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Ensaios-->CHINA. O Outro Lado da Muralha -- 03/09/2003 - 11:22 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

China. O Outro Lado da Muralha ( I )
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Não podemos colocar as coisas sobre o raciocínio simplório da generalização tendenciosa. Precisamos olhar as coisas de todos os ângulos. E com o pensamento elevado. Sem preconceitos ou interesses mesquinhos. Sou católico e acredito nos homens. Mas não posso deixar de registrar a parcialidade de alguns comentários que aqui aparecem na Usina, que mais parecem obsessão e paixão de torcedores de times de futebol ou de “fanzocas” de artistas de televisão. O que está em jogo, nestes tempos de intimidação, de opressão e de promessas de guerras não são os interesses deste ou daquele país. Mas a paz mundial, que interessa aos homens de bem deste planeta, independente de sua ração, credo, religião ou regime de governo.

Por isso, é preciso muito cuidado ao tecer comentários sobre questões que interessam à toda a humanidade. É prudente, pois, conhecer os dois lados da moeda. A tendência dos “capitalistas”, sem capital, é defender, com unhas e dente, o que eles chama de “liberdade” e de ”democracia”. Como se essas palavras fossem sinônimos de capitalismo. Como se no capitalismo não existissem mazelas. E como se em outros regimes, nada de bom pudesse ser aproveitado. O mito divulgado. O mito imposto. O mito que separa, desune e provoca o preconceito e promove a guerra.

A China é bom exemplo. Porque a China tem bons exemplos. Apesar dos maus exemplos que todos temos. Se não vejamos.

Convivem na China tradições milenares de ordem política, econômica e social de um regime comunista, instaurado com a revolução de 1949. O vocábulo China deriva da dinastia Qin (Tsin), ,fundadora do primeiro império chinês. Segundo a Nova Enciclopédia BARSA, A República Popular da China é o terceiro país do mundo em extensão, com cerca de 9.572.900 quilômetros quadrados de área. Menor apenas do que o território do Rússia e do Canadá. É, ainda, o território mais populoso do mundo. A história de sua civilização remonta a quatro mil anos, aproximadamente.

Sua topografia caracteriza-se pela imponência de suas cadeias montanhosas. As montanhas ocupam um terço do território chinês. Em função do clima e do tipo de solo, a China está divida em quatro regiões distintas: Região oriental, no leste do país, onde predominam as planícies de menores altitudes, inferiores a 200 metros. É a parte da China que é banhada por grandes rios caudalosos e que, por isso, oferece maiores condições de sobrevivência. “pois os solos férteis e o clima úmido favorecem a agricultura e permitem altos índices de concentração humana.” A planície do nordeste estende-se pela região histórica da Manchúria. É uma área muito fértil, circundada por montanhas antigas.” (...)
“No sul, encontra-se a grande planície, larga faixa de terra que se prolonga de Pequim a Xangai.”

Região Noroeste, de predominância dos planaltos. “O planalto de Xinjiang (sinkiang) divide-se em dois grandes conjuntos por uma cordilheira no sentido leste-oeste: os Tianshan ou montes Celestes, cuja altitude máxima ocorre no P)ico Pobedy (7.439m).”

A Região sudoeste, onde ficam os planaltos tibetanos, constituídos por um complexo relevo bastante acidentado e, finalmente, o litoral chinês. “De norte a sul, até a baia de Hangzhou, o litoral é baixo e arenoso, formado pelo transporte de matéria aluvial do rio Amarelo e do Yangzi ou Yangtze. Ao sul de Xangai, a costa torna-se muito rochosa, escarpada e recortada, e as reentrâncias montanhosas chegam até o próprio mar.”

A China possui imensa variedade de climas, seja pela vastidão de seu território, seja elevada altitude de algumas de suas regiões. Frio e seco, no inverno; e quente e úmido, no verão.

A flora e fauna chinesa variam segundo os tipos de solo e de clima. “No nordeste, as planícies apresentam estepe densa, enquanto as montanhas acham-se cobertas de bosques mistos de coníferas, carvalhos, bordos e bétulas. Ao sul, na grande planície, o bosque natural foi substituído ao longo de milênios por culturas agrícolas.”

“Na China central abundam espécies de grande valor econômico, como o bambu, o tungue e outras árvores de que se extraem óleos. Na zona tropical do sul são comuns as árvores de madeira rija, semelhantes às que ocorrem no Sudeste Asiático. (...) Nas zonas mais elevadas prevalece a flora do tipo alpino.” (...)

“A China é um país multinacional, tanto do ponto de vista étnico como do lingüístico. A população em sua maioria pertence ao grupo han (chinês), que apresenta, porém, características raciais variadas. “Os chineses do norte são mais altos e têm o rosto mais comprido que os do sul; estes, por sua vez, têm a pele mais morena que os do norte.
O resto da população compõe-se de 55 grupos minoritários, com tradições culturais, religiões e línguas próprias.”

“ Os idiomas falados na China provêm de quatro troncos: o sino-tibetano, o altaico, o indo-europeu e o austro-asiático. O idioma oficial, falado pela maioria da população, é o chinês, da família sino-tibetana, que apresenta diferentes dialetos regionais, embora todos utilizem a mesma escrita. Embora sua escrita (caracteres ideográficos) seja universal, a pronúncia varia segundo a região e existem oito dialetos ininteligíveis entre si, a maioria deles usada na faixa costeira do sul. A partir da década de 1950 o governo favoreceu o dialeto do norte, o mandarim ou pequinês, adotado nas escolas. Em 1979, a pedido do governo da República Popular da China, a imprensa de todo o mundo começou a empregar um novo sistema (o pinyin) para grafar os sons do chinês mandarim. Entre outras modificações, o pinyin, que utiliza o alfabeto romano, faz uso freqüente do x e do g, ao contrário do tradicional sistema Wade-Giles, e abole o hífen entre dois nomes personativos.”

