Usina de Letras
Usina de Letras
145 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->Esboços para a Bela -- 06/11/2003 - 17:14 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

Capa: Marcelino Rodriguez, o autor, em sua casa de Santíssimo, Rio de Janeiro,  na infância.

Revisão, apresentação e prefácio: Jocimar Bueno

 

 

O America é sobretudo uma questão de amor”

Dario

“O America é como uma religião”

Tia Ruth

“Nenhum fanatismo em futebol deve ser perdoado, exceto o dos torcedores americanos”

Marcelino Rodriguez

“Torcedor do America não bate bem da cabeça. È tudo maluco.A vida de americano é dura”

João da Net (Documnetário America Unido Vencerás no Yutube )

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NASCE UMA PAIXÃO

 

Nossa história começa em meados dos anos setenta. Naquele tempo, os clássicos da rodada eram disputados as dezessete horas, na íntegra. Eu era um menino de cabelos cor de girassóis que costumava cair nos ombros e era franzino como um anjo invertebrado, o que me valeu em Santíssimo, onde morava, o apelido de Mosquito. Eu assistia a reprise de America e Flamengo, vencido pelo rubro negro por dois a um. Porém, todos os comentaristas diziam que o placar havia sido injusto e, ao que parece, o America, que costuma ser subtraído até fora do campo, fora prejudicado. Fiquei indignado. No dia seguinte, cheguei para o meu padrasto, o capitão Mike de múltiplos talentos, sargento da valorosa Marinha De Guerra e interroguei-o, como se o oficial fosse eu.

-- Tio, o America é bom?

-- É sim.

-- Então, sou America.

Desse dia em diante, nasceu uma paixão que levou-me as aventuras mais quixotescas e ao amor mais certeiro, cuja mesma fidelidade não posso prometer a mulher alguma, posto que o amor de um homem por uma mulher pode ser chama, mas o amor de um torcedor americano de pedigree costuma ser imortal. Capitão Mike passou o resto da vida tentando insinuar que virei a casaca. Mas não é verdade. Ser America é uma certeza sobrenatural do meu ser. Até essa noite, o futebol era algo disforme para mim. De ai em diante, eu era um rubro a mais,  com certeza.

 

 

 

 

 

 

 

Ter decidido meu time naquela noite trouxe para dentro de casa um problema de proporções sociológicas. O caso é que só havia um rádio AM em casa e meu padrasto não o largava de jeito nenhum nos dias de jogos do rubro-negro. Começaram as rixas. Minha mãe decidiu a peleja que travávamos pelo espaço do rádio com uma parcialidade escancarada. Deu-me um radinho do pilha de couro  azul, que foi um grande companheiro da minha infância, além de ter sido, juntamente com o livro “Só As Mães São Felizes”, muitos anos depois, sobre a vida do Cazuza, presentes dela  que jamais esqueci. Na voz de Doalcey Bueno De Camargo, grande americano, fui iniciado na alegria de ouvir os gols do Mecão. Além disso, o radinho servia para meus romantismos nebulosos musicais de infância. Definitivamente, como chamou-me um vez certa mulher, eu era o Bob. Um dia, porém, o sobrenatural, invejoso da minha felicidade, resolveu encarnar um demônio em meu melhor amigo na época, o Ângelo. O America aplicava uma goleada estratosférica num time que agora não me recordo e a cada gol, eu vibrava e gritava alto. Creio que nunca duvidei de Deus, porque o demônio é evidente demais. E se existe um , há de haver o outro. Elementar. O fato é que meu amigo, que morava na casa defronte, veio em minha direção com uma fúria insana, como Michael Douglas naquele filme e , invadindo minha casa, jogou fora meu radinho de pilha de capa de couro azul no brejo que tinha ao lado de minha casa, o que levou-me a um perigoso estado de pranto. Eu olhava meu amigo terno, que era meu competidor de botão,  sem entender nada. Estava possuído. Para quem duvida dessas coisas, digo que dias depois Ângelo veio em minha casa aos prantos com outro radinho, pedindo desculpas. Aquele radinho de pilha que dera-me minha mãe deve ter dado inveja ao Lucifer e ele resolveu usar meu amigo para destruir o presente que eu ganhara. Tenho pena dos homens que não rezam. São, a imensa maioria, marionetes do mal.

 

 

 

Estar num estádio de futebol, vestido com as cores do meu time dos pés a cabeça, patético e sem noção. Uma cerveja gelada, eventualmente um cigarro fumado nervosamente; soltar centenas de palavrões por minuto, exaltado, ilógico, blasfemo, hilário. Isso tudo faz a felicidade sem igual de um autêntico torcedor de arquibancada. Nessa vida, onde temos que parecer ser sempre o que não somos, estar insensato pelo meu time é como estar diante de Deus, puro de coração. Estar torcendo pelo America é um dos meus melhores momentos nessa vida.

