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Ensaios-->FRANCISCO MIGUEL DE MOURA,, UM CANTO DE AMOR... -- 12/11/2003 - 10:18 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos







Francisco Miguel de Moura:
UM CANTO DE AMOR À TERRA E AO HOMEM










Maria do Carmo Martins Lopes








UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS/PORTUGUÊS
Disciplina: Literatura Brasileira V
Professor: Luiz Romero Lima


















Maria do Carmo Martins Lopes
Mat. Nº 0147/86


Teresina, 1990






















'Acho-me na interessante posição de não saber se o que tenho a dizer deve ser olhado como alguma coisa há muito tempo familiar e evidente, ou como uma coisa inteiramente nova e espantosa.'
(Freud)






































Agradecimentos



Sr. Francisco Miguel de Moura, peço-lhe desculpas por não ter sido capaz de penetrar profundamente em um seu mundo literário.
Como já disse em outro lugar, espero que alguém o faça melhor, com mais disponibilidade e empreendimento.
Aproveito a ocasião para agradecer-lhe o apoio dispensado a mim e expressar minha profunda admiração ao homem e ao escritor F. M. de Moura.
Agradeço também a oportunidade de ter conhecido, embora de leve, a obra de um piauiense célebre, que se ainda não o é, para alguns, reconhecido como tal, certamente em breve será.

A Autora.

































SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 09
I. O AUTOR: Um Promotor de Letras 11
II. DIMENSÕES DE UMA ARTE 13
III. O POETA: Subjetivo e Universal 17
. 'Areias' 'Pedra em Sobressalto'
. 'Quinteto em Mi(m)'
. 'Bar Carnaúba'
. Conclusão O ROMANCISTA/CONTISTA 29
. 'Os Estigmas'
.'Eu e meu Amigo Charles Brown' SOBRE A CRÍTICA LITERÁRIA 35 PEQUENA ANTOLOGIA 39
. Problema da Dor 41
. Ser 42
. Anti - Saudade 43
. Pranto 44
. Bar Carnaúba 46
. Resistencial 48
. Eternamente 49
. Sonetos da Paixão (XIV) 50
. Das Coisas Simples 51
. Eu Sei que Vou Ficando 52
IV. ENTREVISTA: 53
Um sustentáculo da cultura piauiense
V. CONCLUSÃO 65
VI. BIBLIOGRAFIA 67
VII. PEQUENA CRONOLOGIA 69















































APRESENTAÇÃO



A tentativa de fazer um estudo da obra de Francisco Miguel de Moura é a linha norteadora deste trabalho. Não se trata de uma análise exegética dos aspectos constitutivos daquela obra; apenas enfoca superficialmente o estilo, a forma, a linguagem e os temas mais freqüentes.
A princípio, expomos, em linhas gerais, matizes que norteiam a produção. Num segundo momento, apresentamos uma rápida análise dos livros, divididos por setores: poesia, prosa e crítica literária. Para fins comprobatórios e apreciativos apresentamos, também, uma pequena antologia. São poemas que consideramos caracterizar o poeta quanto a apreciações e tendências formais.
Consideramos, como já foi dito, este estudo por demais superficial. Deixamos, portanto, em aberto, para outros que, eventualmente, se proponham negá-lo, criticá-lo, acrescentá-lo e aprofundá-lo.








































O AUTOR
UM PROMTOR DE LETRAS


Nasceu 'piauizeiro', como ele mesmo disse, a 16 de junho de 1933, em Jenipapeiro, atual município de Francisco Santos - PI, desmembrado de Picos. Casado com Maria Mécia Morais Araújo Moura. Foi lavrador, funcionário do Banco do Brasil S. A. professor, é editor, membro fundador da UBEPI - União Brasileira de Escritores do Piauí, poeta, romancista, contista e crítico literário. Cursou Contabilidade, Licenciatura Plena em Letras, Pós-graduação em Crítica de Arte, extensão em Folclore Brasileiro e Teoria do Romance.
Publicou 'Areias', poemas, 1966; 'Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho', crítica literária, 1972; 'Pedra em Sobressalto', poemas, 1974; 'A Poesia Social de Castro Alves', crítica literária e histórica, 1979; 'Universo das Águas', 1979; 'Piauí: Terra, História e Literatura', ensaio e antologia, 1980; 'Bar Carnaúba', poemas, 1983; 'Os Estigmas', romance, 1984; 'Quinteto em mi(m)', poemas, 1986; e 'Sonetos da Paixão', poema, 1988. Escreveu vários artigos em revistas e jornais dentro e fora do Piauí.
Em 1988 foi homenageado pela União Brasileira dos Escritores do Piauí - UBE/PI, com o troféu 'Fontes Ibiapina', e com diploma de 'Intelectual do Ano', e também pela Academia Piauiense de Letras, por serviços prestados à cultura, com o diploma 'Lucídio Freitas'.
































DIMENSÕES DE UMA ARTE



Em variados temas e variadas formas aparecem as ondas da imaginação criadora de Francisco Miguel de Moura. Ele enveredou pelas veredas formais e pessimistas de Olavo Bilac e Raimundo Correia, mergulhou no mar poético-nostálgico de Drummond e passeou na praia prosaica psico-social de Machado de Assis.
Seus poemas têm marcas temática e formal bilaquianas e drummondianas, sem lhe tirar a originalidade espontaneísta. Variam entre sonetos parnasianos a versos livres e linguagem coloquial de sabor modernista. Abrangem diversos temas, entre outros: a terra natal, a família, o homem (sua dor, seus medos, resignação e morte) e a realidade social.
Sua prosa, com textura poética, é tecida em períodos curtos e sem colocações desnecessárias. Segue as diretrizes do Realismo. Revela e denuncia uma estrutura social injusta e maléfica, com indivíduos incapazes de lutar por transformações. Nascem atados a um destino. A existência é concebida como mera fatalidade.
A poesia e a prosa de Chico Miguel são criadas numa atmosfera pesada. Revelam nostalgia em relação ao passado e assumem uma postura pessimista de ver e sentir o mundo, postura esta que percorre toda sua trajetória literária. É reconhecida por ele mesmo:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..

'e o que escrevo não chega a ser poema
só lembrança trancada em nostalgia.'
(Experiências Vivas, pg. 88, in: Quinteto em Mi(m))

. . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O disfarce do eu através de personagens, escavação da subcondição humana, clima nostálgico, simplicidade nos termos, veio psico-social, projeção existencial, espera da morte, resignação, ânsia de liberdade, entre outras, são marcas profundas e constantes na obra de Francisco Miguel de Moura:

'Não lhe contarei minha história,
a da vaquinha morta,
e não me deu o leite da vida:
urubus pastaram seus olhos.
E pastarão sobre mim.' (Quinteto em Mi (m), (pg. 14).

'E me fizeram deste jeito:
- Duro (duro como pedra). (pg. 19).

'Pergunta e responde,
deciso: Ficar.
Ficar onde estamos.
As pedras não ficam?' (Pedra em Sobressalto, pg. 57).