“ O segundo tronco lingüístico, o altaico, divide-se, na China, em dois ramos: o turco, representado pela minoria uigur, e o mongol. Os outros dois troncos lingüísticos são minoritários. O tronco indo-europeu prevalece no noroeste com os tadjiques, enquanto o austro-asiático é representado pela minoria kawa, que habita o sul do país, na fronteira com Myanmar.”




“A China é um país de economia planificada, isto é, controlada pelo estado segundo os princípios socialistas. Com a morte do presidente Mao Zedong (Mao Tsé-tung), a economia passou por um processo de modernização e liberalização, visando mais eficiência e melhor aproveitamento dos recursos.” (...)

“O novo regime instaurado em 1949 procurou transformar a sociedade e a economia com a socialização dos bens básicos: a terra, a indústria e as fontes de energia. Eliminada a propriedade privada dos meios de produção, o objetivo seguinte foi o desenvolvimento produtivo e a industrialização, contando apenas com os recursos internos. Isso se realizou com a planificação da economia a médio prazo e com os planos qüinqüenais.” (...)


“Contudo, a partir de 1978, pouco depois da morte de Mao Zedong, a política econômica tomou novo rumo, cujo objetivo prioritário era modernizar o país. Deixou-se de lado o mito da auto-suficiência econômica e intensificaram-se as trocas comerciais com o Japão, a Europa e os Estados Unidos. Além disso, houve mudanças no sistema de gestão industrial e o sistema de comunas camponesas foi complementado com a criação de pequenos lotes privados.”

São enormes os recursos do subsolo chinês. A China possui uma das maiores reservas de carvão do planeta. As jazidas mais ricas encontram-se no norte, na bacia de Shanxi e no oeste de Shandong. “No sul da China, há pequenas explorações que alimentam a indústria da região. (...) “A produção atende às reduzidas necessidades internas e o resto é exportado. A eletricidade provém de grande número de centrais térmicas, hidrelétricas e nucleares. O subsolo chinês contém grandes reservas de ferro e manganês. Possui também abundantes jazidas de molibdênio, tungstênio, bauxita, cobre e estanho.”


A partir de 1842, o antigo artesanato chinês (tecidos, cerâmica, cristal) começou a ser complementado por uma indústria moderna que esteve em mãos de estrangeiros (ingleses, russos e japoneses) até a revolução de 1949.

Desde o começo, o regime revolucionário se propôs converter a China num país industrial. Nos primeiros dez anos, o apoio técnico e financeiro da União Soviética permitiu um vertiginoso desenvolvimento industrial, interrompido em princípios da década de 1960, com o fracasso do chamado 'grande salto para a frente' e o fim da ajuda soviética. Mesmo assim, em 1970 a produção industrial havia triplicado em relação à de 1949: a China tornara-se o país mais industrializado do Terceiro Mundo.

Depois da morte de Mao, e sobretudo a partir de 1978, observou-se uma clara evolução da política industrial, que se materializou na multiplicação das importações de bens de equipamento e de tecnologia e no estímulo à produtividade (diversificação de salários e atribuição de gratificações por desempenho).

“Na indústria mecânica tem destaque a fabricação de caminhões (fundamentais para o transporte, dada a insuficiência da rede ferroviária) e de tratores. As principais fábricas estão em Tianjin, Baotou, Xangai e Cantão. São também importantes as indústrias de construção naval instaladas em Lüda (Dairen) e Xangai; de material ferroviário, em Changzhou e Lüda; de material elétrico, em Harbin; e de equipamentos agrícolas, em Lüda, Pequim, Tianjin, Nanquim e Fushun.”

“A indústria química cresceu espetacularmente já na década de 1960, com a produção de fertilizantes e com a petroquímica. Pequim e Xangai são os núcleos onde se localizam os maiores complexos químicos. A indústria têxtil apresenta enorme volume de produção, atendendo a mais de um bilhão de pessoas. Seu grau de evolução tecnológica varia desde a manufatura artesanal até a tecnologia de ponta. Destaca-se a fabricação de artigos de lã, seda e algodão e, em menor grau, a de fibras sintéticas. Muito dispersos, os principais centros têxteis ficam nos núcleos mais povoados: Xangai e Pequim.”



Domingos Oliveira Medeiros
04 de março de 2003-03-04 Fonte: BARSA – Enciclopédia-2002
































China. O Outro Lado da Muralha - Parte II

“A civilização chinesa tem uma longa história, cuja principal característica foi, até o século XIX, a imutabilidade de determinados elementos como o cultivo de cereais, a escrita, a importância da família ou o culto aos antepassados. Assim como outros povos da antiguidade, os chineses pensavam que a melhor forma de viver não consistia em modernizar-se, mas em repetir arquétipos do passado. (...)