 

 

 

 Em nossa vida de menino há aqueles momentos de fulgurantes intuições que nos levam a atos que ficarão para sempre marcados em nossa memória enquanto vivermos. Foi assim que comecei, quando todos em casa e no bairro já sabiam que eu era o garotinho fanático pelo America, com uma paixão que beirava ao mitológico, a pressionar meu padrasto para levar-me a primeira vez ao Maracanã. Capitão Mike, como bom capricorniano, não era de facilitar sem levar nada em troca e teria que ser um America e Flamengo para estimulá-lo de forma a não permitir sabotagens dele, para enfim eu ter meu sonho realizado.

O ano era 1978. Uma bela tarde de domingo.E não poderia ter sido escolhido um jogo melhor.

O America entrou em campo de branco e aquele branco parecia, ou era, divinal. Esse jogo entrou para a história porque o ponta esquerda do America, Silvinho, fez um verdadeiro gol de placa no empolgante empate de dois a dois. Ao entrar e vislumbrar o interior do estádio, dei de frente com a torcida do America do outro lado, num número muito inferior ao contingente rubro negro. Esse primeiro impacto deu-me novamente uma sensação de injustiça. Havia, porém, naquelas faixas em vermelho e branco uma nobreza, uma magia, uma sina que logo percebi que ali, entre aquela gente, estava meu lugar e pressionei meu padrasto – eu que estava vestido de America dos pés a cabeça – para que levasse-me até lá. As faixas diziam “Torcida Organizada”, Torcida Belfort Duarte” e outras. Só sosseguei quando percebi que deixava para trás o lado rubro negro. Lembro-me que gritei e vibrei como nunca, sobretudo porque o dia era de Silvinho, que infernizava pela ponta-esquerda. Meu padrasto,anos depois, ele que tinha mania de criar ficções e sustentá-las, disse que eu gritava “vai, Silvinho, vai , Silvinho” e que os outros gritavam “cala a boca, galego”. Não posso negar que o Capitão Mike foi um dos humoristas mais sofisticados que conheci nesse planeta muito divertido, quando os seres sem imaginação não estragam nossa vida com a estupidez. O jogo terminou dois a dois e ficou na história do clássico. Eu sai orgulhoso do meu time do ex maior estádio do mundo e com o senso perfeito de que a partir daquele momento, e para sempre, passava  a ser cidadão americano.

 

 

 

 

Com meu pai vi apenas um jogo do America contra o Bangu, no saudoso Andaraí. Exaltados, nós dois comandamos uma escarrada coletiva no bandeirinha, o que hoje,  já convertido aos valores espirituais,  faz-me pensar, ao recordar isso, que terei de quando for para o céu pagar antes algumas cestas básicas na ante-sala de São Pedro. Qual dentre nós, porém, não tem seu porão de infâmias? O pecado nos une a todos. Como disse  Jesus, atire a primeira pedra quem nunca pecou. Logo que contei a meu pai que era torcedor do America, ele reagiu de forma hilária e disse que eu poderia ser tudo , menos Flamengo. Mas não contarei detalhes porque não vivemos tempos de humor sofisticado. Existe nesse mundo criaturas que se vendem como “ilibadas” e criaram a chatice do politicamente correto. Convenci-o a levar-me para ver essa antigo clássico alvirrubro no estádio Wolney Braune, nosso alçapão. As arquibancadas lotadas ainda contava com trinta por cento de banguenses com aquela bandinha que eu achava insuportável. Quem não conheceu a bandinha do Bangu nada sabe sobre o futebol carioca. Nem merecia ter nascido. Meu pai se exaltava no jogo, adotando o America pelo filho. O estádio, todo em vermelho e branco,  tinha gente até no morro defronte. Uma festa. O jogo terminou empatado e o bandeirinha deixamos em petição de miséria. Não lembro se foi zero a zero ou um a um. O que vale é que percebo hoje que meu velho espanhol tinha um talento muito especial para deixar-me um canal 100 de lembranças.

 

 

 

Foi duro deixar Santíssimo, que foi sempre a minha terra no Brasil. Sobretudo ter deixado Paloma, minha cadela pastora alemã que dera-me meu pai.  No carro, a caminho de São Cristóvão, as lágrimas sinalizavam minha saída do sitio onde mais fui feliz. Deixava a casa rosa  e confortável, de grades brancas, onde tirei a mitológica foto  com a camisa do America usada na capa desse livro. Tão bonita foto que teve gente que pensou que eu era um boneco. Nasci um clássico. Deixar Santíssimo foi, definitivamente, o fim da inocência.

