Usina de Letras
Usina de Letras
70 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10370)

Erótico (13570)

Frases (50641)

Humor (20032)

Infantil (5440)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6198)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->O DESBALANCEAMENTO PRIMAL E OS GNOMOS -- 23/02/2002 - 22:49 (Luiz Carlos C. Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O DESBALANCEAMENTO PRIMAL E OS GNOMOS







Existem fatos que, quando acontecem com a gente, podem mudar totalmente as nossas crenças – ou descrenças – mais inabaláveis. Eu, por exemplo, sempre fui um sujeito extremamente incrédulo, muitas vezes extremamente cínico e descrente de valores de origem desconhecida, como esoterismos, modismos, achismos e outros “ismos” que volta e meia aparecem na mídia através das idéias de algum espertinho de plantão. Mas aconteceu comigo um fato que fez com que eu revisse alguns preconceitos que tinha em relação ao Desconhecido, ao Poder aparentemente sem causa do Pensamento Universal.



Tudo começou quando acordei, certo dia, sentido-me estranho, fora de lugar, como se não fosse eu que estava ali comigo. Você já se sentiu assim, com uma impressão de que está se esquecendo de algo importante, ou que algo sério está acontecendo e você não consegue descobrir o que é ? Assim como sentir que alguma coisa está errada? Pois eu estava me sentindo assim, meio fora do ar, meio perdidão... Mas... descobri que não era o único!



Fique sabendo, ó incrédulo leitor, que muitas, mas muitas pessoas messssmo, de vez em quando tem essa sensação às vezes desagradável (não, não foi o jantar!), às vezes fisicamente quase imperceptível, mas muito real e que existem outros indivíduos, ainda, que estudam profundamente esse assunto! É, tem gente que estuda essa angustiosa e indefinível sensação!



Pois, dizia eu, fiquei alguns dias assim, meio perdido, perguntando-me o que estaria acontecendo, afinal. Será que havia esquecido de pagar alguma dívida, faltado a algum compromisso, se tinha prometido casar depois, essas coisas? Será que meu chefe estava bravo comigo e eu não sabia? Será que esqueci a data do aniversário da minha mulher?

Fiquei assim um tempo, até que, ao conversar com uma amiga, daquelas muito compreensivas, comecei a descobrir o que estava me afetando. Essa minha amiga é muito dada às coisas naturais, ao estudo dos Sentimentos e, é claro, muito esotérica ( sim, ela adoooora gnomos!! ). Disse-me ela que este momento que eu “estava vivenciando” ( palavras dela) nada mais era que um fenômeno chamado de “desbalanceamento primal”, mais conhecido pelas suas iniciais, “DP”. Esse sentimento confuso é causado pela diferença entre as vibrações do meio externo, onde o indivíduo se situa, e as do próprio indivíduo ( lembre-se de que tudo o que existe – e até o que não existe – tem uma vibração e, portanto, uma frequência), daí o “desbalanceamento” quando essas frequências não são harmônicas, e é “primal” por tratar-se de uma manifestação primária do corpo anunciando ao cérebro esta divergência. Comecei a achar meio esquisita essa coisa toda...



Pois essa amiga explicou-me que, em algumas filosofias orientais, essa manifestação corpórea é tida como o primeiro passo para a dissociação corpo-mente, quando dormimos, necessária para uma coisa conhecida como “viagem astral” (Mas isso é uma outra conversa).

Mas, como dizia minha amiga ( nessa altura, eu estava com um sorrisinho cínico a me coçar os lábios...), para deixar de sentir esse mal-estar do DP bastaria apenas algumas horas de relaxamento ( EPA!!- pensei preconceituosamente - parece coisa de viado!), alguns momentos de reflexão, assim como um passeio no campo – ideal para “absorver as energias das matas, das águas, das montanhas”.

Descreveu-me ainda que esse contato com a Natureza (assim mesmo, com maiúscula) equilibra todo o nosso sistema BIO-NEFELIBATA (não, eu também não sabia o que era isso!! Fui ao Aurélio.. ), por meio da ação dos “ELEMENTAIS” dessa mesma Natureza!



“Pronto. Lá vinham os gnomos...”, pensei. Mas mantive a minha postura altamente interessada por ser ela minha amiga e uma pessoa muito agradável – não só por ser muito bonita e sensual, é claaaaro - mas por ter uma conversa interessante e inteligente. E assim continuamos nosso papo . Embora eu mesmo não soubesse, estava ficando impressionado!

Ela acrescentou que existem pessoas que se aprofundam na meditação e percebem que a Natureza tem razões que a própria razão desconhece e a maioria dos simples mortais (eu, por exemplo, pensei comigo...) sequer vislumbra a menor luz dessa importante sabedoria! E, por isso - fulminou ela, esses iniciados nunca sentem o desconforto de um “Desbalanceamento Primal”!