Sítios paleontológicos de Zhou Koudian (Chou Kou-tien), próximo de Pequim, demonstram a presença de hominídeos primitivos, os chamados sinantropos, há mais de 200.000 anos. São pouco documentadas as origens da civilização chinesa. Na Mongólia e na Manchúria desenvolveu-se uma cultura mesolítica de caçadores e agricultores no período pós-glacial. Em Linxia e Chifeng apareceram as primeiras colônias agrícolas sedentárias. No início do quarto milênio antes da era cristã, surgiu na fértil região do vale do Amarelo a civilização neolítica de Yangzhou, caracterizada pela pintura em cerâmica, pelo aperfeiçoamento das técnicas agrícolas (cultivo de cereais) e pela domesticação de animais.”

República Popular.

Durante os três primeiros anos do novo regime, presidido por Mao e com Zhou Enlai como primeiro-ministro, a China entrou numa fase de transformação econômica. Manteve-se o setor privado na indústria e, ao mesmo tempo, decretou-se uma reforma agrária.
Por outro lado, o novo estado socialista alinhou sua política externa com a da União Soviética e a dos países europeus do bloco soviético. Na Ásia, invadiu o Tibet em 1950 e logo enfrentou disputas com outros países vizinhos, como a Índia e o Paquistão. Em 1950, os chineses intervieram na guerra da Coréia apoiando o governo comunista do norte contra o do sul, respaldado pelas Nações Unidas.

Em 1952, a reforma agrária acabara com o sistema latifundiário e a economia se estabilizara. O governo nacionalizou as instituições financeiras e comerciais e, em 1953, pôs em marcha o primeiro plano qüinqüenal, inspirado no modelo soviético. O objetivo era acelerar o processo de industrialização e incrementar a produção, formando cooperativas agrícolas e industriais.

Em 1954 foi aprovada a primeira constituição do novo regime, que definia a China como um estado socialista, estruturado segundo os princípios do centralismo democrático. Em maio de 1956, iniciou-se a 'campanha das cem flores', que pretendia estimular a crítica dos erros do regime à luz dos postulados do marxismo-leninismo. Isso serviu para catalisar a insatisfação de alguns setores, o que obrigou a direção do partido a lançar uma nova campanha ideológica de cunho antidireitista.

Em 1958, os resultados favoráveis do primeiro plano qüinqüenal estimularam os governantes a iniciar um ambicioso segundo plano, que ficou conhecido como 'o grande salto para a frente'. Esse plano, que pretendia acelerar a implantação da sociedade comunista, abandonou o modelo soviético de progresso gradual e procurou alcançar seus objetivos mobilizando as massas. Os cidadãos eram enquadrados em comunas populares, em que a vida se tornava coletivizada em todos os seus aspectos. O resultado foi um fracasso contundente. Paralelamente, surgiram graves problemas internos e externos. Em 1959 houve uma sublevação no Tibet e, um ano depois, a China rompeu relações com a União Soviética.

Na década de 1970, a política internacional da China se orientou no sentido da distensão e da moderação. Essa nova postura criou condições para o ingresso do país nas Nações Unidas (outubro de 1971) e para a normalização das relações diplomáticas com muitos países capitalistas. Além disso, favoreceu a aproximação com os Estados Unidos, confirmada com a visita do presidente Nixon à China em 1972.
Em 1975 promulgou-se uma nova constituição, inspirada nos princípios da revolução cultural. Nesse mesmo ano começou uma nova campanha anti-revisionista, que culminou em abril de 1976 com a destituição de Deng Xiaoping, cujo protetor político, Zhou Enlai, tinha morrido em janeiro. O cargo de Zhou - primeiro-ministro, na prática o segundo posto em importância no país - foi ocupado por Hua Guofeng (Hua Kuo-feng).
Em 9 de setembro de 1976 morreu Mao Zedong, 'o grande timoneiro'. Um mês depois, Hua, o novo homem forte do país, encarcerou os elementos mais esquerdistas do regime, o chamado 'bando dos quatro' ou 'camarilha dos quatro', entre os quais estava Jiang Qing (Chiang Ching), a última esposa de Mao. Hua abandonou as críticas ao revisionismo e reabilitou Deng Xiaoping. A China entrava em uma era mais pragmática.
Instituições políticas


Sistema político.


A forma de governo da China ficou definida na constituição de 1954. As constituições posteriores (1975, 1978, 1982) só modificaram aspectos secundários, sem alterar a natureza do sistema político. Segundo a constituição, a China é um estado socialista. O poder legislativo cabe à Assembléia Popular Nacional, cujos membros são eleitos por sufrágio universal de cinco em cinco anos. A Assembléia se reúne uma vez por ano; seu presidente exerceu as funções de chefe de estado de 1976 a 1982, período em que vagou o cargo de presidente da república, que é meramente cerimonial. O poder executivo cabe ao Conselho de Assuntos do Estado, composto por um gabinete ministerial presidido por um primeiro-ministro.
Boa parte do poder político concentra-se nas mãos do Partido Comunista; a constituição confere-lhe papel central na direção do povo chinês. Formalmente, a liderança do partido cabe ao comitê central, cujos membros elegem o Politburo, órgão máximo do poder. Em 1982, aboliu-se o cargo de presidente do partido, substituído pelo de secretário-geral. Na prática, o poder efetivo esteve ora em mãos do presidente ou do secretário-geral do partido, como em alguns períodos do regime de Mao, ora em mãos do primeiro-ministro, conforme ocorreu com Zhou Enlai durante alguns anos. Foi exercido até mesmo pelo ocupante de um cargo secundário do partido, caso de Deng Xiaoping.


