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Ensaios-->39. O CAMPO DA SEMEADURA -- 19/01/2004 - 09:34 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Existe belíssima lição de Jesus a respeito do semeador, da semeadura e do campo em que é feita. Belíssima a parábola, profundo o ensinamento.

Como está sendo preparado por você o campo da semeadura? Tem afastado as pedras que ressecam as sementes? Tem extirpado os espinheiros que sufocam as tenras plantinhas, impedindo-as de crescer e frutificar? Tem arado solo duro e improdutivo, fertilizando-o com o necessário adubo para facultar às sementinhas o acesso aos nutrientes de que se servirão para vingarem e produzirem? Ou tem desleixado, obstando ao semeador o seu trabalho, desiludindo-o do próprio mister?

Como vai o clima do coração? Está enregelado de sorte a não dar à semente possibilidade de desenvolvimento, ao mesmo tempo que favorece às aves famintas das viciações a faculdade de arrancá-las, para delas se alimentarem vorazmente? A estiagem tem sido a norma, de sorte que as sementes se expõem à cupidez dos famintos abutres dos vícios e das turbulências? Dão-se rajadas de vento que impulsionam as nobres palavras para longe, impedindo de serem agasalhadas pela emotividade?

Falemos claramente, sob o risco de afrontar as lições evangélicas: tem você sido suficientemente bom, honesto, caridoso, altruísta, de molde que seu coração seja o campo maravilhoso, a terra fértil e bem cuidada, em que as sementes da Boa Nova vicejam, crescem, frutificam e propiciam a todos o alimento de que necessitam para progredir?

Dois mil anos estão passando-se desde que o Cristo deixou sua mensagem. Durante todo esse tempo, inúmeras foram as pessoas que se conduziram de acordo com a recomendação do Mestre e puderam safar-se das vilezas e dos tormentos do desespero que os crimes provocam ao serem resgatados. Mas os homens não se satisfizeram, de maneira geral, com o tipo de trabalho propugnado, na esperança de que, por acaso, alguma sementinha pudesse vir a brotar à revelia mesmo de seu interesse ou no intuito de se aproveitarem do campo bem cultivado pelo vizinho, não lhes importando o preço a pagar pelos frutos por ele colhidos. Os homens fantasiam o poder de superação e minimizam a própria incompetência, de modo que, à vista do que fazem no campo material, pensam poder fazer também no moral e no espiritual.

Até bem pouco tempo atrás, a terra era cultivada de modo rústico, aliás como se faz até hoje em certas regiões do globo. Mas o homem teve a oportunidade de inventar máquinas poderosas e de aperfeiçoar sobremodo a qualidade das sementes, incrementando de modo inteligente as técnicas de cultivo do solo. É bem verdade que os interesses subalternos os levaram a grandes dizimações de florestas, a empobrecimento e destruição de enormes extensões de terras antes férteis, ao desenvolvimento de condições superiores de sobrevivência e de crescimento de inumeráveis pestes, na área das ervas daninhas e dos insetos perniciosos, ao envenenamento das águas e dos solos, o que encurtou a vida de muitos, através da ingestão de alimentos contaminados, e assim por diante.

Não queremos implementar novos argumentos à figura utilizada pelo Cristo, mas, certamente, ele mesmo o faria se viesse hoje, de novo, estimular-nos o pensamento a respeito da vida frutuosa e produtiva através da imagem da semeadura do campo.

Como você tem arado o solo? Tem adquirido a maquinaria necessária, ou seja, tratores, debulhadores, restelos mecanizados e outros apetrechos da moderna tecnologia? Tem organizado o rodízio das culturas através de roteiro eletrônico computadorizado, após minuciosa análise do solo e do clima? Tem-se orientado pelo estudo do mercado consumidor para prevenir-se de qual o melhor produto para colocação à venda, tendo em vista o grau de produtividade em relação à possibilidade do lucro?

Pode parecer-lhe que estejamos dando vazão tão-só à figura, sem nada acrescentar, a não ser os aspectos inerentes à segunda parte da comparação, sem fomentar novos atributos aos que Jesus relacionou; mas não é bem assim. Se o amigo se deixar levar pela fertilidade da imaginação, poderá perceber que o espiritismo trouxe a ajuda que faltava aos primitivos métodos de arrotear o solo, de plantio, de adubação e de colheita. O espiritismo significou o avanço metodológico que faltava para o cultivo do solo da alma.

E você, bom amigo, tem-se utilizado desses modernos recursos para mais rapidamente colocar o coração em condições de produzir para consumo próprio e para agasalho alimentar de seu círculo de influenciação? Como se tem utilizado do trator da reencarnação? Como tem selecionado as sementes pelas leituras edificantes? Como tem efetuado a semeadura com as técnicas da mediunidade? Como tem usado a colheitadeira do amor através da expansão das dádivas e através da aplicação do tempo? Que proveito tem tirado dos recursos avançados da divulgação dos benefícios por meio da prática do bem e da palavra impressa? Em suma, que lhe tem proporcionado o espiritismo de que você se aproveite para dar à parábola de Jesus moderno significado?

