Hoje em dia, o homem procura ao máximo gozar a vida, na tentativa de demonstrar para os semelhantes que possui o dom inefável da sabedoria. Costuma expatriar-se até para usufruir com mais veemência os benefícios que as outras nações apresentam. São pessoas inteiramente voltadas para a matéria e alheias ao fato de que tudo o que nos ocorre na vida tem valor meramente espiritual e é reflexo claro da maneira mais íntima de ser. Os atos revelam o homem, que se compraz em se saber inferior, não abrindo mão jamais das vantagens que tem em relação ao conjunto da sociedade.
Homens existem, é verdade, que sabem compor a canção da vida com musicalidade refinada. Mas a maioria se espoja no batuque mais sensual e nos requebros mais carnais, certamente para prosseguir, sempre e sempre, nesse vaivém entre o báratro e a face da Terra, sem se atrever a enfrentar o trabalho da sublimação.
São os homens mais broncos do que verdadeiramente se julgam. Se têm algum mérito, correm para contar aos companheiros, desmerecendo até o que fizeram em momentos talvez de alguma lucidez. Esse desvario toma conta de muitos — da maioria, podemos dizer com certeza — e não são poucos os que se deixam perturbar pelas sandices e crendices dos que se afogam nos vícios.
Certamente, o sofrimento chega e a desilusão se renova. Mas os momentos de supremacia no gozo da vida fácil são os que perduram na lembrança desses espíritos, de sorte que o sofrimento de muitos anos é amargamente suportado na antevisão de mais outras oportunidades de voltar gloriosamente ao mundo dos encarnados. Se, por vezes consecutivas, conseguem obter corpos bem harmoniosos e saúde perfeita, são ainda mais arrastados por essa perspectiva de sobrepairar a dor e o sofrimento. O que para outros pode ser o sofrimento e a volta ao inferno, para aqueles é o próprio paraíso. Sendo assim, contentam-se em aboletar-se na carne por mais alguns decênios, já que esquecidos ficam os pregressos culposos, os martírios conscienciais. São pessoas de má-fé no âmbito da espiritualidade e de pouco discernimento no campo da matéria.
Suspendamos, irmãos, a pena aqui para não configurar situações em que se encaixem os leitores. Deixemos que cada qual reflita a respeito da atuação na presente vida, para que possam considerar a fidelidade aos preceitos do encarne. Se, por acaso, se ajustarem à descrição que acima oferecemos, podem também contar conosco para superação da atual condição. Basta que se concentrem com muita fé e lhes traremos inspiração para procedimentos mais justos e consentâneos com as virtudes que se requerem para definitivamente se fazer jus ao encaminhamento a esferas de menos sofrimento e de superior prazer.
O que agora pode parecer-lhes o que de melhor exista no universo, nada significa para os espíritos mais evoluídos que têm a primazia de partilhar de civilizações muito mais avançadas e equilibradas, onde o sofrimento e a desgraça não mais fazem parte do dia-a-dia. Receberão missões evangélicas de alta responsabilidade, mas não hesitarão em manifestar o sadio orgulho por merecer a confiança dos superiores e desincumbir-se-ão das tarefas com máxima eficiência, de sorte a proporcionar-se condições de melhoria, diante dos conhecimentos que adquirem e do bem que fazem. Essa a vida nos paraísos mais próximos de nossa realidade e nos quais ansiamos adentrar. Esse o retrato da felicidade verdadeira que queríamos mostrar ao homem de hoje, que nada mais vê senão o momento presente de esquecimento e alienação.
Graças a Deus, temos tido oportunidade de manifestar-nos! Não que sejamos muito diferentes desses seres a quem nos dirigimos e a quem enviamos as advertências, mas a simples noção do bem a adquirir já nos empolgou, de forma que, daqui por diante, não nos deixaremos arrastar mais pelas fantasias de grandiosidade material. Se merecermos a glória de voltar ao mundo da carne, procuraremos manter o padrão vibratório atual, para crescermos harmoniosamente nos ensinamentos de Jesus, de sorte que possamos vislumbrar mais cedo o momento de nos elevarmos para as esferas superiores. No entanto, de nada valerá qualquer esforço, se não conseguirmos fazer chegar aos companheiros a noção do verdadeiro estágio em que se encontram e se não fizermos que compreendam que é preciso que mudem de intenção e de roteiro de vida.
A nossa energia é bem pouca e o nosso desejo de ajudar é muito grande. Graças a Deus, conseguimos chegar até aqui! Esperamos que nossas palavras não tenham sido em vão.
Ao amigo que registrou o ditado, afetuosos agradecimentos. A ele, o abraço comovido e a esperança de que saiba ponderar a respeito de suas atitudes de vida.
