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Ensaios-->LIRAS SINFÔNICAS -- 07/09/2004 - 22:40 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“LIRAS SINFÔNICAS”

Herculano Moraes*


Aqui estamos nós para lhes apresentar outro poeta outro poeta das harpas piauienses. Outro jovem que orna a poesia do Piauí com produções extraordinárias, encantadoras. Trata-se desta vez do festejado autor de “AREIAS”, opúsculo lançado no mercado da curiosidade do povo de nossa terra, nos primeiros meses deste ano de 1966, de grandes e espetaculares lançamentos literários. Francisco Miguel de Moura, ou Chico Miguel, porque assim o chamamos na intimidade, veio ao mundo no dia 16 de junho de 1933. É filho de Miguel Borges de Moura e D. Maria Josefa de Sousa. Seu primário, alicerce indelével do primeiro passo, foi feito com seu próprio pai, que mantinha uma escola particular, depois passando publica, municipal, em 1941. Nosso focalizado nasceu no povoado Jenipapeiro, pertencente, àquela época, ao município de Picos, deste Estado. Em 1960, o povoado onde nasceu o nosso poeta foi elevado a cidade, com a denominação de Francisco Santos.
Por motivos vários, entre os quais se sobreleva a situação financeira de seus pais, teve que deixar de estudar, voltando a este somente depois de completar 20 anos, matriculando-se em 1954, no Ginásio Municipal Picoense. Em 1956 fez o concurso de Auxiliar do Banco do Brasil e foi aprovado.
Já funcionário do Banco do Brasil, tendo sido aprovado com boa classificação em concurso realizado em Picos, primeiramente, e depois em Fortaleza – CE, quando passou a integrar-se no quadro de Escriturários do Banco do Brasil, servindo na Agência de Picos, continuou seus estudos no Ginásio referido e depois na Escola Técnica de Comércio de Picos, hoje pertencente à Associação Comercial daquela cidade, único estabelecimento de ensino médio lá existente naquela época.
Face à sua inteligência e aos seus conhecimentos, foi transferido para o interior do Estado da Bahia – cidade de Itambé – para assumir as funções de Chefe de Serviço da Carteira Agrícola, onde bem desempenhou suas funções. Entretanto, por motivo de doença em si, em seus familiares aqui (pai, mãe e sogro), não pôde continuar naquelas funções como era sua vontade. Foi transferido para Teresina, por solicitação sua, onde voltou novamente à condição de simples escriturário.
Casado com D. Maria Mécia Moraes Araújo Moura, três rebentos alegram o seu lar: Franklin, Laudimiro e Francisco Júnior. Acha que, entre os que concorrem (ou almejam) a uma cadeira na Imortalidade de nossa Academia de Letras, o escritor J. Miguel de Matos é um dos mais credenciados, não esquecendo o mérito dos demais.
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Sua poesia, na maioria das vezes, focaliza a própria vida: Seu labutar incessante e quotidiano, suas desgraças e seus martírios, suas lágrimas e suas dores. Seu poema “O Copo” é uma afirmativa do que dissemos:
“A poesia rústica do copo,
o homem simples vai,
pela manhã que vem,
brindar à solidão
de sua alma esmagada
ao peso da desgraça,
da pobreza amém.

Bateu na mulher,
brigou com o amigo,
discutiu com o patrão,
perdeu o trabalho:
- Vai para o copo,
único amigo que o fará sonhar
e esquecer
e perdoar
a vida que passa rodando
pelo fundo dos olhos bons.

Não o condenem por isto.
É um santo desconhecido,
sua vida não lhe vale.
Consolação.
...................................................
Também o copo
- entornado e consciente -
sem esperança de chorar
a última lágrima do dia
antes do poente,
preferiu suicidar-se
mas sub-repticiamente.
Sua vida não lhe vale.
Consolação.”
Noutras vezes, tateia no mundo da infância passada, e a saudade lhe invade o espírito. Inspira-se. As figuras se embaralham na sua mente. E sua cidadezinha, e berço do seu berço, aparece qual um milagre na noite de sublime inspiração:
“Entre dois chapadões – terra bendita,
de alma mais pura do que a branca areia,
terra que ouviu de minha mãe, contrita,
rezas a Deus logo depois da ceia:

És tão humilde e pequenina aldeia
que, pela vida, em nosso peito habita.
Qual semente daquele que semeia,
És semente do amor – Terra Bendita!”
Chico Miguel é um homem simples. Tem maneira toda sua, toda especial de tratar com suas amizades. Poeta primoroso, seus trabalhos têm beleza e arte, não artifício. Moderno, em todos os sentidos, ultrapassou as barreiras do parnasianismo e do simbolismo como escolas, e trouxe, para os apreciadores da Poesia, um estilo novo e diferente para este Piauí, que ainda não havia conhecido o verdadeiro sentido da poesia moderna. Não porque todos sejamos ignorantes no assunto, mas porque as classes que nos deviam orientar no caminho da moderna literatura divorciam-se da juventude, e deixam-na à mercê de alienações. Chico Miguel é diferente: – Intrépido e audacioso, lutou, venceu, realizou-se.

(Lido no programa radiofônico “LIRAS SINFÔNICAS”, Rádio Pioneira de Teresina, em 10 de maio de 1967, das 9,30 às 10 horas). Autoria e locução de Herculano Moraes).



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*Herculano Moraes poeta e jornalista, membro do Círculo Literário Piauiense (CLIP).


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