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Ensaios-->12. OUVINDO O INFINITO -- 22/12/2003 - 07:36 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando, a sós com nós mesmos, aplicamos os ouvidos para tentar discernir os sons que nos chegam de longe, somos capazes de identificar inúmeros deles através de imediato reconhecimento. No entanto, há muitos que permanecem desconhecidos. Alguns são chilreios de pássaros cujas formas não somos capazes de imaginar; outros são vozes de pessoas perdidas na multidão; roncos de motores ficam incertos, se se trata de caminhão ou ônibus; e assim por diante. Que dizer, então, das vozes íntimas e das imagens fugidias que se põem dentro do cérebro e cujas evocações não nos levam a qualquer pessoa conhecida?

Que fazer diante desses fantasmas, desses sons imponderáveis? Certamente, não nos preocupamos, pois, de súbito, desaparecem, como se captássemos aleatoriamente algo que não nos dissesse respeito. É como se, ao sintonizar as estações de rádio, fizéssemos o cursor perpassar rápido pelo dial e ouvíssemos subitâneas vozes que, de imediato, desaparecessem. Sabemos que tais transmissões estão ali, mas não nos interessa fixar a atenção nelas.

Assim fazemos muitas vezes com as vozes do infinito. São vozes que discursam, que cantam, que chamam, que invocam, enfim, são vozes do além. Mas nós mesmos tememos ouvi-las, pois sentimos insegurança em que possamos ser enganados ou alijados de nossa postura diante do mundo, à vista de ter de executar ordens morais impossíveis de serem rejeitadas. Esperamos que nossas vozes não tenham esse mesmo destino e que, ao chegarem ao querido irmão, soem como vozes pródigas em bons conselhos e em altas consolações.

Sentimos, muitas vezes, que as palavras adquirem tonalidades graves de quem admoesta surdamente, remetendo o ouvinte a considerações de ordem pessoal, enfronhando-se-lhe no interior em busca da consciência culpada. Outras vezes, como clarins ensurdecedores, conclamamos os ouvintes à luta, exigindo-lhes que tenham coragem, que se arremessem com denodo, no intuito de conquistar as virtudes mais sagradas. Outras vezes, nossa voz adquire aquele tom de meiguice e de carinho de compreensiva mãe a exortar o filho a esquecer, a perdoar, pois os males serão sanados por força da misericórdia divina.

Bom amigo, ouça-nos com ouvidos de ouvir e perdoe-nos o fato de virmos tão freqüentemente exortar à luta, solicitar apoio, exigir virtudes. Não se deixe de consolar-se eficientemente diante das tribulações detectadas por seu aguçado espírito crítico. Cada um de nós possui embutido no coração sininho de advertência. Quando não somos nós mesmos capazes de acioná-lo diante das tentações e dos perjúrios, aí os amigos da espiritualidade fazem com que vibrem de modo inequívoco e perfeitamente audível. É nesse momento que devemos concentrar-nos para ouvir o infinito, pois se trata de advertência piedosa, para que não caiamos de novo nas garras dos crimes, das perversidades, dos vícios, para que não nos vejamos, enfim, na situação de ter de reiniciar jornadas, de ter de reiniciar empreitadas.

Há os que são surdos, realmente, por força de conduta repreensível, condenável. Para esses, não adiantam vociferações, altos brados ou longos arrazoados. Nada os comove. Sendo assim, do mesmo modo não há como consolá-los. Mas aos que souberem distinguir as vozes que soam do exterior, daquelas que vibram interiormente, a esses não é dada a possibilidade de fazer ouvidos moucos; antes, deverão aguçá-los cada vez mais para poderem sentir quão afinadas são as vozes que do além partem para o despertar e para a consolo.

