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Ensaios-->36. ÀS SUAS ORDENS -- 15/01/2004 - 07:13 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Aceitamos a douta oferenda de querido irmão médium e propomo-nos a bem aproveitar o ensejo que nos proporciona para envio de informes e comunicados do plano espiritual. Inevitavelmente, nestes momentos de verdadeira euforia por conseguirmos manter lúcido contacto com o plano da realidade terrestre, trazemos as mensagenzinhas devidamente preparadas com o selo do consentimento superior.

Hoje, dado o título sugerido pela expressão final da bela prece proferida pelo escrevente, vamos improvisando este intróito para ajustar o tema à configuração do roteiro que o título determina.

Falaremos do amor em sua culminância espiritual. Tudo que o homem conhece no campo material deve ser agora esquecido, desde a lubricidade animal pura e simples até as mais afanosas demonstrações da idolatria pueril dos poetas sentimentalóides, chegando ao desfrute espiritual mais consistente dos casais que partilharam a mesma vida na edificação de sólidos lares e na educação dedicada de extensa prole. Esqueça, bom amigo, até as palavras de Jesus, quando propugnou que o homem deve ao semelhante o mesmo amor que dedica a si mesmo, seja amigo ou inimigo. Olvide mesmo o fato de ter Jesus apregoado como máxima lei o mandamento de amor a Deus, como primaz entre todos os atributos das virtudes que deve conquistar o humano ser para flutuar dentro da luz, na busca do reino do Senhor. Esqueça todas as formas humanas do amor, pois seu pobre coração vibra muito próximo da matéria e o amor é a real condição da vida universal, é a lei que mantém o Universo em existência, é o supremo bem a que se possa aspirar, qualquer seja a criatura, qualquer seja o círculo em que se insira.

Imagine-se anjo ou arcanjo. Pois bem, para que a configuração possa aproximar-se da verdade angélica, será preciso conceber o amor do ponto de vista deles. Como você acha que os anjos amam? Caberá em sua cabeça concretizar em forma de pensamento, de intuição, de sentimento ou de sensação qualquer percepção do que possa ser o amor angelical? Se você ou eu formos capazes sequer de vislumbrar esse apanágio de divina vibração, essa energia sideral purificada pela excelsitude da virtude quintessenciada, evidentemente, incorporá-lo-íamos à personalidade, pois o que há de mais maravilhoso, de mais despojado, de mais sublime, certamente iria cativar-nos para sempre. Mas nosso nível evolutivo não é capaz de tão elevadas excogitações, elucubrações, intuições ou mentalizações. Nós somos muito pequeninos e nossa capacidade não se desenvolveu a ponto de absorver a sabedoria dos espíritos de luz a quem cabe honrar ao Mestre como co-responsáveis pelo destino da humanidade.

E pensar que esses anjos e arcanjos, em seu esplendor de luminosidade, enxergam acima deles os serafins e querubins, cuja concepção de amor lhes é tão vedada quanto a sua a nós! E esses seres divinizados, que pairam por sabemos lá que esplêndidas moradas de sabedoria, de conhecimento e de força criativa, teriam a quem mirar e admirar mais acima, onde o amor se transforma em vida e em essência? Para nós é difícil sequer admitir a existência de seres tão elevados na escala evolutiva, que se dirá, então, quanto à possibilidade de sequer intuir a natureza do sentimento do amor inculcado como premissa de existência no âmago mesmo da essência desses seres?!

Deixemos de sonhar, porque, para nós, só na nebulosidade do sentido do irreal, que se preserva na capacidade de criar fantasmas, é que se dá a remota possibilidade de se aceitar, em pensamento, a vida em escala superior.

Nosso dia-a-dia é de absurda concretude. Lembremo-nos do amor que nos é possível conceber. Desde crianças, recebendo carinho, distribuímos afeto. Apegamo-nos a quem cuida de nós e desenvolvemos a capacidade de retribuição. Quando atingidos por algo que nos molesta, despertamos para o revide. Amamos a quem nos ama, repudiamos a quem nos ofende e nisso se resume a educação afetiva na infância.

Posteriormente, através da adolescência, com o crescimento glandular, desenvolvem-se outros atrativos em relação ao sexo e, portanto, às pessoas, como se nós, nesse período, concebêssemos o amor de forma mais abstrata, embora essencialmente centrado na figura humana que nos interessa. A princípio, o impulso afetivo se encaminha para pessoas muito próximas de nós mesmos, configurando os sonhos de perfeição que acalentamos, quase sempre indefectivelmente semelhantes a nós, pois a imagem do ser amado que projetamos na mente e que realizamos no amor carnal nada mais é do que nós mesmos, ao formato de nossa criação mental e sentimental.

Passado esse prisma assaz egoísta, o amor se dilui por várias pessoas, até concentrar-se naquela que venha a reunir as duas imagens anteriores. Quando achamos a metade da laranja, é o reflexo mais aproximado do amor que sentimos na infância e na criação que elaboramos na adolescência. Eis-nos adultos, diante do amor como compromisso e responsabilidade.

Daí para frente, tudo se transforma em necessidade de manutenção, de sorte que, quando tomamos real contacto com a concepção do amor universal que Jesus nos propugnou, já teremos formada a personalidade, já passamos por diversos entreveros sentimentais, já cristalizamos o pensamento e o poder de mentalização.