Administração territorial.


Na organização territorial do estado chinês coexistem três níveis administrativos: as 21 províncias, as cinco regiões autônomas (a Mongólia Interior, o Tibet, Xinjiang, Ningxia e Qinghai) e as três municipalidades (Pequim, Xangai e Tianjin).
Apesar de suas dimensões e da diversidade de povos que a habitam, a China não é um país federativo, mas um 'estado multinacional unitário', expressão que, sob uma suposta liberdade de ação local, encobre um férreo centralismo administrativo, característico da milenar tradição imperial.
As províncias e as regiões autônomas se subdividem em prefeituras, distritos e municípios. Em todos esses níveis existem assembléias populares que elegem os órgãos locais ou de base, cujos membros, por sua vez, escolhem os componentes das instituições de nível superior, e assim por diante. Cada assembléia nomeia um comitê permanente que a representa nos intervalos entre as sessões e assume a administração de sua circunscrição.



Sociedade


O nível de vida dos chineses é baixo: no fim da década de 1980, sua renda per capita não chegava a 500 dólares anuais. Mas as condições de vida na China melhoraram muito a partir da revolução de 1949 (fim da fome generalizada, progressos na saúde e no ensino), apesar das limitações econômicas que uma população de mais de um bilhão de habitantes traz para uma sociedade baseada na agricultura.


Educação.


Com a instauração do comunismo, o sistema educativo chinês sofreu diferentes mudanças, determinadas pelas alterações políticas. Apesar disso, mantiveram-se duas constantes: a tentativa de minimizar a separação entre trabalho manual e intelectual e a ideologização do ensino. A partir de 1977, o radicalismo da revolução cultural foi substituído por modelos educativos mais tradicionais; paralelamente ganharam estímulo a seletividade e a especialização nos níveis superiores de ensino.
A alfabetização, ainda incompleta, acelerou-se, graças à adoção do dialeto pequinês como língua unificadora e à simplificação da escrita ideográfica tradicional. O ensino está organizado em ciclos de quatro a cinco anos, exceto o pré-escolar, que vai dos três aos seis anos de idade. O ensino superior é ministrado em instituições universitárias e técnicas. Dá-se também grande importância à formação profissional, ministrada em centros cujos alunos trabalham durante uma parte do dia.


Religião.


Embora a constituição chinesa garanta a liberdade religiosa, a política do governo não incentiva a prática dos diferentes cultos. O confucionismo e o budismo são as religiões mais difundidas. Esses cultos às vezes se superpõem, pois o confucionismo é uma doutrina moral e filosófica, sem liturgia nem clero, cuja intenção é impregnar a vida de um conteúdo ético. A partir de 1978, coincidindo com o abandono oficial dos princípios ideológicos do maoísmo, interpretação particular do marxismo-leninismo, o governo estimulou a revitalização do confucionismo, doutrina de caráter conservador na esfera política.
O taoísmo, originalmente limitado a um sistema filosófico, tornou-se uma religião autóctone com ritual estabelecido. O islamismo, introduzido na China em meados do século VII, acha-se difundido entre as comunidades turcas do Uigur e Hui. A influência do lamaísmo limita-se ao Tibet. A evangelização cristã da China começou muito cedo; religiosos nestorianos foram para lá no século VII, e no fim do século XIII o franciscano Montecorvino tornou-se arcebispo de Pequim. Em fins do século XVI, a evangelização foi contínua, embora seu avanço mais importante tenha vindo com a penetração ocidental do século XIX. O governo da China popular combateu o cristianismo por considerar essa religião uma influência estrangeira negativa.



Cultura


Isolada quase totalmente durante milênios, a civilização chinesa caracteriza-se pela originalidade e pela permanência de suas formas culturais. Sua ascendência sobre outras culturas asiáticas, sobretudo a japonesa, foi transcendental.


Pensamento.


A China é um país com antiga e rica tradição no campo do pensamento. A filosofia teve duas vertentes que se desenvolveram com variações ao longo de toda a história: a idéia de mutabilidade e de permanência da natureza, que se explica a partir da doutrina dos princípios do yin e do yang, ao mesmo tempo opostos e complementares, e o fundamento ético do homem. Tais idéias se manifestaram nas três escolas mais importantes da China, que floresceram entre os séculos V e III a.C.: o confucionismo, o taoísmo e o legalismo. Essas doutrinas, com variantes, predominaram no país até o fim do século XIX, quando a penetração estrangeira introduziu as correntes do pensamento ocidental.
Depois da revolução de 1949, a filosofia dominante foi o chamado maoísmo, uma vertente do marxismo-leninismo desenvolvida por Mao Zedong, à luz da qual se interpretava a história chinesa como uma síntese entre as concepções tradicionais e os princípios fundamentais do marxismo. Depois da morte de Mao, não se repudiou o maoísmo na teoria, embora, na prática, se tenham abandonado muitos de seus princípios.

O isolamento secular da China e a complexidade de sua cultura concorreram para que a literatura chinesa por muito tempo fosse incompreendida e ignorada pelo Ocidente. A partir do século XIX, o progressivo desenvolvimento dos estudos sinológicos permitiu o gradativo resgate dessa tradição literária, uma das mais fecundas e criativas do mundo.


Características gerais.


