Eu sei, tenho certeza, que meus sonhos nadam na superfície obliqua da realidade, correndo aflita, acossada pelos delírios dos momentos de fuga. Aqueles momentos nos quais sua principal característica a sanidade, deslocou-se do plausível, quase sempre exeqüível, nas tuas notas, no delicado perfume vindo na atmosfera circundando o espaço, privilegiado! Em possuir você. Se, somente minhas divagações proclamam meus desejos, aqui em corpo já não estou, uma vez que em etéreo me faço. Utilizando as incompatibilidades da alma para navegar na estreita passagem da morte. E então tentar ressurgir em luz relativa perante a janela dos teus olhos. Estas janelas que ao enquadrar meu esquálido perfil pesam como o mundo sobre meus ombros. Uma vez que meu intrínseco acanhamento não suporta o maravilhoso espetáculo, proporcionado na sua presença ao meu lado. Como poderei então, em regozijo tocar seu corpo? Aproximar meus lábios do teu rosto? Se essa força a oprimir meus impulsos limita e muito meus movimentos, criando o padecer a beira da fonte de todos os sentidos, proporcionada por teu gesto que convida ao infinito oculto, dos caprichos que a natureza guarda em seus desígnios ao unir aquilo que um dia separou. Loucura! Talvez, mas já que estou inserido entre gárgulas e quimeras, que estas indescritíveis procelas de idéias, insistem em proporcionar-me! Vou indo assimilando e assimilado, pelas circunstâncias do intervalo, uma vez que, me fiz receptáculo das sutilezas da imaginação...
Gerson F. Filho.
|