Arrisco-me a escrever a alguém que eu desejava colocar definitivamente dentro de meu coração, porque sei que nossas juras de amor estão esquecidas e você não teve como deixar de registrar por mim as nuanças mais ternas de nossa convivência.
Teresa, minha doce Teresa, não vim para perturbá-la nem para afirmar que o nosso amor tinha os dons da eternidade. Eram sonhos da juventude, incompletos e desconfiados do futuro.
Hoje partilho, no etéreo, de uma condição muito cômoda ao lado de alguém com quem já partilhei a vida e de quem pude receber muito carinho. Eis como se conta a história da existência tal como ela é.
Não é verdade que você está noiva e tem trocado experiências sentimentais e físicas com alguém que a tem estimulado para o prazer e para a honra? Não é verdade que existe um halo de felicidade em torno do casal e que se abrirá em leque para a inclusão de outras criaturas igualmente amadas? Não é verdade que os males se esquecem, quando o ensinamento é poderoso, no sentido de se esperar de Deus que faça sua celestial justiça, quando sabemos com certeza que estamos realizando o melhor que podemos durante a transitoriedade da vida?
Fique com Deus no âmago do seu coração e saiba que quem está hoje comigo jamais teve um único estremecimento de ciúme, porque sabe que você sempre haverá de ser uma irmãzinha muito estimada, que virá integrar o nosso grupo familiar, juntando tantas benquerenças suas às nossas, um nunca mais acabar de amor e de felicidade conjunta.
Um último conselho amigo: deixe de lado as suspeitas de que se enche o seu coração a respeito da malversação dos sentimentos, porque você experimentou uma forte decepção com a minha morte e outras cuja origem você bem conhece. O importante é saber que os sedimentos dos atos de boa vontade vão formando na base da compreensão mais abrangente de como Jesus queria que todos se amassem, em todos os quadrantes da existência.
Se precisar de nós, basta uma ligeira vibração que estaremos sempre disponíveis para uma palavra de incentivo depositada diretamente em sua consciência, como se fosse você mesma a elaborar os pensamentos sadios diante dos problemas que costumam desafiar-nos quando peregrinamos pelo orbe, na qualidade de seres ainda em fase muito primitiva quanto à formação espiritual.
Você sabe que eu ficaria aqui escrevendo sobre todas as coisas relativas ao que venho fazendo nesta colônia, porém, sem brilho e sem novidade.