Jovens irmãos, não se atemorizem com estas palavras, tendo em vista que bem pouca atenção estejam dando aos sons que sentem dentro de si. Se, porventura, não são capazes de distingui-los, por estarem tão longe como aquelas desconhecidas vozes e ruídos das ruas, dêem atenção às palavras que se traduziram através da mediunidade consciente ou mecânica dos irmãos escreventes. Já se contam pelas centenas as obras de caráter mediúnico. Não são elas mais do que aquelas mesmas vozes que muitos se recusam a ouvir ou que não conseguem entender.

Às vezes, são vozes perturbadoras, pronunciadas por meio de sutilezas não compreensíveis de imediato. Outras vezes, são claríssimas, incontestes, mas que soam abafadas por outras muitas que, em conjunto, acabam por se transformar em estranha algaravia sem sentido. Se é esse o nosso caso, abramos o coração para a percepção do que se passa em seu interior, através da leitura atenta das obras referidas, de sorte a, aos poucos, irmo-nos acostumando ao seu timbre, até que sejamos nós mesmos capazes da captação integral daquelas que nos convidam a intermináveis tertúlias íntimas.

Eis que um pedinte passou a solicitar alimento. Não nos foi difícil constatar tratar-se de pessoa jovem, robusta, mas, infelizmente, dopada por ingestão de bebida alcoólica. Como ouvir essa voz apelativa? Dando-lhe com que matar a fome? Indicando-lhe local em que se pudesse atendê-lo mais completamente? São sempre de difícil solução casos como esse, que exigem do socorrista mais do que tem para dar, pois não lhe é facultado transformar o imo do socorrido, à vista da impossibilidade deste de inteira compreensão das recomendações que lhe seriam feitas. E não seria por serem desconhecidas ou incomuns, mas porque não há nele desejo algum de se inteirar das verdades mais comezinhas. Sua atitude se definiu por cinismo integral, de sorte que as palavras que lhe chegam aos ouvidos não têm repercussão moral alguma. Mas colocam as pessoas em conflito, sempre que se negam a atender ao pedido exterior.

Muitos se livram do problema, oferecendo logo um prato de comida. Outros acrescentam algumas admoestações e recomendações. Alguns oferecem até meios de o indivíduo poder retribuir à doação e isto, quase sempre, se torna altamente frustrante, já que não se ouviu dizer ainda que o pedinte se tenha deixado contaminar por semelhante oferecimento reeducativo. Raramente se encontram pessoas totalmente habilitadas ao socorrismo mais eficaz do encaminhamento às instituições próprias, uma vez que a cura do alcoolismo é difícil e cara quando não conta com o interesse do viciado em ver-se livre da moléstia.

Este longo parêntese é para dar exemplo vívido do que ocorre em matéria de não querer ouvir, quando se trata de instituto meramente carnal. Que dizer, então, dos aspectos morais e espirituais envoltos nas dissertações didáticas dos espíritos socorristas?! É bem mais complicado e exige recursos ainda maiores a nível da solidariedade e do mais absoluto desprendimento de todos os valores de que se deixou impregnar o incauto passageiro das trevas. Se o instinto de defesa gera recursos no afastamento dos perigos reais das investidas dos espíritos inferiores, é preciso cuidado para que não se ofereçam resistências indébitas à vista da presença dos espíritos guardiães, interessados em ajudar e em consolar.

Vamos, pois, atender com o máximo descortino às vozes do infinito, sabendo distingui-las com o auxílio dos irmãos escreventes. Se, após a leitura dos textos, ainda não nos considerarmos competentes para entendimento integral de seus dizeres, procuremos a ajuda dos irmãos melhor preparados dos centros espíritas. Com esse treino, certamente, conquistaremos a possibilidade de nos tornarmos aptos a ouvir com exatidão as mensagens de que formos alvo em nosso íntimo. Aí, além das críticas, além dos conselhos, além de toda a sabedoria dos irmãos de luz, ainda ouviremos os mais formosos hinos de hosanas ao Senhor!

Augusto (pela equipe).

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