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Ensaios-->32. NA PONTA DA ESPADA -- 03/12/2003 - 08:18 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quem não ficaria chocado ao presenciar assassinato frio e calculado, praticado com requintes de perversidade, em que o menos que se vê é sangue jorrando, mas ficando em destaque a fisionomia da vítima contorcida pela dor e a carranca indescritível do assassino?

Certamente, precisar-se-ia ser insensível para não sentir o horror da cena televisionada em minúcias de repetição através de “slow motion”, para melhor caracterizar cada mínimo movimento da ação e da reação. Se o fato instantâneo já é chocante pela brutalidade e violência, a indução do espectador, para que seja capaz de assimilar cada mínima particularidade, é notação do mais puro sadismo.

E as pessoas vão acostumando-se e revoltando-se. Gostariam de não ter visto, mas correm para ver assim que sabem que perderam. E reproduzem-se em videoteipes sofisticados e coloridos, e se descreve cada minúcia com notável precisão vocabular, chamando-se a atenção para cada fragmento isolado, como se fora quadro da mais acabada técnica pictórica do mais genial artista. Assim, vai firmando-se no espírito da população a convicção de que o ser humano é naturalmente perverso, que a criação é maligna e que o Criador é incompetente.

Para que se possa sanear o vídeo, passa-se a acreditar que seja preciso incentivar a repressão policial, que seja preciso combater o crime com leis de severidade draconiana e rigor extremo, com penas perpétuas ou com a morte. O efeito passa a ocupar o lugar da análise das causas. E como não se consegue debelar, com medidas restritivas, os desacertos humanos, mais e mais a tela traz para os lares a violência que cresce, se aproxima e ameaça. E se não bastasse a realidade distorcida, ainda a criminalidade é enfeitada e elevada à categoria de obra de arte e apresentada cinematograficamente, substituindo pela ilusão da insensatez o que poderia ser ocupado pela liberdade do pensamento positivo, no incentivo à procura da contingência existencial mais próxima da verdade.

Os estudos pragmáticos e científicos deveriam ocupar as mentes melhor desenvolvidas dos produtores, de sorte que a vida pudesse transudar da programação televisiva. Existem facetas boas nesse peregrinar eletrônico, mas se reduzem a horários impróprios diante da forte concorrência de programações mais atrativas e abrangentes. Claro está que o nível cultural do espectador é que induz a programação a tender para este ou aquele setor da vida e das emoções. Mas se se fecha o círculo vicioso, como esperar que um dia toda a transmissão contenha alto índice de aperfeiçoamento cultural, psicológico e pedagógico?!

Sabemos que os índices de audiência é que determinam a manutenção ou retirada do ar dos programas e que tudo depende da correlação existente entre veiculação das propagandas dos patrocinadores e essa audiência. Por isso é que é importante o grau de educação geral do povo, porque, se depender do maior ou menor lucro a ser conseguido pelos que mantêm as emissoras no ar, certamente o “status quo” não permitirá grandes transformações, haja vista que, desde que foi implantada a televisão no Brasil, o que mais se viu desenvolverem-se foram as técnicas de captação, retenção e transmissão de imagens, sendo muito pequenos os ganhos no aperfeiçoamento das idéias, pensamentos e propósitos de vida. Aliás, ao contrário, o incremento mais notável nesse setor se deu no aspecto negativo, uma vez que mais e mais se empenharam os produtores das programações em dar relevância às comodidades materiais. Se aqui e ali manifestações existiam em que se podiam acompanhar debates científicos e morais apresentados com seriedade, até isso se perdeu, em favor de se tornar a linguagem mais apropriada para confundir os ouvidos do que para estimular o intelecto.

De tudo que dissemos, evidentemente, pode-se deduzir que estejamos absolutamente convencidos de que a televisão seja um mal. Conclusão precípite! O que está errado é a utilização desse veículo de imagens e de pensamentos. Como superar as dificuldades? Adquirindo consciência das falhas, dos desvios, dos erros, dos equívocos, para o que vai ser preciso muito mais do que alterar tão-somente a programação dos espetáculos, do jornalismo e das transmissões “ao vivo”. Será preciso programação do governo que vise a dar ao povo condições de vida bem superiores à miséria em que atualmente se debate a grande maioria da população.