'Maus momentos
espero:
– um, dois, três...
ZERO.' (Bar Carnaúba, pg. 103)


































O POETA
SUBJETIVO E UNIVERSAL


Francisco Miguel de Moura iniciou com a poesia e com ela se firmou no cenário da Literatura Piauiense como um dos maiores. Escreveu cinco livros de poesias, abordando diversos temas em várias formas: 'Areias', 'Pedra em Sobressalto', 'Universo das Águas', 'Bar Carnaúba' e 'Quinteto em Mi (m)'.

'AREIAS'

Poesias, em sua maioria sonetos rimados e metrificados. Canta, numa linguagem simples, clara e espontânea, o poeta, a terra e a Dor. Há predominância de sentimentalismo, no entanto, com muito de objetividade. Impregnadas de filosofia e humanidade, deixando uma sensação de nostalgia e compaixão.
É uma epopéia da vida do homem do sertão. Que 'como a aranha tece, / tece a tua teia' (Areia). Pois mesmo diante das agruras da vida, da seca, da fome, da exploração, ainda tem esperanças:

'Pelos caminhos sem nada,
se nada
se anda
se voa
Pelos caminhos se vive
se morre e se tem esperanças.' (Caminhos).

Em areia 'branca, fina, feia' brinca e sofre a criança. Chega a adolescência: 'Alguém salta o muro / vai beijar, vai abraçar, / na areia vai se deitar / e vai tanta coisa mais.' (Procura). O jovem amadurece. Com o amadurecimento as indagações, os conflitos, as reflexões sobre a vida, sobre o tempo, sobre o amor, sobre a Dor:

'Quero viver do ideal concreto.
Quero arrancar de mim o coração,
Incapaz de conter todas as dores.' (Querenças).

'Não dizem donde vêm
nem pra onde vão.
Os caminhos são mudos,
não sabem se vêm ou se vão.' (Caminhos).

Com nostalgia contempla o cotidiano, a terra:

'Sertão seco. De taipa uma casinha.
O pobretão campônio no batente.
E, no terreiro, cada qual contente,
três criançolas cantam cirandinha ' (Cromo).

O poeta posiciona-se diante dos problemas sociais, além da areia seca de chuva. Vê que 'a burguesia, em termos de ganância / somando, multiplica bens de terra.' (Milagre da Divisão); vê que 'até as sombras caem no caminho / por testemunha vão deixando cruzes!' Tem consciência da realidade, do estar no mundo, das contradições:

'Faz da vida ganha-pão:
este cava a sepultura,
aquele constrói o berço;
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
este forma o sindicato,
aquele a conta no banco;
este fabrica o rosário,
aquele faz o canhão;
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
aquele fabrica filhos
pois ganha o salário mínimo
e morre de inanição.' (O Operário).

O poeta sofre e fala 'da dor que se tornou profana / cá neste abismo de paixão humana'... (Problema da Dor).
Depois de tantos devaneios, o homem/poeta cansa e desespera-se:

'Perdi o trem das minhas esperanças.
Não pressenti perder real transporte
deste abismo de vida para a morte:
- Corpo e alma são pratos na balança.'
(Perdida Esperança).

Entretanto, o poeta vê que a vida continua, que o homem, apesar de explorado e cansado de ser, precisa lutar. Conclui seus pensamentos com 'Definições':

'Enquanto a fé num ideal convida
vencer-se o espinho para ter-se a rosa,
trabalha! - A estrada ficará formosa
pois toda inércia é negação de vida.'


'PEDRA EM SOBRESSALTO'

Aqui o poeta se mostra mais solto no que se refere à técnica como no aprofundamento da temática. Quanto à técnica sente-se mais liberdade, já não há a mesma preocupação com rimas e formas fixas. Aparecem, inclusive, poemas com características concretistas. Dá preferência a versos livres e curtos. O que vem ao encontro da busca de liberdade das 'pedras'.
É dividido em quatro partes: PRÉ-POEMA, LÍRICA, ANTI-LÍRICA e INTEGRATIVOS. O PRÉ-POEMA já começa 'seco', seco como a pedra. Pois 'Das rugas e fráguas / nascem mil poemas' (Seco). Abre LÍRICA com 'ponte', querendo '...ligar esses mares: / mares de todas as vidas, / por sobre os rios de medo, / de misérias impossíveis.' E fecha com seus INTEGRATIVOS:

'Do silêncio,
o toque, na longa porta:
- Eis a clarinada final.'

Pedra em sobressalto é a metáfora do homem angustiado, sobressaltado, cansado de não ser, cansado da dureza da vida, da 'dor fatídica'. Pedra é o homem indefeso, calado, manipulado, 'retirante cabisbaixo procurando água', esquecido, existindo porque pedra também existe. Porém, forte. A natureza o fez assim e está resignado, então, a 'viver de terra seca e de vento: Desfolhado':

'Levados pelo vento,
comendo nada, bebendo cinza,
retirantes cabisbaixos
entre folhas secas
(almas em corpos secos)
no rumo das águas.' (Espectros).

'QUINTETO EM MI (M)'


Traz, quanto ao estilo, praticamente o mesmo dos anteriores. Clareza e harmonia, linguagem coloquial e propriedade nos termos. No entanto o poeta, algumas vezes, não entrega o pensamento em linha denotativa. Há muito que refletir para penetrar. Exige do leitor/crítico maior atenção e cautela, especialmente nos poemas de matrizes concretas, como este 'Espelho':


Eu nu ponto


ponto


Você luz


ponto


Ponto luz espanto


eu-você


nu (és) nu (DEZ)



É um registro lírico das profundas zonas da alma do poeta. Um poeta pé-no-chão:

'não ouço nada além do que ouvi
não vejo nada além do nunca visto
não toco nada além do não tocado
não sofro nada além do que sofri.'
(Experiências Vivas).

Em 'A Casa', poema que abre o livro, abrem-se as portas da alma do poeta. Revela sentimentos de frustração, de quem constrói e vê destruído, de quem mira a existência decadente:

'Meu tempo de voar se foi:
- caminho para dentro até o fundo
como quem caminha ao sol-posto.'

No entanto, sonha. Não desanima. É preciso sonhar, voar e bater':

'E chega a hora de bater:
- quem bate e bate tem valor,
quem sonha e voa, agora, é voador.' (Uno).

'Eu sei sonhar - e muito mais:
eu sei fazer o sonho - ' (É Bom que Tudo Seja).

Escava a condição humana, questiona a existência, revela o medo, o desespero, a ânsia de liberdade:
'No desespero do inútil
serviço. A sede de ser,
lá embaixo, uma corrente
sobre-humana, é o que lhe dita
uma paixão mais enorme:
- De voar e de não ser.' (Pássaro).

