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Ensaios-->18. 10.o Relato — ANASTÁCIO -- 28/12/2003 - 11:59 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

As lágrimas que brotaram nos olhos do irmão médium são sintoma inequívoco do nosso sofrimento. Não gostaríamos de lhe trazer qualquer malefício, portanto, aceite a emoção como parte do trabalho, o que se constituirá em profunda alegria ao saber o dever totalmente cumprido. Enquanto isto, trabalhe, aceitando esta humílima manifestação.

Vemos que o preâmbulo ocupou bom espaço na folha e já fomos capazes de encaminhar o problema principal: o sofrimento. Pois bem, por mais que intentemos bem definir as causas de perene mal-estar, não somos capazes de elucidar o que se passou conosco, para termos tanta necessidade de apoio e de ajuda.

Pedem-me para adentrar na memória do último encarne. Foi tão insignificante que tememos não trazer qualquer auxílio à análise a que nos propomos das causas de nosso descaminho.

Fui pedreiro de poucas letras e me contentava em cumprir as ordens dos patrões, construindo casas, muros, poços e demais serviços costumeiros. Casei, tive filhos, criei-os como pude no trabalho e na profissão. Morri cedo, aos trinta e cinco anos de idade, vítima de apoplexia causada por ingestão abusiva de álcool. Mas essa história é muito comum. Nunca pratiquei ato algum de que me envergonhasse. Como todo mundo, andei “saltando algumas cercas”, mas as pessoais jamais criaram casos sérios. Houve uma vez em que um vizinho me procurou para tirar satisfações, mas fiz ver a ele que a esposa tinha tido o mesmo tipo de contacto com outros e que melhor faria se se mudasse, levando a família para outra região. Parece que entendeu o recado, porque não mais apareceu por lá. Afora isso, o que minha mulher pôde perceber e me recriminar, nunca mais teve ela qualquer outro problema, porque eu soube esconder muito bem o que fazia “por aí”.

É verdade que abandonei alguns serviços começados sem devolver os adiantamentos e que construí minha casa com o que conseguia “subtrair” das construções que tocava. Mas isso todo mundo fazia. Eu sei que não era correto, pois um dia dei uma surra em ajudante que me furtara uma ferramenta, mas não ligava muito, pois o que eu não achava certo era o fato de ser surpreendido. Se o sujeito conseguisse fazer com que ninguém ficasse sabendo quem fora o autor, para mim estava tudo bem. É verdade que precisei dar queixa, certa vez, por me terem furtado vários utensílios de casa e que fiquei com muita raiva por não terem apanhado os ladrões, mas, daí para frente, nunca mais fui a lugar algum sem colocar vigilante especial para proteger meus bens.

Nunca fui preguiçoso, sovina ou malfeitor. Por que, então, este sofrimento de agora?

Passei um bom período na escuridão. Não era bem escuridão. Não se via nada, mas como que se sabia de tudo que se passava perto da gente. Às vezes, alguns fantasmas nos assustavam, pois meus gritos se mesclavam aos dos outros que estavam ali pelos cantos.

Muitas vezes, havia pessoas mais infelizes que se lamentavam profundamente. Havia assassinos que pediam para ajudar a largar as armas que ficaram presas às mãos, principalmente facas muito pontiagudas e cortantes. Certo dia, ajudei criminoso que carregava arma de fogo de tiros repetidos. Pois bem, a vibração dos tiros se transmitia com tanta violência para dentro dele, que foi impossível arrancar-lhe a arma da mão. E lá ficou ele, desesperado, sentindo na carne os balázios que um dia disparou contra as pessoas.

E eu não podia deixar de ajudar as outras pessoas, pois encasquetei na idéia que o que tinha feito de errado e que pensava ter ficado escondido podia ser visto por todos. Então, ajudava todo mundo para ver se conseguia disfarçar os meus males e a minha condição de inferioridade.

Agora vou esclarecer pedido do médium: como é que consigo relatar o caso com tanta precisão de vocabulário e com frases tão precisas. Não sei exatamente, mas quer parecer-me que se trata de qualidade própria de meu caráter. Mesmo durante a rude vida de pedreiro, era capaz de me expressar com facilidade e compreendia com muita sagacidade o que o padre falava na igreja. Se não progredi na escola, é porque, na minha região, o máximo que se conseguia era decifrar as primeiras letras. Acho que um dia pude estudar, mas não sei onde nem quando.

Os protetores pedem-me para me retirar para ouvir a preleção que prepararam para mim. Estou disposto a atender, pois acho que ficarei, finalmente, sabendo a causa de minha aflição, de meu tormento, de minhas dores, de meu sofrimento. Vejo que me acenam dizendo que não e um deles me diz para refletir sobre tudo o que deixei escrito, que a resposta está lá, com todas as letras.

Já percebo, pois fui capaz de dizer o que fiz de errado (embora tenha omitido muita coisa) e fui inteligente o suficiente para perceber que o meu mal era tentar esconder as falcatruas. Pois bem, já que tenho em mim o poder de curar-me, vou definitivamente revelar o mal maior: eu consegui matar minha mulher sem que ninguém suspeitasse de mim. Enterrei-a no fundo do quintal e disse para todo mundo que viajara e me abandonara, pois o caso que tive com a vizinha ficou no conhecimento de todos. Teve gente até que pensou que tinha fugido com o vizinho e fiquei muito ‘indignado’ com essa suspeita. Minha amásia me ajudou com a ocultação do cadáver e nós passamos a viver juntos ali mesmo, até que um dia o marido nos surpreendeu e nos matou aos dois.

