Quando ameaçados de invasão pelas águas dos rios ou do próprio oceano, costumam os humanos erguer barreiras que possam significar seguro empecilho para as inundações.
Certamente, os prezados leitores devem estar supondo qual o ponto da comparação; devem estar imaginando que iremos descrever as mazelas e viciações dos encarnados como águas agitadas e ameaçadoras a devorar as terras, as plantações, as casas e cidades morais dos seres encarnados, sem que estes coloquem qualquer obstáculo ao avanço terrível das malignidades. Certamente terão razão, pois foi assim que procedemos em vida. Ameaçados pelas águas, construímos diques; invadidos pelos vícios, comprazíamo-nos neles, hibernando serenamente, despreocupados com as ruínas morais em que nos espojávamos.
Se soubessem os compatrícios quanto desespero nos trouxe essa atitude de desmazelo espiritual! Quanto sofrimento nos causaram aqueles momentos de despreocupação e loucura! Se pudessem saber...
Se soubessem, certamente não promoveriam o mesmo descalabro, mas se ergueriam vigilantes contra todo arremesso das águas impuras da prepotência, da arrogância, do ódio, do crime da omissão, do pecado da ação deletéria contra a pessoa de nosso irmão ou contra o seu patrimônio físico e moral.
Ponham, caros patrícios, um dique à frente dos impulsos inferiores. Ergam muralha de amor, de fraternidade, de fé. Castiguem os arremessos voluptuosos. Sofreiem as ganâncias materiais. Vigiem o coração insatisfeito com as condições de vida atuais, sempre desejoso de mais e mais conquistas no campo da matéria. Ergam dique de amor, de trabalho honesto em prol do irmão desvalido, dique de fé na benignidade do Pai.
Façam como nós: inscrevam-se em escolinha de evangelização, sigam as orientações dos irmãos mentores, estudem os Evangelhos, espelhem-se nos exemplos de Jesus e comecem a pautar as atitudes pelas virtudes, cerceando todo desejo indigno, refreando-o segundo os mandamentos das leis de Deus.
Muitas recomendações mais teríamos para fazer, mas seria afoiteza nossa, que não tivemos oportunidade até aqui de realizar totalmente tudo aquilo que pregaríamos. Nossa alegria maior seria conseguir de alguns leitores que nos acompanhassem os passos na senda do saber espirítico, crescendo conosco, ao mesmo tempo, rumo à concretização dos ideais evangélicos. Vamos tentar?
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