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Ensaios-->24. A TIRANIA FILIAL -- 01/09/2003 - 08:59 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Muitos filhos são verdadeiros tiranetes desde a mais tenra idade. São crianças mimadas e acostumadas a obter tudo o que desejam. Esse hábito dos pais é muito pouco salutar e tende a destruir toda uma perspectiva de vida, uma vez que, dificilmente, as pessoas conseguem compenetrar-se da verdade, se, de início, não tiveram as asas cortadas para a consecução de todos os desejos.

Assim foi a minha vida na última encarnação. Tudo que desejava, meus abonados pais me prodigalizavam. Se queria sorvete, lá vinha uma jarra. Se desejava motocicleta, tinha que escolher entre vários modelos. E assim por diante, até que um dia, irrefletidamente, me vi em situação muito perigosa, tendo de optar entre matar ou morrer, em circunstância especial de trânsito.

Não sei por que razão optei por aceitar a sorte e arremessei-me de encontro às pessoas na calçada, pretendendo salvar a vida. Não consegui e, além disso, ainda arrastei comigo diversas pessoas que esperavam ônibus.

Durante muito tempo pairei nas trevas mais negras, acusando as pessoas que me envolveram no acidente e perseguida por aqueles que atropelei e matei. Depois de não sei quantos anos, recebi a visita de parente afastado de uma das vítimas, dizendo que estava livre da perseguição, pois as diversas pessoas estavam internadas em hospitais deste lado da espiritualidade. Foi-me grande alívio e, pela primeira vez, tive sossego.

Começou, então, segunda etapa de sofrimento. Esquecida de que havia sido perdoada, comecei a perseguir o causador de minha desdita. Não demorou, entretanto, a ocorrer fato oportuno que me esclareceu que ele não tivera culpa, mas que fora eu mesma que me projetara inconseqüentemente na via pública, sem qualquer raciocínio restritivo da vontade de correr e de me afirmar como ser capaz de conseguir tudo através de minha voluntariedade.

Mas aí aconteceu a maior tragédia: descobri que minha atitude tudo tinha a ver com a educação que recebera de meus pais. Ainda com a idéia de que eram as pessoas cujo único dever era cuidar de mim, comecei a acusá-los de me terem prejudicado por me proporcionarem vida desregrada e voluntariosa. Meus pobres pais foram visitados por inúmeros espíritos que corroboravam com meu pensamento e, reconhecendo-se culpados, começaram a arrostar arrependimentos inócuos e altamente onerosos para a vida como realização espiritual. Bem a tempo, entretanto, me condoí deles, pois, se não tivera adequada orientação, pelo menos não aprendera a desprezá-los, muito menos a odiá-los. Entristeci-me de minha atitude de rebeldia e me vi guindada à condição de protetora de meus pais, uma vez que me cabia afastar deles qualquer idéia de culpa, ao mesmo tempo que devia debelar o conglomerado de espíritos vampiros que minha inadvertida atitude conclamara.

Hoje não me vejo como vítima da inabilidade de meus pais, mas como joguete de meu destino. E aqui, humildemente, venho à presença deles, para lhes pedir desculpas e para prometer-lhes que sua filha será em breve a mais devotada serva, uma vez que estou pleiteando voltar à sua convivência na qualidade de neta. Se conseguir o que almejo, prometo — meus queridos — ser fiel ao juramento de que nenhum mal irei cometer que possa aborrecê-los.



Dizem-me para não prognosticar o futuro. Pois bem, terei, então, o cuidado de tornar apenas simples aspiração este meu desejo, pois não quero prosseguir na qualidade de espírito livre com a pecha de voluntariosa. Como se pode ver, tenho muitas imperfeições, mas penso que forte dedicação ao trabalho poderá trazer-me maior harmonia interior.

Quero comovidamente agradecer aos irmãos desta casa a oportunidade da manifestação e especialmente agradecer as lições que estão a me proporcionar nesta difícil fase de adaptação por que estou passando. Sinto-me muito “cheia de mim” e pressinto que até este discurso esteja a revelar quem realmente sou. felizmente, sei que estou em boa companhia e com inteira possibilidade de verdadeiro progresso.

Ao irmãozinho que ofereceu o braço para esta peregrinação ao derredor de minha personalidade, meu mais profundo agradecimento.

Por motivos óbvios, acho que não devo identificar-me.

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