Não queria contar nada disso porque tinha medo de ser castigado com mais sofrimento. Agora vejo que o pessoal não está zangado comigo e muitos até me ofereceram vibrações muito reconfortantes. Graças a Deus! Sinto-me renascer, pois não acreditava que um dia poderia receber algum crédito.

Vejo que me enganei com a vida e que Jesus realmente vela por seus filhos, por meio desses amigos que aqui se encontram. Gostaria de poder ajudar mas não sei como. Gostaria de poder agradecer, mas não sinto forças. Gostaria de poder chorar, como quando cheguei, mas minhas lágrimas secaram. Sinto-me, entretanto, bem melhor e o sofrimento não me oprime tanto a cabeça.

Adeus, amigo. Vou retirar-me e peço desculpas por estar ocupando portanto tempo sua pessoa. Não sei como você agüenta tanta vibração ruim, por isso peço humildemente para perdoar-me.

Adeus!



Comentário

Pensamos que o texto do irmão Anastácio fala por si.

O procedimento, para autodeterminação das falhas, é o mais simples possível: basta dar corda que o espírito possa utilizar em longo discurso, para que vá revelando, paulatinamente, as causas dos acontecimentos.

Esse encadeamento só é possível quando a mente consegue refletir logicamente a respeito dos fatos. Há desequilibrados que não se permitem a revelação do íntimo, de modo que não aceitam princípios de causa e efeito, de ação e reação. A maioria, porém, se deixa ‘enrolar’ por sua própria manifestação, uma vez que vai juntando explicação após explicação, até desvendar o mistério das atitudes falhas.

No caso do amigo Anastácio, evidentemente, interessava-nos que despertasse para o segredo de sua última encarnação. No entanto, seu drama transcende a um único encarne, pois parece-nos que seus relacionamentos cármicos com as demais entidades vêm de longa data.

Se conseguirmos capitalizar sua boa vontade de agora para fazê-lo compreender as raízes dos males que praticou, se conseguirmos evidenciar-lhe que seus males se produziram a partir da postura moral incorreta e perniciosa, se conseguirmos convencê-lo de que deve perdoar as demais entidades com quem se tem defrontado, se conseguirmos induzi-lo a manifestar o desejo de crescer em virtudes, despojando-se dos vícios por meio dos sacrifícios que os estudos e os trabalhos impõem, certamente teremos ponto de apoio para atingir os demais integrantes do grupo, os quais, com toda a certeza, pairam em mundo de conflitos, de litígios, de incompreensões e de vinganças. O trabalho demorará muito para encontrar um término, mas isso tomamos em caráter de desafio, de sorte que nos empenharemos com muito amor e dedicação para chegar a resultado favorável, para honra e glória de Jesus, nosso mestre inolvidável.



Bom amigo, é chegada a hora da exortação. Se você conseguiu perlustrar estes textos, deve estar perguntando-se como deverá proceder para auxiliar-nos nos trabalhos. Pois bem, é extremamente simples: inicie por elevar a Deus sentida prece de agradecimento por não estar envolvido em situação crítica como a dos necessitados cujos relatos temos trazido. Não se esqueça de conduzir a prece em elevada vibração de amor e carinhoso afeto pelos guias, estendendo-lhes sua gratidão pelo diuturno trabalho de proteção. Agradeça também a Deus a oportunidade de auxiliar e envie vibrações de reconforto para aqueles sofredores que foram por nós apresentados para conhecimento modelar do que ocorre nas trevas exteriores e no âmbito da consciência.

As preces terão o condão de acender-lhe a mente para a recepção intuitiva da voz de seus guias, de modo que poderão ensejar-lhe oportunidades da percepção dos trabalhos que estará melhor preparado para executar. Uma vez sentida essa vibração interior, como se fosse estremecimento consciencial, aí terá a certeza do que fazer para tornar-se também um socorrista.

Se sua carapaça, no entanto, for muito dura e se seus sistemas de defesa, muitos severos, pois está desacostumado a permitir qualquer influência espiritual, por medo de se ver diante de espíritos muito imperfeitos, jocosos ou maldosos, não restará outra atitude a tomar a não ser a leitura edificante, o estudo sério e o trabalho operoso junto a alguma entidade assistencial de socorro fraterno.

Veja bem, não há necessidade de ir a centro espírita para isso. O que importa é o bem que se possa fazer. Se você aceitar a doutrina de Kardec, tudo ficará facilitado; mas se ainda treme diante do imponderável, nem por isso irá abster-se de praticar o bem, de renegar os vícios e os maus hábitos e de criar condições para revitalizar a personalidade por meio da absorção espiritual dos ensinos de Jesus, que lhe facultarão desenvolvimento grande das virtudes essenciais para o encaminhamento às terras do Senhor.

Eis que de texto aparentemente inócuo, fomos capazes de chegar a resultados que nos parecem muito bons, caso cheguem as palavras a ouvidos atentos, a mentes sadias e a espíritos de escol. É assim, bom amigo, que queremos que encare o nosso exemplo: pode parecer que o que você tenha para oferecer seja muito pouco, quase nada; mas, se estiver imbuído de força de vontade, de determinação, de vigor mental, se seu coração estiver desejoso de progredir, intimorato diante das armadilhas que lhe serão preparadas por quantos não desejam vê-lo vencedor, terá obrigatórios bons resultados e a vitória será inconteste.

Faça por merecer a ajuda de seus superiores através da ajuda que possa dar aos semelhantes e terá, um dia, a plena satisfação de chegar ao fim de seu texto, com a nítida impressão de ter realizado algo de grandioso em prol da humanidade, mesmo que seja o simples fato de ter tido o discernimento, a compreensão do que seja realmente viver.

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