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Ensaios-->29. 16.o Relato — PEDIDO DE AJUDA MAL DIRECIONADO -- 08/01/2004 - 08:31 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Como você demorava a atender, pensei que estivesse na hora de sair. Ainda bem que fui atendido, pois preciso muito contar a alguém o que vem se passando comigo.

Desde há algum tempo, tenho sofrido perseguições de antigos inimigos. Eu já criei convicção de que agi errado com relação a eles, mas não tenho como fazer com que entendam como me sinto arrependido.

Houve um tempo em que não sabia o que era maldade e praticava tudo que podia para prejudicar os outros e tirar proveito.

Agora vejo que, muitas vezes, o que fiz aos outros fazem comigo e estou sentindo-me muito prejudicado.

Na minha última encarnação, não me importava muito com o que tiravam de mim porque conseguia tudo de volta, assim que saía da prisão. Era a coisa mais fácil do mundo.

Só não gostei mesmo foi quando me tiraram a minha mulher. Meus filhos foram levados para escolas do governo e até que achei bom, mas minha mulher me fazia falta.

Ela também foi presa, pois ocultava tudo que eu trazia para casa ou vendia para certas pessoas que não iam dar com a língua nos dentes. Mas um dia prenderam o filho da vizinha com um rádio que tinha comprado de minha mulher e a mãe dele logo delatou de onde tinha surgido a mercadoria.

Foi assim que foi presa. Eu consegui fugir, mas não deixei barato: acabei com a alcagüete e com toda sua família.

Foi aí que conheci verdadeiros inimigos, pois aqueles a quem furtava ou assaltava não vinham atrás de mim porque tinham medo. Mas esses, desde logo, começaram a fazer de tudo para me prejudicar, até um dia em que fui num terreiro para “fechar o corpo”.

Ali paguei alguns pertences para a entidade e precisei refazer os elos com os círculos superiores, estribando tudo em sacrifícios de algumas “penosas”, com muita vela e muita cachaça. Consegui verdadeiro alívio, mas tive de assumir alguns compromissos com a entidade do centro.

Aquele foi um inferno que consegui superar depois de realizar alguns “trabalhos” para o pai-de-santo, preto velho famoso na região, que sempre procurava satisfazer os pedidos dos irmãos por meio das atividades de seus filhos mais endividados, como era o meu caso.

Numa dessas vezes em que saí para ferir de morte uma certa pessoa inimiga de um dos consulentes do terreiro, fui emboscado e conheci o revés da morte.

Ao chegar aqui, encontrei meus reais inimigos soltos, à minha procura. Meu corpo estava fechado, mas meu espírito não tinha proteção alguma. Foi preciso muito fugir por aí para poder safar-me dos maus tratos e, assim mesmo, às vezes, levava alguns trancos muito doloridos.

No começo, pensei em invocar as figuras que vi incorporarem no terreiro, mas não tive acesso a nenhuma delas. Certa vez, um inimigo meu, ao ouvir eu clamar por socorro falando o nome do espírito protetor, riu na minha cara e me disse que agora tudo estava terminado para mim no trato que eu fizera.

Para encurtar a história, vaguei pela escuridão por muito tempo. Um dia, lembrei-me dos meus filhos e de minha mulher e resolvi sair à procura deles, mas não consegui encontrar ninguém. Meu pai e minha mãe eram vivos e os velhinhos não tinham força para me ajudar, pensava eu, e, por isso, não fui procurá-los. Mas, um dia, um irmão, que está aqui presente, me disse que recebeu a incumbência de ir procurar-me e me trouxe até aqui. Disse também que foi a pedido de meus pais, que estavam rezando muito por mim. Ora vejam, a ajuda veio de onde menos esperava, pois os velhos eram católicos e nada entendiam de espiritismo. Até quando souberam que eu tinha ido no terreiro ficaram muito bravos. Eu ri deles naquele tempo, mas hoje reconheço que tinham razão.

Pois aí está o que desejava contar. Espero agora receber a proteção prometida, para que meu corpo possa de novo ser fechado.

