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Ensaios-->OLGA - uma resenha-reflexão -- 09/09/2003 - 00:33 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O livro “Olga”, de Fernando Morais, vai muito além de reconstituir uma biografia deveras instigante. Através da trajetória de Olga Benário e de sua ligação com Luís Carlos Prestes, delineia-se aos olhos do leitor uma parte singular da história do século XX – a ação coordenada de diversos partidos comunistas, ao redor do mundo, em busca da tomada do poder político sob estrito controle da Terceiras Internacional Comunista, incontestavelmente ligada ao regime totalitário da URSS de Stalin – manifesta no cenário político brasileiro na malfadada Intentona Comunista de 1935.

A atuação política de Olga (e de Prestes, antes e depois de sua ligação com a militante comunista alemã) transmitem uma idéia, inequívoca, de voluntarismo político que, se impressiona por suas conquistas, ainda que limitadas, assombra pelo desconhecimento das condições políticas mais fundamentais que impediram que os projetos de ambos fossem bem-sucedidos. O fio condutor que une a Coluna Prestes, a Intentona de 1935 e a própria idéia de ‘revolução comunista internacional’ das primeiras décadas do século XX é a subestimação, deliberada ou não, das condições políticas que vigiam tanto no cenário internacional quanto no cenário político brasileiro, ambas francamente desfavoráveis à tomada do poder por partidos comunistas ou grupos revolucionários de projetos difusos, fossem ou não eles títeres do governo de Stalin. Não obstante o impressionante grau de planejamento e coordenação do aparelho comunista (oficial e principalmente clandestino) e o engajamento inegável da maioria de seus adeptos, o desconhecimento das relações políticas no cenário brasileiro e internacional, ou mesmo a carência de um planejamento estratégico que levasse a sério outros agentes que se opunham à ascensão do comunismo, levaram ao naufrágio dos citados projetos de conquista do poder político. Sabe-se, hoje, que Stalin não tinha entre suas metas a ‘revolução proletária mundial’, nem sequer uma Revolução de Outubro em outro lugar. A série de insurreições malfadadas dos comunistas nas décadas de 1920 e 1930 podem mesmo ter sido deliberadamente planejadas pelo líder soviético, quando sabemos que as revoluções comunistas que efetivamente seriam vitoriosas em décadas seguintes (China, Iugoslávia, Vietnã e Cuba) o foram sem apoio efetivo da União Soviética...

Por trás do pano das disputas políticas, a vida privada das personagens aparece, mesmo que de maneira tímida e pontual, com admirável precisão, revelando a presença das paixões humanas, propulsoras, ao menos em parte, de ações políticas tão arrojadas, conquanto temerárias. Enfim, a tragédia final que se abate sobre Olga, Prestes e seus companheiros é uma metáfora da situação política do mundo na segunda metade dos anos 30, na qual a situação internacional se deteriora a ponto de suscitar a mais mortífera e brutal das confrontações jamais vistas; da mesma forma, o nascimento da filha de Olga e Prestes num campo de concentração alemão representou uma fagulha de esperança para ambos, bem como o fim da Segunda Guerra acabou por suscitar esperanças de um futuro diferente e mais humano para a sociedade das nações...
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