Ainda agora está aguardando que o vizinho produza para você usufruir-lhe a colheita em benefício próprio e à custa de qualquer preço que possa vir a ser cobrado? Pensa ainda que alguma sementinha possa brotar ao léu em seu terreno ou já se convenceu de que deverá trabalhar para fazê-lo produtivo? Estas perguntas estão a incomodá-lo ou você se tem especializado em deixar as ferramentas enferrujarem-se, enquanto as sementes apodrecem nos celeiros? Gostaria de receber mais alguma orientação ou lhe bastam as que de há muito lhe estão sendo fornecidas nos almanaques esclarecedores dos mensageiros do Senhor?

Quem sabe as instruções não sejam elucidativas e seria melhor esperar mais dois mil anos para que os métodos de plantio sejam ainda mais avançados, de sorte que fiquem mais facilitados os trabalhos. Acredita nisso? Como espera estar daqui a dois milênios? Será que terá a mesma disposição atual, ou seja, nenhuma no que se refira ao cultivo da terra e ao plantio das sementes?

Para muitos, a simples palavra do Cristo bastou como revelação da verdade. Para outros mais, a terceira revelação trouxe a luz definitiva para a salvação e a recuperação dos valores perdidos. Para quem essas normas não foram suficientes? Esclareça-nos pensando em si mesmo e não naqueles que você categorizaria como delinqüentes, assassinos, ladrões, preguiçosos, relapsos, inconformados, rebeldes, odientos, nojentos, pecaminosos, incautos, ignorantes, insensatos, perniciosos, agressivos, imorais, injustos, ingratos, orgulhosos, egoístas, vaidosos, invejosos, intolerantes, impacientes, jactanciosos, imprevidentes, sagazes, astuciosos, procrastinadores do serviço...

Bom amigo, eis-nos aqui no intuito de sermos servos de sua gleba. Se achou que nos faltou espírito de solidariedade e de comiseração, que agimos sem compaixão e com altanaria, que nos claudicou a devida caridade e que não demonstramos qualquer resquício de amor, pedimos-lhe encarecidamente que empregue para conosco toda a sua capacidade de perdoar. Mas se nos agradecer a ousadia de ter vindo expor, tamanho real, o retrato de seu caráter, interessando-nos de modo verdadeiro e leal pela possibilidade de lhe facultar a transformação de sua imagem, no sentido de evidenciar-lhe alguém apto a ganhar o reino de Deus, aí ficaremos ufanos do trabalho e poderemos dizer que cumprimos o nosso dever, ou seja, que aramos devidamente o solo, que arroteamos a terra, fornecendo-lhe o competente incremento orgânico para facilitar a semeadura, a germinação, a florescência, culminando todo o trabalho com a proveitosa colheita do fruto mais saudável e delicioso. Daremos hosanas ao Senhor e nos prontificaremos a prosseguir no serviço, cientes de que outras semeaduras faremos igualmente profícuas, de modo a não termos de esperar mais nenhum avanço tecnológico para que o campo possa ser eficazmente semeado.

“Equipe da Luz”, pelo orientador Augusto, que se responsabilizou pela imantação e pela transmissão do texto produzido pelo grupo.



Comentário

O trabalho transcorreu de modo muito proveitoso, embora, reconhecemos, a contextura da mensagem tenha deixado muito a desejar. Mas tal fato não nos preocupou, pois queríamos deixar impresso escrito bem sugestivo do quanto todos temos de melhorar para atingir a perfeição do texto bíblico da palavra de Jesus.

Somos tão pequeninos diante do Mestre que ainda não entendemos bem por que razão nos possibilitou ele a terceira revelação, quando não temos sequer noção de como empregar os apetrechos que nos forneceu em seu evangelho de amor. Acreditamos que a utilização da palavra do Cristo tenha sido desvirtuada pela falsidade religiosa dos que dominaram as instituições oficiais e as igrejas universais. Sendo assim, o espiritismo veio para nos lembrar o cristianismo primitivo e, se utilizamos os meios mais modernos, é para que tenhamos possibilidade de relembrar os antigos recursos, pois nada que se espera de nós não se contém nos ensinamentos de Jesus.

Estamos esclarecendo este ponto para não se pensar, pela metáfora que utilizamos na mensagem, que a terceira revelação possa ter vindo anular o evangelho. Sabemos que tudo parece ter ficado absolutamente claro e só quem se utilizasse de malícia ou má-fé poderia ver outra coisa, mas, mesmo assim, reiteramos o pensamento, para que nenhuma sombra possa pairar no espírito de nosso querido leitor.

Era o que tínhamos. Agradecemos-lhe a boa vontade, irmãozinho, e continue empenhando-se nos trabalhos de todo dia. Essa a sua missão. Cumpra-a com diligência, que terá o amparo das forças da espiritualidade superior. Fique com Deus!

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