O dia amanheceu chuvoso, chuvoso de verdade.
Uma chuva gelada, fininha e gelada.
Uma manhã de inverno, até que enfim, inverno de verdade.
As vezes não há muito o que se fazer em dias como esse, quer dizer, não há mesmo como evitar um dia assim, pois apesar da preguiça, com conforto das cobertas, é necessário se levantar, se lavar e sair na chuva e no frio, para trabalhar.
Guardas chuvas frios, passam quase cegando os olhos, mas ele é uma cara descolado e não esquenta a cabeça com isso.
Ele não usa guarda-chuva, prefere socar o gorrinho velho até o olho, levantar a gola do casaco e andar calmamente pelas alamedas enxarcadas.
Já perdeu a hora do trabalho, então nem tem tanta pressa assim, aproveita aquela chuva matinal para lavar o que mil banhos não lavam, quer lavar a alma, sentir o universo e a natureza (?) tomando sua face... não sente frio, não sente o corpo se encharcando...
Aquela manhã é perfeita demais para sentir qualquer coisa negativa, e a perfeição está justamente em milhares de defeitos que se vê ao longo de seu caminho.
Não pragueja contra o frio, não pragueja contra a chuva, não hoje, seu coração está limpo e seu casaco está completamente encharcado.
Mas ele segue em frente, pronto para mais um dia de trabalho e de convivência... pronto para mais um dia de vida, e pretende aproveitar cada minuto dese dia, afinal, ele sabe bem, nunca se sabe qual será seu último suspiro... e quando vier, que venha envolto por muita alegria e vida!!!!
