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Ensaios-->7. 5.o Relato -- 17/12/2003 - 06:31 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Prezadíssimo irmão, aqui venho por estas mal traçadas linhas informar que pouco me importo com a solução dos problemas por que passo. Já muito roguei ao Senhor (— Você se considera, portanto, “arrogante”? — perguntar-me-á você, inadvertido do meu potencial energético-perceptivo), e ele não me deu qualquer resposta plausível. É bem verdade que tenho encontrado certo conforto, a partir do momento que adentrei este recinto, mas me sinto em situação incômoda, ao enfrentar este batalhão de injetores de vibrações por todos os lados. Há um aluvião de fios por toda parte. Se estivesse encarnado, poderia comparar com telefonista que ficasse louca e tentasse matar-se com os cabos dos telefones de seu console.

Pedem-me para voltar ao fio de meu assunto. Gostei do trocadilho!

Bem, vou resumir. Sei que deveria confiar em quem está com tanta paciência a me controlar, já que eu vinha fazendo de tudo para perturbar o ambiente. Não suporto ver as pessoas alegres e felizes, ao mesmo tempo que tanta desgraceira se espalha pelo mundo, e não estou fazendo referência àquele da carne, mas dos lugares de onde venho.

Já faz certo tempo que tenho tido livre trânsito entre o mundo das cavernas e as cidades dos homens, onde só conseguia chegar durante a noite, para promover desordens junto ao grupo de baderneiros de que faço parte. Há muito tempo que desisti de procurar meus inimigos. Certa feita, encontrei-os, mas foi impossível sequer chegar perto, porque tinham assestadas contra mim baterias de foguetes que me impediram de sequer levantar a hipótese da aproximação. Sei agora que os encontrei em centro espírita e muito me admira o fato, pois, pelo que me recordo, eram santarrões da Igreja Católica, “comedores de hóstia”, como se costuma falar. Será que o filho deles que deixei estendido em meio de poça de sangue teve o dom de transformá-los? Penso que essa seja a única explicação. (Os amigos aqui presentes apontam o polegar para cima.) Então foi isso, porque, durante muito tempo, sofri a desdita da perseguição.

O caso na Terra foi de crime passional. O rapaz enrabichou-se pela minha irmã e eu não aceitei, porque ele era pobretão e eu esperava ficar rico através de certo casamento de conveniência que tinha preparado para ela. Como ela não me atendeu, surpreendi os dois juntos e descarreguei o revólver no infeliz. É certo que atingi também a maninha, mas não ficou muito ferida. O sujeito, matei na hora, mas fui infeliz porque ele era da polícia e caí na asneira de me vangloriar do fato. Não teve dúvida: fui “justiçado”, ainda porque traficava maconha e cocaína. Mas foi há muito tempo atrás e não adianta falar sobre isso. Pode parecer até romance barato de feira nordestina.

Agora aqui estou para apontar meus desejos mais íntimos. O que não gostaria era de voltar a enfrentar aquele grupo de desordeiros. Quando souberem que subi até a luz, vão ficar umas “araras” comigo. Quero, desde já, agradecer a este bondoso amigo que escreve, por me ter auxiliado com as palavras. Não sei exatamente como faz, mas o certo é que me entende perfeitamente, embora os termos que eu empregue não sejam exatamente aqueles que estão sendo transcritos. Chamou-me a atenção a expressão “umas araras”, que deixou passar.

Mas, “voltando à vaca fria”, também gostaria de me ver livre de certa pressão que sinto na cabeça, justamente no ponto em que fui atingido pelo balázio do policial. Se precisarem de mais alguma informação, estou pronto a fornecer.

Que fiz com o resto de minha família? Bem, sobre isso não gostaria de falar, porque parece que aí é que realmente fiz o que não deveria. Desde pequeno acostumado com a miséria, um dia, desanquei meu pai bêbado de pancadas. Ficou aleijado e não demorou para morrer. Minha mãe morreu de desgosto. Minha irmã, obriguei-a a deitar comigo. Os irmãos menores, acostumei na maconha (não no tóxico, porque era muito caro) e obriguei-os a trabalhar para mim. A última notícia que tive deles, estavam internados na FEBEM. Não gostei de falar disso tudo, porque tenho medo de que não vá mais conseguir os benefícios que me tinham prometido ao trazerem-me para cá.

Sinto que o escrevente está tentando fugir à minha influenciação e que há grande movimento de irmãos ao meu redor.

Pedem-me para confiar em que o trabalho seguirá normalmente até o fim e para acreditar em que tudo será feito em meu favor.

Bem que gostaria de dizer que sinto remorso, mas parece que essa palavra só existe na minha cabeça e não se exprime em meu coração. Quando me lembro do que fiz, não me arrependo. Parece até que não era eu quem cometia tantos desatinos. Isso gostaria de ver esclarecido, pois sinto falta de ter sentimentos. Um dia, percebi que estava fazendo uma porção de bobagens comigo mesmo, para ver se a dor que provocava me trazia alguma sensação de espontaneidade, de vida — não sei como definir o que se passa em meu cérebro.

O tempo de escuridão não foi agradável, pois as lembranças de como era na carne eram melhores, mas não tinha muito do que me queixar. Quando tinha desejos de fazer isso ou aquilo, fazia. Quando não dava certo, procurava fazer outra coisa. Sempre encontrei parceiros para tudo. É bem verdade que, se não tomasse cuidado, eles me “pegavam por trás”, mas a vida é assim mesmo. (Fazem-me sinal com o polegar para baixo.)

