momento de deixarmos o comodismo de lado, de pararmos de apenas tentar e, com confiança e garra, conquistar. O ontem já se foi, levando consigo os fracassos, as lágrimas e tristezas, as palavras que não deveriam ter sido ditas, com os abraços que deveriam ter sido dados, com os beijos apaixonados que não se concretizaram. O amanhã é terreno incerto, esfumaçado apenas pela possibilidade do talvez, mas o hoje é o presente dado por Deus para que vençamos, para que verdadeiramente sejamos dignos de sermos chamados filhos do altíssimo em todo seu esplendor e graça. Hoje é o dia de sermos éticos, de buscarmos a ética, de fazermos com que ela seja uma constante em nossas vidas. Não importam os julgamentos, as críticas, as humilhações, pois temos que ser mais do que tudo isso. Sejamos verdadeiramente éticos, e se algum dia a tristeza por sermos odiados pelo mundo se abater em nossos ombros, lembremo-nos do que Cristo disse: “Antes de odiarem a vós, foi a mim que o mundo odiou primeiro”. “Bem-aventurados os perseguidos pela Justiça, pois deles é o reino de Deus”.
Cada um pode ser responsável apenas por si mesmo. E é da própria vida que um dia cada um terá que prestar contas Àquele que nos deu e nos confiou a dádiva de viver. Se a tristeza nos abater, lembremo-nos ainda das palavras de Madre Tereza de Calcutá: “Veja você que, no final das contas é tudo entre você e Deus, nunca foi entre você e o mundo”.
Rodrigo Mendes Delgado
Advogado
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