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Artigos-->TOMIE OHTAKE NA ESCOLA LIVRE DE MÚSICA DA PRÓ-ARTE -- 08/02/2012 - 14:14 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


TOMIE OHTAKE NA ESCOLA LIVRE DE MÚSICA DA PRÓ-ARTE



 



L. C. Vinholes



 



A Escola Livre de Música da Pró-Arte, em São Paulo, desde sua fundação em 1952 foi um centro de excelência para o estudo da música de maneira ampla e universal. A gama de matérias, a sistemática do ensino prático explorando e respeitando as potencialidades dos alunos, induzindo à criatividade, ampliando horizontes para viabilizar o conhecimento e a apreciação de outras manifestações nas artes plásticas, na dança, no teatro e na poesia, paralelamente ao estudo da estética e da filosofia nas suas implicações com a música e a arte em geral, foram bandeiras de manifestação permanente sob a égide do diretor-artístico H. J. Koellreutter (1915-2005) capitaneando uma plêiade de professores brasileiros e estrangeiros altamente qualificados.



 



Sob este cenário, em diversas ocasiões, participavam das atividades da Escola não apenas músicos, mas também pintores, poetas e mestres relacionados à dança e ao teatro. Fizeram parte dos que freqüentavam a Escola, entre outros, os poetas concretistas Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos (1929-2003), Pedro Xisto (1901-1987), Dora Ferreira da Silva (1918-2006); a atriz Magdalena Nichol; a professora de dança moderna Yanka Rudzka; o professor de estética e filosofia Yulo Almirante Brandão; o escultor Angelo Taccari (1924-2005); e os pintores Samson Flexor (1907-1971), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Anatol Wladislaw (1913-2004), Hercules Barsotti (1914-2010), Willys de Castro (1926-1988) e Tomie Ohtake.



 



Desde a primeira visita de Koellreutter ao Japão em 1953, as afinidades da Escola com aquele país tornaram-se mais patentes, haja vista os recitais de música japonesa ao vivo ou mediante o uso de discos realizados no salão da Escola e o interesse de um bom número de alunos em freqüentar os restaurantes japoneses - com preferência ao Sakura da Praça da Liberdade, pelos preços acessíveis -, e os filmes do Cine Niterói na Rua Galvão Bueno, onde não só os temas, mas também as atrizes famosas e belas - Wakao Ayako e Michiko Yamamoto -, foram atração justificável. Dentre os recitais de música japonesa realizados na Escola merecem registro os de Tomie Iwami e Baikyoku, bem como o do grupo de Yuko Hayashida e o memorável Festival de Música Antiga Japonesa em 4 de dezembro de 1956. Foi marcante a apresentação de Kikuko Kanai[1], representando o Japão nas festividades das comemorações do IV Centenário de São Paulo e figura de destaque na música de Okinawa como compositora e musicóloga; e do mestre coreano em “dança criativa” Ehara Kuni residente no Japão, formado em filosofia pela Universidade de Tóquio e atuando com o nome de Masami Kuni[2](1908-2007) que ministrou cursos de sua especialidade em São Paulo e Salvador.



 



No seminário “História do Ensino de Arte: Experiências. Ações Singulares 2”, realizado em São Paulo (2009) por iniciativa do Instituto Tomie Ohtake, o compositor, regente e organista Samuel Kerr, professor aposentado do Instituto de Artes da Unesp e Curador de Música do Projeto “Casas de Cultura e Cidadania” da AES Eletropaulo, apresentou como proposta para debate o tema “Panorama Geral Histórico do Ensino de Arte. Pós–Guerra até os dias atuais. Uma reflexão”[3]. A segunda parte desta proposta versa sobre as teses apresentadas no Congresso da Língua Nacional Cantada promovido por Mario de Andrade (1893-1945) em 1937 e o desenrolar desse tema até a década de 1940.



 



Neste artigo as atenções estão voltadas para o registro que o autor da proposta faz com relação à mostra que Tomie Ohtake realizou em duas salas[4]da Escola Livre de Música da Pró-Arte, em 1956. Aqui o texto[5]é o do original recebido diretamente de Samuel Kerr; que, editado, figura dos Anais[6], com pequenas modificações. Eis o que o autor escreveu:



 



 



“Pensando a respeito desse tema e representando, na Mesa de Abertura, a comunidade musical, dentre os professores de Arte, e ainda mais, preocupado com tão grande período histórico em tão pequeno espaço para exposição, resolvi ater-me a dois momentos do ensino da música em SP no período proposto e que, especialmente, integrassem várias atividades artísticas.