 

 

 

 

 

 

 

No novo bairro, São Cristovão, tendo a facilidade de ser de localização central, eu ia aproveitando para levar minha paixão rubra onde fosse possível. Havia, naquele tempo, um programa muito original chamado “Conversa de Arquibancada”, onde participavam figuras como o Russão, fundador da torcida Folgada, que conheci nessa minha ida e faleceu esse ano. Nosso bravo representante no programa era o Nilo Sérgio,  da torcida organizada. Desejoso de ir ao programa e sendo o garoto apaixonado que era, procurei entrar em contato com o Nilo para que ele levasse-me. Acredito que por ser uma torcida seleta e proporcionalmente menor que a de nossos rivais, temos nós  rubros um instinto algo maternal uns com os outros, pois somos preciosos no convívio  para nossa sobrevivência psíquica . Nilo topou na hora levar-me, responsabilizando-se perante minha saudosa mãe. Eu o esperava de véspera, vestido a caráter, no melhor estilo Tia Ruth e acredito, se me recordo bem ou se não está essa minha memória me inventando fábulas, que bati na porta do seu Brandão para avisar da minha façanha. E não apenas apareci no programa como fui citado como um dos “americanos presentes”. Quanto ao Russão, a torcida do Botafogo devia fazer um gibi pra ele  que a meus olhos de menino era o que ele me parecia: um personagem de quadrinhos. 

 

 

 

Na velha foto do jornal dos esporte, vejo-me sentadinho na arquibancada de São Januário, com meu boné do Mecão. Nessa época, eu era o presidente da torcida "Diabinhos Americanos" e também seu único membro. Fiz uma faixa que hoje dou risadas ao recordar. Ao meu lado, em pé, um torcedor vestido de múmia protestava. O time estava em crise e a múmia fora o motivo da reportagem. Que orgulho daquele menino que fui nos meus treze anos.

 

 

 

 

 

 

Dentre os meus amigos todos,  em São Cristóvão, nenhum foi mais chegado que o Mario, que era tricolor como o pai . Tínhamos uma relação  de irmandade, pois  embora eu fosse o craque do Mourão Futebol Clube, time da nossa rua que criei, era Mario quem era o goleador, embora não fosse de grandes habilidades com a bola. Mas ele , porém, garantiu muitas e grandes vitórias para o nosso time. Marola, que me ensinou a fumar,   estava comigo em 1982, na conquista americana da primeira Taça Rio, quando a  torcida do Fluminense aplaudiu de pé lindamente nossa vitória, o que levou-me as lágrimas. O que, porém, faz-me retornar a essa quadra da vida e imortalizar o nome de meu amigo de puberdade, foi o bolo de quinze anos que ele fez para mim, com um escudo do America em vermelho no seu designer clássico sobre um fundo de açúcar branco. Graças ao Mecão tive a sorte de ter uma festa de quinze anos inesquecível na memória e a partir de então essa data deixou de ser especial apenas para as mocinhas, mudando um paradigma importante na história do mundo. Mario hoje é um homem de bem, um motorista de taxi  que vive deixando e voltando para mulheres e cigarros, um personagem que penso daria um documentário excelente sobre a vida urbana moderna.

 

 

 

O Botafogo, até que ganhasse o título de 1989, com gol do ex rubro Maurício (para mim gol irregular, pois ele empurrou o zagueiro do Flamengo), amargava jogos e mais jogos com suas arquibancadas vazias. Era um divertimento neurótico o meu de ficar comparando os públicos de nossos jogos com os dos alvinegros. Em geral, nossos jogos eram mais concorridos. Num jogo nosso contra os botafoguenses, nesses tempos de vacas magras do rival, cometi um ato arrogante e antiético. Nessa época, diga-se de passagem,  eu me importava tanto com valores morais quanto com as pedras do chão. Era um jovem inteligente, mas meu caráter tinha lá suas ambigüidades. Enfim, como os botafoguenses estavam em menor número, resolvi com a camisa do America dar um passeio na parte deles na arquibancada e logo que cheguei um garoto menor que eu veio protestar e tive uma súbita compaixão dele. Senti-me (e era) um predador invadindo o espaço alheio, prejudicando a cadeia alimentar. Nisso, sou surpreendido com um chamado do cantor Aguinaldo Timóteo, que estava sentado solitariamente. Convidou-me o cantor, a mim e ao outro garoto que me acompanhava, para tomar um lanche e comemos com tudo pago pelo Timóteo, que foi muito gentil e amigo e conversamos algumas amenidades. Esse lanche com o cantor de “Verdes Campos Do Meu Lar” é uma das raras lembranças felizes que jogos contra o alvinegro me trouxeram.

 

 

 

Não creio que elegi o Botafogo como meu maior rival por acaso. Fora a gentileza do Agnaldo Timoteo, nunca tive. por mais que busque, felicidade contra o Botafogo. Num dos vários jogos protagonizados com o Maracanã vazio contra o alvinegro, fui detido antes do jogo começar. O caso é que a torcida deles pegou um americano na geral na covardia atrás do gol, bem abaixo do espaço da Inferno Rubro, onde eu estava e era meu posto de combate. Quando eu e outros rubros demos com a situação de um americano sendo espancado por vários botafoguenses, descemos as arquibancadas e, da grade, eu venho com meu copo de cerveja descartável cheio e jogo na geral. Outros fizeram o mesmo, porém um guarda pegou-me para Cristo, com uma inflexibilidade nazista e fiquei no caminhão da polícia do exército, sendo liberado apenas ao fim. Num caminhão da polícia do exército passei a tarde com mais um alvinegro com cara de nerd e um outro que havia deixado o olho de um vendedor ambulante  de coca-cola arroxeado. Ficamos os quatro ali naquele microuniverso tragicômico e o jogo terminou num melancólico zero a zero. Tarde da noite,  ia a pé para casa por fora da Quinta Da Boa Vista, pois por dentro senti que ia ser assaltado e corri antes. O Botafogo é meu corvo do azar. Por isso,  morro de rir em suas desgraças.