No entanto, a vida irá ensinando-nos. O amor não é absoluto, finalmente, pois entramos em contacto com diferentes reações no campo afetivo. Vemos pessoas desarmarem casas montadas, por incidirem em falhas sentimentais. Vemos paixões avassaladoras a programar e realizar desgraças e tragédias. Vemos indivíduos absolutamente indiferentes a qualquer manifestação de calor humano no campo da afetividade. Vemos filhos odiando os pais, vemos pais abandonando os filhos, vemos fratricídios, parricídios e todas as formas de concretização do ódio, o sentimento que se polariza em relação ao amor. E nosso ponto de vista vai solidificando-se, de sorte a constituir-se em forte aparato de resguardo do amor que sentimos e que tememos perder, ao espraiar o impulso por pessoas cujas histórias amorosas desconhecemos.

Para amar chegamos ao absurdo de exigir a contraprova do amor do próximo. Como as reações têm a mesma intensidade e sentido contrário, a sociedade passa a ser, indubitavelmente, cadinho em que os ingredientes, ao invés de se acrisolarem, passam a se rejeitar, de modo a se congregarem em células de poucas moléculas, às vezes até monomoleculares.

E a intuição do amor proposto por Jesus se interna na mente como longínqua, como remota, como ilusória e fantasiosa possibilidade. O amor entre os homens, a boa vontade, a beneficência, a caridade, a justiça e tudo o mais que deveria constituir-se em elementos integrantes da personalidade passa a fazer parte tão-só de bem montado arcabouço intelectual, como se formasse algum mundo isolado, bem consolidado nas bases argumentativas, bem posto e acabado como fruto de exponenciais inteligência e imaginação, mas fictício, imponderável e, por isso, impossível de conseguir transformar-se na realidade de cada dia.

Na verdade, a amor de que somos capazes se torna limitado por nossa contenção e formação. Jesus desejou imprimir novo curso a essa manifestação humana natural, falando a todos da necessidade do amor para o progresso, para a evolução, mas nós fazemos ouvidos moucos e não nos esforçamos para bem compreender os elevados objetivos do Mestre. É estranho que assim procedamos, quando nos sabemos filhos de Deus e reconhecemos na criação puro ato de amor. É estranho que, mesmo meditando profundamente a respeito da necessidade de evolução, nos recusemos a admitir para nós qualquer abertura sentimental que possa abranger mais do que os círculos dos familiares, mesmo assim mesclando momentos de ternura com angustiosos instantes de desprezo e de repulsa. É estranho que concebamos o Universo como reflexo da pureza de Deus e como fonte de inspiração para nossa concepção do Senhor, a quem atribuímos as virtudes como essência absoluta de sua existência e a quem colocamos como nosso objetivo final a atingir, e não procedamos em harmonia com esse pensamento. É estranho, finalmente, que, pretendendo para o mundo interior a aquisição de todos os valores morais relativos à perfeição a que todos propendemos, nada façamos para superar as crises de identificação desses princípios no mundo tangível, onde devemos perpetrar os atos em consonância com os atributos da personalidade ideada, mas, sempre e sempre, reflitamos no campo da matéria aquilo que realmente somos, sem censuras, sem restrições, sem modificações a favor do aprimoramento da conduta, no sentido de nos movimentarmos na direção do que nos dispusemos a aceitar como absolutamente imprescindível para a consecução dos reais objetivos da vida. Em suma, é estranho que tenhamos tantas qualidades intelectuais, mas sufoquemos as mais puras tendências emocionais, sempre que se definam necessidades de ampliar os sentimentos, segundo a orientação dos conceitos que fomos capazes de inculcar na mente. O homem deseja voar como os anjos, mas não conseguirá, se desenvolver apenas uma de suas asas.

Esperamos que esta longa dissertação possa servir para auxiliar no despertar do leitor para esse fato que se constitui em uma das principais preocupações dos mentores, qual seja, o bloqueio dos sentimentos.

Seria, agora, de se esperar que desenvolvêssemos o tema da superficialidade dos achaques emotivos que soem ocorrer no mundo feminino ou daquelas criaturas hermafroditas espirituais, mas cremos que o arguto leitor tenha percebido que tratamos do sentimento com profunda seriedade. Se a alguém possa parecer que certas melifluidades se constituam em preocupações para os orientadores, pode acreditar que incide em lamentável equívoco.

O amor de que tratamos é aquele que se exaure na consciência equilibrada de quem não se situa mais nos planos do egoísmo, do orgulho ou da vaidade. O amor que se espera ver dominar o coração humano é aquele que dá ao homem a condição de se integrar no Universo, como parte consciente dele, em profundo respeito ao ato da criação e em total consonância de vibração com a pureza cósmica, que paira acima das individualidades. O amor de que tratamos significa a mais perfeita harmonia com o Senhor. O amor de que tratamos é aquele que, diante de Deus, é capaz de exclamar em êxtase da mais profunda compenetração da verdade: — “Faça-se em mim segundo a vossa vontade!” O amor de que tratamos é aquele que nos leva a exclamar, diante dos semelhantes: — “Eis-nos aqui, às suas ordens” —, sem exigir nada mais que a mesma consideração e respeito, sem aguardar nada mais que a mesma onda de amor.

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