Com certa idade, aprendi que as pessoas costumam julgar as outras com a medida extensiva do julgamento que têm de si próprias.
Lembro-me daquele pai-machão que, com toda cautela diz para a filha, ainda adolescente:
- Não deixe esses gaviões mexerem com você. Quando se aproximarem, já vêm com malícia de toda espécie na mente suja.
Não vê esse pai, tão simplório e ignorante, que está refletindo a própria imagem, nesse julgamento que faz de outros.
E isto é lugar comum, principalmente na cabeça dos latinos, onde, não raro, a hombridade repousa na força.
Sempre que se ouve de uma mulher algo assim, como 'vou entrar para o exército', 'vou ser gari', ou coisa similar, vê-se logo a voz de um macho a dizer:
- Mas, na hora de fazer força, gritam pelos homens...
Fazer força... Uche!
Lembrei-me de um parto... Pus-me a pensar em um homem parindo uma criança.
Como se sairia, esse mesmo macho, que trepa numa escada, com a força de um tigre, com as pernas abertas a parir um rebento?
Nem pensar!!!
Outro dia, fui acompanhar um tio ao consultório de um cirurgião, desses que tiram verrugas com bisturi elétrico; uma picadinha de anestésico e 'bum!'... Lá se vai a bichinha...
Só me arrependi de não ter levado minha filmadora, para registrar o olhar de desespero de Tio Lucas, na simples visão daquela agulhinha minúscula.
Quando foi cauterizar a bolinha, então, vigi!!! Tive que segurar-lhe a mão bem forte, para ele não cair da mesa cirúrgica.
Ficou tão pálido que mal se reconhecia ser um ser humano ou um amontoado de cera.
É.
E são chamados de 'SEXO FORTE'...
Imaginem se fossem frágeis? |