 

 

 

FRIO NA MADRUGADA, A CAMINHO DO PACAEMBU

 

Não pensei que o Sergio Coelho, filho do seu Brandão e também americano,  aceitaria ir a São Paulo tão facilmente. Comentei com ele que sairia ônibus da sede para o jogo contra o Corintias pela Taça de Prata. Ele, porém, para minha surpresa, aceitou ir e no dia marcado, saímos da sede a meia noite. A caravana rubra foi  em três ônibus, se não me falha a memória.Logo o ônibus mergulhou no silêncio e eu no desamparo do frio. Sentia-me um heróico e grande sofredor. Agüentei todavia, resignado, portando apenas a camisa rubra na parte de cima do corpo, encolhido no assento. Chegamos a São Paulo pela manha. Lembro-me de ter ficado um bom tempo antes de entrar no estádio na praça em frente, observando a chegada dos corintianos. O jogo? Perdemos de dois a zero. Jogamos mal. No segundo tempo, aquela multidão da Gaviões da Fiel vieram em nossa direção, pois o Coríntias atacaria para nosso lado e pensei rapidamente que "seriamos esmagados", porém os corintianos nos vieram cumprimentar cortesmente e deixaram-nos a vontade,   com um excelente clima de camaradagem e acolhimento.

 

 

 

COM SILVINHO, NO VASCO

 

A gente descobre fundamentos e coisas voltando ao passado. Talvez a memória seja algo educativa do nosso espírito. Sim, a memória é um portal para a poesia e para o mistério.

Silvinho ficou pouco tempo no America, infelizmente. Ele que foi o primeiro ídolo que vi jogar ao vivo. A cobiça do Clube Da Colina o levou para São Januário. Então, o que eu tinha ido fazer, num dia qualquer do início dos anos oitenta,  em São Januário? O que estaria eu fazendo ali, num treino do Vasco? O clube cruzmaltino foi meu vizinho por décadas e nunca despertou-me entusiasmos maiores. Em 1980, inclusive, assisti o Fluminense ser campeão carioca com o gol de falta do Edinho e eu estava com um colega vascaíno na torcida do Vasco, torcendo mais para o Tricolor, pois a torcida tricolor azia uma festa como poucas vistas por mim no estádio.

O caso é que agora conversava com um dos maiores pontas esquerda que vi jogar. Conversava e chorava copiosamente. E do meu dramático encontro pessoal com o craque, ficou esse trecho de nossa conversa gravada no espírito.

-- Por que voce saiu do America?

-- Bem, eu tentei ficar, mas os dirigentes do clube não me deram valor. Eles pensam como pequenos. Infelizmente.

Nossa conversa demorou uns vinte minutos a beira do campo. Essa frase.  porém,  "eles pensam como pequenos" ficou no meu espírito como uma ordem de despejo, uma maldição. Não perdôo dirigentes medíocres dentro do America, e como houveram deles! Percebo que o clube poderia ser melhor trabalhado e defendido. A conversa com meu ídolo ali no campo do Vasco levou-me a confrontar a realidade de estar a vida do clube  sempre entre o feijão e o sonho e a águia e a galinha, o sonho e a necessidade, assim como a minha num país iletrado. Mas um dia o povo da academia me convida para um  chá, ou me confere uma medalha, quem sabe.

 

LUIZINHO GUERREIRO E O CRUCIFIXO DE LATA

 

A despeito de uma parte de nossa torcida colocar em questão a lealdade de Luizinho Guerreiro com o clube, ele é um de nossos ícones mais emblemáticos, um símbolo de nossa história.Era em campo um lutador, oportunista, carismático,  incansável, emocional, parecia multiplicar-se, sem bolas perdidas. Eu o escalo no meu America de todos os tempos,  Numa de suas passagens pelo clube, as coisas não estavam nada bem,  os gols não saiam, eu resolvi interferir , então, com a força sobrenatural.  Eu tinha o hábito de chegar muito cedo aos estádios, doente que era.E fui, nesse dia de fé, levando um crucifixo de metal pendurado a um cordão  que não me recordo como o tinha comigo.  Estava decidido a passá-lo ao nosso artilheiro. Chegando na porta do vestiário, o treinador, que não era um nome conhecido,sequer me recordo contra quem jogávamos, já ia fechando a porta,   dizendo-me que eu não poderia falar nesse momento com o artilheiro, quando de repente,  Luizinho que parecia ter ouvido a conversa do vestiário já sabedor  do que eu viera  fazer, veio falar comigo, ignorando o treinador que segurava a porta entreaberta.

