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Ensaios-->26. DESABAFO -- 03/09/2003 - 08:35 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não há ser, encarnado ou não, que não tenha nunca praticado a lei de talião. Onde quer que nos encontremos, sempre nos deparamos com situações de revide, de revolta, do despertar para a maldade, despertar provocado por interesses feridos. Sabemos que o homem comum é muito ganancioso, mesmo aquele que se dirige para as casas de evangelização. Muitos esperam até lucrar com o fato de que se situam em determinadas posições dentro da equipe socorrista dos encarnados: os que comandam querem obter os louros da vitória; os que são comandados aspiram a obter melhor lugar que os chefes após o desenlace, diante do falso pretexto da humildade. E assim vai: em tudo, a lei da vingança, do revide, a operar as suas limitações na mente humana.

Por isso é que concordamos com a equipe dos evangelizadores, quando coloca Jesus como o Argonauta do Perdão através do Amor Universal. Esse o sentimento mais arraigado no espírito da humanidade, em todos os tempos e em todos os lugares. Não fazer aos outros do modo que se gostaria que fosse feito conosco, parece ser o lema da multidão sequiosa por usufruir todos os benefícios da carne, sem que nenhum pequeno sacrifício seja considerado normal. E diante desse pensamento, quanto sofrem os encarnados: doentes, estropiados, mutilados físicos e morais, desarranjados pela impotência da organização física e mental, todos primam por apresentar-se diante dos amigos da espiritualidade, no momento do transporte de um campo para outro, como devedores de nova onda de crimes realizados por inspiração do lucro fácil ou da vendetta mais temerária.

Eis-nos aqui presentemente a apontar os demais seres como inferiores; no entanto, nós mesmos, não há muito tempo atrás, estávamos imersos na carne, praticando imensa série de crimes sob o amparo “valioso” da lei do revide, que dizíamos ser justa e honesta. Penitenciamo-nos agora, diante da evidência demonstrada da intenção de Jesus. Críamos que Jesus fosse visionário que desejava que a humanidade pudesse viver em mundo de paz e de tranqüilidade. Não sabíamos exatamente o que significava salvação. Agora é que percebemos que a salvação era de nós mesmos, dos péssimos hábitos, das tortuosas elucubrações no campo da conquista fácil dos benefícios sem o correspondente sacrifício pelo trabalho, pelo estudo, pela dedicação e perseverança na peregrinação das virtudes evangélicas.

Se estou tendo oportunidade para este desabafo, é porque sinto bem perto de mim o amor realizado, a vingança esquecida, os maus hábitos superados. Como gostaria de me apresentar dono de meus sentimentos, possuidor da verdade internada na mente de forma que meu procedimento se pautasse pelas letras da lei maior! Como é difícil de sufocar os maus instintos! Como é duro reconhecer-se muito pequeno, sem condições de enfrentamento segundo a recomendação dos irmãozinhos!

Creio que, após esta manifestação emocionada, possa obter o apoio necessário para me inscrever em algum curso revitalizador, de sorte que possa vir a superar as dificuldades e deficiências.

Agradeço ao irmão escrevente que me sugere palavras e idéias, de modo a me expressar com equilíbrio e serenidade, como se não estivesse eu a ponto de sufocar pelo temor de que tenha realizado em vida maiores crimes de que poderia alguém suportar na consciência.

Pedem-me para me retirar que serei guiado para instituição hospitalar.

Agradeço muito e, antes de terminar, quero esclarecer que, se fui capaz de claramente expor idéias e sentimentos, é porque estou sob efeito de sedativos muito fortes e me encontro amparado pelos irmãos aqui presentes, que me inspiram e me ajudam com seus recursos (não sei que adjetivo colocar aqui) magnéticos (dizem-me eles). Então, vou deixando livres as mãos do companheiro e espero não ter perturbado demais a sua vida.

Adeus, irmãozinho! Fique na paz do Senhor!

Rogério.



Comentário

Homero auxiliou o caro irmão a escrever a mensagem. Não se trata de ninguém especial. O que procuramos, através da presença dele, foi exemplificar, com muito amor e respeito, o texto anterior. Pensamos ter o amigo leitor tido a oportunidade de sentir a ansiedade e o sofrimento do irmãozinho.

De início, dopado quase inteiramente, foi capaz de expor com certa clarividência as idéias gerais. Depois, quando os efeitos do sedativo estavam desaparecendo, sua personalidade começou a aflorar, de modo que foi tornando-se a mensagem cada vez mais pungente e reveladora do atual estágio mental e psicológico. Se deixássemos que prosseguisse livremente, poderíamos obter manifestação inteiramente congestionada, fruto da mente perturbada por inúmeras auto-acusações de crimes pregressos, cuja consciência está a revelar-se ao intelecto. Não seria oportuno nem refletiria qualquer comiseração. O que foi deveras importante foi configurar os percalços morais e espirituais que ocorrem em casos em que a aplicação da lei de talião foi justificada por processos mentais de defesa.

Esperamos que nosso procedimento não seja visto pelos leitores como recurso desumano. Ao contrário, queremos enfatizar que o socorro ao irmão foi providenciado e que seu tratamento se vem fazendo há algum tempo. Teríamos, talvez, incidido em desumanidade se lembrássemos ao leitor a sua condição moral, despreparado para o desvelamento da consciência, mas isto iremos apenas sugerir que ele mesmo faça, ou a mensagem não terá tido mérito algum.

Graças a Deus, sempre somos atendidos nas rogativas de compreensão e de perdão, em nome do amor de Jesus por nós!

Homero.

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