CANTOR DA NOITE
(Poema em homenagem aos Cantadores da Noite)
José Virgolino de Alencar, Janeiro/2003
Sou cantor da noite,
Da noite fria, da noite quente,
Da noite alegre, da noite triste.;
Na noite desfila muita gente
Que teimosa não desiste
De curtir o máximo as emoções
Que fervilham nos seus corações.
Sou cantor da noite,
Noite escura, noite clara de luar,
Com brisa fresca, soprando um vento
Que bate com a força do açoite,
E leva o casal amante a se aconchegar,
Buscando viver aquele doce momento
Como se a vida não fosse mais acabar.
Cantando na noite eu vejo
O movimentar frenético das pessoas
Que exibem no semblante o desejo
De embarcar em loucas aventuras,
Esquecer passados de angústia e dor,
Consolar-se nos braços de um novo amor,
Vacina eficaz contra as amarguras.
Cantando na noite eu ofereço
Canções com um toque de melancolia,
Fazendo lembrar que a tristeza
Foi a má companheira um dia,
Dia em que um amor foi embora,
Como que levado pela correnteza
Para bem longe, rio abaixo, mundo afora.
A noite, dizem, é uma criança.;
Mas há noite em que tudo parece
Cheirar a mofo de trastes desprezados,
Trastes que se gosta e que se esquece
Jogando-se para lá, abandonados,
Num recanto onde, antigamente,
Tudo era festa, alegre e efervescente.
Há também, na noite, gente de alto astral,
Gente se esmerando em declarar amor,
Gente feliz, encontrando amor,
Gente eufórica, renovando amor,
Gente com motivo para cantar,
Então canto pra essa gente se alegrar.;
Finda a noite, em paz dormir eu vou.
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