Ainda de forma relutante ( cadê os gnomos??), fui mostrando um interesse cada vez maior no assunto ( um interesse totalmente desinteressado, naturalmente, sem nenhuma segunda ou terceira intenção...), mas fiquei meio sem saber se devia acreditar de verdade quando ela explicou-me ( com aquele seu jeitinho maliciosamente ingênuo) o avanço que alguns estudiosos estavam conseguido ( “tudo científico, comprovado”, garantiu ela) ao estudar o assunto;

E mais, que após a avaliação energética de cristais raros, do eletromagnetismo trilateral de pirâmides e da gravação da aura de gnomos (Ah, exclamei silenciosamente, eis os gnomos!! ), o DP estava próximo de ter sua existência devidamente comprovada! Tudo cientificamente! As pesquisas desse campo estão sendo realizadas, segundo ela ( olhando-me bem de frente com aqueles olhinhos mortiços, uau!!), em Ibitipoca, aprazível parque montanhoso perto de Juiz de Fora, por uma equipe da HERB (Humanistas Errantes do Brasil, com sede na Bahia), uma ONG que protesta contra a violência – vejam só – queimando mato!! E o mais incrível é que os gnomos (sempre eles!!) tinham a ver, indiretamente com a tal DP!!

Ri-me bem caladinho: Eu sabia, eu sabia!! Olha os gnomos aí, gente!!



Apesar da minha aparente incredulidade, eu já estava interessadíssimo nos detalhes que ela me explicava ( e eu sequer percebia o seu perfume delicioso que me inebriava cada vez mais, com o maior respeito, é claro). Mas ainda não tinha dado o braço a torcer: afinal, o que tinha a ver os gnomos de Ibitipoca ( uma entidade “estrangeira”!! Por que não um Saci, um Curupira ou uma Mula-sem-Cabeça?? ) com o meu “Desbalanceamento Primal” ou seja lá que diabo fosse aquilo que eu sentia?



“Bem, Masca, Gnomos não são estrangeiros, são universais ( ela sorriu-me com aquela boquinha, ui...) e outras entidades aparecem, sim, depende do momento!”, convenceu-me ela.

“Quanto aos gnomos de Ibitipoca, deve ser por causa dos mosquitos”, disse-me , com a cara mais séria desse mundo ( Mosquitos?? Pronto, dancei... fui incrédulo demais! Ela está zoando da minha cara!! Mas respirei aliviado quando ela continuou...).

“É que, em Ibitipoca, existe o “AEDES AEBYT” - não confundir com um outro mosquito, tão famoso quanto perigoso, de nome parecido e da mesma família , que traz a dengue – um mosquito rajadinho, e esse díptero (fui ao dicionário de novo: significa “duas asas” ) é o alimento natural de um sapinho azul – o anuro-das-folhas- que é a manifestação física dos gnomos quando precisam se alimentar de determinadas proteínas”, completou minha amiga ( e eu: mosquito? sapo azul? Ê Ê...mas dominei-me...).



Nessa hora, eu já estava completamente envolvido pelo tema, na maiooor sinceridade, é claro !

Ela continuava: “Então, a existência do mosquito favorece a presença dos gnomos e a aparição deles é a garantia da existência do equilíbrio natural, e ESSE equilíbrio natural é que vai curar o seu DP quando você estiver lá!!”, deliciou-se ela ao ver minha honestíssima expressão de incredulidade.



Simples, né? Nessa altura, eu já estava procurando insetos em algumas plantas ali da pracinha, e ela, rindo aquele sorrisaço, me propôs irmos, no sábado seguinte, a Ibitipoca, para comprovarmos suas afirmações. Eu, dotado da maior seriedade e com verdadeiro espírito científico e empreendedor, topei na hora (tá acreditando não??)!!

E fomos a Ibitipoca...



E descobrir Ibitipoca com essa minha amiga sensível, humanista e extremamente amante da Natureza foi a grande virada da minha vida. Fomos a lugares especiais, onde nos deliciamos com a leveza do ar, com a musicalidade dos regatos e cascatas, com a exuberância das florestas e até - e principalmente - com a pureza dos nossos sentimentos frente à fria objetividade humana com a qual eu convivi estes anos todos!



Foi aí que abandonei de vez meu ceticismo, passando a ser um ardoroso defensor de culturas milenares, após uma tarde muuuuito feliz dentro do mato! Não só vi gnomos; vi também salamandras, ondinas, ventinas, noitibós, sacis, corujas, sapões, sapinhos, rãs e até uma perereca, uma aranha e uns pulgões, além de carrapatos ( tirei um agora bem daqui, ó, agora mesmo!!). Mas o que é mais importante: somente quando minha amiga ( com um sorrisinho todo satisfeito) me perguntou sobre , é que percebi que o tal do meu “Desbalanceamento Primal” tinha desaparecido completamente!! Sumiu, evaporou-se, tomou doril!



Portanto, meus heróicos leitores, deixem de ser cínicos e passem a ver a Vida com outros olhos. Pode valer a pena!





Mascaranha, Juiz de Fora

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui