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Ensaios-->O JB e os Jornais do Brasil -- 19/05/2004 - 20:26 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O BRASIL E OS JORNAIS DO BRASIL
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Domingo passado, dia 16, ao ler os jornais, experimentei estranha sensação de tristeza, regada à saudades, com sobremesa de baixa-estima. Os jornais estavam magros e quase sem assuntos; mais precisamente, sem novidades.

O Jornal do Brasil, por exemplo, serviu-me de parâmetro na tentativa de compreender as razões daquela situação de penúria a que chegaram nossos diários e nosso país. O JB e o Brasil estavam, na verdade, bem diferentes de quando ainda morava na, então, cidade maravilhosa; lá pelos idos de 1960/1970, aproximadamente.

O que vi deixou-me preocupado. Os cadernos de Esportes, Casa, Brasília e de Viagens, com apenas quatro folhas. O famoso Caderno B e o dedicado ao Rio, com cinco folhas cada. Um pouco mais gordinho, o caderno principal e a Revista de Domingo. Mas nada de excepcional. Todos magros e sem muito o que dizer para seus leitores; aqui, acolá, uma opinião diferente, de algum colaborador competente e bem conhecido de todos. Cheguei a duvidar que era domingo, pois, a prevalecer a fisionomia dos jornais, principalmente do JB, o dia estava mais para uma segunda-feira qualquer.

E pensar que o dia de domingo era sagrado. Acordar cedo e correr para a banca de jornal do italiano, na começo da rua da Alice, no bairro das Laranjeiras, e garantir o meu exemplar. Era um jornal de qualidade e, também, bem nutrido; da grossura da lista telefônica. Saudável e cheio de assuntos, os mais diversos; para todos os gostos. E com muitas oportunidades de negócios e de emprego: nos seus robustos cadernos de classificados. Procura-se, vende-se, compra-se e outras notícias do tipo “empresa de porte médio necessita”.”Paga-se bem”.

Jornal embaixo do ombro direito, e saco de pão na mão, lá ia eu para casa, sem esconder a ansiedade para saber das novidades, e da oferta de novos empregos; empregos que toda semana apareciam aos montes; como um grande cardume à disposição dos pescadores;

O trabalho era um só: relacionar as ofertas segundo o seu interesse, ordenar as empresas no roteiro das ruas do Centro, e, na segunda bem cedo, cair em campo. Só não trabalhava quem não quisesse. Até os menores de quatorze tinham esse direito. Com carteira assinada (de menor) e todas as garantias trabalhistas.

O que teria acontecido com os jornais, de modo geral, e com o JB, de modo particular? E com o nosso Brasil? E descobri alguns elos causais entre eles.

O Brasil está doente e envelhecido; maltrapilho e esfomeado; sem energia, sem ânimo e muito endividado para poder voltar ao circo e ver o espetáculo do crescimento. Suas estradas esburacadas, em parte, explicam o seu andar lento do ancião de bengalas; suas vistas cansadas, já não enxergam luzes no final do túnel. Por isso, o Brasil está parado. Repetindo o passado. Batendo, erradamente, e teimosamente, nas mesmas teclas: endividamento crescente, economia dependente do humor do mercado financeiro e voltada para a subserviência ao capital estrangeiro; juros altos, especulação, concentração de rendas, desemprego, violência, escândalos, corrupção, impunidade, fome e miséria. Desperdício de recursos, falta de investimentos em setores estratégicos e ausência de políticas industriais...Nada de novo. Infelizmente.

Desse modo, os jornais acompanham a repetição da letargia crônica que tomou conta do país. E os assuntos se sucedem. Como se fôssemos o país das mesmas retrospectivas de final de ano: enchentes no nordeste, secas no sul; recesso parlamentar; desemprego e aumento da violência; eleições e reeleições; promessas e mais promessas, sempre não cumpridas. Fome e miséria. Banqueiros e políticos entusiasmados. População deprimida. Fantasmas e Vampiros.
A neurose do medo minando as ultimas esperanças. Esperanças de um país melhor: todos com muito dinheiro no bolso; e saúde para dar e vender. De qualidade e sem cotas.

Brasília, 19 de maio de 2004









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