Dizem-me para ter paciência que terei total proteção mas que preciso cumprir algumas “obrigações”. Tenho medo disso porque foi assim que me “estrepei”. Dizem que as obrigações são para fazer o bem e não o mal. Assim está bem. Posso colaborar desde que não me encontre mais com meus inimigos. Dizem que o que mais vou fazer é encontrar-me com eles, mas com o intuito de fazê-los compreender que podem se utilizar de meus serviços para auxiliá-los a compreender a vida. Reconheço que não posso deixar de atender; para não ter de ficar nas mãos deles, vou ficar nas destes daqui, que estão tentando me ajudar.

Precisarei fazer alguma coisa mais agora? Só ouvir os conselhos e recomendações e agradecer a acolhida do escrevente, do “cavalo”? Pois Deus te ajude, irmão, para que você possa progredir na vida.



Comentário

O caso que trouxemos está de acordo com nosso trabalho mais rotineiro: após ouvir o pedido comovido dos pais, fomos considerar a situação do filho e vimos que havia possibilidade de despertá-lo para suas reais condições existenciais. Ministrados os eflúvios magnéticos, pôde ser levado à compreensão dos problemas, embora se apegue até agora a que seus males provêm das ações dos contendores, não percebendo que os quadros são criados pela imaginação, por força da pressão exercida pela consciência.

Não importa esse desvio normal do pensamento; o que é preciso é fazer compenetrar-se de que deve alterar o procedimento com relação aos semelhantes, para que se dê início à sua lenta recuperação. Para isso, contamos com diversas entidades interessadas em colaborar, de sorte que serão destacadas duas delas para acompanhamento diuturno do amigo. Quem sabe, através de seu reajustamento, consigamos que se interesse pela proteção aos filhos, a quem sua deserção provocou enormes prejuízos. Teremos restabelecido o princípio da paternidade, mesmo que sob o influxo de enormes dificuldades. Dos males, o menor. Mas esse é tão-só projeto de atividade, pois muito teremos de caminhar até lá.

Fiquemos agora, irmãozinho, em considerações a respeito da influência espiritual declarada no corpo da narrativa. É fácil de perceber-se que certa pergunta deve ter ficado na mente do leitor, qual seja: será que os compromissos assumidos no terreiro da umbanda tão mal direcionada têm o poder de liberar o encarnado da obsessão de “legítimos” vingadores? Será que o pai-de-santo, ou melhor, o espírito sofredor tem força para impedir o assédio às criaturas de seus obsessores?

A resposta óbvia é que sim. Realmente, a organização espiritual voltada para o mal consegue, por meio da vibração de freqüência equivalente, afastar os obsessores das vítimas, suspendendo a perseguição enquanto o encarnado estiver cumprindo as obrigações com relação ao terreiro. O que não conseguem tais entidades é proteção no campo físico, como muitos acreditam. Aliás, até no campo espiritual, muitas vezes, acontece de a proteção falhar, quando se chocam interesses entre encarnados que buscam socorro em outro centro, havendo, então, verdadeiros combates campais entre quadrilheiros para obtenção de mais força e poder no campo da malignidade.

Este tópico não pode encerrar-se sem que ressalvemos o trabalho missionário de inúmeras entidades protetoras de centros espíritas da umbanda e do candomblé, interessadas exclusivamente na prática do bem, rechaçando todas as criaturas perversas que as procuram na intenção de propiciar algum malefício a outrem. Infelizmente, nem todas as organizações desse caráter funcionam desse modo, ocorrendo, muitas vezes, de se deixarem influenciar por forças espirituais negativas, aliás de mesmo nível vibratório dos dirigentes encarnados.

Cremos que este aviso possa estar chegando em boa hora para algum leitor que tivesse a intenção de se socorrer desses centros, onde a influenciação espiritual é mais perceptível e mais próxima da necessidade vibratória do interessado em ter seus problemas apontados e solucionados. Essa crença de que haja centros “mais fortes” e “mais fracos” tem levado muita gente a desconsiderar o fenômeno espírita como a vanguarda para a aceitação da espiritualidade como a verdadeira vida, como o abre-alas da doutrina, esta sim o real objetivo da revelação.

