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Teses_Monologos-->Emparedado vesus Racismo .cp2 -- 25/06/2002 - 17:10 (Jose Angelo Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dando continuidade ao capitulo 1 , deste trabalho Emparedado versus Racismo. Quanto ao imaginário da danação, assume conotações trágicas ao projetar o destino do negro, primeiro na África, depois no Brasil , onde o cativeiro extinto deu lugar à marginalidade e ao preconceito. Sobre ele recaem não só as vexações sofridas por todos, como as que vêm da ditadora ciência de hipoteses. Cruz e Sousa, em um dos trechos mais supreendentes do Emparedado, contextualiza a posição do artista negro no Brasil e nos paises vizinhos, expressão com que recobre os povos egressos de séculos de colonização e cativeiro. São nações que sofrem uma dupla determinação negativa. O Emparedado constrói em suas páginas finais duas figuras próprias da condição negra, que a distinguem do poeta maldito de filiação européia. A primeira fala do lugar da maldição, a África. A segunda fala do sujeito da maldição, o negro. A imagem derradeira desta poesia que fecha o livro das Evocações é a que lhe deu o título. O negro, enquanto sujeito, é o emparedado. As expressões reiteradas obsessivamente, o não e a pedra, significam o cerceamento, a impossibilidade mesma da libertação: " Não ! Não ! Não ! Não transporás os pórticos da vasta edificação do mundo, porque atrás de ti não sei quantas gerações foram acumulados pedra sobre pedra, que aí estás agora o verdadeiro emparedado de uma raça ". Ainda hoje vale a pena ler Os africanos no Brasil, que o médico e antropólogo Nina Rofrigues escreveu entre 1890 e 1905. " O negro não é uma máquina econõmica: ele é , antes de tudo, e malgrado sua ignorãncia, um objeto de ciência ". A frase foi extraída do Ensaio sobre a poesia popular do Brasil, que Silvio Romero publicara em 1888. Mas Nina Rodrigues, o pioneirismo na pesquisa da antropologia aplicada e "a firmeza severa com que fulminou o simplismo da policia" que, como se sabe, procurava erradicar à força as manifestações rituais afro-baianas, perseguindo e vexando os fiéis dos candomblés de Salvador. Na introdução à obra Nina Rodrigues tinha declarado enfaticamente que a atitude do estudioso, imparcial e desapaixonada, não deveria se confundir nem com juízos de valor sentimentais, nem com eventuais opções políticas do cientista enquanto cidadão. Distinguia claramente a simpatia pelo escravo, ou o ardor abolicionista, da constatação necessariamente fria da verdade cientifica. E qual seria essa verdade objetiva e universal não afetada por sentimentos de solidariedade e, menos ainda, por " um sentimentalismo doentio e imprevidente"? Simplesmente esta:: " Que até hoje não se puderam os negros constituir em povos civilizados". Estamos no inicio do século XXI . E o racismo e preconceitos continua presente entre a sociedade, para os que mal informados, sobre as investidas colonizadoras européias, julgam que só o Brasil então misturou disparatadamente idéias liberais e escravidão, é oportuno lembrar que ainda em 1885 foi necessária a convocação de uma Conferência Internacional em Berlim sobre o tráfico negreiro para condená-lo solenemente uma vez mais. Só para lembrar o Brasil foi o ultimo país a abolir a escravatura de negros, foio maior importado de escravo das Américas, ganhando até dos Estados Unidos. Este crime contra a humanidade, teve apoio total de todos os segmentos da sociedade Brasileira da época, dos impérios, dos governos, da igreja católica, do Senado, deputados, em fim de toda a elite branca deste país. Portanto tem uma grande divida social com a raça negra e seus descendentes. Temos que reparar os sofrimentos, as torturas, o flagelos, a dor, lágrimas e mortes dos negros, que com seu sangue, ajudaram a desenvolver este Brasil. Na guerra do Paraguai, milhares e milhares de negros, foram mortos em combate, antes dos soldados brancos. É notório e explicito o racismo e preconceitos no Brasil, um grave problema social que os governos tentam acabar. Em 1888, o Brasil tinha aproximadamente 12 milhoes de escravos e, cada familia de classe média tinha de 3 a 5 escravos. Acho que o número de cotas nas Universidades para negros e descendentes, já é um comeco de um programa de reparar as injustiças feita até agora, eu