Qualquer caracterização geral da literatura chinesa exige uma prévia distinção dos diversos elementos que a constituem. Em primeiro lugar, é preciso levar em conta a extrema complexidade da escrita caligráfica (ideogramática) chinesa, que, sobretudo na poesia, buscou produzir efeitos ao mesmo tempo visuais e sonoros. Essa característica propiciou, por um lado, uma tendência à máxima concisão e, por outro, o predomínio da literatura 'culta', dada a dificuldade de tal escrita ser reproduzida em linguagem corrente. As peculiaridades da fonética chinesa fizeram até que a distinção entre poesia e prosa fosse muito menor do que em outras literaturas.
Outra peculiaridade da literatura chinesa é a inexistência de escritos épicos e mitológicos ou heróicos, em parte resultante da tendência da linguagem à essencialidade, mas devida também à implantação, desde as origens, de dois sistemas religioso-filosóficos, o confucionismo e o taoísmo, que não possuíam mitologia no sentido da tradição ocidental. Seus 'deuses' pareciam muito mais abstrações espirituais. A expansão posterior do budismo acentuou ainda mais essa tendência.
Freqüentemente se afirma que a literatura clássica chinesa foi, em essência, tradicionalista, submissa a hábitos seculares. Essa observação, porém, é relativa, porque, se por um lado a ética confucionista marcou por dois mil anos o modo de vida da sociedade chinesa e impôs o respeito à tradição, por outro pode-se dizer que o taoísmo e o budismo propiciaram o surgimento de uma visão de mundo mais esotérica e mística, que na literatura se manifestou, quase sempre, por um individualismo muito subjetivista, no qual a intuição e o sentimento predominavam em prejuízo da racionalidade.
Assim, os grandes autores da literatura chinesa não se limitaram a repetir 'modelos', mas usaram-nos como meios para transmitir sua visão pessoal do mundo. A partir do século XIII, o contínuo surgimento de novos gêneros literários e o crescente uso da linguagem cotidiana em confronto com a 'culta' encarnariam essa dialética, típica da literatura chinesa, da relação entre a criação individual e a tradição.


Origens (séculos XIV-III a.C.).


Embora os vestígios mais antigos da escrita chinesa sejam inscrições em ossos e carapaças datadas do século XVIII a.C., ainda não podem ser consideradas literatura, em vista de sua extrema brevidade. Só a partir da dinastia Zhou, no século XII a.C. teve início uma tradição literária.
A maior parte da literatura dessa época tinha um propósito didático. Exemplos típicos são os cinco jing (ching) ou livros clássicos, elaborados durante séculos e que constituíram a base dos ensinamentos de Confúcio. Desses cinco livros, o Shi jing (Shih Ching), ou Livro das odes, foi a primeira antologia poética chinesa; o Yi jing (I Ching), ou Livro das mutações, era um manual de fórmulas divinatórias que ganhou largo curso no Ocidente em fins do século XX; o Shu Ching, ou Livro da história, consistia numa coleção de documentos oficiais; o Chunqiu (Chun-chiu) ou As primaveras e os outonos descrevia, com detalhes, os costumes e os fatos políticos de 772 a 481 a.C., no estado de Lu, onde nasceu Confúcio; e o Li ji (Lü-shih), ou Memória dos rituais, era uma coleção de livros com descrições dos rituais religiosos, da celebração de casamentos, comemoração de datas festivas etc.
As primeiras obras de autoria individual foram o Dao-de jing (Tao-te Ching), ou Livro da razão suprema (o Tao), e o Lun yu (Lün-yü), conhecido como Analectas (conversas). O primeiro é atribuído a Laozi (Lao-tsé), considerado o fundador do taoísmo, e o segundo, a Confúcio. Ambos são resumos de suas doutrinas, realizados por discípulos, mas acredita-se que correspondam fielmente às concepções filosóficas de seus mestres.
Desses cinco clássicos, o mais importante do ponto de vista literário é o Shi jing. A obra, dividida em três partes, se compõe de 305 poemas originariamente recitados com acompanhamento de músicas e danças. Seu tom espiritualizado e sereno exerceu grande influência na poesia chinesa, que, em linhas gerais, deu sempre mais importância aos enfoques líricos do que aos narrativos e, quando narrativa, sua concisão foi pouco propícia a exaltações épicas.
Nas regiões meridionais, contudo, desenvolveu-se outro tipo de poesia que, embora também acompanhada por música, tinha acentos mais elegíacos e sombrios, e daria à China seu primeiro poeta conhecido, Qu Yuan (Ch ü Yüan). A atmosfera de lenda que envolveu a figura desse autor, que se suicidou nas águas de um rio, e as inflexões dilaceradas de sua poesia, constituíram a primeira manifestação da vertente melancólica e arrebatada da literatura chinesa, em que muitos rastreiam a influência do taoísmo.


Dinastia Han: 206 a.C.-220 da era Cristã.


Os últimos anos do período Zhou foram marcados pelo desmembramento do país em reinos feudais praticamente independentes. A reunificação do império foi obra da dinastia Qin, que, passados 15 anos, foi substituída pela Han. Sob seu domínio, a antiga tradição literária e o confucionismo refloresceram com o prestígio anterior. Consolidou-se, então, um modelo de linguagem culto, o wen-yen, que viria a dominar a literatura erudita até o século XX, mas cuja distância da língua falada se faria cada vez maior.
A poesia viu o surgimento de um novo gênero, o fu, que incluía elementos da prosa e padecia de certo maneirismo em suas complicadas composições. Contudo, muito mais importante para a evolução da literatura chinesa foi o Yue fu (Yüeh-fu), que empregava os temas das baladas populares.
Marcada pela elegância e despojamento, a prosa literária do período Han representou a perfeição do estilo e foi imitada por todos os escritores posteriores. Numa abundante produção de importantes obras filosóficas e políticas, destacam-se também os textos de caráter histórico produzidos na época, em especial o Shi ji (Shih-chi) ou Arquivos históricos. Escrita em cerca de 85 a.C., por Sima Qian (Ssu-ma Ch ien), a obra trata dos fatos e personalidades pertencentes a um período de quase dois mil anos. O Shi ji foi não só a primeira obra de história dinástica chinesa, como também serviu de modelo para todas as obras posteriores no gênero.


