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Artigos-->SANTO GUERREIRO -- 14/12/2011 - 21:11 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SANTO GUERREIRO

Quando a Santa Madre Igreja tornou-se, oficialmente, a principal

religião do Império Romano, no mandato de Constantino, o Grande, – em

latim, Flavius Valerius Constantinus – no século IV, dC, o cristianismo

ainda não tinha santos para venerar. Os romanos eram idólatras. Assim,

para substituir os inúmeros deuses romanos, gregos e outros, no ano 370

dC os bispos Basílio de Cesareia e Gregório de Nazianzo começaram a

introduzir o culto aos santos, tornando o catolicismo uma religião idólatra

para contentar “gregos e troianos”, principalmente Roma e os outros países

ocupados pelo poderoso império.

Entre as centenas de santos e santas, reconhecidos e sagrados pela

Igreja Católica Apostólica Romana, vamos nos ater ao venerado guerreiro

São Jorge, lendário em sua montaria, capacete, armadura e lança, matando

um dragão, que representava o mal (o demônio) que, infelizmente,

dominava e ainda domina o mundo.

De acordo com a lenda, São Jorge nasceu em 275 dC na Capadócia,

região central da Anatólia, atual Turquia, e faleceu como mártir cristão em

23 de abril de 303 dC. Além de soldado do império romano no exército do

imperador Diocleciano, foi padre do cristianismo ainda oculto.

São Jorge é um dos santos mais venerados no catolicismo, tanto na

Igreja Católica Apostólica Romana e na Igreja Ortodoxa, quanto na

Comunhão Anglicana.

Imortalizado nas diversas versões do conto da princesa, em que ele

mata um dragão ou um grande crocodilo de fogo para salvá-la, foi também

um dos catorze santos auxiliares da Igreja Católica.

Depois da morte do pai, em batalha, São Jorge mudou-se, ainda

criança, com a mãe, para a Palestina.

De família abastada, foi criado com esmero e carinho. Ao atingir a

adolescência, entrou para a carreira das armas – a que mais satisfazia a sua

índole combativa. Promovido a capitão do exército romano pela sua

dedicação e habilidade, recebeu do imperador o título de conde da

Capadócia. Aos 23 anos passou a morar na corte imperial, em Nicomédia,

exercendo a função de Tribuno Militar.

Nessa época, a mãe faleceu, deixando-lhe a maior parte da sua

riqueza.

Porém, ao ver de perto tanta crueldade cometida pelos romanos,

principalmente contra os cristãos, achou conveniente converter-se e, além

disso, distribuir toda a sua fortuna aos pobres.

O imperador Diocleciano pretendia matar todos os cristãos. No dia

marcado para o senado romano confirmar o hediondo decreto imperial,

Jorge levantou-se no meio da reunião e se declarou espantado com aquela

decisão. E sugeriu ao senado que todos os romanos se convertessem ao

cristianismo.

Os presentes, inclusive o imperador, ficaram atônicos ao ouvir tal

declaração de um membro da suprema corte romana.

O tribuno Jorge defendia com ardor e grande ousadia a sua fé em

Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem de sua conversão,

Jorge prontamente respondeu que era por causa da Verdade. O tal cônsul,

não satisfeito, quis saber o que era a Verdade.

Jorge respondeu-lhe:

– A Verdade é meu Senhor, Jesus Cristo, a quem a nobreza do

império romano persegue! E eu sou mais um servo de meu redentor, Jesus

Cristo, e Nele confiando me coloquei no meio de vós para dar testemunho

da Verdade.

Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou

fazê-lo desistir de sua fé, torturando-o de várias formas.

Ao fim de cada tortura, ele era levado ao imperador, que lhe

perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos romanos,

principalmente o deus Sol.

Mas Jorge reafirmava a sua fé. Aos poucos, seu martírio foi

chegando ao conhecimento dos cristãos, e muitos romanos tomaram para si

o flagelo imposto ao jovem soldado – inclusive a esposa do imperador, que

se converteu ao cristianismo.

O imperador Diocleciano, não tendo obtido êxito, mandou degolá-lo

no dia 23 de abril de 303 dC, em Nicomédia.

Considerado um dos mais proeminentes santos militares, sua

memória é celebrada no dia 23 de abril, e também em 3 de novembro,

quando se comemora a reconstrução da igreja dedicada a ele na cidade de

Lida, hoje Israel, para onde foram levadas as suas relíquias, num suntuoso

oratório aberto ao povo, erguido a mando do imperador Constantino I, após

a sua conversão ao cristianismo, duzentos anos depois.

Em meados do século V já havia cinco igrejas em Constantinopla

dedicadas a São Jorge. No Egito, nos primeiros séculos após a sua morte,

construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos consagrados ao mártir.

Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo, na Grécia e em outras

localidades do Oriente Médio, São Jorge foi inscrito entre os maiores

santos da Igreja Católica.