Inútil procurar-me:
- A luta se fecha.' (Ciclos)

A dureza do poeta decorre do meio físico e social ressequido em que nasceu e sofreu parte de sua vida. 'Pedra' é o poeta que o 'fizeram deste jeito: / - Duro (duro como pedra)'.
Mas o poeta não sofre sozinho; há uma alma coletiva:

'Comemos
e somos comidos.
Dormimos
e somos assaltados.
Caímos.
E abandonados,
voltamos a ser difíceis.
É deste ser que extraímos
o que nos esqueceram.' (Ser).

Pedra, água, homem e jumento são fundidos na secura humanista de Chico Miguel:

' - Mulheres, jumentos, meninos
irmanados na pedra e na água.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Quem já viu a pedra chorar?
Eu já vi a pedra chorando.' (Pranto).


BAR CARNAÚBA


É uma coletânea de pedaços da memória do poeta. Num clima saudosista lírico-nostálgico busca ' A Terra', 'A Família', 'Os Amigos' e outros.

'Por que nós homens revivemos
e os meninos não?
Animais e coisas sem nexo,
tudo de frutos verdes e podres .'
(A Dor das Coisas

Nos poemas dedicados à terra, revelação telúrica tecida com grande expressividade, eterniza: o 'Bar Carnaúba de ontem, / ainda te bebo na lembrança, / liberdade curtida: / - Você não caiu.' (Bar Carnaúba); as terras do Piauí onde 'O calor esquenta e derreta / as ruas e caminhos / E os passos são rios ricos / de loucas fábulas sofridas' (Ordem e Progresso); o rio que 'aos poetas se dá de graça.'(Rio Geral); Teresina que sofre 'de ver teu corpo de pobreza, desfolhada no meio da luxúria.' (Resistencial); e canta a terra das origens com muita gratidão e amor: 'Cidade mestra, e mestra enternecida, / tanto me deste para a minha vida /que hoje só quero te cobrir de flores.' (Recordação de Picos).
Na segunda parte, 'A Família', celebra as pessoas mais queridas com muito amor: A esposa, 'terreno bom, onde planto e frutifica; os filhos, os pais e a irmã (já falecida): Ah se eu pudesse guardar / sem virar, / sem pensar, / as cinzas da infância.' (Página de Saudade e Dor).
A terceira parte é dedicada aos amigos, aos poetas, à primeira namorada e a outros:

'Eu, como você, sou ai,
neste infinito de pontos
grito noves-fora-zero,
neste coração,
neste fogo que nos come.'
(Canção para um Menino).

Em 'Outros Poemas', última parte, o poeta assume, como no decurso de toda a sua obra, uma postura decadente, pessimista, 'de pássaros sem asas, / sem canto.' (Poema de Deus). No 'Vaivemvai' da vida 'falta refrão': 'Não há vitória - Suei na luta: / a vida é fraca e a força é bruta.'







CONCLUSÃO


Às vezes o poeta se contradiz para afirmar:

Eu me edifico
eu amo-me,
eu me complico.'(É bom que tudo seja).

Em 'Quinteto em mi (m)' Chico Miguel enveredou, ainda mais, pelos caminhos da poesia moderna. Há muito maior liberdade quanto à forma: poemas e versos curtos e longos; estrofes constituídas de metros e ritmos diferentes; estrofes com número de versos diferentes no mesmo poema; versos soltos, etc... Entretanto, 'Sonetos da Paixão', seu maior poema, que ele mesmo intitulou de 'Conto Universal do Amor', é constituído de quatorze sonetos. É todo uma autoconfissão do próprio passado; como se quisesse reviver; não sendo mais possível, desabafa com a melancolia de um vencido:

'Muitos anos depois, tento alcançar
o que perdi, em tantas horas tardas,
e é impossível de recuperar-se.
' (Primeiro)



. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

'Enfim, de homem logrado é minha história,
de homem sem pose e só, e muito estranho.
A semente perdida dos desejos
que a paixão lá esconde atrás do pano.
(...)
E que a morte – vitória do fracasso,
humildade com orgulho num abraço –
possua totalmente o que é meu ser.'
(Décimo Quarto).



























O ROMANCISTA/CONTISTA
LÍRICO-REALISTA-NOSTÁLGICO


Francisco Miguel de Moura pouco enveredou pelos caminhos da prosa. Escreveu 'Os Estigmas', romance, e 'Eu e meu Amigo Charles Brown', contos.


OS ESTIGMAS


Em 'Os Estigmas' o narrador é impessoal e onisciente. Conta a história que recebe de uma personagem, o drama de Ciro contado por Gracinha. Deixa a impressão de ser a própria existência do autor, pela verossimilhança que o enredo desfecha. É um romance de ação muito interior. O autor praticamente não se apega a descrições exteriores ou outros recursos.
A linguagem é sem rebuscamentos, sem colocações desnecessárias e os referenciais linguísticos de acordo com a situação sócio-cultural dos personagens:

'Espere aí, doutor. Deixe eu ver se me lembro. Pois o jipe deu o prego, pra lá de Picos. O negócio foi bom. Se não fosse o chofer de caminhão, eles tinham ficado na estrada. Dormiram na chapada, num lugar onde só tem bicho.' (pag. 79)

A história d 'Os Estigmas' tem como cenário ambientes/localidades piauienses. A trajetória do protagonista coincide em parte com a do próprio autor. Primeiro a vila (Conceição), depois a cidade (Picos), finalmente a capital (Teresina).
A narrativa é clara e expressiva. Tecida em períodos curtos, melodicamente carregada de alto tom poético:

'... Hoje é dia, amanhã será tarde. Vestido novo, riso fácil. Menina pobre, bolo na mesa, poucas amigas...' (pag. 18).

' - 'Vamos subir ao morro, vamos morar no céu. Lá casaremos, se Deus quiser.' (pag. 20).

'Supriano não vê. Onde está? Ele não nada, mas voa. Lá vai um pássaro, peixe-pássaro. Quis imitá-lo: correr, nadar, voar. Caiu-lhe uma perna. Força de novo. Outra perna, os braços, os desejos...' (pag 40).

O homem, na visão naturalista, está resignado a seu destino, não tem como fugir. A vida é mera fatalidade. Ciro é o que é e o que não gostaria de ser. Não faz nada pra mudar, embora se sinta a mais medíocre das criaturas. Só resta cumprir o Fado:

'... e o mais certo é que cumpre um destino. Já nascemos acorrentados a estranhos futuros. ' (pag. 43).

'Tal mãe, tal filha. Não devia ser assim. O destino. Se pudesse mostrar-lhe o caminho - pensava.' (pag. 83).

Iam para Regeneração, Ciro acreditando no destino. Pois nunca pôde mudar uma linha da vida. Tudo estava traçado...' (pag. 83).
É impiedoso para com o destino dado aos seus personagens. Dá-lhes fins trágicos, quase sempre a morte, como solução da vida. A morte não é o fim, fim é a vida-morte. Pois, '... no fim (...), a derradeira derrota é uma vitória.' (pag. 89).

'Duas pessoas mortas para o mundo. A vida não termina com a morte, pode terminar antes. Aí está a prova.' (pag. 69).