As seis dinastias e a dinastia Sui: 220-618.


Depois da queda da dinastia Han, houve uma nova fase de confusão política, na qual se sucederam numerosas revoluções e dinastias efêmeras. A vida cultural, porém, não se ressentiu com isso. O que mais distinguiu o período foi a preocupação com a beleza formal, patente tanto na poesia quanto na prosa. Os melhores poetas, contudo, souberam reproduzir o lirismo das canções folclóricas. Entre eles, destacaram-se Cao Zhi (Tsao Chih) no século III e, principalmente, Tao Qian (Tao Chien), entre os séculos IV e V, considerado um dos maiores poetas chineses de todos os tempos, cujos versos despojados e elegantes contrastavam com a artificialidade do estilo de grande parte de seus contemporâneos.
A prosa foi-se tornando cada vez mais independente em relação aos modelos dos mestres do passado, sob o influxo da consolidação do budismo. Entre os prosadores da época destacaram-se Lu Ji (Lu Chi), que no século III foi o pioneiro das novas tendências estéticas, e também os cronistas do século VI, Yang Xianzhi (Yang Hsien-Chih) e Li Daoyuan (Li Tao-yüan).


Dinastia Tang e período das cinco dinastias: 618-960.


Com a dinastia Tang, a literatura chinesa conheceu uma de suas fases mais brilhantes, especialmente na poesia, que teve extraordinário florescimento graças à eclosão de novos gêneros poéticos. Entre os numerosos poetas da época, sobressaem: Wang Wei, também pintor, cuja lírica reflexiva tinha como tema as relações homem-natureza, sob influência do budismo; Li Taibo, conhecido como Li Bo (Li Po), talvez o mais famoso dos poetas líricos chineses no Ocidente, cantor da liberdade e dos prazeres do vinho, das paisagens agrestes e montanhosas; e Du Fu (Tu Fu), poeta de preocupações sociais.
A prosa de então caracterizou-se sobretudo pela busca de um estilo cada vez mais pessoal, sendo seu expoente máximo Han Yu (Han Yü). A maior liberdade gramatical favoreceu o surgimento de numerosas histórias de amor e de aventuras, cheias de elementos mágicos e sobrenaturais. Entre seus principais autores salientaram-se Shen Yazhi (Shen Ya-chih) e Bo Xingiian (Po Hsing-chien).


Dinastia Song: 960-1279.


Com a queda da dinastia Tang, a China novamente se dividiu em pequenos estados, reunificados pela dinastia Song. A produção literária da época foi muito estimulada pelo aperfeiçoamento da qualidade de reprodução.
Na poesia, dois estilos predominaram. A poesia erudita e tradicional foi representada pelo shi, cujo principal representante, Lu You (Lu Yu), produziu vasta obra. O estilo mais cultivado era, entretanto, o ci, resultante da depuração da lírica popular, e que propiciou o aparecimento de artistas notáveis como Ouyang Xiu (Ou-Yang Hsiu) e Li Qingzhao (Li Ch ing-chao), considerada a maior poetisa chinesa. Na prosa, cabe assinalar a proliferação da novela popular em linguagem fonética e o surgimento de algumas obras de história geral da China.


Dinastia Yuan: 1280-1368.


Fundada pelos invasores mongóis, a dinastia Yuan trouxe a diversificação das atividades literárias. Digno de nota foi o surgimento da dramaturgia, que teve origem na representação das cerimônias religiosas. Grandes aficcionados do teatro, os Yuan conseguiram acabar com o preconceito dos escritores chineses em relação a esse gênero literário popular. O primeiro dramaturgo a ganhar fama foi Guan Hanqing (Kuan Han-Ching), com uma produção de cerca de sessenta obras. Entre seus contemporâneos, destacaram-se Wang Shifu (Wang Shih-fu) e Ma Zhiyuan (Ma Chih-yüan). Também na poesia houve inovações: a mais importante foi a criação do sanqu (san-ch u), um tipo de linguagem predominantemente popular.


Dinastia Ming: 1368-1644.


De novo dominado por uma dinastia exclusivamente chinesa, o império foi unificado e o confucionismo restabelecido. Em linhas gerais, a literatura da época se caracterizou pelo culto dos clássicos do passado. Somente no século XVI os teóricos da escola Gongau defenderam a necessidade de que cada época criasse suas próprias formas literárias.
As conquistas literárias mais importantes se deram no campo da prosa narrativa e do teatro, cujos diálogos ganharam agilidade e vida. Mais refinada do que a do norte, a produção dramática do sul do império se fez presente em obras de grande qualidade, como as de Gao Ming (Kao Ming) e Dang Xianzu (T ang Hsien-tsu).
Entre as novelas da época são dignas de nota Xi you ji (Hsi-Yu chi) ou Viagem ao Ocidente, de Wu Chengen (Wu Ch eng-en s), relato das aventuras de um monge chinês na Índia do século VIII, e Jin Ping Mei (Chin Ping Mei) ou Flores de ameixeiras no vaso de ouro, história de amor com linguagem e descrições bastante cruas, de autor desconhecido. Escritas em linguagem fonética, as duas obras muito enriqueceram a tradição da narrativa chinesa.


