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Ensaios-->29. DIA TRISTE -- 30/11/2003 - 06:44 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Notavelmente criador, o jovem resolveu percorrer os caminhos do mundo, a fim de avaliar onde deveria empregar sua capacidade, para prover os humanos de bens que todos pudessem usufruir.

Caminha que caminha, foi catalogando processos reivindicatórios das mais diferentes formas. Havia os que pediam bens de capital, para poderem aplicar onde melhor lhes parecesse; outros desejavam a tranqüilidade de casa bem construída, com todas as regalias do conforto moderno; uns poucos preferiam deixar de trabalhar, para serem servidos diuturnamente. É preciso esclarecer que eram poucos, porque a maioria desconfiava das pessoas e temiam ser enganados pelos servidores. Muitos desejavam recursos para viajar incessantemente. Quase ninguém optou por melhoria geral, preocupados que estavam consigo mesmos.

Aí o jovem voltou desiludido: se se aplicasse a confeccionar artefatos de uso comum, iria, em breve, propiciar que toda a humanidade desistisse do trabalho; seria o caos. Se proporcionasse a uns poucos as vantagens requeridas, em breve, esses mesmos subjugariam os demais. Em suma, não poderia atender, nem em âmbito geral, nem em casos particulares.

Resolveu, então, que sua potencialidade intelectual deveria ser conduzida para áreas de esclarecimento público e ficou imaginando em qual setor deveria investir a força criadora. Avaliou os rumos da educação e percebeu que os professores são incapazes de incutir na mente dos alunos os ideais superiores da fraternidade e da igualdade entre os homens, pois, mais fortes do que eles, são as injunções sociais a se imporem categóricas às jovens mentes, estabelecendo valores definitivamente voltados para acentuado egocentrismo.

Desejou aplicar-se ao jornalismo combativo, através do qual divulgaria as necessidades mais prementes do mundo atual e, para surpresa sua, constatou que existem inúmeros periódicos que fazem exatamente isso, mas que não são lidos nem levados em consideração justamente pelos responsáveis dos setores em deterioração.

Conjeturou alterar o sistema de governo, modificando os pontos de relacionamento entre os indivíduos, impondo legislação mais consentânea com a verdade da natureza humana superior, estimulando maior responsabilidade para os que detêm o poder e estabelecendo padrão de vida equilibrado, de sorte a abranger toda a população. No entanto, verificou, surpreso, que esse pedido fora feito tão-só por uns poucos visionários, cuja pretensão era projetar-se diante da população, ganhando em glória o que não tinham em capacidade e discernimento.

Concentrou, finalmente, os esforços na procura de teoria filosófica que contivesse princípios morais de relevância e que se fundamentasse no equilíbrio entre a vida mundana e as ânsias da religiosidade. Viu-se forçado, então, a admitir que tal sistema existia na forma do espiritismo kardecista. Desde logo, assaltou-lhe o espírito a indefectível interrogação:

— Se existe a verdade revelada, se existem princípios de vida superiormente elaborados, se existem meios de aplicação espiritual de cada indivíduo ao rol de atividades decorrente da teoria, se existem reveladas as causas e efeitos de cada ato humano, se as atitudes que são propugnadas favorecem o bem-estar dos espíritos enquanto encarnados e o progresso deles após o desencarne, por que, então, não se dá curso a esse processo de maravilhoso desenvolvimento humano? Por que o homem não consegue conscientizar-se dos benefícios de que gozará, se se submeter à excelsitude das normas evangélicas?

E lá ficou o infeliz bem dotado a meditar, curioso e imensamente insatisfeito, a respeito das razões que levam os encarnados a proceder com tanta desarmonia diante da vida. Cônscio de que não chegaria a resultados promissores relativamente à determinação de ativar o cérebro em favor dos semelhantes, se destinasse a vida à perquirição da realidade do homem, resolveu agir em função dos princípios renegados pelos mortais e, esquecido de si mesmo, passou a trabalhar com afinco, empregando todas as forças para realizar, de sua parte, o que os demais se recusavam sequer a admitir como hipótese.