Francisco Miguel de Moura revela, em suas narrativas, um profundo sentimento pela terra natal. Além de utilizar ambientes da sua terra, explora visivelmente a linguagem. Por exemplo, o uso abusivo de expressões populares:

'a boca fala daquilo que o coração está cheio. ' (pag. 6)

'longe da vista, longe do coração.' (pag. 18)

'vai morrer pela boa.' (pag. 30)

'possuía pano para as mangas.' (pag. 31)

'tal mãe, tal filha.' (pag. 37)

'de cem escapa um.' (pag. 52)

'não tinha pé nem cabeça.' (pag. 53)

'farejava como cachorro ao dono.' (pag. 69)

'depois da festa, a ressaca.' (pag. 72)

'não há crime sem lei.' (pag. 35).


EU E MEU AMIGO CHARLES BROWN


Coletânea de vinte e um contos em estilo claro e melodioso. Tecido em períodos curtos com acentuado toque poético. Uma fusão de realidade e ficção, abrangendo os mais variados temas, pondo em realce a problemática social brasileira ou, por que não dizer, dos países subdesenvolvidos.
'Em Eu e meu Amigo Charles Brown , Francisco Miguel de Moura dá mostra de possuir capacidade criativa, poder de trama, talento e domínio completo do idioma, além de demonstrar enorme conhecimento, social, moral, psicológico, fabulista e lendário, funcional e político, sentido de horror e de fantasia, do poético, vivência pessoal, popular e da elite de que se serve não só para armar e construir suas narrativas, mas criar pequenos e verdadeiros mundos...' (Magalhães da Costa, em artigo no jornal 'O Dia', de 26.9.1987).
Com muita ironia, no conto 'Eu e meu Amigo Charles Brown', que abre o livro, o autor denuncia a exploração e o domínio dos países desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos, particularmente os Estados Unidos em relação ao Brasil.

'Daí fomos despencando para outros assuntos e terminávamos infalivelmente em nossa fauna e nossa flora, em considerações sobre o petróleo e em histórias de índios e onças. Meu amigo Charles Brown devia pensar: O Brasil é o país do futuro , antevendo a possibilidade de desenvolver projetos de mineradoras, investimentos, financiamentos, seguros e bancos. Com uma ajudinha do governo. Contaria comigo. ' (pag. 12).

Em 'Fábula para as Crianças do Amanhã', o autor analisa a coisificação do homem. O homem não humano, um homem-coisa. Como metáfora, usa a linguagem computadorizada:

'Não só as coisas tomaram seu número, as pessoas também. E estão todos programados. Número-pessoa, pessoa-número.' (pg. 37).

No último conto, 'A Gravata Inútil' (pag. 106), Chico Miguel utiliza personagens para tentar fugir da resignação que atou a personagens de contos anteriores. Miguel (personagem) ' tinha ânsia de libertar-se por completo, de uma vez por todas.' Dá uma lição de luta pelas mudanças:

'Mas o importante é não chegar, importante é saber que sempre teremos caminhos. E livres...'


























SOBRE A CRÍTICA LITERÁRIA



É a poesia – até agora – a maior produção de Francisco Miguel de Moura.
No entanto, parece ser a crítica literária também seu terreno de boa safra, tendo em vista a intensa colaboração na imprensa local e de outros Estados. Ensaiou 'A POESIA SOCIAL DE CASTR ALVES', quando ainda cursava a Faculdade de Letras, ganhando então seu primeiro prêmio, e 'LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO EM O. G. REGO DE CARVALHO', que lhe valeu reconhecimento da crítica até fora do país.


A POESIA SOCIAL DE CASTRO ALVES


Inicia com teorias a respeito da poesia e da poesia social. Trabalha a temática de Castro Alves e ressalta que 'sendo um poeta da classe média da época, mas voltado para o povo, um paladino da Liberdade e da Revolução , um autêntico representante do século XIX brasileiro, não foi ele um revolucionário na forma' (pag. 22).
Mas conclui:

'Bons ou ruins, nos defeitos e nas qualidades, seus poemas são sempre Brasil, povo, revolução. Mais do que qualquer outro poeta, Castro Alves nos representou e representará por muito tempo.' (pag. 24).


LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO EM O. G. REGO DE CARVALHO


Ensaio onde Francisco Miguel de Moura traça o perfil do gênero romance, explica o que é linguagem literária e sua comunicação e especialmente o perfil da obra de O. G. Rego de Carvalho em todos os seus aspectos. Falando sobre um conto do livro 'Amor e Morte', o ensaísta ressalta:

'Mais ainda: nesse conto, cremos, e por isto afirmamos, encontra-se toda a gênese não só da problemática ogerreguiana: tristeza, solidão, amor, medo, loucuras, sombras e sonhos, como também dos símbolos: o rio, a montanha, a fazenda, o velho, a cidade decadente, a família, o jovem ensimesmado. (pag. 64)

Quanto à obra do escritor que considera, Francisco Miguel de Moura nos dá esquematicamente a seguinte visão:

'Colheu O. G. Rego de Carvalho no seio da família patriarcal oeirense, de tradição secular, tudo o que é realidade no mundo ficcional; levantou a simbologia daquele mundo estagnado e a problemática dos seus viventes, em três romances mais ou menos desiguais, diferentes, visto que cada um representa, numa classificação global e simplista, parte do ciclo vital do autor. (pag. 16) .














































PEQUENA ANTOLOGIA





















































PROBLEMA DA DOR



Quero dizer à minha dor: bendita,
vem consolar-me pela vida. Embora
minha alma queira confirmar, aflita,
a maldição da primitiva hora.

Dor sublimada, chegará teu dia?
- A grande página universal escrita
nas belas artes, teu clamor desfia.
toda a matéria torturada grita.


Falo da dor que se tornou profana
cá neste abismo de paixão humana,
em desespero por se ver descrida.

Não se descrevem os desvãos da alma
quando ela aspira, fervorosa, à palma
de eternizar-se, eternizando a vida

(AREIAS)





SER



Comemos
e somos comidos.
Dormimos
e somos assaltados.
Caímos.
E abandonados,
voltamos a ser
difíceis.


E é deste ser que extraímos
o que nos esqueceram.


(PEDRA EM SOBRESSALTO)










ANTI-SAUDADE



E me fizeram deste jeito:
duro (duro como pedra).
Nenhum musgo me medra,
nenhuma ave decanta
outra desgraça
e consumo.
Lágrima?
- Só muito apressada,
sem expressão do tempo,
feito nuvem,
feito nada.


Duro (duro como pedra)
repercuto
do princípio
ao
fim.

(PEDRA EM SOBRESSALTO)





PRANTO


As mulheres pretas lavando roupa
na pedra clara, nas águas claras.
Meninos magros, morenos-magros,
jumentos magros como esqueletos
a sustentarem (fraqueza ou força?)
gordas ancoretas cheinhas d água:
- Mulheres, jumentos, meninos
irmanados na pedra e na água.