-- Pode falar garoto, o que é?

--  Luizinho, eu trouxe isso aqui para voce, disse-lhe, entendendo-lhe  já o meu patuá. -- É pra dar sorte.

-- Obrigado – respondeu,  levemente emocionado.Depois de ter visto e falado com meu ídolo, passando-lhe o meu modesto presente, dei-me por feliz e devo ter me sentido uma espécie de Anjo Escarlate.

 

 

 

CAMPEÃO DOS CAMPEÕES

Há pessoas que ousam entrar sem oração em certos projetos. Quanto a mim,não consigo falar sem consultar os deuses sobre o ano de 1982. Começa com o Império Serrano, minha escola de coração, sendo campeã com o antológico "Bum Bum Paticubum Burugudum". Madureira vibrou como nunca. E no correr do ano, o America, com aquele time que reputo como um dos dez mais do futebol mundial, conquistou dois campeonatos históricos, tornando-se o primeiro campeão da Taça Rio e Campeão Dos Campeões, o que equivale a um Campeonato Brasileiro ou uma Copa do Brasil, nos moldes de hoje. Fosse o título ganho por um clube de massa e o mesmo disputaria um título mundial em Tókio , o que seria muito justo. O time, que jogaria de igual para igual ao Santos de Pelé, começava com o clássico goleiro Gasperin, passava pelo equilíbrio de Pires, o brilh   a genialidade de Moreno e com chave de ouro fechava com Gilson Gênio na ponta esquerda, que fez o golaço do título histórico, depois de um jogo tenso contra o valente Guarani de Campinas, que valorizou a conquista. Das arquibancadas,  vi na geral o mesmo menino que estava comigo no dia que encontramos o Aguinaldo Timóteo  e ele acenou-me. Era uma noite de Sábado. E no gol do título, Gilson chutou duas vezes, até que a bola entrasse e o Maracanã virasse um delírio rubro, a começar por ele, que saiu correndo como um louco, pois naquele momento, todos sabíamos que o campeonato era nosso, com toda justiça, invictos. Sem conhecimento da festa que aconteceria na sede, voltei sozinho para casa, com a sensação e certeza de torcer pelo maior time do mundo. Anos atrás bati uma foto com a Taça, na sede. No mesmo dia que estive com  Romário,  na sua apresentação. Isso, porém, é outra história.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SEMIFINAL CONTRA O SÃO PAULO, 1986

 

Em 1986, o America realizou sua melhor campanha em campeonatos brasileiros, sendo eliminado contra o São Paulo e ficando entre os quatro melhores, sendo,   num ano em que o atacante Careca estava iluminado  e conduziu o triclor Paulista ao título,: porém,  contra o America no Maracanã, o juiz validou um gol muito estranho em que só o árbitro viu, com certeza, a bola entrar. No primeiro jogo, o São Paulo venceu por um a zero e, no segundo, com o Maracanã lotado e vibrante, houve um empate de um a um e foi uma emoção extraordinária ver o estádio, além da massa americana como nunca tinha visto igual, colorido com faixas e bandeiras de torcedores de Flamengo, Botafogo e Fluminense nos apoiando; a Inferno Rubro, onde eu estava, comandava a massa com gritos de "Vamos A La Playa Oh Oh Oh Oh, Vamos A La Playa Oh Oh Oh ".  Era comovente ver o Rio vibrando com o America.  Creio que time algum do mundo é capaz de tamanha façanha de ser querido até pelos rivais. O Maracanã tremia e o público anunciado no placar eletrônico de cinqüenta e tantas mil pessoas foi estrondosamente vaiado. A torcida do São Paulo ficou num canto, valente, mas acuada. A rivalidade entre cariocas e paulistas é grande e o America leva a emoções extremas; o jogo terminou empatado e o valente time de Pinheiro foi aplaudido de pé, apesar da tristeza. Por pouco não chegamos, muito pouco. Hoje relembrando, parece um sonho bom de outro mundo.  No ano seguinte, as forças obscuras do futebol criaram o clube dos treze, rebaixando o America na caneta e descaracterizando o campeonato brasileiro, que nunca mais teve a mesma graça.  Tiveram a cara de pau de não incluírem o America, um dos fundadores do futebol no Brasil, entre os "grandes".  O Mecão, que nunca tinha sido rebaixado, tendo em 1979 em Cesar o artilheiro da competição. Como me disse um alvinegro que viajava comigo meses atrás pelo interior de Minas, "O America é roubado até fora de campo".  Depois de sabotarem o America dessa forma, desiludido, aos poucos fui abandonando os estádios, indignado. Foi meu exílio do futebol e os anos noventa foram sombrios. Dedicava meu tempo a ler poetas e filósofos sombrios.

