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Ensaios-->25. A LEI DE TALIÃO -- 02/09/2003 - 06:52 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando te ferirem o olho, procura ferir o dele também; se te fizerem perder um dente, cobra o dele da mesma forma; se te tirarem a vida a parente, amigo ou conhecido, não descanses sem que tenhas tu tirado a vida a um de teus inimigos. Era assim que rezava a antiga lei, que foi seguida e ainda hoje é por milhões e milhões de pessoas. Quão importante tem sido para os encarnados a desforra, o revide, a vingança!

Ao chegar Jesus, com sua lei do amor e do perdão, não poderia ter sido recebido com muito agrado. A compreensão da nova lei exigia que modos, costumes, pensamentos e hábitos tivessem de ser extirpados completamente do comportamento humano. Mesmo diante de toda essa dificuldade, Jesus não vacilou e se dispôs ao sacrifício pessoal, para deixar testemunho da pregação através da dor do martírio. Conhecido desde aquela época como Mártir do Calvário, o Mestre soube catalisar a atenção dos homens para sua filosofia de vida e pôde arrebanhar multidões para segui-lo, principalmente em ocasião em que a força dominava as consciências. Logo, entretanto, seguir o caminho de Jesus tornou-se motivo para perseguições e não foram poucos os testemunhos de fé que se fizeram em favor da derrocada da lei de talião. O grande sacrifício do Mestre e o martírio de milhares de cristãos, no entanto, não serviram de modelo para os homens, que foram, pouco a pouco, esquecendo-se da lição maior e voltando a pautar o procedimento pela antiga lei.

Hoje, são muito poucos aqueles que renegam a atitude de desafronta e perdoam os desafetos de modo integral, “setenta vezes sete”, no dizer de Jesus. A própria religião prega o revide social, a cobrança indébita do sacrifício pelo trabalho dos antepassados e cria clima de intolerância social entre os homens, fermentando-lhes o desejo de possuir haveres, em consonância com o princípio de que todos os homens devem igualmente receber da sociedade, ainda que seus méritos não tenham sido os mesmos. Há muitos que só pretendem perturbar a sociedade e, por isso, conclamam os irmãos menos agressivos a que participem das romagens reivindicatórias, na crença de que estão agindo em benefício do conjunto da população, esquecidos de que provações existem para serem cumpridas, de acordo com o rigor maior da divina lei.

Se bem que reconheçamos que todos os homens devessem partilhar igualmente dos bens terrenos, não recomendamos, de forma alguma, que os meios para se chegar a tal resultado de partilha igualitária devam conter, entre outras, a idéia da “vendetta”, da injustiça através da maldade e da sufocação dos que possuem, advindos por diversas formas, os bens cobiçados por todos.

Em sociedade equilibrada, existem os que trabalham mais e os que se aproveitam do trabalho alheio; isto é da natureza humana. O que temos visto em sociedades inteiramente socializadas, no sentido político do termo, é que as pessoas se cansam de produzir bens para o consumo daqueles que se instalam burocraticamente no poder, a usufruir os privilégios da condição de comanditários. Esta é a prova de que lançamos mão para justificar diferentes condições sociais, neste momento da evolução humana. Quando todos os indivíduos forem capazes de igualmente produzir em favor da coletividade, então aplaudiremos que a divisão dos bens seja totalmente equânime.

Mas não vamos perder-nos em considerações do mero ponto de vista dos encarnados. Vamos dirigir os olhos para as repercussões morais e espirituais que a atual organização do orbe propicia, no que se refere exclusivamente às conseqüências da aplicação da lei de talião.

Além do evidente corolário de crimes inúteis e da conseqüente inviabilização da introdução na consciência dos atingidos, do ponto de vista doutrinário, do pensamento de Jesus, firma-se, na mente das pessoas e em seus corações, a idéia e o sentimento de que devem envidar todos os esforços no sentido de “lavarem em sangue” todas as afrontas recebidas. Tal reação é de tal modo profunda que os indivíduos, frustrados nas tentativas de resgate homicida em vida, carreiam para o plano espiritual a má lição e procuram realizar deste lado aquilo que não lograram no campo da matéria. Esse tônus vibratório atinge em cheio os desafetos desencarnados e produz reações muitas vezes de mesma extensão, de sorte que a luta prossegue interminável. De encarne em encarne, de luta em luta, de desforra em desforra, estende-se corrente de crimes que vão envolvendo cada vez mais seres que se agregam às famílias, de forma que se torna cada vez mais difícil de se sustar a série de malefícios mútuos.

