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Ensaios-->20. COM O CORAÇÃO NA MÃO -- 03/10/2003 - 06:37 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Com o coração na mão, vindes pedir ao Senhor que vos amenize o sofrimento. Com que méritos e com quais apanágios? Vós tendes a vida boa, confortável. Se, por pouco mais de aflição nos negócios não realizados segundo a expectativa, hesitais e vos desiludis da divina justiça, que faríeis se vos vísseis na mísera condição daqueles pobres infelizes que se espojam nos lodaçais dos vícios e já desacreditaram totalmente de Deus e da sorte? Viríeis com o coração na mão ou vos contentaríeis em conquistar miseráveis regalias, no desconforto geral de vida inteiramente dedicada ao pecado? Se tendes firme o coração, se mantendes o domínio da mente, não titubeeis em agradecer os desajustes como dádivas do Pai e enfrentai as pequenas desilusões com altanaria e sabedoria.

Pequenos desgastes morais, arestas a serem aparadas. Grandes infortúnios, provas a serem vencidas. Nada deve ser deixado ao acaso da fatalidade ou ao conformismo da desesperança. Quando tiverdes ensejo de testemunhar Jesus, agradecei também a oportunidade de comprovar a fortaleza de vossa compreensão e de vossa aceitação, esforçando-vos por superardes as provações com ânimo forte, temperado nas ásperas mas profundas lições de procedimento que o evangelho nos oferece.

Nada mais duro que ver o trabalho da vida inteira ser relegado ao esquecimento dos homens. Pois foi assim que sucedeu ao Cristo, o qual, embora sabendo-se desamparado e até mesmo negado por quantos ele próprio havia escolhido como discípulos queridos, elevou a voz ao Pai, pedindo-lhe toda a compreensão para o humano desarrazoado, argumentando que, pela natureza deles, não sabiam o que faziam.

Mas vós bem podeis ponderar a respeito do pouco que vos afeta. Se o Cristo, no apogeu do martírio, soube conduzir com segurança o pensamento, argüindo — é bem verdade — ao Pai, a razão por tê-lo abandonado, o que lhe parecia no desamparo total da crucificação, então será plausível que nós contenhamos a dor moral nos limites da apreensão, jamais chegando ao desespero e à angústia. Com dosagem mínima de boa vontade e de compreensão, com pontinha de colher de pozinho de fé e confiança na verdade e na divina justiça, saberemos contornar os problemas que nos atingem, pois, por mais penosos se nos apresentem, são mínimos diante da excelsitude da benignidade de Deus.

Fiquemos, pois, prontos e atentos para não escorregar diante de nossa fraqueza. Transformemos os tropeços em vitórias, ultrapassando os limites da atual esfera de compreensão, alargando os horizontes da eterna ventura de viver e, com o coração na mão, apresentemo-nos diante do Senhor para agradecer-lhe todos os benefícios de que constantemente somos alvos e nunca para rogar-lhe que faça o nosso trabalho diante de pequenas incertezas e inquietudes.

Saibamos fixar a compreensão do existir na augusta presença dos amigos da espiritualidade superior, seres de inefável sabedoria, fruto de muito estudo e dedicação ao trabalho, pois, sem esforço, nada conseguiremos em nosso caminhar. Tragamos, sempre, Jesus no coração para obter o conforto moral necessário para tranqüilizarmo-nos nos momentos de infortúnio e amenizemos o sofrer com a sabedoria de suas palavras, quando nos prometeu que um dia repousaremos ao seu lado direito, no banquete da vida eterna.



Comentário

Mais um irmão da “Equipe Arquimedes” interessado em estimular o bom procedimento do leitor diante dos pequenos reveses da vida. Todo seu discurso se fez nesse sentido, mas devemos ressaltar trecho em que fez referência à palavra do Cristo na cruz.

Bem poucas pessoas conseguem entender o porquê de o Cristo ter argüido o Pai de tê-lo abandonado naquele momento crucial. Em primeiro lugar, é preciso enfatizar o fato de que as palavras do Cristo podem não ter sido exatamente aquelas que se registram em “Mateus” e “Marcos”. Pode ter ocorrido falha de captação da mensagem mediúnica no momento da transmissão das idéias reveladoras da presença do Cristo na cruz. Em segundo lugar, mesmo considerando boas as interpretações correntes, segundo as quais o Cristo tinha de enfrentar sozinho o transe da morte e, por isso, foi deveras abandonado por Deus à condição humana, ainda assim, fica-nos a incerteza de que Jesus teria tido algum titubeio em sua fé. Isto seria menos compreensível, dado ter chegado ao ponto de dizer aos que, ao seu lado, se desligavam do arcabouço material que, naquele mesmo dia, estariam no céu, ao lado do Pai. A terceira hipótese, e mais viável, será a de que Jesus tudo fez no momento supremo para configurar junto aos mortais a sua pessoa humana e não divina, como se acreditaria mais tarde. Em antevisão das errôneas interpretações de suas palavras de que era filho de Deus — o que já ocorria com dupla significação para prejudicá-lo —, demonstrou, no apogeu do sofrimento, que o humano devir se encerra no ciclo mesmo da carne, o que transformaria a sagrada interrogação em definitiva lição de desapego: 'Pai, por que me abandonastes?' não seria propriamente pergunta mas exclamação eufórica: 'Pai, eis por que me abandonaste!', subentendendo: 'Finalmente eu o compreendo inteiramente!'

Para que não suscitassem dúvidas no espírito do leitor, “Lucas” e “João” não agasalharam a expressão embargada do Cristo, preferindo consignar em suas páginas palavras de maior fidelidade de Jesus ao Pai.

De qualquer modo, porém, fica-nos a alternativa de que o Cristo poderia até não ter expressado exatamente aquele sentimento de solidão diante da existência, que seria a fiel interpretação da indagação, mas que se teria, sim, dada a enevoada condição da mente perturbada ao máximo pela opressão física, manifestado no sentido de propor ao Pai que o sofrimento representasse a dor da humanidade, fundamento iniludível da era cristã, que se estabeleceria a partir de então. Isto significaria, certamente, a derrogação da lei por Deus instituída de causa e efeito, derrogação que o Cristo não proporia em condições absolutamente normais. Teria sido o estertorar do moribundo que oferecia a vida em troca da salvação dos semelhantes. Proposta sublime mas inconsistente e que, no entanto, vazou para o coração de tantos homens incautos que, baseados no sofrimento de Jesus, mais tarde viriam a solicitar do Pai as benesses do sacrifício de outrem, como se todo crime já estivesse devidamente justificado.

Eis aí algumas observações que faríamos às considerações do amigo Augusto. A exegese evangélica não é de pequena importância. Aliás, é ela o fundamento da existência do pensamento cristão. Por isso, rogamos ao leitor, aluninho da escola da vida, que receba as ponderações com as devidas reservas, pobres espíritos que somos ainda muito longe de bem compreender a magnitude da presença de Jesus entre os mortais. Se de tudo que dissemos sobrar para reflexão do leitor o fato de que Jesus deverá ser o nosso guia maior, na sua expressão: O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA, ficaremos profundamente recompensados pela atenção que nos foi dedicada.

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