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Ensaios-->ENSAIOS ASSÉPTICOS: "Cozinhando o galo em galinheiro alheio" -- 26/09/2004 - 22:41 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A campanha eleitoral que visa eleger prefeitos e vereadores deste ano prossegue normalmente. Isto é, recheado de ataques, denúncias e brigas de comadres, digo políticos pela tv. Até meados deste mês prosseguia um tanto imune desse vícios de ataques e achaques, tentando mostrar com isso um pouco de civilidade e cultura dos bons costumes, que a democracia solicita, mas que é ignorado pelos políticos. Entretanto, que o leitor e eleitor não fique otimista quanto a isso. Na medida que se aproxima da reta final a vociferação infernal vai começar, com ataques, denúncias e uma infinidade de pragas de um contra o outro. Aí sim, vai começar a campanha eleitoral que o povo brasileiro está acostumado a ver.

As denúncias são válidas em política, quando se pode provar e mostrar. Os ataques também. Só que estes quase sempre não passam de denúncias vazias. Já os fingimentos, (fingir que é bonzinho, fingir que é religioso, fingir que fez e não fez), são os piores defeitos de um político. Isto porque as comadres em casa são mais susceptíveis de acreditarem nos lobos, travestidos de cordeiros.

As pessoas experimentadas na vida sabem muito bem quando a mentira é a vedete do programa de governo. Por exemplo, aquele político que fala muito em trabalhar, com certeza já foi flagrado dormindo em plena sessão de câmara. Isto é muito comum no Congresso, no Legislativo Estadual e em todo o Brasil pelas Câmaras Municipais. Eles dormem o sono de bebês contentes porque ganham bons salários sem trabalhar, à vontade e ostensivamente. Só que o eleitor tende a esquecer tal comportamento de 'parlamentar', (leia-se 'vagabundagem').

Com a proximidade do pleito a tensão vai aumentando. Mas, isso é natural, desde que fique apenas nos chavões de remates e arremates dos discursos. Mas, como na televisão não existe tempo para um bom discurso, a coisa tende mesmo a virar briga de comadre. E no meio dessa briga sempre haverá um candidato que usará a técnica do 'não tenho nada a ver com isso'. Isto é, vai aproveitar para passar ao eleitor a idéia de que ele é bonzinho, bonzinho. Cuidado eleitores! Os bonzinhos, bonzinhos e que se fazem de vítimas são os mais perigosos! Isto porque vencendo entra no marasmo. E sabemos como é difícil vivermos no marasmo total. Aliás, marasmo é sinônimo de Brasil. De norte ao Sul, de leste ao oeste.

Nos bastidores da política é sabido que um candidato que mente para o eleitor em plena campanha está na verdade em desespero. Não importa quanto dinheiro possua o candidato, a idéia de perder a eleição, fere-o no âmago de seu orgulho. Não é como aquele outro político que, mesmo perdendo, faz seu último discurso e diz mais ou menos assim: 'mais vale lutar e ser derrotado, do que não lutar e permanecer na covardia do ostracismo'.

Pra falar a verdade o dinheiro faltou tanto no bolso do trabalhador, que já começa a ficar desprestigiado ao eleitor, na medida em que esse eleitor vai se conscientizando. Aos sem-consciência de cidadania e tudo faz pelo dinheiro, vai aqui um alerta: isto tem um nome: 'prostituição', e fere o espírito da lei, de qualquer lei.

O leitor esperto já percebeu que escrevo através de simbolismos, metáforas e outras figurações sem dar nomes aos bois. Isto se deve ao constrangimento a que a imprensa é submetida neste período eleitoral. É a sombra do passado ditatorial a pairar sobre nós. A democracia - embora seja época de eleição - fica muito a dever. Diferentemente de outros países verdadeiramente democráticos, de cabo a rabo, onde a imprensa insinua-se, informa e livremente opina, deixando o eleitor informado e atualizado em qualquer gesto, palavra ou ataque de um candidato, investigando as denúncias e levantando as notícias de bastidores. Deixa assim o eleitor bem preparado e sabendo discernir o que é melhor para o seu país, seu Estado, sua cidade. Melhor ainda quando o voto não é obrigatório. Numa democracia o voto sendo obrigatório fica a sensação da falta de liberdade. Liberdade de não votar. Isto nós não temos no Brasil.

Em nosso país, entretanto ainda estamos com o pé na cova em relação à democracia. O povo confunde liberdade com o básico e elementar direito de ir e vir, quando este direito sempre existiu, até nos países altamente ditatoriais como, por exemplo, na Alemanha de Hitler. A democracia - entendida como liberdade - é o direito de ir e vir sim, mas assenhoreada pela liberdade de pensamento. Se o pensamento for constrangido - como no presente caso brasileiro - então acabou-se a democracia. Não pode um període eleitoral ter o poder de acabar com a liberdade de pensamento, justamente na hora em que mais devemos pensar. Se tem, está errado. A lei errou. Quem a fez detonou nossa esperança de democracia sedimentada.

As mentiras não existem apenas nas mensagens dos candidatos. Existem também entre nós, eleitores, quando somos compelidos a vivermos com as mentiras da existência de uma tal democracia. É assustador sabermos que justamente na hora em que se aproxima a festa máxima da democracia, que é a eleição, a mordaça tapa a boca do radialista e engessa a mão de quem escreve, vítimas de nossas leis espúrias, redigidas exatamente pelos maiores interessados: os políticos, principalmente os legisladores, que apreciam esse status ditatorial, o qual os coloca de volta aos cargos eletivos que ocuparam e vão ocupar eternamente, quase sempre sem nenhum proveito social de envergadura, a não ser cozinhar o galo em galinheiro alheio.

Jeovah de Moura Nunes
poeta, escritor e jornalista
autor do livro recentemente publicado: 'Memórias de um camelô'.
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