Tanto fez, tanto lutou, que conseguiu atender aos ditames mais significativos dos ensinos cristãos, tendo amado ao próximo com o máximo de intensidade e realizado por ele tudo que lhe estava ao alcance. Tornou-se sábio pregador do evangelho, realizou trabalhos importantes no socorrismo físico e no atendimento espiritual. Dedicou a vida ao amparo dos enfermos do corpo e dos sofredores da alma. Organizou várias casas de atendimento aos carentes e marginais. Esclareceu a juventude em cursos de evangelização. Publicou obras e artigos esclarecedores de caráter espiritualista. Profligou a maldade, a corrupção, o desatino do poder da força. Enalteceu o trabalho e robusteceu as convicções dos que mais de perto compreendiam a doutrina espírita.

Morreu em paz e foi recebido com honras superiores pelos guias e protetores. Do Alto, desceu poderoso facho de luz que o envolveu e o transportou aos páramos da angelitude. Hoje brilha em agrupamento cósmico de grande poder junto à administração sideral.

Eis o sonho revelado. Não é difícil de se encontrar, junto aos espiritistas mais honestos e dedicados, essa visão cármica da vida. Muitos se deixam embalar pelas ilusões e pretendem conseguir pela fantasia o que só se consegue através de muito esforço, de muita lágrima e de muita dor. Diante desse mundo descuidado, avassalado pelos crimes, animado pelos interesses particulares menos dignos, escapa-se o indivíduo através da imaginação e sonha acordado sonhos de grandiosidade superior. No entanto, é da luta pequenina do dia-a-dia, da aplicação de cada centavo disponível, da leitura de cada linha edificante, do pequenino gesto de carinho, de afago e da palavra de conforto, que se fazem as grandes almas.

Se é bem verdade que existem excelsos benfeitores capazes de agir segundo o jovem do sonho das grandezas imponderáveis do espírito, também não se pode esquecer de que a grande massa humana se agita, tacanha e imperfeita, mal compreendendo os rudimentos mais elementares dos princípios espiritistas. Quantos são os que duvidam até da própria necessidade da reencarnação! Quantos pensam que, por se terem dedicado por vários anos ao socorrismo ativo, adquiriram direitos a estágio nos páramos celestiais mais elevados! É preciso cair na realidade, não de chofre, de molde que a pessoa se machuque, estimulando atitudes de descrença, mas de modo seguro, consciente da fragilidade, tendo em vista a circunstância de que passa por provações inerentes a planeta muito primário. É preciso que cada qual saiba configurar na mente o seu desiderato existencial e aplicar-se intensamente a produzir benefícios a mancheias, sem falsear os próprios méritos, crentes de que sua atitude é débil, insignificante e pejada de erros.

Se Jesus nos pediu para que não julgássemos, pois pela mesma medida seríamos julgados, é preciso estender esse conceito para o julgamento que fazemos de nós mesmos. Vamos tão-só trabalhar, fazendo-o do modo mais leal e honesto possível. Deixemos para depois do desencarne a revelação de nosso progresso. Pode ser que esta recomendação transforme o dia de hoje em dia triste, pois poderíamos estar acreditando que nosso serviço estivesse eivado de poderes e nosso procedimento fosse condizente com os ensinamentos de Jesus. Pode ser que este dia triste, no entanto, tenha o condão de despertar-nos para o conhecimento íntimo de nós mesmos, revelando-nos, iniludivelmente, o quanto estamos necessitados de crescer para conseguir acender a primeira luzinha.

Façamos um teste de amor, procurando perdoar as pretensiosas palavras destas entidades que se denominam “Irmãos de Fé”, mas façamo-lo com toda a humildade, na esperança de prover-nos de recursos vibratórios em favor dos amigos da espiritualidade. Por nosso turno, tudo faremos para colaborar com o caro leitor, favorecendo-lhe, no que nos for possível, o conhecimento das verdades evangélicas mais sublimes, no intuito de encaminhá-lo para a aquisição das virtudes excelsas do cristianismo redivivo.

Oremos para isso.

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