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Ensaios-->Raimundo Carrero - Um autor que chega por inteiro* -- 31/08/2004 - 13:26 (Lucas Tenório) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Raimundo Carrero - Um autor que chega por inteiro - Por Schneider Carpeggiani*

Angustiado assumido e sempre cruel com o destino das suas personagens, o escritor Raimundo Carrero, que certa vez definiu o amor como um grande ato de roubar do outro o que a gente não tem, começa este mês a relançar suas principais obras, pela editora Iluminuras. Nesta entrevista, o autor fala do problema de falta de leitores que os escritores pernambucanos sofrem, da sua técnica na hora de preparar um livro, da sua tentativa de fazer parte da Academia Pernambucana de Letras e revela que ainda não escreveu seu grande romance, mas que já está se preparando para escrevê-lo.

Jornal do Commercio – Você está para relançar algumas das suas principais obras pela Iluminuras, como surgiu a idéia desse projeto?

Raimundo Carrero – Quando estava para lançar As Sombrias Ruínas da Alma, em 99, meu editor disse que em alguns jornais do Sul/Sudeste meu trabalho não era bem conhecido, porque os jornalistas de cultura mudavam muito, estavam sempre circulando. Então, ele propôs o relançamento dos meus principais livros, que, na minha opinião, são Sombra Severa, Maçã Agreste, Somos Pedras que se Consomem, A História de Bernarda Soledade e Sinfonia para Vagabundo. O primeiro a sair será Sombra Severa, que é relançado este mês, com nova capa.

JC – É verdade que você rejeita alguns dos seus livros?

RC – Sim, há alguns de que não gosto, porque cheguei a avanços técnicos que não tinha antes. Para se ter uma idéia disso, na hora de escolher os livros para a reedição, pensei em A História de Bernarda Soledade, que foi meu primeiro trabalho. Só depois percebi que, no meu caso, ordem cronológica não funciona. Sou muito frio na hora de escrever, ao contrário do que parece. Tão técnico que escrevi uma apostila ensinando a escrever um romance.

JC – Isso não é uma contradição, já que há declarações suas de que você usa suas personagens para trabalhar seus problemas pessoais?

RC – Sim, faço isso mesmo. Por fora, sou um homem muito calmo, não tenho problemas com ninguém, tenho bom humor. Mas por dentro sou muito complicado, tenho de ficar me controlando. Às vezes escrevo um texto, quando estou muito nervoso, depois reescrevo, porque só tinha os meus problemas lá, não estava tecnicamente perfeito. Sou muito angustiado.

JC – Você é um autor que tem um nome forte no Estado e que, ano passado, ganhou o prêmio literário mais importante do Brasil, o Jabuti. Tanto prestígio, no seu caso, é equivalente ao reconhecimento, por parte do público, da sua obra?

RC – Uma vez, disse a Gilvan Lemos que, se vendesse 100 livros em uma livraria em Recife, daria uma festa. Ninguém lê nada, isso me preocupa muito. Os autores pernambucanos não são lidos. Teve um tempo, nos anos 80, que meus livros eram bem lidos, mas hoje em dia o vestibular deixa os alunos mecânicos, não há preocupação em incentivar os leitores.

JC – Qual a razão disso?

RC – Olha, Pernambuco sempre teve alguns dos melhores autores do Brasil. Atualmente, temos nomes importantíssimos como Fernando Monteiro, Gilvan Lemos, Alberto da Cunha Melo, Jacy Bezerra, Ariano Suassuna. Gente que produz obras de qualidades, mas que não são lidos. Acho que há uma espécie de conspiração para prejudicar os autores pernambucanos. Atualmente, estou muito preocupado com esse problema. Às vezes, escrevo e me pergunto qual a verdade do texto, quem vai ler aquilo?

JC – Quando você ganhou o Jabuti, por As Sombrias Ruínas da Alma, ano passado, sentiu o prêmio como uma resposta à Academia Pernambucana de Letras, por ter perdido a disputa para uma vaga na instituição alguns meses antes?

RC – Não vi aquilo como uma resposta. A APL é uma instituição importantíssima, que deve ser amada e respeitada por todos. Mas lá existem certos acadêmicos que não merecem resposta. Gente que acha que juntar uma palavra com outra é a mesma coisa que escrever.

JC – Você sempre disse que ainda não escreveu o seu grande romance e já está preparando outro para ser lançado no final do ano. Este será o seu grande romance?

RC – O nome do livro é Natureza Perversa. É um policial, bem engraçado, fala sobre tráfico de crianças e de uma casal, que vive uma história cheia de jogos masoquistas. Mas esse não será o meu grande romance. Será o próximo que estou preparando.

JC – E como vai ser esse livro?

RC – O que posso adiantar é que o nome dele será Condenado à Vida. É bem cruel. Ser condenado a morte é fácil, ser obrigado a viver é o difícil.


Entrevista - Jornal do Commercio
Recife - 04.05.2001
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*Fonte:
http://www2.uol.com.br/JC/_2001/0405/cc0405_1.htm




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