 

 

 

 

 

 

 

O CHAMADO

 

 

No livro Campos Salles, 118, A Bíblia Americana, obra fundamental mesmo para ser lida por qualquer pessoa que queira conhecer os primórdios do futebol brasileiro,  é dito que os clubes, assim como as pessoas, tem uma predestinação. Estava afastado fisicamente do America, sem ir aos estádios, enojado que fiquei depois que criaram o clube dos Treze; ia pela Rua São Januário, com a camisa do clube, ainda da conquista da Taça Dos Campeões, que tem o número nove as costas. Camisa essa que é minha amiga guerreira até hoje e foi comprada no Maracanã. Nisso, passa um sujeito  de bicicleta e para um pouco mais a frente do caminho que eu ia, ficando  a minha espera.

 

--- Você é America? Perguntou-me com um grande e simpático sorriso.

--- Sim, mas tem tempos que não vou a jogos:  perdi o gosto depois que rebaixaram a gente na caneta por obra do clube dos treze. Fiquei desiludido.

Ele contou-me que era professor de educação física no Vasco Da Gama e pediu que eu fosse ao clube,  pois o Dario estava promovendo um almoço mensal para os torcedores.

Despedimo-nos.

Ele partiu na sua bicicleta e fiquei feliz de encontrar aquele americanos dos bons no caminho. Anos depois, já sendo ele meu amigo, pude reconhecê-lo no documentário “America, Unido Vencerás que pode ser visto no Yutube. Lá estava tocando bumbo no Giulite Coutinho vazio, com outros heróicos americanos, que ousavam acompanhar aqueles times medíocres da década de noventa, uma das piores de nossa história. 

 

 

 

 

 

 

CRÔNICA DE UM AMERICANO

(Publicado nas vésperas da final da Taça Guanabara de 2006)

 

“Naquele canto está faltando eles e a saudade deles está doendo em mim”. A paródia da música feita pra Jacob do Bandolin por seu filho Sérgio Bitencourt, poderia,  ritmo e letra, se ajustar para a volta do America, o verdadeiro mais querido do Brasil, ao seu lugar no Maracanã; a volta dos torcedores rubros, sempre fortes, valentes, aguerridos e surpreendentes, tradicionais como o próprio estádio. Eu cresci, antes que os cartolas quisessem roubar o brilho do America, rebaixando um dos vinte maiores clubes do Brasil, indo ver os clássicos do time no estádio e não apenas os clássicos cariocas, uma vez que o Maracanã era o segundo estádio do Mecão, depois do Andaraí, onde recebíamos os adversários do campeonato brasileiro em jogos memoráveis;e o America, bem , sempre teve seu espaço sagrado ocupado e defendido por sua torcida. Sempre. E na maioria das vezes sempre ganhou no grito, mesmos estando em menor número, levando os torcedores adversários a se perguntarem, perplexos, ---“Como pode?” A torcida do America impressiona e comove. Foi muito mágico,  depois de mais de uma década em que eu não ia ao estádio, exilado que o time ficou no Brasil pelos pilantras do futebol, ver o nosso lugar de sempre lá: velhos e novos torcedores tomando feliz sua cervejinha, o estatutário vermelho que sempre deixou o estádio muito mais bonito. Foi uma volta romântica; lindo ver o brilho nos olhos dos torcedores parecendo crianças. Uma volta a memória dos meus tempos, nem tão longe, de menino fanático, quando estava lá em todos os clássicos, enfim, em quase todos os jogos. Sou um sujeito sensato em geral, menos quando se trata do America. O Mecão me tira realmente do sério; minha sanidade fica comprometida, o equilíbrio precário. A saúde e a vida correm riscos. Por isso, vou tomando a água sagrada, para ver o verdadeiro mais querido do Brasil. È meu anestésico no estádio. Foi bom ver meus irmãos de vermelho, porque torcedores do America são como um seita seleta, invadindo o estádio numa segunda-feira depois da década de ostracismo para dizerem “Nada Mudou”. Curioso é que ninguém parecia velho, passados mais de dez anos. Pareciam todos crianças. Mesmo a nossa Velha Guarda. Aliás, o grande medo da cartolagem é a grandeza do America. Foi preciso corrupção para afastá-lo do melhor do mundo; a verdade é essa. Depois que quiseram nos afastar, o Maracanã diminuiu de tamanho. Praga dos Deuses. A decisão  da Taça Guanabara contra o Botafogo é a mais romântica desde os anos setenta, quando o America disputava a competição como favorito. Pequena e medíocre é a cartolagem, os comerciantes nefastos do futebol e seus negros juízes e os outros. A verdade é que aquele canto do Maracanã é nosso. Sempre foi e sempre será. E nós estamos voltando. Quem quiser que veja o jogo Domingo, o Jogo Do Século. “Alô torcida do America, aquele abraço!”. O Maraca é nosso. “Hei de Torcer, Torcer, Torcer, hei de torcer até morrer, morrer, morrer, pois a torcida americana é toda assim, a começar por mim”...