Estou ficando com medo do desvelamento do mistério e gostaria, se pudessem fornecer, de receber algum sedativo para dormir, como aqueles que existem na Terra. Estou começando a tremer, acho que por necessidade da droga. Será que vou ter de ficar aqui por muito tempo? Levem-me embora, por favor...



Comentário

Evidentemente, o lenitivo que temos condições de oferecer ao espírito sofredor se constitui de vibrações energéticas do magnetismo de que estamos dotados. Existe acompanhando-nos sempre equipe médica, com recursos próprios para tranqüilização das vítimas da transfiguração cármica por que passam os viciados em drogas alucinógenas. É de todo conhecido o tratamento desse desespero “metabólico”, se assim podemos dizer, mas é demorado e extremamente aflitivo e doloroso.

Vamos reatar os vínculos para que se compreenda o presente trabalho socorrista.

Como se pôde perceber, a entidade que aqui aportou trazida pelo grupo está em lastimável estado perispiritual. Sua mente está pervertida pelos inúmeros crimes que perpetrou e, se fosse julgada pelos padrões vigentes na legislação humana, em certas regiões receberia a pena capital de execução sumária.

Aqui nós agimos diferentemente; longe de julgar dos méritos ou dos deméritos das atitudes, procuramos analisar os molambos em que se transformou a criatura, buscando juntar e remendar pedaços, sanar enfermidades, sustar hemorragias e estancar o sangue, providenciar socorro moral e elucidar a mente, fornecendo os elementos evangélicos mais capazes de produzir a necessária revitalização, para soerguer e propiciar condições de higidez espiritual, para outra aventura expiatória no plano da realidade material mais densa do orbe.

No caso específico do irmão de quem estamos tratando, houve intervenção direta de quase todas as vítimas de suas loucuras, a partir do pai, que há tempos vinha pleiteando assistência para o filho, desde quando se restabelecera do choque pela morte abrupta. Devemos dizer que o espírito tentou passar uma peta ao acoimar o pai de bêbado, pois era, sim, trabalhador comum, braçal, que, como todos, se deixava embriagar regularmente nos fins de semana, mas que nunca faltou ao serviço por essa razão.

Pois bem, a partir das diligências paternas, foi possível congregá-lo à figura límpida e esclarecida do jovem amante da filha, o qual lhe tinha desvelado apreço e intensa paixão, tanto que por ela se sacrificou, tendo em vista que os disparos do nosso assistido visavam a ela e não ao noivo, que, ao interpor-se entre os dois, recebeu os balázios no peito. Instruído em leituras evangélicas, o moço pôde superar muito depressa a condição de convalescente do desenlace repentino, exercendo, a seguir, forte pressão magnética sobre a parentela, para que perdoassem o desafeto. À vista de se ter conseguido a chamada “vingança social”, pois coube às forças legalmente instituídas o revide à ofensa de sangue, foi-lhe mais fácil o acesso aos corações dos familiares mais revoltados, levando-os a intuírem a necessidade do perdão. Neste ponto é bom esclarecer que esta família é espiritista convicta desde há tempos, tradicionalmente, sendo mais uma falsidade o que o caro irmão relatou.

Agora teremos de começar o trabalho de revelação das verdades ao assistido. Além dos aspectos da recomposição perispiritual, haverá muito o que fazer no campo da compenetração da realidade existencial. Pelo estado em que se encontra, deverá perpassar por vários encarnes até adquirir condições de inteirar-se conseqüentemente a respeito de suas deficiências. O que o está mantendo é o diligente interesse de todos em que consiga recuperação. Só a irmã é que vibra contrariamente a este desiderato. Quanto aos irmãos, futuramente, também deverão voltar-se contra ele; por ora, o fenômeno do egoísmo acendrado fá-los manterem-se inoperantes quanto ao causador dos males que sofrem.

Esse é o quadro que as entidades socorristas têm diante de si. Que fazer para debelar o mal e conseguir transformar tão feia criatura em anjo de bondade? Muito pouco que não seja confiar na misericórdia divina e na excelência dos espíritos que se interessaram por ele, contribuindo com revigoramentos espirituais através da prece, para o que o leitor poderá colaborar, no instante mesmo em que aceitar tal indigente como irmão menor necessitado de ajuda.

Aliás, sem que haja legítimo interesse, sem que se condoa verdadeiramente o coração, caro amigo, e não por mero “dever de ofício”, não reze. Você talvez chegasse até a vibrar ao contrário. Faça-o apenas se conseguir assegurar-se de que sua ajuda será de proveito. Por outro lado, não se comova às lágrimas, como se seu sentimento estivesse de luto e sua compaixão tão-só significasse o temor de se ver na pele de alguma das personagens da história. Una sentimento e razão, compreenda em profundidade o drama existencial do irmão sofredor e aí, com o coração convicto de que sua atitude seja a mais pura manifestação do amor fraterno, eleve prece ao Senhor em prol do restabelecimento do irmão imerso em tão profunda ignomínia moral.



Esclarecimento

Era o que tínhamos para esta tarde ensolarada de final de outubro. Fique tranqüilo você mesmo, caro irmão, que sua vibração auxiliou o irmãozinho em seu primeiro estremecimento rumo ao despertar necessário para a compreensão da vida. Fique na paz do Senhor e predisponha-se ao trabalho, sempre com esta mesma disposição fluídica e vibratória, pois muito temos pela frente.

Coragem e engrandeça seus conhecimentos, não deixando de efetuar, a par de todo o trabalho de datilografia, as leituras das obras evangélicas do irmão Emmanuel, procurando deixar de lado as do príncipe Ramatis, pelo menos por enquanto. É que, ao ler Emmanuel, você será levado aos textos bíblicos e é com essa disposição vibratória que o queremos conosco.

Augusto (pela equipe).

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