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Poesias-->22. DRAMATIZAÇÃO -- 28/01/2003 - 06:36 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


— “Não perca tempo!” — diz-me o mediador,

Na hora de ditar-lhe esta poesia.

O tempo ocioso a ele causaria

Preocupação, por desejar compor.



Ir devagar, portanto, é uma “fria”

E não pretendo provocar rancor,

Mas aqui sigo, “lenta”, quanto for,

A forma triste desta melodia.



Se o bom amigo permitir-me a deixa,

Que do improviso nunca ele se queixa,

Vou passar-lhe um soneto, “no capricho”.



Mas, para isso tem de dar recurso,

Que não me torne seu amigo-urso,

Que, embora amigo, não é mais que bicho.









Um belo verso, para ser composto,

Há de mostrar do autor o tom do gosto,

Ao personalizar o seu estilo.

Aqui estou a lhe ditar a norma,

Com que o encarnado logo se conforma,

Por não querer causar-me nenhum “grilo”.



É vil, é pérfido, é... sensacional!

Não há entendimento universal,

Quando se trata de questão de gosto.

Por isso, vim ditar-lhe este meu verso,

Sabendo, de antemão, que alguém, perverso

Até pode chamá-lo, no meu rosto.



Mas vou reconhecer que a pobre rima

Não tem sequer a minha grande estima,

De tanto repetir o preconceito.

Preciso amar a quem já não me ama,

Podendo até dormir em doce fama,

Que estou a revirar-me, em duro leito.



Ao afagar o “ego”, eu me permito

Aliviar o tônus tão aflito

Do coração, que bate em descompasso.

Só vou ficar mais calmo lá no fim,

Quando somente um verso não ruim

For receber do irmão aquele abraço.



Agora, eu já consigo ir mais depressa

E vejo que o sistema é bom à beça,

Pois torna o caro médium “trifeliz”.

Vim devagar, porque não via nisso

A prestação real de algum serviço

E vejo aqui do amor a diretriz.



Eu dramatizo um pouco, isto está claro.

Ao poetar, o fato não é raro,

Que o sentimento vale para o efeito.

Eu preparei a rima, desde cedo,

Não quero, agora, simples arremedo,

Senão vão me dizer que estou sem jeito.



Será importante vir com verso pronto?

Por certo, para mim, que fico tonto

Diante do improviso e do repente.

Cantei, na Terra, modas de viola,

Mas meus calçados sempre tinham sola,

P’ra não pisar em brasa ou ferro quente.



Por isso, fiz questão de tudo certo

E acompanhei a rima bem de perto,

Desagradando o médium, pela calma.

Agora que me apanha a melhor rima,

Perfeitamente dentro do meu clima,

No corpo dele, vejo a minha alma.



Não é melhor, assim, para o leitor,

Que sabe o que pensar sobre o que for

Que se falar no verso, em tom sublime?

O médium se resguarda de uma vez

E, se o conceito for ruim, soez,

Ele pula p’ra fora e se redime.



Eu defini, portanto, o melhor jeito

De me sentir bastante satisfeito,

Nos versos que farei daqui por diante.

Propus os termos para a minha glosa:

Esteja derrotada ou vitoriosa,

Responsabilidade se garante.



O tira-teimas do primeiro dia

Provou-me que, em matéria de poesia,

O companheiro aí entende um pouco.

Põe atenção em tudo quanto diga

E só se perde quando a rima intriga,

Mas nunca torna o seu ouvido mouco.



Naturalmente, o verso chega ao fim.

Eu não preciso convencer-me a mim

De que alcancei provar que sou poeta.

Espere um pouco mais quem desconfia,

Pois variar o tema da poesia

Vai demonstrar que a trova é mais completa.



Agradecendo ao Pai, a cada instante,

Não se precisa orar, esfuziante,

No encerramento nobre do poema.

Mas, como ao Pai ainda não fiz prece,

Uma palavra agora já carece,

Pois a felicidade está suprema.



Espero, então, aquele abraço amigo,

Tendo corrido a rima o tal perigo

De despencar no abismo do improviso.

Mas um versinho só me deu problema,

Aí eu disse ao médium: — “Vamos! Rema!”

Ele, por sua vez: — “Calma! Juízo!”



Dramatizei na hora em que devia.;

Brinquei um pouco até co’a melodia,

Falando sério sobre os bons valores.

Que tal ir ver, agora, os belos peixes?

Não vou deitar razões p’ra que te queixes,

Ao tornar as sextilhas inferiores.



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