Quem comparece ao centro espírita apenas para resolver problemas da vida material está transformando essa atividade sublime, propiciada aos encarnados pela benignidade divina, como outro recurso para obter vantagens mesquinhas em seu plano existencial.

Não faça isso, bom amigo. Evite imiscuir em sua vida particular as entidades perniciosas desses centros que prometem socorro imediato, quase sempre aliado a ajudas financeiras e curas milagrosas. Se você se considera infeliz, se seus dramas e problemas estão a assustá-lo, se sua vida está eivada de desesperança e de desamor, se seu espírito está enegrecido pelas sombras de cruel pessimismo, volte-se para o evangelho, mire-se no exemplo de Jesus, ouça suas palavras de prudente aviso e reze, reze muito, para que os espíritos guardiães da espiritualidade superior encontrem meios de estabelecer contacto através do negrume de sua visão do mundo.

Não se iluda com a premência da solução, mas se inteire com convicção de que o resultado do socorro do Alto sempre repercutirá para além das necessidades atuais, promovendo extenso conforto moral, que implicará em retorno ao etéreo mais seguro e feliz.

Faça como o amiguinho atendido nesta tarde: opte por deixar nas mãos de seus lídimos protetores a defesa de sua integridade moral e jamais peça ajuda ao mal, pois dele só poderá obter mais mal, que se acrescentará ao que estiver subjacente em seu perispírito, onerando-lhe ainda mais as provas e exigindo muito maior esforço para a recuperação dos bens perdidos.

Como poderá alguém dar o que não tem? Se os espíritos lhe derem certa ilusão de satisfação, porque obrigaram os inimigos a se consumirem com algumas derrotas, é porque isso eles têm à farta para dar: ilusão. Ninguém, porém, viverá para sempre de ilusão. Um dia, diante da verdade, tudo se derrui e, de repente, o pobre infeliz que se deixou embair pelas falsas soluções se vê diante de monstruosidade perpetrada e na contingência de ter de sanar todos os males cometidos.

Vamos, portanto, agir segundo a orientação cristã contida nos Evangelhos e, principalmente, quando houver necessidade do recurso de consulta à espiritualidade, que se faça pelo roteiro do kardecismo ou dos irmãos umbandistas que primem pela colheita do bem que vêm plantando.

Ergamos todos o pensamento às entidades que regem os bons redutos espirituais e conclamemos a sua valiosa vibração de muito amor, para que nossos seres se elevem em direção ao Senhor, para dele obter as suas bênçãos.



Senhor, protegei-nos dos males de nossa ignorância e de nossa sordidez de caráter. Fazei, Senhor, que, no momento de revolta contra o irmão que nos faz mal, saibamos procurar-vos para, em vosso refúgio de luz, obtermos a força necessária para sufocar a nossa angústia e o nosso orgulho, no sentido de podermos oferecer aos desafetos a proteção de nossos guias, de sorte que evitemos incrementar a maldade, mas, ao contrário, que consigamos expandir o bem.

Dai-nos, Senhor, essa força moral necessária para que possamos exalçar-nos da mísera condição de seres inferiores e nos apresentemos a vós um pouco melhores e, se possível, na companhia dos desafetos transformados em leais colaboradores de nossa peregrinação.

Aceitai, Senhor, a nossa palavra de profundo agradecimento por esta reflexão de hoje e permiti que se instale no fundo da consciência, para se tornar o farol que direcionará nosso comportamento nos instantes em que nos sentirmos desvairados diante da vida.

Que vossas bênçãos se estendam a todos, alcançando os nossos inimigos onde quer que se encontrem, antes que qualquer desatino nosso faça com que sejam prejudicados.
Perdoai-nos, Pai amantíssimo, os erros e fazei-o pelo acréscimo de compreensão da vida de que estamos necessitados. Revigorai-nos a força abalada pelo natural desgaste de quem se atreveu a clamar pela aquisição das virtudes evangélicas e fazei com que esta compreensão de agora possa ser o apanágio de todos os irmãos, de modo especial daqueles que, porventura, nos queiram mal. Para estes, Senhor, desejamos orar de modo particular a vossa oração, da forma mais honesta e verdadeira, como sois testemunha:

— Pai nosso, que estais...

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