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Ensaios-->Hipocrisia -- 27/02/2004 - 12:02 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


IMPOSTURA, INTRUJICE...
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Hipocrisia em três atos. Num primeiro momento: senhoras e senhores, façam suas apostas. Divirtam-se. Afinal de contas, somos todos maiores de dezoito anos. A Mega-Sena está acumulada. E a Quina, também. Os prêmios equivalem a 20 (vinte) apartamentos de três quartos, localizados na Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro. Com ampla visão para o mar; e para o Cristo Redentor.

Assim anunciam jornais e televisões. Os dados são da Caixa Econômica Federal; vale dizer: do governo. Oficial e legal, portanto. Aproveitem a ida às casas lotéricas, e comprem a raspadinha. Ou qualquer baú da felicidade. E concorram a inúmeros prêmios. Inclusive, uma casa mobiliada, com carro na garagem.

Num segundo momento. Governo edita medida provisória proibindo, em todo o território nacional, o funcionamento de casas de jogos de azar: os bingos. Caça-níqueis são lacrados. Os comerciantes flagrados com as máquinas foram notificados e terão de prestar depoimento à Polícia Federal.

No terceiro momento, a polêmica está formada. Fecha ou não fecha? E os empregos? E o crime organizado? E a lavagem de dinheiro irregular? E as pessoas que se tornarão viciadas? E a violência? E o Partido dos Trabalhadores? O que tem a ver com tudo isso?

E o que aconteceu com o Zé Dirceu? E com o outro Zé, o Genuíno? Aquele que proclama a sua verdade de forma genérica? Por que ambos estão preocupados com o Waldomiro? Porque ele acertou na mosca? Com um único tiro?

Não acredito. Isto não pode estar acontecendo. É sonho de Carnaval. Que poderia acabar na quarta-feira. Mas ainda está acesa a fogueira. No meu modo de ver, por conta da dona hipocrisia.

Lembrei-me do caso do aborto. E o caso dos “Anões do Orçamento”. E o caso da reprodução humana em laboratório. Da produção de órgãos para transplantes. Problemas de hoje. De fato. De agora. De imediato. Problemas que existem, infelizmente; e que transcendem à ética. Ou à estética patética da biologia. Do dia-a-dia.

Proibir o aborto - e deixá-lo na ilegalidade – não resolve o problema. Ao contrário: continuaria a pleno vapor; só que na clandestinidade. Com riscos para as mulheres. O jogo a favor da infecção generalizada. Melhor regulamentar. Em casos de estupro, a gravidez indesejada é, de pronto, cuidada. Fiscalizada. Peço perdão aos irmãos Católicos. Mas fazer o quê? Deixar todo mundo morrer?

Mesmo caso dos transplantes. Pela via de células do cordão umbelical. O desespero é geral. De um lado, novamente, os prós e os contras. Os contras, ao lado da ética e da “vida”, ainda nem nascida. Proteção simulada de um futuro embrião. Sem futuro. Pessoas que são contra as pesquisas com células-tronco embrionárias. Mas que não apresentam outra solução. Que não se incomodam com a possibilidade de que esta posição contrária significa, em última análise, matar a esperança de tanta gente que precisa desses transplantes. Gente que já está viva. Crescida. E sem qualquer chance de cura, que não seja pela via do transplante.

Gente portadora de doenças graves. Como, por exemplo: esclerose lateral amiotrófica, atrofia espinhal progressiva e distrofia muscular de Duchenne. Esta última, que mata uma criança porque o seu diafragma perdeu sua forma muscular; e a criança para de respirar. E morre de forma cruel e assustadora.

E de outro lado, os prós. A favor da fertilização assistida. Células que são inseridas no útero da mãe, que irão gerar uma nova vida. E as células restantes, por má formação ou por quantidade inadequada, ficam congeladas ou são descartadas. Células que nunca se transformarão em outra vida. Mas que se prestam, portanto, para curar vidas. Dos que estão vivos e que padecem de doenças incuráveis e sofridas.

Na questão da dona hipocrisia, vale lembrar do ex-deputado João Alves. Um dos famosos “Anões do Orçamento”. Que disse ter sido protegido por Deus, quando teria ganho mais de cem vezes na loteria esportiva.

Todos sabemos da história. Ele comprava jogos premiados, acima do valor, para levar o dinheiro roubado do Orçamento, emprestando-lhe ares de legalidade. Inclusive junto ao Fisco.

Portanto, vale o registro. O mal já existe. Tal qual a AIDS. Do mesmo jeito que o governo distribui seringas aos viciados em drogas para evitar o mal maior da AIDS, sou a favor da legalização dos jogos. De qualquer natureza. Do mesmo jeito que os jogos sob responsabilidade da Caixa Econômica Federal.


Única maneira que irá permitir sua regulamentação e conseqüente fiscalização. Que seja tudo bem planejado, a fim de se obter o melhor resultado. Quem sair fora da lei, será rigorosamente penalizado. E todos os trabalhadores terão seus empregos preservados. E todos contribuirão com sua cota de impostos em benefício da sociedade.

Quanto às eventuais disfunções por conta do crime organizado, da violência, do sexo banalizado, e do jogador que se tornar viciado, tudo será mais facilmente controlado. Se tudo for bem planejado e legalizado. Do jeito que está, tudo fica do lado errado. O lado do jogo equivocado. Pois a realidade está aí para todo mundo ver. Só que, atualmente, sem transparência, sem um mínimo de decência. A solução passa, portanto, pela teoria do mal menor. O resto é pura intrujice da dona hipocrisia. Utopia, Tolice!

27 de fevereiro de 2004








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