 

 

O ano era 1978. Nesse tempo, futebol era algo que tinha importancia para mim. Mas eu era um menino, e como diz São Paulo, quando crescemos deixamos certas coisas de lado; no caso do futebol, e´bom que eu o tenha extirpado de meus interesses. Hoje acho graça quando vejo adultos, fora os que ganham algo com esse esporte, que e´um negocio como qualquer outro, ficarem parados na televisao vendo vinte e dois homens correndo atras da bola.
Nesse ano, merecidamente, o time Argentino de, entre outros, Mario Kempes, sagrava-se campeao mundial. Ali naquela festa popular de bandeiras azuis e brancas, senti, pela primeira vez, uma estranha ternura e respeito pela Argentina. Era como se fosse um pais impar, diferente de tudo e de todos no planeta. Parecia-me que aquele povo orgulhoso formava uma comunidade fechada dentro da America latina, sem nenhum complexo de inferioridade diante da Europa. Os anos foram passando, mudou o mundo, mudei eu, mas esse respeito e essa ternura pelo pais azul e branco continuou.
Quando veio a crise Argentina e vi seu povo lutando para manter sua dignidade, chorei como um menino. Muito. A emoçao e´algo que não se explica. Sente-se, apenas.
As lagrimas, como entende-las?
Minha tradutora atual para o Espanhol, uma Argentina que ainda sequer vi o rosto, escreve-me que esta chorando porque passou o dia inteiro trabalhando na tradução dos meus textos e seu irmão apagou tudo, mas promete que em breve estará´tudo “listo” novamente e nas minhas mãos em breve.
Nasci, por acidente geográfico, distante do meu pais, a Espanha. Essa nação louca e diferente, tanto nas qualidades quanto nos defeitos. A hispanidade e´uma fatalidade apaixonada que ninguém escapa.




ESBOÇO DE UM CONTO QUE UM DIA, COM MAIS TEMPO, DESENVOLVO – FICÇAO PARA DISTRAIR A BELA

Idade media, tempo da inquisiçao. Silvia era injustamente acusada de bruxaria, sofria processo do Estado e da igreja... na fronteira da França com a Espanha, Javier, na época chefe da cavalaria, nobre influente, livrou-a da infame acusaçao de heresia dando alguns de seus condados ao clero. O mundo estva em guerra e Javier jamais entregaria o coraçao. Salvar aquela jovem Marselhesa foi um dos poucos atos de amor que sua vida conheceu. Nunca mais a viu, depois que ela pode cruzar a fronteira, mas a imagem daquela mulher mistica jamais se apagou de sua alma. Naqueles tempos,a s guerras eram travadas com espadas, e ainda existiam cavaleiros...
Tempos atuais, 2003.
Em um pais qualquer da America do Sul, Javier sofre com a pobreza, a injustiça e a ausência de um exercito que o defenda. As lembranças de combates travados por sua pátria, o tornava nostálgico. Onde estavam aqueles risos? As noites de vinhos com os amigos? E a língua que falava hoje, tão diferente do seu galego... Não sabe lutar com as armas infames desse tempo... estranha suas vestes...
Andava cansado de viver, ate´que um dia, num Domingo qualquer, entrando numa tristeza profunda, Javier parecia so´ver o fim, foi quando uma mensagem de Silvia o resgatou do abismo. Milagres da era tecnológica. E de uma mulher com a bençao dos tempos...