Quem já viu a pedra chorar?
Eu já vi a pedra chorando.

Vi o pranto
do olho absoluto,
sem pressão de nenhum porte.
Doce corrente a descer,
escorrer
do seio natural,
para dessedentar mãos e lavar pés
e rostos e lágrimas e almas.
Vi o olho chorar cargas d água,
água cristalina da mais clara,
água furando a pedra dura
do sertão negro de nuvem branca.

Olho d água que se foi,
meu tempo de menino,
de faz de conta – tempo grande.
foi em mil e novecentos... Não sei mais.

A pedra chorava a todos os jegues adernados,
de ancoretas pesadas ao lombo.
Chorava às lavadeiras nos trapos limpos,
na pele seca,
no seco das vísceras,
guerreando o sujo.

Eu vi a pedra do olho d água chorar,
não minto, não mentirei na minha vida:
– A pedra chorar cristal corrente, fino,
pranto de rocha viva.

(PEDRA EM SOBRESSALTO)












BAR CARNAÚBA



No Bar Carnaúba
(onde é que fica? na memória?)
desempregados,
estudantes, senhores de terno e gravata.
A putaria de olhares trocados
sensuais.
Mulher contrapassa
homem com trapaça.
Faladores, cafezeiros, filadores,
torcedores, fumacistas, professores.
E o recado no ar para os descontentes
(1968 ou 64):
O Comandante da Polícia Militar
mandou que fossem descansar
em paz, em suas casas:
– O Presidente caiu, não leiam os jornais.
Desce a noite. E a praça está lá:
Serenamente corre como o rio,
branco colar de contas, sem fio.
Entro no Teatro para assistir a um filme.
Bar Carnaúba de ontem, ainda te bebo/
na lembrança,

liberdade curtida:
– Você não caiu.


(BAR CARNAÚBA)



























RESISTENCIAL



Teresina, o Chapada do Corisco,
sofro de ver teu corpo de pobreza,
desfolhada no meio da luxúria,
quando a chuva desmancha-se na areia.

Sem serras e sem montes, te dominam
os demorosos vales dos teus rios
Parnaíba e Poti, líquidas mágoas:
- O Piauí danado, sem correr!

Vizinho, o Maranhão é nossa vista,
em verdes copas de palmeiras verdes.
E este consumo de calor – aqui.

Do cearense, o irmão mais sertanejo,
sofrido em sol e seca e serra, houvemos
este exemplo feroz: de resistir.

(BAR CARNAÚBA)





ETERNAMENTE


A esperança, amor,
terna e branca
(não sei de sua roupa interna),
até me desespera.
Sou crente do inferno
presente, até amanhã.

Nada eternamente:
- gente ou
serpente.

Nem eu, nem você
sem dias quentes,
só com auroras.
Veja se me entende.

Maus momentos
Espero:
- um, dois, três...
Z E R O (BAR CARNAÚBA)






SONETOS DA PAIXÃO
XIV


Enfim, de homem logrado é minha história,
de homem sem pose e só, e muito estranho.
A semente perdida dos desejos
que a paixão lá esconde atrás do pano.
Que seiva, que mistério me sustenta,
sem ilusão da própria trajetória?
De que vivo? De um fio de esperança
que me liga ao passado, na memória?
Crestada árvore, nem quero vingança:
– quero um túmulo em lájea marmórea.
Mas navegar preciso pra viver.
E que a morte – vitória do fracasso,
humildade com orgulho num abraço –
possua totalmente o que é meu ser.


(SONETOS DA PAIXÃO)








DAS COISAS SIMPLES



barco amarrado no cais
mar amarrado na praia
corpo amarrado no barco
barco amarrado na alma
roupa amarrada na pele
(nome amarrado na sina)
sapato contra sapato
barco amarrado no mar
peixe amarrado no barco
mar amarrado no mar
praia amarrada no sol
classe amarrada na clave
carne amarrada no sal.

nada liberdade nada.


(QUINTETO EM MI (M)







EU SEI QUE VOU FICANDO



Aos cinqüenta bebidos, me apeteço
porque a vida floresce-me de espinhos,
flores poucas, encantos mitigados.
E em todo passo a busca de sentidos.

Feliz por ser fidel no que me arrimo:
São secretas conquistas, muito humanas.
Sorrio ao que me passa e vai no vento:
Eu sou vagar, sou tempo e não me canso.

Meu corpo alcança o corpo mais cansado,
minha alma inflama a irmã insubmissa,
sem barulhar a paz que me guerreia.

Semeio amor. Na dúvida campeio
o que me arma de força e decisão.
E vou seguindo. E sei que vou ficando...


(QUINTETO EM MI (M)





ENTREVISTA

























































CHICO MIGUEL:
UM SUSTENTÁCULO DA CULTURA PIAUIENSE


– Como foi que começou o seu processo de criação? Como o senhor começou a escrever?

FMM: - Bem. Desde que eu me entendi, meu pai já era professor. Eu vivia metido com papel. Quando era bem criança trabalhei na roça, vazantes de alho, cebola e batata, essas coisas todas, não é? Ele tinha a escola ... E depois que eu fui para a escola mesmo, comecei a aprender a ler e escrever rápido. Mesmo trabalhando, sempre continuei ligado à escola. Lá, na casa de meu pai, sempre teve escola e tinha livros. Então essas coisas a gente começa imitando. Lendo aquelas antologias em que vinham sonetos bonitos e poemas bonitos, eu procurava imitá-los. Foi assim que comecei. Mas não havia outro estímulo que não o livro e meu pai. A escola outrora era diferente. Havia umas sabatinas. Meu pai promovia, e a gente decorava, recitava poesias nas sabatinas. E eu ia procurando imitar, começando a escrever...

– Quando o senhor escreveu o primeiro livro foi difícil publicá-lo? E como é que foi a aceitação no mercado?

FMM: - O primeiro livro é sempre difícil. Mas, antes disto, eu quero dizer o seguinte: a gente sempre pensava em publicar. Já havia publicado em jornais e revistas. Mas tinha aquele sonho de publicar um livro. Quando o publiquei já tinha 33 anos, aproximadamente. E consegui tudo às minhas custas. Consegui um prefácio do Fontes Ibiapina, picoense, portanto meu conterrâneo, morando em Teresina – que era o escritor mais famoso na época, pertencia à Academia Piauiense de Letras. Então, o prefácio fez com que eu confiasse mais em mim, que eu me visse como uma pessoa séria e competente. Apostei na minha capacidade. O livro foi bem aceito pelas escolas e comentado nos jornais, inclusive. 'AREIAS' foi um dos livros que fizeram com que muitos jovens piauienses escrevessem, e até escritores antigos o receberam com simpatia.
Agora, quanto a vender, eu botei na banca, ali na praça Rio Branco - a única que existia. Em livraria eu não botei. Parece-me que havia umas duas. Na verdade, foi pessoalmente que vendi quase todos: a professores, médicos, comerciantes e bancários.

– E falando em influências, quem lhe influenciou? Quem o senhor costumava ler no início? e agora?

