A L E R T A
(Poema publicado no Anuário de Poetas do Brasil
3º volume – 1980, Organização do saudoso Aparí-
cio Fernandes – Rio de Janeiro)
Filemon F. Martins
Querem abafar nosso grito,
reprimir nosso direito,
porque a verdade sempre dói
quando lançada em rosto.
Trabalhamos pouco, dizem alguns.
- Que são dez, doze horas de trabalho ?
É preciso produzir mais.
Trabalhar dia e noite, noite e dia
para aumentar nossas migalhas.
Por que protestar, se tudo vai bem ?
Além do mais, é ilegal dizer a verdade,
principalmente se ela contraria as regras do Poder.
Legal mesmo é ficar de camarote,
- céticos e indiferentes –
enquanto a fúria do chicote opressor
desce sobre o povo indefeso, esquecido,
explorado e oprimido,
dominado pelos prepotentes,
bajuladores e corruptos.
Estamos vivendo uma noite sem estrelas,
noite que prenuncia o alvorecer.;
mas, quando virá esta Manhã ridente
de Paz e Liberdade que todos desejamos ?
Continuemos, então, a caminhada,
que há muita coisa para fazer:
Chega de hipocrisia,
promessas sem realizações.
Precisamos viver.
Nunca é tarde para gritar,
nunca é tarde para exigir,
se todos nós lutarmos,
nova Luz há de brilhar
e um novo Dia, enfim, começará!
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