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Artigos-->Fragrância Feminina na Poesia - Adélia Prado -- 22/02/2002 - 18:39 (Fernanda Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fragrância Feminina na Poesia



Estamos dando continuidade a publicação destes pequenos artigos que visam mostrar um pouco da escrita poética feminina no cenário nacional e mundial.

Pretendemos, tão somente, falar da emoção de nossas descobertas literárias ao nos depararmos com a vasta produção feminina na construção de uma identidade poética.

É antes de tudo, uma gota de perfume que permitirá ao leitor curioso, buscar outras essências, a partir da publicação destes textos.



Adélia Prado



Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis (MG), no dia 13 de dezembro de 1935, local onde atualmente ainda reside, filha do ferroviário João do Prado Filho e de Ana Clotilde Corrêa.

Inicia seus estudos no Grupo Escolar Padre Matias Lobato. Conclui em 1953 o curso de Magistério na Escola Normal Mário Casassanta.

Exerceu a magistratura em diversos níveis de ensino, lecionando Filosofia da Educação e História da Filosofia Contemporânea na Faculdade de Filosofia de Divinopólis.

Casa-se em 1958 com José Assunção de Freitas, com quem teve cinco filhos:

Eugênio (em 1959), Rubem (1961), Sarah (1962), Jordano (1963) e Ana Beatriz (1966).

Apesar de escrever desde os 14 anos, quando fez o seu primeiro soneto, somente aos 40 anos de idade, publicou seu primeiro livro de poesias.

Em 1973, Adélia Prado encaminha a Affonso Romano de Sant Anna, carta e originais de seus novos poemas. Depois de lê-los, Affonso solicita à Carlos Drummond de Andrade que os aprecie e avalie. Drummond classifica-os com fenomenais, sugerindo a Pedro Paulo de Sena Madureira, da Editora Imago, que publique o livro de Adélia.

Assim, em 1976 é lançado no Rio de Janeiro o livro Bagagem coma presença de Antônio Houaiss, Raquel Jardim, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Juscelino Kubitscheck, Affonso Romano de Sant Anna, Nélida Piñon e Alphonsus de Guimaraens Filho, entre outros.

Podemos destacar na escrita de Adélia, fortes imagens do cotidiano doméstico, procurando neste um sentido mais profundo, dando-lhe assim, um espiritualismo místico. Adélia é sobretudo contemplativa em seu dizer poético. A leitura de seus poemas, faz-nos pensar que Adélia usa a folha em branco, como se estivesse na varanda do céu, a contar-nos sobre suas observações da vida. Há uma mistura entre o profano e o sagrado, denotando-se uma busca angustiante da essência da vida. Apesar destes aspectos marcantes em sua escrita, podemos perceber uma tênue sensualidade entrecortando seus versos.

Guimarães Rosa, Drummond, Jorge de Lima e Murilo Mendes tiveram influência decisiva em sua escrita.

Em 1978, ganhou o prêmio Jabuti de Literatura.





Obras Publicadas:



Prosa:

- Solte os Cachorros, Nova Fronteira - 1979

- Cacos para um Vitral, Nova Fronteira - 1980

- Os Componentes da Banda, Nova Fronteira - 1984

- O Homem da Mão Seca, Siciliano - 1994

- Manuscritos de Felipa, Siciliano - 1999

- Prosa Reunida, Siciliano - 1999

- Filandras, Record - 2001





Poesia:

- Bagagem, Imago - 1976

- O coração disparado, Nova Fronteira - 1978

- Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira - 1981

- O pelicano, Rio de Janeiro - 1987

- A faca no peito, Rocco - 1988

- Poesia Reunida, Siciliano - 1991

- Oráculos de maio, Siciliano - 1999





Antologia:

- Mulheres & Mulheres, Nova Fronteira - 1978

- Palavra de Mulher, Fontana - 1979

- Contos Mineiros, Ática - 1984

- Antologia da Poesia Brasileira, Embaixada do Brasil em Pequim - 1994



Balé:

- A Imagem Refletida - Balé do Teatro Castro Alves - Salvador - Bahia - Direção Artística de Antônio Carlos Cardoso. Poema escrito especialmente para a composição homônima de Gil Jardim.



Vem de antes do sol

A luz que em tua pupila me desenha.

Aceito amar-me assim

Refletida no olhar com que me vês.

Ó ventura beijar-te,

espelho que premido não estilhaça

e mais brilha porque chora

e choro de amor radia.

(Divinópolis, 1998).



Em parceria:

- A lapinha de Jesus (com Lázaro Barreto) - Vozes - 1969





Traduções:

- The Alphabet in the Park (Seleta) – 1990

Traduzido para o inglês por Ellen Watson, Wesleyan University Press, Middletown, Connecticut, USA

- The Headlong Heart (Seleta) – 1988

Traduzido para o inglês por Ellen Watson, Livingston University Press, USA

- El Corazon Disparado – 1994

Traduzido para o espanhol por Fernando Noy e Claudia Schvarts, Editoraial Leviatán, Buenos Aires, Argentina



Participação em antologias:

- Assis Brasil (org.). A poesia mineira no século XX. Imago, 1998.

