stou enclausurada,
Agonizo em silenciosos gritos...
Apelos de libertação.
O silencio, latejante e Vivo.
E a “presença”, contagiante.
Espaçoso e penetrante é este silencio.
Escrevo na esperança “quase infantil”,
De purgá-lo nestas palavras.
Acordo sempre no mesmo dia.
Vivo e morro, enclausurada no tempo.
O fato de estar no mundo ainda me causa espanto.
Ser o testemunho da unicidade de meu Ser,
É a missão.
O mundo já não representa a Terra que meu corpo e alma conhecem.
Minha origem, meu destino. A Terra de quem sou parte e filha.
A falta de objetivo e por consequencia, o desvario, tomou a Terra
Conquistou-a, submeteu-a e finalmente a dominou.
Não só latifundios, mas também a alma feminina foi subjugada.
Minha alma não cabe dentro dos conceitos sociais. Minha voz não é ouvida.
O mundo está surdo aos apelos femininos.
Está cego para meus instintos e intuições.
Não sei mais a quem recorrer...Minhas forças se cansaram de tanto tentar.
Criar um espaço feminino neste mundo é uma tarefa árdua demais para minha alma de mulher.
Não há apelo suficientemente bom para sua comercialização. Troca...Partilha.
Quem acha isso importante? Troca, partilha...Quem vai pagar por isso?
Hoje o Sol amanheceu assustado. Hoje, Ele não iluminou minhas visceras e não acalentou minha alma.
É manhã. E o dia ainda tem tantas horas pela frente.
Sou um passarinho selvagem, assustado na cidade...Fora de seu habitat natural.
Sou mulher, sou femea e não vejo para mim um lugar nesse mundo.
Quero que a Terra volte...Quero minha mãe!