FMM: - Houve muitas leituras, na minha formação. Mas eu considero decisivas as influências de Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, principalmente. Houve muitas outras influências: Olavo Bilac, Raimundo Correia, Castro Alves... Foram estes os que mais me influenciaram. Mas eu lia tudo que me chegava às mãos, de poesia não sobrava nada. Muito depois, muito depois veio João Cabral de Melo Neto.

– E por que escrever?

FMM: - Bem, no começo eu nem sabia dizer porque escrevia. Escrever para comunicar meus sentimentos. Hoje, escrever faz parte da minha vida. Eu não sei o que seria de mim se não soubesse ler e escrever. Não tenho outra ocupação mais séria, nem outros divertimentos. O sentido de minha vida é escrever. É a melhor maneira que eu tenho pra me comunicar. Quem sabe música, compõe; quem não sabe mas possui boa voz, canta as músicas dos outros. Só aprendi a escrever. Então, escrever para viver.

– Para muitos, a Literatura exerce variadas funções. Uns acham que é lúdica, ânsia de imortalidade, exteriorização, entre tantas outras. Para o senhor, qual deve ser a função da Literatura?

FMM: - As funções da Literatura são várias. Eu não posso resumi-las numa só. Eu até já falei anteriormente que escrevo para me comunicar e também escrevo sob a forma lúdica, para me divertir e divertir os outros. Essas funções são importantíssimas na Literatura. Talvez sejam as principais. Mas ela também exerce uma função educativa, até moral e de denúncia, para despertar o outro lado que não estamos vendo. Você adquire vários conhecimentos é lendo, não só pela via intelectual, aprende pela via sentimental, pela emoção.

– O senhor já produziu em várias áreas: romances, poesia, contos, crítica literária. Mas qual é a área que mais lhe interessa no momento?

FMM: - Para o futuro, no meu caso, é o romance. Porque eu realmente experimentei várias áreas. Mas, me estudando detidamente, vejo que na poesia eu já fiz quase tudo que podia fazer. A poesia é gênero para gente mais jovem. Tenho uns poemas por aí que pretendo reuni-los. Mas acredito que não é na poesia onde eu estou colocando a maior parte da minha energia criadora. No momento é o romance. Já publiquei um. Tenho dois escritos para publicar e mais alguns projetos.

– Atualmente o senhor concorre a uma cadeira na Academia Piauiense de Letras. O que isto significa para um escritor? Particularmente, para o senhor?

FMM: - Para os outros escritores, eu não sei. Para mim, aqui no Piauí, significa que, sendo eleito (1), faria parte de um sodalício, de uma congregação - é o que é a Academia. Uma associação de escritores que são, digamos assim, a 'nata'. Talvez não só de escritores, mas de intelectuais. Fazer parte de um sodalício desses, de uma Academia, por merecimento, eu tenho até obrigação, digamos, de procurá-la. E por merecimento ela também, da mesma forma, deveria me acolher. O fato de alguém ir para a Academia não faz com que essa pessoa se torne maior ou melhor. Ganha-se uma medalha, um título e vai viver em convívio com os intelectuais da terra. A Academia Piauiense de Letras é a maior e mais antiga instituição cultural do Estado. Claro, não iria modificar o meu fazer literário. Nisto eu continuaria o mesmo.

– Como o senhor traçaria um perfil da atual Literatura Nacional e da Piauiense, em particular?

FMM: - Na prosa, nós estamos numa fase que teve início no Regionalismo. Nos anos 50, veio o Concretismo, na poesia, e, antes deste, a Geração de 45. A Geração de 30 foi a de Drummond e Cecília Meireles. Estes foram os movimentos na poesia. Tudo isto é Modernismo. Depois o Brasil entrou numa fase de afirmação, mais que de busca ou procura. Acho que a Literatura caminha conforme as condições econômicas, políticas, sociais e da língua permitam. A Poesia Concreta foi revolucionária. Mas, em outros setores, não conseguimos aquilo que a maioria do povo brasileiro queria, ou seja, as reformas estruturais. A gente dizer que a Literatura vai bem seria um contra-senso. Mesmo porque não há obras que informem isso. Quais são os grandes romancistas da atualidade? Continuam sendo Jorge Amado, que é dos anos 30, e Érico Veríssimo, que morreu recentemente. E depois deles, temos quem? Aí já entraríamos na Literatura Piauiense: temos um grande escritor que não é reconhecido pela mídia, Assis Brasil, mesmo morando no Rio, e um outro que mora aqui - O. G. Rego de Carvalho. Acho que estes dois deveriam figurar entre os maiores romancistas brasileiros da atualidade. Quem é o nosso Gabriel Garcia Marquez? É o Jorge Amado, que é traduzido no mundo inteiro. Os poetas mais modernos? João Cabral de Melo Neto, que está sendo muito criticado pelo seu último livro. Quem mais? Na poesia tem saído pouca coisa boa. Aqueles poetas da Tropicália, Torquato Neto, Caetano, Gil, Capinan, nos anos 60, são mais pra música que pra poesia propriamente dita. Produzem-se muitos livros. Sim, tivemos uma Clarice Lispector, grande romancista, que deve ser lida por todos nós. Ainda na Literatura brasileira, uma Cecília Meireles na poesia, que é grande, e outras mulheres e homens, a lista ficaria longa. A Literatura piauiense passou a existir, organicamente, com a fundação da Academia. Os melhores foram Da Costa e Silva, Celso Pinheiro, Abdias Neves... Depois da geração da Academia, houve um período em que a literatura praticamente desapareceu dos jornais e até livros deixaram de ser publicados. Livros bons. Newton de Freitas, poeta que morreu muito jovem, introduziu o Modernismo no Piauí, isto já em 1940. Quando veio a geração de O. G. Rego de Carvalho, Fontes Ibiapina, Assis Brasil, H. Dobal e mais alguns, é que houve um renascimento. Foi no final dos anos 40 e começo dos 50. Da década de 60 viemos nós, eu, o Hardi Filho, Herculano Moraes, etc. Recentemente apareceram muitos poetas, os da 'Geração Mimeógrafo', do meado dos 70 pra cá. Dessa geração, os melhores são Alcenor Candeira Filho, Paulo Machado, Rubervam du Nascimento, Jamerson Lemos (mas creio que o último pertence mais à geração dos anos 60, a nossa, a minha). A Literatura Piauiense é muito pobre em prosa. Por causa disto estou enveredando para uma coisa que quase não existe no Piauí. Estou escrevendo romances.

– O senhor já falou de obras que pretende escrever, publicar. Já tem alguma pronta? Quais as que estão em gestação? Qual a área?

FMM: - Meu primeiro romance, 'Os Estigmas', foi publicado em São Paulo, mas a editora não fez nenhuma divulgação. Pretendo reeditá-lo. Já escritos, prontos, tenho 'Laços de Poder' , em mãos de um editor, e 'Ternura', romance da área infanto-juvenil. Meus projetos na área do romance são dois, já com seus respectivos nomes: 'O Crime Perfeito', baseado num caso rumoroso que houve aqui em Teresina - o assassinato de uma doméstica; e 'O Menino Perdido', que será um pouco (ou muito) memorialístico. Além disto, tenho uma novela ainda sem título, contos que pretendo reunir, etc. etc. E mais, o início de uma pequena história crítica da 'Literatura do Piauí', cujo material há tempo venho pesquisando.

– Mudando um pouco de área, agora vamos falar um pouco de política. Como o senhor define a situação atual da política administrativa brasileira?

FMM: - A política administrativa brasileira é lastimável. O Brasil não consegue entrar na modernidade. Prevíamos, eu e alguns de minha classe – professores, jornalistas, intelectuais – que essa eleição fosse uma oportunidade para entrarmos na modernidade. Ao que parece, e tudo indica, o resultado não agradou nem a gregos nem a troianos. (2)

– O senhor quer tecer ainda algum comentário a respeito de literatura? Algum recado?

FMM: - Nós temos trabalhado bastante pela Literatura, no Piauí, eu e alguns com quem tenho ligação: Cinéas Santos, Hardi Filho, Rubervam du Nascimento, Herculano Moraes, Paulo Machado, Jamerson Lemos, entre outros. Parece ser uma luta inglória. Mas temos lutado muito para que o Piauí se atualize na área cultural e, especificamente, na área literária.

– E, para finalizar, o que o senhor faz, no momento, pela cultura piauiense?

FMM: - No momento eu dirijo a única revista literária que circula no Piauí, que é 'CADERNOS DE TERESINA', da Fundação Cultural 'Mons. Chaves', órgão ligado à Prefeitura Municipal de Teresina. O meu trabalho particular está um pouco de lado, porque estou empenhado exatamente nessa revista, afim de oferecer lugar aos novos para publicação de seus contos, suas crônicas, seus poemas, seus ensaios. Sou um dos sustentáculos para que os novos tenham seu espaço. A nossa batalha, que é minha, do Hardi Filho, do Magalhães da Costa (um dos nossos melhores contistas), vem primeiramente da UBE-PI (União Brasileira de Escritores do Piauí), que nós fundamos e da qual fui também presidente, e continuamos agora na Fundação Cultural. Estamos aglutinando pessoas, discutindo, etc. Nós propusemos que fosse incluída, em nossa Constituição Estadual, a obrigatoriedade do ensino da Literatura Piauiense nas escolas. Eu e o poeta Elmar Carvalho, mais os escritores Roberto Carvalho, Adrião Neto, Hardi Filho, Herculano Moraes e outros, através da UBE-PI, conseguimos a aprovação. Agora é necessário que a lei seja posta em prática. Além disto, vou escrevendo meus artigos, poemas, contos, crônicas, etc. e publicando na imprensa e em livros.
________________________________
NOTAS DO EDITOR:
1) Francisco Miguel de Moura foi eleito para a Academia Piauiense de Letras em 29.9.90, tomando posse no dia 30.10.90, cadeira nº 8, anteriormente ocupada pelo Prof. Cunha e Silva.
2) Trata-se da eleição de Fernando Collor de Melo para a Presidência da República, ocorrida em 03.10.1989.















































CONCLUSÃO



Francisco Miguel de Moura cria tipos com forte carga de humanidade e por isto mesmo eles parecem reais. Através das páginas de OS ESTIGMAS há vida, sentimento e sensibilidade.
José Afrânio Moreira Duarte
(Diário de Minas, 10.01.85).





Mesmo sem sair de sua terra natal, de sua província, como acontece à maioria dos bons escritores para não serem ofuscados ou por não serem descobertos pela mídia, Francisco Miguel de Moura enfrenta as condições desfavoráveis, mas produz e promove sua produção e a de outros escritores.
Com todas as dificuldades de um meio hostil e sem estímulos, temos aí um grande escritor. Não ainda grande como um Carlos Drummond de Andrade ou um Machado de Assis, mas grande no que faz, como faz e onde faz.
Desejamos que a força, a coragem e a criatividade de Francisco Miguel de Moura (Chico Miguel), sirvam de incentivo aos novos postulantes da Arte.





























BIBLIOGRAFIA


MOURA, Francisco Miguel de. Areias. Edição do Autor, Teresina, 1966.
__________________. A Poesia Social de Castro Alves. Editora do Escritor, São Paulo, 1979.
__________________. Pedra em Sobressalto. Pongetti, Rio, 1974.
__________________. Universo das Águas. Cirandinha, Teresina, 1979.
__________________. Piauí: Terra, História e Literatura. Editora do Escritor, São Paulo, 1980.
__________________. Bar Carnaúba. Ed. Universidade Federal do Piauí. Teresina, 1983.
__________________. Os Estigmas. Editora do Escritor, São Paulo, 1984.
__________________. Quinteto em mi(m). Editora do Escritor, São Paulo, 1986.
___________________. Eu e meu Amigo Charles Brown. Ed. Projeto Petrônio Portela, Teresina, 1986.

Recortes de jornais do Piauí e de outros Estados, fornecidos pelo Autor.
Teresina, 1990
Ducarmo Martins










































PEQUENA CRONOLOGIA



Este trabalho - 'FRANCISCO MIGUEL DE MOURA , UM CANTO DE AMOR Á TERRA E AO HOMEM' - foi elaborado em 1990, pela aluna da Universidade Estadual do Piauí, Maria do Carmo Martins Lopes, e somente agora é editado.
Diante do espaço de dez anos entre a concepção e a edição, o editor se permite acrescentar esta 'pequena cronologia' como meio de atualizar os dados biobibliográficos do autor estudado.
1933
- Nasce Francisco Miguel de Moura, numa casa que já não existe (16 de junho).
1940
- Primeira grande viagem do futuro escritor, com Mestre Miguel, de Angico Branco até Jenipapeiro, onde fica alguns dias com o avô Senhor do Diogo e escarafuncha papéis, cartas de amor, livros de contos e de poesia.
1947
- Trabalha como mestre-escola nos meses de verão, e nos meses de chuva faz roça.
1949
- Ajuda na bodega de Pascoal Joaquim da Silva, aprendendo o ofício de comerciário.
1950
- Emprega-se como balconista, na loja de Izac Batista de Carvalho, em Rodeador (hoje Santo Antônio de Lisboa-Pi).
1952
- Em Jenipapeiro (Francisco Santos-PI), está trabalhando na loja de Areolino Joaquim da Silva.
1953
- Publica o primeiro poema em «A Flâmula», jornal dos estudantes do Ginásio Estadual de Picos.
1954
- Publica o poema «Teu Valor», no jornal «A Gazeta», de Picos.
- Faz exame de admissão ao ginasial, consegue o primeiro lugar ( em Picos).
1955
- Emprega-se como Escrivão de Polícia (Delegacia de Picos).
1956
- Faz concurso para o Banco do Brasil e logra aprovação.
1957
- Assume o emprego no Banco do Brasil, Agência de Picos, em 2 de março.
1961
- Nasce o primeiro filho - Franklin.
1962
- Nasce o segundo filho - Fulton, que morre aos seis meses, em Itambé, Bahia.
1964
- Volta para o Piauí, fixa residência em Teresina a partir de outubro.
1966
- Lança o primeiro livro, 'Areias', gráfica do Pe.Delfino, em Timon-MA.
1967
.- Colaboração nos jornais 'O Dia', 'O Estado do Piauí' e 'Almanaque da Parnaíba'.
- Junto com outros escritores, cria o movimento literário «O CLIP».
- Aprovado em vestibular, freqüenta a Faculdade Católica de Filosofia do Piauí .
1972
- Publica «Linguagem e Comunicação em O. G. Rêgo de Carvalho», Editora Artenova, Rio.
1973
- Professor de Português e Literatura, no Colégio «Anísio de Abreu».
1974
- Lança o segundo livro de poemas, «Pedra em Sobressalto», Edições Pongetti, Rio.
1975
- Produz e apresenta o programa «Panorama Cultural», na Rádio Clube de Teresina.
1977
- Lança o primeiro número da revista «Cirandinha», em novembro.
1979
- Lança o terceiro livro de poemas, «Universo das Águas», Editora Cirandinha.
1980
- Edita «Piauí: Terra, História e Literatura», Ed. do Escritor, São Paulo (antologia).
1981
- Colabora em «A Dictionary of Contemporary Brazilian Authors», do Prof. David William Foster, da Universidade do Arizona, Estado Unidos.
1983
- Lança «Bar Carnaúba», Editora da Universidade Federal do Piauí.
- Classificado em concurso nacional de crônicas - FENAB, Brasília.
1984
- Edita o primeiro romance, «Os Estigmas», pela Ed. do Escritor, São Paulo.
1986
- Presidente da União Brasileira de Escritores do Piauí.
- Lança «Eu e meu Amigo Charles Brown», contos, pelo Projeto «Petrônio Portela».
- Ganha o concurso «Fontes Ibiapina», com o romance «Laços de Poder».
- Publica «Quinteto em mi(m)», poemas, Ed. do Escritor/São Paulo.
- Citado em «A Literatura no Brasil», livro org. por Afrânio Coutinho, 3ª edição, volume V, Rio (Editora José Olímpio/Universidade Federal Fluminense).
1987
- Poema publicado em «Directory of International/Writers and Artists», editado por Teresinka Pereira, Colorado (USA).
1988
- Nomeado “Coordenador de Literatura e Editoração” da Fundação Cultural «Monsenhor Chaves».
- Eleito Intelectual do Ano (Troféu «Fontes Ibiapina»), pela UBE-PI, quando lança «Um Depoimento Pós-Moderno», edições Cirandinha.
- Recebe Diploma de Mérito Cultural «Lucídio Freitas», da Academia Piauiense de Letras.
- Publica «Sonetos da Paixão», Edições Cirandinha, Teresina.
1990
- Participa do X Congresso Brasileiro de Teoria e Crítica Literária, patrocinado pela Universidade Federal da Paraíba, em Campina Grande, de 16 a 21 de setembro.
- Nomeado Conselheiro do Conselho Estadual de Cultura do Piauí.
- Eleito membro da Academia Piauiense de Letras em 29 de setembro.
1991
- Lança o romance «Laços de Poder», pelo Projeto «Petrônio Portela».
- Lança «Poemas Ou/tonais», Gráfica Júnior, Teresina, sétimo livro de poemas.
1992
- Recebe diploma de «Personalidade Cultural», da UBE - Rio de Janeiro.

- Nomeado Membro do Conselho Deliberativo da Fundação Cultural «Monsenhor Chaves» (Decreto de 19 de fevereiro).
1993
- Lança «Poemas Traduzidos», Gráfica Editora Júnior, Teresina.
- Participa da antologia «Piauí/Ceará», Ed. Universidade Federal do Ceará / Fundação Cultural do Estado do Piauí.
- Lança, pela Ed. da Universidade Federal do Piauí, o terceiro romance, «Ternura».
- Eleito sócio-correspondente da Academia Catarinense de Letras, em 4 de novembro.
- Prêmio de Crônicas «Clarice Lispector», pelo Satélite Esporte Clube, de São Paulo.
1994
- Recebe Medalha do Mérito «Conselheiro José Antônio Saraiva», da Prefeitura de Teresina.
- Eleito sócio-correspondente da Academia Mineira de Letras, em 29 de agosto.
- Nomeado membro do Conselho Editorial da revista «Literatura», de Brasília.
1995
- Eleito membro do Conselho Estadual de Cultura, representando a Assembléia Legislativa do Piauí.
1996
- Lança o livro «E a Vida se Fez Crônica», pelo Projeto de Incentivos Fiscais da Fundação Mons. Chaves.
1997
- 2a. edição de «Linguagem e Comunicação em O. G. Rego de Carvalho», Editora Universidade Federal do Piauí.
- Lança «Poesia in Completa», pela Fundação Cultural «Mons. Chaves», edição comemorativa dos 30 anos de poesia do Autor.
- Recebe Medalha do Mérito «Ordem Estadual do Mérito Renascença do Piauí», em 19 de Outubro (Dia do Piauí), do Governo do Estado.
1999
- Participa da obra coletiva “Dobrado”, editada por Edson Guedes de Morais (Ed. Guararapes), Recife-PE.
- Publica 'Por que Petrônio não Ganhou o Céu', livro de contos, Ed. Cirandinha, Teresina.
- Participa da antologia 'Poesía de Brasil', lançada de 6 a 13 de fevereiro, na Feira Internacional do Livro, em Cuba.



















































A AUTORA



Maria do Carmo Martins Lopes, autora deste livro, nasceu a 23 de junho de 1964, no lugar 'Saquinho do Peixe', município de Picos, Piauí. É filha de Pedro Augusto Martins Lopes e Margarida Martins Santos, e casada com José Francisco da Costa. Licenciada em Letras pela UESPI - Teresina, em 1990, no final do curso apresentou a dissertação que ora se publica. Destacou-se como uma das melhores alunas de sua turma, pela inteligência e dedicação como prova este trabalho. Pouco tempo depois, torna-se professora da mesma Universidade Estadual do Piauí, no Campus de Picos e da Escola Normal, em cujas instituições continua lecionando. Seu interesse pelo estudo e ensino de literatura e língua portuguesa é constante e crescente, e sua inteligência brilhantemente vai abrindo caminhos e mostrando horizontes aos novos. Atualmente está fazendo pós-graduação em Língua Portuguesa, pela UESPI. Com modéstia e humildade, não declara seus planos para o futuro. Mas, avaliando-se pelo que é, pelo que fez e pelo que faz atualmente, a educação e a cultura do Piauí podem esperar dela o melhor, com certeza.






Capa: Franklin Moura













Esta monografia foi editada pela
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
Teresina, 2000.







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