Entre a Idade Média Baixa, Alta e o mundo moderno, a fama do

Santo Guerreiro atravessou fronteiras, onde alcançou os seguintes títulos,

entre outros:

Na Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III, da

Alemanha, dedicou-lhe uma Ordem Militar. Em Portugal, desde Dom

Nuno Alvares Pereira, o santo é considerado padroeiro do país e do seu

exército. Na França, Gregório de Tour era conhecido por sua devoção ao

santo cavaleiro. O Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa

Clotilde, mandou erguer vária igrejas e conventos em sua honra.

Na Inglaterra, São Jorge teve papel mais relevante. O monarca

Eduardo III colocou sob a sua proteção a Ordem da Jarreteira, fundada por

ele em 1330. Por considerá-lo ícone dos cavaleiros medievais, o rei inglês

Ricardo I, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São

Jorge padroeiro daquelas expedições, que tentavam conquistar a Terra

Santa dos muçulmanos.

No século XIII, a Inglaterra já celebrava o dia dedicado ao santo.

Assim, em 1348 criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Os ingleses

adotaram-no como padroeiro do país, imitando os gregos, que também

trazem a cruz do santo em sua bandeira.

Antes da revolução comunista na Rússia, o patrono de Moscou

também era o santo guerreiro.

Nas artes visuais, São Jorge foi amplamente divulgado. Em Paris, no

Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael, São Jorge Vencedor

do Dragão. Na Itália existem alguns quadros célebres de São Jorge, sendo

um de autoria de Donatello.

A ligação de São Jorge com a lua é folclore puramente brasileiro.

Esta influência veio com as religiões e culturas africanas, cuja tradição diz

que as manchas vistas da terra, principalmente nas noites de lua cheia,

causadas por impactos de grandes meteoros na superfície lunar,

representam o milagroso santo, seu cavalo e sua espada, pronto para

defender aqueles que buscam a sua ajuda.

Na Bahia e em outros lugares do Brasil, em vários terreiros de

candomblé, o santo é sincretizado a Oxossi, o orixá das matas. Já na

umbanda, São Jorge é associado a Ogum, orixá africano a quem se atribui

os ensinamentos das técnicas da metalurgia. Nos terreiros brasileiros de

umbanda, é cultuado mais pela sua belicosidade. É protetor e guia das

demandas contra os fiéis.

Em São Paulo, o Parque São Jorge é a sede oficial do Sport Club

Corinthians Paulista, fundado em 1910. Assim, São Jorge é padroeiro do

Corinthians e de seus torcedores. No dia 26 de novembro de 1967 foi

inaugurada, na sede do clube, a capela de São Jorge. Atualmente, em todos

os dias 23 de abril acontece uma grande festa em homenagem ao protetor

de milhares de fiéis corintianos. Dentro da capela há uma imagem de São

Jorge talhada à mão, original do Vaticano.

Conta-se que ainda no império de D. Pedro II, no século XIX, as

procissões de Corpus Christi, na provinciana cidade de São Paulo, saíam da

antiga Igreja da Sé. O bispo caminhava sob o pálio, segurando o ostensório

com a hóstia sagrada, e a imagem de São Jorge vinha logo atrás.

Em uma dessas procissões, a imagem do santo guerreiro montado em

seu cavalo, matando o dragão com a lança – que pesava mais de cem quilos

– caiu do andor e matou um dos acólitos.

Abriu-se um inquérito na chefatura de policia, e o processo foi parar

no fórum, onde um juiz condenou o santo à prisão perpétua na antiga

Catedral da Sé.

Quando a catedral velha foi demolida para o alargamento do Largo

da Sé e a construção da nova catedral, a imagem de São Jorge e outros

objetos de arte sacra foram removidos para a Cúria Metropolitana.

Hoje, a imagem está no Museu de Arte Sacra, onde, apesar de preso,

ainda recebe visitas.

Em 1969, o Papa Paulo VI baniu do Calendário Litúrgico da Santa

Madre Igreja diversos santos, entre eles, São Jorge. A igreja só considera

santos aqueles cuja existência tenha comprovação, ou que não seja

acompanhado por lendas estranhas, como as do santo guerreiro. O Vaticano

continua aceitando a devoção a São Jorge e seu culto é reconhecido pelo

catolicismo. Assim, para a Igreja Católica, ele é considerado um grande

mártir, ou um santo menor.

Ao escrever estas linhas, em dezembro de 2011, o nosso querido e

amado Corinthians sagrou-se pentacampeão dos campeonatos brasileiros de

futebol, graças ao poderoso time e à sua fiel torcida. Para nós, o Timão é

uma religião abençoada por São Jorge Guerreiro.

Viva São Jorge Guerreiro!

Viva Ogum da Mata!

Viva Ogum Beira Mar!

Roberto Stavale

São Paulo, dezembro de 2011

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