Vejam o que esperava o Cristo realizar: trazer lei de muito amor para que os irmãos se vissem em condições de superar os obstáculos mentais que eles mesmos se impunham para seu progresso. Proteger o irmão inferiorizado diante da força vingativa dos poderosos era um dos princípios maiores desse desiderato do Senhor, tornando-o incólume moralmente diante da afronta e da perseguição. Protegendo-o espiritualmente com esse escudo moral, mesmo que disso resultassem mortes, acender-se-ia a luz do perdão e a humanidade poderia de vez suplantar e esquecer a lei da vingança.

Malgrado tudo o que se fez, persistem os humanos em sua caminhada de loucura. É por isso que se abalançam os espíritos atualmente a reeditar as leis do amor e do perdão, comparecendo a inúmeros lares e sessões de manifestação espiritual, invectivando o pensamento deletério dos encarnados e incentivando-os no caminho da redenção, de modo a seguirem os passos do Senhor Jesus, nosso mestre e nosso amigo. E cá estamos nós, pequeninos dentre os menores servos do evangelho, a relembrar a augusta lição, forcejando por demonstrar, através de argumentos psicológicos e históricos, que a lei de talião é mal que deve ser extirpado da mente e do coração de todos.

Mesmo que a pessoa, muitas vezes, sinta a tentação de manter o olho por olho, dente por dente, lá no fundo do coração, que se confrange com a idéia de que o desafeto esteja a levar vantagens com os crimes, é preciso suspeitar de que ele esteja desafiando a lei da divina justiça e que ficará impune tão-só diante dos homens, mas jamais obterá qualquer anistia na lei de Deus. Diante disso, sofrear é preciso qualquer impulso, por mais doloroso possa parecer manter-se como que alheio, sem atitudes que manifestem o desagrado e o temor de ser “passado para trás”. Confiar em que Deus saberá dispor finalmente segundo o mérito de cada um e internar o sentimento do perdão, deixando que a justiça se faça pela mão do Pai.

O que estamos propugnando não é, simplesmente, a sufocação dos estímulos da revolta, mas a eliminação deles, através do conhecimento real dos termos em que Deus inscreveu a sua justiça. Sabemos que é difícil de concretizar tal atitude de desprendimento dos valores sociais antigos e incrustados no modo de ser da sociedade por séculos e séculos de tradição, mas, se o querido leitor estiver disposto a bem compreender a excelsitude da passagem de Jesus pela carne e se estiver querendo levá-lo guardado no coração, deverá adquirir a condição de filho dileto, através da inteira subserviência aos mandamentos da lei do amor. A nossa ajuda, nessas circunstâncias, não se limitará a só fornecer textos para sua compreensão intelectual, mas estarão os espíritos guardiães presentes para facultar aos egressos da vingança as vibrações mais poderosas, que lhes fortalecerão o ânimo e lhes darão o conforto moral que só a consciência da vitória sobre o mal concede.

Finalmente, se hesitação houver na aplicação da verdadeira lei, que se invoquem os amigos da espiritualidade antes de se perpetrarem as ações do revide e que se ore muito para receber a luz necessária para se superarem as crises morais que costumam acompanhar toda decisão que fere de morte os maus hábitos, principalmente porque se tem o incentivo negativo dos que não tiveram o ensejo de perceber todo o poder do evangelho, quer se situem à luz do sol, quer vaguem imersos nas trevas. É preciso ter muita coragem para enfrentar lei tão poderosa, mas esse enfrentamento receberá os galardões mais cobiçados pelos que compreenderam o valor de se praticar o bem.

Fiquemos com o Cristo, irmãozinhos, e esqueçamos a retaliação de uma vez por todas.

Homero (pela equipe).

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