Um dia, não houve mais pranto em nossos rostos...
Houve lágrima sim, mas não pranto...
Porque vimos uma luz no horizonte quando o novo dia nos sorriu, e alteamos as nossas cabeças, e abrimos os nossos braços, e sentimos nossas asas tocarem horizontes novos.
E também vimos diante dos nossos olhos o nosso caminho reto... E se fizeram firmes os nossos passos, e caminhamos, e não houve vacilo no nosso (ainda que novo) caminhar...
Então choramos sim, mas sem pranto quando nossos corações ouviram o que ouvimos, e quando as nossas almas pulsaram no ritmo compassado da nossa eternidade...
E rolou uma lágrima sim em cada face... E a sentimos escorregar sim pelos nossos rostos... Mas não a enxugamos com as costas das nossas mãos porque cada uma daquelas choradas pelos motivos que as choramos é um refrigério e um tesouro que os anjos todos querem chorar e não podem, mas aplaudem quando conseguem ver, como se isso fosse um privilégio...
E é quando eles vêem isso que levantam as suas vozes e cantam, e cantam entreolhando um ao outro como se aquele momento do nosso choro fosse o mais sublime de todos os momentos que eles podem contemplar...
E é também por isso que eufóricos contam os detalhes que viram, e comentam que também presenciaram o que motivou o nosso choro quando uma lágrima desceu de cada lado dos nossos rostos molhando as nossas peles traçando um caminho, que eles também alegres descrevem...
Nossas lagrimas não tem aquele gosto de sal das outras lágrimas...
É por isso que quando choramos nos sentimos assim flutuando nesse paraíso que há entre o céu e a terra... Mais para um que para a outra... E é por isso que (ainda que consultem seus profetas), estranham quando falamos de uma coisa assim digamos, banal...