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Cronicas-->Nossa Lingua Brasileira -- 01/09/2002 - 12:05 (MARC FORTUNA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Língua Portuguesa é o idioma oficial do Brasil, mas na realidade, dentre as inúmeras façanhas do povo brasileiro, criamos nosso próprio dialeto, nossa própria Língua Brasileira, que diferencia-se não somente do idioma falado nos outros países lusófonos, mas também em àmbito interno, nas diferentes regiões do Brasil.

Neologismos, gírias e regionalismo misturam-se com a influência linguística de nossos colonizadores e imigrantes. E não paramos por aí. Há ainda a grande e importante influência dos povos indígenas que outrora formavam o puro povo brasileiro. E de influência indígena eu entendo, pois nasci no bairro do Jaçanã, que faz fronteiras com os bairros do Tucuruvi e Tremembé, e da cidade de Guarulhos. Meus pais possuem um rancho na cidade de Jarinu e fiz parte do Grupo Escoteiro Ararigboia. Sem contar que minha bebida preferida é guaraná...

Assimilamos termos de outros idiomas e os utilizamos com naturalidade. Nosso lado francês nos possibilita ir ao toilete ao invés de ir ao banheiro, colocamos um belo abajur na sala sem muitas vezes saber que um outro termo para a peça seria quebra-luz, preferimos dizer que a calça que compramos é de griffe, e assim por diante... Do inglês, então, nem se conta. Qualquer criança de 5 anos de idade prefere hot dog a cachorro quente; os bancos nos oferecem serviços como bankline e over night; é só comprar um computador para utilizar-se de termos como online, website, e-mail e homepage; não fazemos dieta, mas o refrigerante é diet; preferimos ir ao PlayCenter do que ao parque de diversões; não usamos calça brim... apenas jeans. E muitos são os termos de outros idiomas que se instalaram em nosso dia-a-dia, como o italiano, espanhol, japonês etc.

E o que podemos dizer das variações nas diferentes regiões do Brasil? No Rio Grande do Sul cachorro é cusco, o baiano apressado é avexado e o perturbado é azuado... E o mesmo ocorre com relação ao Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas etc.

Temos ainda na nossa Língua Brasileira gírias que utilizamos que, muitas vezes, não temos a mínima idéia de seu significado ou como surgiram... termos que por si só não possuem nada que justifique sua existência, ou palavras colocadas com sentido totalmente diferente. Vejamos os exemplos abaixo:

- Essa mina é o maior barato, mora?
- E aí, cara? Tem um barato pra me arrumar?
- O mano é sangue-bão.
- Pega leve que o cara é frutinha, mas a mina dele é forminha 44.

Tão grande é a riqueza de nossa Língua e a capacidade criativa de nosso povo, que muitas vezes nos atrapalhamos ao formular uma sentença e criamos significados e significantes dúbios ou incompletos. Muitos de nós, ao receber a oferta de algo, respondemos ao ofertante apenas com a palavra "obrigado/a"; criamos aí uma dúvida na mente do ofertante, que certamente ficou sem saber se queríamos dizer "sim, obrigado/a" ou "não, obrigado/a". Outro exemplo típico é quando vemos algo ou alguém que achamos muito bonito e dizemos "Ele é lindo de morrer".

Mas, como citei no início deste texto, oficialmente falamos a Língua Portuguesa. Será? Claro que sim... bem, ao menos "quase sim". Imagine dois portugueses visitando o Brasil pela primeira vez. O idioma é o mesmo, portanto teoricamente eles não encontrariam nenhuma dificuldade de comunicação no Brasil, correto? Errado! Bem, voltemos aos nossos amigos portugueses que chegaram a São Paulo e foram diretamente a uma agência bancária fazer a conversão do Euro para o Real. A agência estava lotada e eles foram para a fila, justamente atrás de um sujeito extremamente forte e mal-educado. Um português vira para o outro e inocentemente fala:"Olha essa bicha a frente!". Em Portugal a palavra "bicha" significa "fileira de pessoas", mas no Brasil é um termo vulgar utilizado inadequadamente significando homem afeminado ou homosexual. Enquanto no Brasil a palavra "rapariga" significa meretriz ou mulher da vida, em Portugal a mesma palavra significa moça ou mulher adolescente. Se um brasileiro for a uma praia em Portugal e inesperadamente ficar com diarréia, é melhor perguntar onde está o quarto de banho ao invés de perguntar pelo "banheiro", pois este significa salva-vidas. E as diferenças não param por aí.

Por essas e outras razões, o idioma falado no Brasil cada vez mais atrai o interesse e a paixão de literatos internacionais, e para encerrar, deixo um poema do escritor inglês Richard Price, intitulado "Brazil 500", publicado no Rio de Janeiro em 2002, na antologia "Oficina 30 - Cadernos de Poesias", pela Oficina Editores.

Brazil, a beautiful country
So green and so rich
yet so poor

Brazil, so much to see and to do
The people so friendly to you

Brazil, 500 years old you are
When will you start to care for the poor?

Oh, Brazil! Start to care!




Nossa Língua Brasileira
Crónica de Marc Fortuna
Londres, 01/09/2002


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