Muitas vezes, cruzamos com pessoas que nos despertam sentimentos ternos ou violentos e mudam nossas vidas; nós que escrevemos, tendemos a tornar as coisas maiores ou melhores do que são, em verdade. Assim é que Andressa é o nome que dei a uma dessas pessoas. A experiência já ensinou-me a ser precavido com as pessoas e as paixões; o cérebro já entendeu, mas de vez em quando o coração canta sua música e nos desconcerta pedindo expressão. Esse é meu sétimo livro; continuo desconhecido da grande mídia; tenho três amigos, se muito; muitos conhecidos. Porém continuo entregue a Deus. Para mal ou para bem, as pessoas nos surpreendem sempre; então é necessário que sigamos em frente, levando nosso barquinho pelo mar tempestuoso da vida. Decidi relatar certas experiências espirituais e revelações que passei porque acredito que a humanidade está carente delas e gosto de compartilhar; apenas por isso; nunca fui exibido; e hoje em dia, se me perguntassem qual a coisa mais importante do mundo, eu diria sem pestanejar: dinheiro. Depois de Deus, é claro. Mas o nazareno disse há dois mil anos que o reino dele era de outro mundo, não deste. E embora com toda essa obra, descobri que a fama é a única maneira de um escritor ser entendido ou protegido. Sem ela, passamos por idiotas com incrível facilidade. Deixam-nos sozinhos. Tentam jogar-nos para debaixo do tapete. E hoje em dia, o que temos que fazer é apoiar o que as pessoas tem de melhor; só nós podemos nos curar. Temos que ensinar arte às crianças, cidadania aos jovens, dar amor aos velhos, amparo aos fracos. A responsabilidade humana pelas pessoas é nossa. Vejo muito gente que não ama, pedindo amor; gente sem trabalho que não anda; gente solitária com gordas aposentadorias que são incapazes de visitar um asilo ou orfanato. Certa vez, no tempo que estava para sair do país, encontrei uma menina linda em São Paulo, dezessete anos, uma filha, abandonada pelo namorado, humilhada pelo pai e procurando emprego. Ter lhe pago um almoço e passado horas com ela, conversando, foi uma das maiores sensações que tive na vida; percebi, ali, que ela estava me dando a oportunidade de aprender.
- “Você é legal, pensa nos outros, mas está sozinho”. Disse-me na ocasião. Sim, ela percebera minha Ilha interior. Quanto podemos pagar por aqueles que nos olham nos olhos, nos dizem palavras essenciais e nos protegem da solidão? Qual é o preço do amor? Qual é o preço do amor? Se houver aí alguém que possa dizer-me, que se habilite. Todos queremos ser amados, mas precisamos amar; todos queremos ser reconhecidos, mas precisamos reconhecer; não queremos ser solitários, mas precisamos chegar perto. Espero que eu não seja o único homem desse país preocupado com nossos mais jovens, desempregados e velhos. Escrever é a minha maneira de pedir socorro, protestar e dizer que amo. Como todas as pessoas bem intencionadas, sofro com as circunstâncias de hoje; mas sei que mesmo as paixões estranhas querem nos dizer algo. Eu sou um homem, errado ou certo, apaixonado, graças a Deus. Acredito que a falta de interesse pela vida e pelas pessoas é o que faz com que muitos adoeçam. O que nos cabe fazer, não o fará Jesus, Buda ou os discos voadores; mais importante que nossos deuses é a caridade para uns com os outros.

21/07/2002













Certa vez, tendo passado para o mundo espiritual, um certo praticante que falava bonito, vestia-se de acordo com as normas da religião, não entendera porque fora desprezado pelo seu mestre como indigno e perguntou-lhe onde estava seu erro, pois era obrigado a reencarnar.
- Lembra aquele pintor que cruzou seu caminho oferecendo-lhe um quadro? E Você disse que estava com o dinheiro das ofertas preparado para mim? Desde quando eu preciso da sua bondade?
Vai lá e volte para aprender o caminho do meio.
Esqueça dos Deuses quem não aprendeu amar e proteger seu próximo. Quem não serve à terra, ao céu muito menos.






































O PEQUENO BUDA



Em determinado momento da minha busca, foi-me revelado espiritualmente minha natureza e origem: sou um Tulku. Uma alma dos Budas. Nascido para ajudar na regeneração espiritual do Brasil e da humanidade. Daí, para a curiosidade de quem me cerca e se surpreende, a explicação de certa aura positiva misteriosa em mim - que fique longo entendido sua essência então. Sou a reencarnação de um Lama. Isso não apazigua na minha vida atual meus conflitos e defeitos, medos e receios; apelo a todas as almas bem intencionadas, independente de credos, que espalhem amor e caridade pelo universo; afinal, todo dia é dia de contar e fazer uma história bonita. Somos todos turistas nesse mundo ( A frase é do Dalai lama) e foi nos confiado, nessa hora, trabalhar positivamente em atos, palavras e pensamentos a energia do universo, que anda doente além da conta. Talvez eu seja um mentiroso; talvez não. Cabe a vocês espalharem minhas palavras e obra aos quatro ventos; só desejo paz, amor e prosperidade a todos. Minha obra, já embora no sétimo livro, ainda não pôde ser ordenada tranqüilamente, pois as paixões pelas mulheres, a solidão e a necessidade de ganhar dinheiro ainda não deu-me paz para escrever com mais calma e menos erros. Mas talvez seja assim, num mar revolto, porém apaixonado, a coerência dos tempos; o que a alma do mundo passa, também passo. Que Deus abençoe a todos.

20/07/2002


A REVELAÇÃO





1

Em uma noite, em sonhos, vi-me juntos com monges budistas, pobres e mal vestidos; parecia as margens do Rio Ganjes na India, mas não tenho certeza. Um deles dizia que eu teria que voltar ali para pagar um tributo. Acordei sobressaltado porque a veracidade e estranheza do sonho eram contundentes. Não lembro nessa época como estava minha relação com a espiritualidade. Até porque durante alguns anos da minha vida, descri.


2


Em fevereiro de 1998, durante um retiro espiritual de três dias com a monja americana Padma Dontrub, a prática de gzogtchen e o Budismo Tibetano chegou até a mim. Passou-me um conhecimento valioso, que hoje é um tesouro da alma.

 

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui