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Poesias-->OS LÍRIOS NEGROS DA TUA SAUDADE -- 26/01/2003 - 20:41 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) |
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chegam-me os lírios negros da tua saudade
queres de novo o dia incendiado de desejo
a noite acesa de taças e sorrisos
queres ser livre e estar contente
tu não me amas
sentes apenas falta de ti mesmo
de minha alegria em teus braços
da paixão que desejas retomar
na longa noite
em que te faltam suspiros
não sou a mesma, já te disse
não há mais em mim a doce surpresa do teu beijo
e busco em outro
um novo sonho
chegam-me os lírios negros da tua saudade
e são flores insanas, dolorosas,
sem perfume, como flores de um funeral
o funeral do amor
- amor magoado, descrente, hoje impuro
chegam-me os lírios negros da tua saudade
vem-me com as marcas do abandono
do silêncio
as marcas que trouxeste ao nosso caso
não vês quão doce era o sentir que tinhas?
não vês que havia delicada teia?
como pensaste que podias tratar esse amor
como uma coisa qualquer, que se retoma?
e agora, que sentes falta do amor que tinhas
eu, magoada, tento dar-te apenas meu sentir
- distante
porque há em mim ferida tamanha
há mágoas tantas
há uma desconfiança amarga
um medo da ausência
- não consigo amar assim
dou-te palavras
de amor e medo
de restos de madrugadas antigas
de taças vazias
de sorrisos perdidos
ah, homem, como perdeste esse rumo do destino?
como perdeste o fino fio do amor encontrado
como um tesouro raro?
para amar
preciso entregar-me a uma música do universo
é como se a noite se abrisse em lua dourada
e as doçuras da alma transbordassem
em sonhos lânguidos, irresistíveis
para amar
é como foi contigo
um encontro de almas que se atraem
por algo além daquilo que entendem
hoje, se te encontrasse, não sei o que faria
talvez fugisse
talvez imóvel
procurasse em teus olhos
aquele sonho que vislumbrei um dia
- será que encontraria
depois de tantas dores
tantas durezas, tantas loucuras?
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