Dinastia Ching ou manchu: 1644-1912.


Do ponto de vista cultural, a dominação Ching -- dinastia manchu de origem mongol -- não interrompeu a continuidade literária. Pelo contrário, generalizou-se a imitação dos clássicos. Entre os poetas, notabilizou-se o manchu Nara Singde (Na-lan Hsing-te) que, embora muito influenciado pelos grandes líricos do período Tang, expressou-se com original arrebatamento em suas descrições da natureza.
A tradição da literatura fantástica teve continuidade com Pu Songling (P u Sung-ling), autor de uma série de 431 narrativas reunidas em 1766 sob o título geral de Liao zhai zhi yi (Liao-chai-chih-i) ou Histórias maravilhosas do pavilhão das diversões. Por seu lado, Wu Jingzi (Wu Ching-tzu) satirizou os escritores de sua época numa obra de grande realismo, Ru lin wai shi (Ju-lin wai-shih) ou História particular dos escritores. Ao contrário de Pu Songling, usou somente a linguagem fonética em seus escritos. Mais famoso e mais lido que os outros, Cao Zhan (Ts ao Chan s) escreveu Hong loumeng (Hung-lou meng) ou O sonho da sala vermelha, também em linguagem fonética.
Foram de grande importância as traduções de obras ocidentais realizadas a partir do século XIX. Notabilizaram-se como tradutores Yan Fu (Yen Fu) e Lin Shu. Teve continuidade, além disso, a linha narrativa que, muitas vezes, satirizava a cultura e a sociedade do império. A produção poética, no entanto, se afastou cada vez mais da tradição, na busca de seu próprio caminho. Destacaram-se como poetas mais representativos do período Huang Zunxian (Huang Tsun-hsien) e Liang Qichao (Liang Ch i-ch ao).


Século XX.


Em 1912, a proclamação da república propiciou uma grande revolução literária. As traduções se multiplicaram e os intelectuais se propuseram a reformar a literatura. O principal líder dessa reforma foi Chen Duxiu (Ch en Tu-hsiu), que se empenhou no abandono do estilo antigo e na aproximação da literatura ocidental. O primeiro passo do programa consistiu em abandonar a linguagem clássica para adotar a fonética; para isso, foram criados diversos grupos e revistas literárias.
O novo estilo consagrou-se com a obra de Zhou Shuzen (Chou Tso-jen), que adotou o pseudônimo de Luxun. Autor de histórias satíricas que criticavam o conservadorismo da sociedade chinesa, Luxun abriu caminho para a renovação da prosa narrativa em seu país e ganhou fama internacional em 1921 com Ah Q zhengzhuang (Ah Q Cheng-shuan) ou A verdadeira história de Ah Q.
As convulsões sociais da década de 1920 provocaram uma mudança no rumo das letras chinesas, que passaram a ser usadas, principalmente, como instrumento político. O estilo realista de Mao Dun (Mao Tun), o humor de Lao She e a vivacidade da prosa do anarquista Bajin (Pa Chin) monopolizaram o perfil da prosa narrativa da época. Na década seguinte, um grupo de novelistas do nordeste da China alcançou grande popularidade: sobressaíram Xiao Jun (Hsiao Chun) e Xiao Hong (Hsiao Hung). Mais notável ainda foi o progresso da dramaturgia, graças principalmente à obra de Cao Yu (Ts ao Yü), que consolidou e difundiu o realismo social. Durante a guerra entre a China e o Japão predominaram os escritos patrióticos e cultivaram-se todos os gêneros, principalmente entre os autores já consagrados.
Após a implantação da República Popular da China, em 1949, a literatura continuou a ser instrumento de divulgação de idéias políticas. Mao Zedong (Mao Tsé-tung), presidente do Partido Comunista, que também produziu relevante obra poética, assinalou a necessidade de se criar uma literatura proletária, tanto na forma quanto no conteúdo. O romance e o teatro, que então também seguiam as diretrizes políticas, fizeram-se representar por escritores de grande notoriedade.
Entre os principais romancistas encontram-se Ding Ling (Ting Ling), com seu Taiyangang zhao zai Sangganhe shang (Tai-yang chao tsai sang) ou Brilha o sol sobre o rio Sang-gang, de 1949, e Zhou Libo (Chou Li-po), autor de Baofeng zouyou (Pao-feng tsou-yü) ou O furacão, do mesmo ano. Lao She e He Jingzhi (Ho Ching-chih) deram, com suas obras, uma rica contribuição à dramaturgia chinesa. Lin Yutang (Lin Yü-tang), romancista que emigrou para os Estados Unidos, ganhou renome internacional.
Após a morte de Mao, o simbolismo poético de Bei Dao (Pei Tao), o arrojo da nova produção dramática e as reportagens jornalísticas de Liu Binyan (Liu Pin-yen) representaram a nota dominante no ambiente literário, em que se pôde observar uma crescente influência dos autores ocidentais. Ao longo do século XX, submetida às constantes convulsões políticas, a literatura chinesa conseguiu, todavia, conservar seu frescor e sua capacidade de renovação, assim como os valores essenciais de sua longa tradição.