- Hortas, Maria de Lurdes (org.). Palavra de mulher, Fontoura, 1989.

- "Sem enfeite nenhum". In Prado Adélia et alii. Contos mineiros. Ática,

1984.







Um pouco da poesia de Adélia Prado:



Impressionista



Uma ocasião,

meu pai pintou a casa toda

de alaranjado brilhante.

Por muito tempo moramos numa casa,

como ele mesmo dizia,

constantemente amanhecendo.





Ensinamento



Minha mãe achava estudo

a coisa mais fina do mundo.

Não é.

A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,

ela falou comigo:

"Coitado, até essa hora no serviço pesado".

Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.

Não me falou em amor.

Essa palavra de luxo.





Pranto Para Comover Jonathan



Os diamantes são indestrutíveis?

Mais é meu amor.

O mar é imenso?

Meu amor é maior

mais belo sem ornamentos

do que um campo de flores.

Mais triste do que a morte,

mais desesperançado

do que a onda batendo no rochedo

mais tenaz que o rochedo.

Ama e nem sabe mais o que ama.





Parâmetro



Deus é mais belo que eu.

E não é jovem.

Isto sim, é consolo.



Poema Começado no Fim



Um corpo quer outro corpo.

Uma alma quer outra alma e seu corpo.

Este excesso de realidade me confunde.

Jonathan falando:

parece que estou num filme

Se eu lhe dissesse você é estúpido

ele diria sou mesmo.

Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear

eu iria.





Antes do Nome



Não me importa a palavra, esta corriqueira.

Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,

os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",

o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível

muleta que me apóia.

Quem entender a linguagem entende Deus

cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.

A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,

foi inventada para ser calada.

Em momentos de graça, infreqüentíssimos,

se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.

Puro susto e terror.





A Serenata



Uma noite de lua pálida e gerânios

ele viria com boca e mão incríveis

tocar flauta no jardim.

Estou no começo do meu desespero

e só vejo dois caminhos:

ou viro doida ou santa.

Eu que rejeito e exprobo

o que não for natural como sangue e veias

descubro que estou chorando todo dia,

os cabelos entristecidos,

a pele assaltada de indecisão.

Quando ele vier, porque é certo que vem,

de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?

A lua, os gerânios e ele serão os mesmos

- só a mulher entre as coisas envelhece.

De que modo vou abrir a janela, se não for doida?

Como a fecharei, se não for santa?





O Vestido





No armário do meu quarto escondo de tempo e traça

meu vestido estampado em fundo preto.

É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas

à ponta de longas hastes delicadas.

Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,

meu vestido de amante.

Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.

É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:

eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.

De tempo e traça meu vestido me guarda.







Bilhete Em Papel Rosa





Ao meu amado secreto, Castro Alves.





Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.

Vê estas olheiras dramáticas,

este poema roubado:

"o cinamomo floresce

em frente do teu postigo.

Cada flor murcha que desce,

morro de sonhar contigo."

Ó bardo, eu estou tão fraca

e teu cabelo é tão negro,

eu vivo tão perturbada,

pensando com tanta força

meu pensamento de amor,

que já nem sinto mais fome,

o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,

caldos quentes, me dão prudentes conselhos,

eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,

a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vidas ligadas

Antônio lindo, meu bem,

ó meu amor adorado,

Antônio, Antônio.

Para sempre tua.



O Amor No Éter



Há dentro de mim uma paisagem

entre meio-dia e duas horas da tarde.

Aves pernaltas, os bicos mergulhados na água,

entram e não neste lugar de memória,

uma lagoa rasa com caniço na margem.

Habito nele, quando os desejos do corpo,

a metafísica, exclamam:

como és bonito!

Quero escrever-te até encontrar

onde segregas tanto sentimento.

Pensas em mim, teu meio-riso secreto

atravessa mar e montanha,

me sobressalta em arrepios,

o amor sobre o natural.

O corpo é leve como a alma,

os minerais voam como borboletas.

Tudo deste lugar

entre meio-dia e duas horas da tarde.





Fonte de Pesquisa:

- Sites:

http://www.releituras.com/aprado_bio.asp

http://sites.uol.com.br/medei/penazul/geral/entrevis/prado.htm

http://www.olharliterario.hpg.ig.com.br/entrevistaadelia.html

http://www.semfronteirasweb.com.br/302/entrevista.htm

http://www.geocities.com/SoHo/Studios/8055/adprado.html



© Fernanda Guimarães

Em 22.02.02





Visite minha HP:

http://br.geocities.com/nandinhaguimaraes



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