Pouco nos temos afastado destes rincões brasileiros, mas oportunidade tivemos de seguir, por diversos dias, várias programações em diferentes países de diversos continentes. Em regiões mais evoluídas economicamente, a televisão não desperta o mesmo interesse que se nota nas nações do terceiro mundo. Aliás, a insistência em apresentarem-se programas de igual teor cultural visa a arrebanhar o mesmo nível de público telespectador, no sentido de oferecer-lhe os mesmos produtos, sempre com a finalidade de venda. Mas essa atitude repercute de modo bem diferenciado no que respeita à cultura de cada região. Os objetivos da propaganda são atingidos sempre, porque o potencial econômico dos telespectadores cobre, em toda parte, a necessidade do comércio, embora com diferentes níveis de audiência. Assim, o que se percebe claramente é o poder econômico dominando esse veículo de comunicação dos mais avançados, dada a facilitação que houve para seu desenvolvimento pelo grande potencial de riquezas que representava, o que favoreceu grandes aplicações de capital.

Mas esta dissertação não visa à elaboração de qualquer ensaio a respeito da televisão. Motivaram o escrito diversas cenas de violência que se transmitiam em videoteipe, o que nos fez seriamente cogitar a respeito de que, mesmo que a realidade ganhe cores mais suaves, mesmo que o mundo se transforme para melhor, ainda assim estarão os homens recebendo notícias de agressões cujos autores já obtiveram o perdão das vítimas e conseguiram redimir-se dos crimes perpetrados. Se, pelo menos, tais retransmissões alcançassem demover intenções de novas agitações e tumultos, teriam cunho educativo; mas o máximo que conseguem é fazer recrudescer as atitudes de rebeldia, dada a repercussão de propaganda que favorecem.

Eis que o homem se vê diante de sério dilema: ou desliga o aparelho e fica ilhado, isolado, com relação à própria sociedade em que vive, ou deixa o aparelho ligado e se compromete com o próprio destino, dada a alienação que promoverá em relação à meditação e reflexão dos atos de vida. Existe alternativa sadia: o estabelecimento de espírito crítico para selecionar os eventos televisionados e para argüir da qualidade, propriedade e finalidade das programações assistidas. Mas, neste caso, é preciso dispor-se ao estudo sério de diversos ramos do conhecimento humano, principalmente da sociologia, da psicologia, da história e da geografia, das ciências políticas, da legislação, etc. etc.; caso contrário, ter-se-á de admitir-se como reais, coerentes e sinceros, depoimentos, imagens e representações cênicas absolutamente pervertidos e completamente faltos de verdade.

Não se percam os caros leitores pela nossa dissertação. Preocupam-nos, sim, os aspectos espirituais e espiríticos da cidadania dos encarnados e só por isso é que nos atrevemos a conjecturar possibilidades de melhoria no plano material, para que se possam favorecer os crescimentos morais necessários para dar condições evolutivas favoráveis às presentes peregrinações pelo orbe. Se o homem se deixar envolver pela falácia da tecnologia humana mal dirigida e administrada, poderá, ao final da vida, chegar à amarga conclusão de que deverá voltar à Terra para recuperar o tempo perdido.

Não se deixem, pois, caros amigos, iludir pela presunção de que o que a televisão lhes mostra seja o fiel retrato da realidade. É preciso ir mais além e buscar a realidade no fundo dos corações, com a mente desanuviada das pressões emotivas que lhes são acumuladas pela incompetência moral da programação televisiva. Um bom período sem televisão pode vir a ser decisivo para a obtenção dos conhecimentos evangélicos imprescindíveis para prosseguimento vitorioso do encarne. Vamos testar nossa capacidade de desprendimento, iniciando por desligar o aparelho nos momentos em que somos capazes de leituras edificantes. Se nosso interesse não se despertar para os livros, certamente estaremos fascinados pelo “écran”. Eis o inimigo revelado e o combate delineado. Se de nós necessitarem para apoio logístico, basta solicitar que nos apresentaremos. Mas não se deixe de lutar a boa luta pela sobrevivência do espírito.

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