particurlamente sou a favor do Estatuto do negro. No qual representa 45% da população do povo brasileiro. Nina Rodrigues tomava como doutrina assente a vigência de etapas na evolução intelectual da espécie, estimando como padrão de excelência o desempenho da chamada raça ariana. Os africanos estariam situados em um degrau mais baixo. Segundo ele a inferioridade, considerada como filogenética, explicaria certas caracteristicas patológicas das populações afro-brasileiras, objeto de escrupolosa descrição do antropólogo. O livro cresce em ambas as direções : de um lado, junta alto número de informações etnográficas, linguísticas e históricas, compondo um painel amplo da presença do negro na vida brasileira; de outro, situa os seus comportamentos na etapa primitiva do fetichismo ou ativismo regressivo, o que explicaria, por exemplo, o hábito de furtar e outros traços já "superados" pelos brancos na marcha para a conquista da civilização. Ao leitor sem preconceitos não deixa de causar estranheza a ausência absoluta, no livro de Nina Rodrigues, de qualquer menção às forças de extermínio que o homem branco desencadeou ao longo da história. Povos germânicos, sempre classificados como arianos, foram responsáveis pela devastação de centenas de cidades do império romano entre os séculos V e VI da era cristã. Povos brancos, supostamente arianos,assolaram a Europa e o Oriente, as aventura das cruzadas e em sucessivas guerras de religião. Povos brancos, supostamente arianos, sustentaram por cinco séculos a Inquisição com todo o seu cortejo de torturas e autos de fé. Povos brancos supostamente arianos , vitimaram populações inteiras no México e no Peru, entre os séculos XVI e XIX ,os que arrastaram à civilização 12 milhões de negros, arrancados da África e, submetidos ao projeto econômico dos colonizadores nas Américas. Mas é preciso perguntar. a relativização da própria ideologia seria compativel com a etnologia do tempo, que vivia o auge da expansão colonial inglesa, francesa, alemã, holandesa, belga, italiana? Nina Rodrigues só faz repetir os mestres da ciência, que mediam crânios e pesavam cérebros para neles encontrar as provas de uma delinquência orgânica ou atávica. Compondo a prosa poética do Emparedado, que fecha o livro das Evocações, foi possivel a Cruz e Sousa lançar o seu protesto contra os argumentos da ideologia dominante no discurso antropológico. O que Cruz e Sousa repudia na ciência oficial é o seu duplo caráter de precariedade e despotismo. Em primeiro lugar é um saber de hipoteses, incapaz de pensar o teor relativo e falivel das suas proposições. Com uma escala de valores forjando uma lei evolutiva que hierarquiza raças, povos e grupos. Além do que , é uma ciência despótica, pois submete a si opinião dos bem pensantes tornando impotente a voz singular do rebelde. Teriamos, no limite, um conflito entre o que Georg Simmel chamou ousadamente de "cultura subjetiva" e a ciência institucional que se supõe dotada de validade universal. Aquele negro ou homem afro-braslleiro que, paraSilvio Romero, tinha finalmente recebido consistência e estatuto de objeto, não correspondia absolutamente à realidade individual vivida por um poeta negro que se sabia capaz-como qualquer intelectual branco de valor. Retomo as considerações, Nina Rodrigues estudou os africanos no Brasil transformando-os em objeto de ciência, lamentavel. A elaboração individual desse imaginário avesso aos preconceitos de cor e de classe terá sido uma expressão possivel daquela cultura subjetiva, este, o limite da política racial preconizada por Nina Rodrigues. Seria possivel, nesta altura, reconhecer uma cultura objetiva da subjetividade. Cruz eSousa, enquanto descendente de escravos africanos, reagiu dramaticamente à opressão dos prejuízos pseudocientificos. O simbolismo e os acendentes romãnticos favoreceram o surto de rasgos estilísticos de exaltação e sublimação das paixões, poucos concorreram para veicular as legítimas aspirações de grandeza moral e intelectual do poeta humilhado pelas sentenças racistas. o da sua libertação pessoal enquanto negro injustiçado que protesta contra ciência de hipóteses. -JOSE ANGELO CARDOSO.-Poeta, contista, artista plastico. Presidente-fundador da Academia Guairense de Letras. email-joseangelo@com4. com.br.
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