 



Poisfoi assim que me lembrei da Escola Livre de Música e do Congresso da Língua Nacional Cantada.



 



A Escola Livre de Música, também chamada Seminários de Música da Pró-Arte[7], criada em 1952, foi um marco para o ensino das Artes em São Paulo. Idealizada por H. J. Koellreuter, essa escola revolucionou o ensino de música no Brasil e preparou profissionais que vieram a definir novos rumos para a vida musical brasileira.



 



Falara respeito dela, exigiria muito tempo. Entretanto um acontecimento muito significativo para nós, que estamos sendo recebidos pelo Instituto Tomie Ohtake, vai nos ajudar a sublinhar a importância da Escola Livre de Música e vai também nos auxiliar a registrar um fato histórico:



 



Foi nas salas da Escola Livre de Música, que a artista plástica, Tomie Ohtake, fez uma de suas primeiras exposições em São Paulo!



 



A convite dos músicos Luiz Carlos Lessa Vinholes e José Luiz Paes Nunes (1933-1987), Tomie expôs seus quadros na Escola Livre de Música, em 1956. Esse evento correspondia às propostas da Escola dirigida por Koellreuter, ou seja, alto nível de ensino, identificado com as correntes musicais de vanguarda da época e aproximação com as linguagens artísticas que estivessem atentas à produção contemporânea. Tomie Ohtake surgia como uma pintora que soava atual, como a Escola Livre de Música.



 



Fazemos aqui esse registro e vamos deixar para os arquivos deste Seminário, 3 fotos: uma com a Tomie olhando seus quadros na exposição de 1956 [8] ; outra, Tomie conversando com José Luiz Paes Nunes, e uma terceira [9], feita em Brasília, no ano de 2000, durante exposição de obras da Tomie, em que ela aparece ao lado de Vinholes.



 



Uma feliz lembrança de escola de arte em São Paulo, no pós-guerra.”



 



No final de sua exposição Samuel Kerr formaliza seu convite aos participantes do seminário, nos seguintes termos:



 



“Por hora, voltemos aos anos 1950 e, assim como Tomie Ohtake levou as artes plásticas até uma Escola de Música, vamos hoje, no Instituto Tomie Ohtake, trazer a música para o interior de um espaço dedicado às artes plásticas. Que tal cantarmos com a possibilidade da nossa voz e usufruindo do prazer do canto em conjunto, como se estivéssemos em uma sala de aula de música ou cantando no coral de uma comunidade! Fazendo Arte. Ou um exercício de ensino de Arte. Cantando.”



 




 






[1] Estudou técnica dodecafônica com Koellreutter em 1953.





[2] Diretor-fundador do Centro de Pesquisas de Dança Kuni (Kuni Buyo Kenkyodyo), situado em Kinuta-machi, Setagaya-ku, Tóquio.





[3] Publicado nos Anais do seminário com o título “A Escola Livre de Música e o Congresso da Língua Portuguesa”, p.30 e 31.





[4] A sala da frente, menor, era identificada como a “sala do piano” e a outra como “a sala da dança” ou simplesmente “salão”, onde Yanka Rudska dava suas aulas e onde eram realizados os eventos da Escola.





[5] Samuel Kerr, e-mail de 19/01/2012.





[6] Exemplar enviado por Samuel Kerr em 30/01/2012, por Sedex.





[7] Em 1956, a Escola Livre de Música da Pró-Arte passou a chamar-se Seminários de Música Pró-Arte.





[8] Nesta foto da sala da frente da Escola Livre de Música, publicado nos Anais do seminário, p.30, o quadro que aparece no centro da parede, parcialmente coberto pela artista, é o mesmo que tive oportunidade de rever em uma das salas do Instituto Tomie Ohtake, na noite de sua inauguração, em novembro de 2001.





[9] Esta foto, que não foi publicada nos Anais do seminário, foi tirada durante a mostra de gravuras de grande porte de Tomie Ohtake, realizada no Clube Cota Mil, em Brasília, em 2000. 




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