A música chinesa exerceu importante papel nas concepções filosóficas e lendárias da velha China. Uma teoria musical muito desenvolvida, as peculiaridades da notação musical e os instrumentos de música criaram uma arte original, cuja tradição se conservou até meados do século XX.
Na China teocrática e patriarcal da antiguidade, a música chinesa era usada pelos governantes para influenciar os sentimentos populares. Desde o imperador Fu Xi (Fu Hsi) (c. 2205 a.C.), cada soberano possuía sua própria música, composta por ele ou sob sua direção. Algumas dessas composições eram executadas em cerimônias religiosas e civis. O rigor primitivo diminuiu aos poucos até dar lugar ao aparecimento de cantos rituais e populares.
Dificilmente se obterá uma definição da melodia chinesa capaz de abranger todos os estilos e períodos. A música chinesa em sentido estrito, o han-jen, utiliza predominantemente cinco notas, embora faça uso eventual da escala de sete notas. Os ritmos são, na maioria, binários ou quaternários e as melodias, de estrutura seqüencial, são freqüentemente não-simétricas, apesar da estrutura rítmica binária.
A ornamentação constitui uma arte de grande relevo na música chinesa. Um tocador de alaúde não apenas ornamenta, como também completa as notas prolongadas da melodia com um contorno de notas repetidas. Numa pequena orquestra, integrada por flauta, violino e alaúde, todos tocam a mesma melodia em uníssono ou em oitava, com ornatos e de uma maneira apropriada às características de cada instrumento, em contraposição à estrutura rítmica da percussão -- tambores, badalos, gongos e címbalos.
Uma característica dos conjuntos instrumentais de teatro consiste no emprego do órgão de boca, que duplica a melodia. Semelhante diafonia serve às exigências puramente melódicas da música e demonstra que a idéia generalizada de que a música chinesa é inteiramente linear não leva em conta a criação musical folclórica.


Instrumentos musicais.


Feitos de metal, pedra, seda, bambu, pele ou madeira, os instrumentos chineses eram ordenados, na orquestra, em oito grupos, como o das campainhas de metal, o das flautas de bambu e o dos carrilhões de pedra.
O chin (2852 a.C.), espécie de cítara de sete cordas de seda, é o mais antigo e o mais musical dos instrumentos chineses. Considerado próprio das classes cultas, requer um complexo sistema de notação musical. O se (2695 a.C.) é semelhante ao chin, mas difere deste pelo número de cordas, que primitivamente eram cinqüenta mas reduziram-se para a metade. Novas alterações deram origem a uma série de instrumentos, entre eles o zheng (tcheng), com 16 cordas, cujos sons lembram os do piano, da harpa e da guitarra.
O nan-hu, violino de duas cordas, compõe-se de um corpo cilíndrico oco, cuja parte superior é revestida de pele de serpente. O corpo do instrumento é atravessado por um longo braço, ao qual são afixadas duas cordas de seda. A partir de 1911, os tocadores de nan-hu adotaram a técnica do violino, sobretudo a do dedilhado, a fim de obter várias oitavas.
O pipa (pi-pa) é uma guitarra surgida antes da dinastia Tang (c. 600), em forma de meia pêra, com quatro cordas e caixa de ressonância achatada. Uma grande palheta de marfim ou madeira faz vibrar as cordas. O hsiao é um clarinete de bambu, com 55cm de comprimento e cinco orifícios. Foi introduzido na música ritual durante a dinastia Yuan (1300). O sheng (cheng) é uma espécie de gaita ou 'órgão de boca', com 17 tubos de bambu.
Os instrumentos de percussão são muito numerosos e feitos de bronze, jade ou madeira. Desempenham papel importante na história da música ritual e popular da China. O sino de bronze, ou po-chung, tocado com martelo de madeira, surgiu na dinastia Yin (1766-1122 a.C.), época em que era usado nas manifestações musicais da corte. Da dinastia seguinte, a dos Tcheu (1122-255 a.C.) são os pien-chung, série de 16 sinos (duas fileiras de oito) de sons diferentes, suspensos por um suporte de madeira e tocados com um martelo de feltro.


Gêneros musicais.


Além da música folclórica, rica e variada, dois importantes gêneros merecem destaque: a música clássica e a ópera. O termo 'clássico' refere-se às músicas para solo de alaúde ou flauta. O termo 'ópera' é geralmente aplicado aos dramas musicais, inteiramente cantados, salvo breves trechos recitados em linguagem altamente estilizada. Existem cinco tipos de ópera: (1) kun-chu, surgida no século XVI, cujo instrumento acompanhante básico é a flauta; (2) ching-hsi (século XIX), acompanhada basicamente pelo violino; (3) ópera moderna; (4) ópera provincial e (4) ópera folclórica ou popular.


Música chinesa moderna.


A partir da revolução de 1912, surgiram várias escolas, sob influência ocidental. O ensino musical se institucionalizou com a fundação do conservatório de Xangai, em 1927.
Nas relações da música chinesa com a música ocidental, manifestaram-se duas tendências: alguns compositores, empenhados em manter a tradição, dedicam-se exclusivamente à criação de obras para instrumentos nacionais. Outros músicos assimilaram a notação musical ocidental e preferem os instrumentos internacionais, sem deixar de conferir a suas obras conotações essencialmente chinesas.






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