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Artigos-->WILLIAM HOME LIZARS E A BIBLIOTECA DO NATURALISTA -- 24/11/2011 - 09:05 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WILLIAM HOME LIZARS

E A BIBLIOTECA DO NATURALISTA



L. C. Vinholes



Depois de encontrar nos antiquários de Ottawa e Montreal três pequenas gravuras de pássaros ricamente coloridas fiquei sabendo que, entre 1835 e 1859, foram publicados 43 volumes de uma obra intitulada Biblioteca do Naturalista, com textos biográficos e científicos sobre grandes nomes das ciências naturais assinados por especialistas e ilustrados com gravuras de William Home Lizars, abrangendo todo o reino animal. Não tardou muito para, em contato com a firma inglesa Postaprint, contando com a diligência de seu proprietário dr. W.D. Bennett, conseguir outros trabalhos deste singular artista.



Segundo a Nova Edição do Dicionário Crítico e Documental dos Pintores, Escultores, Desenhistas e Gravadores de Todos os Tempos, de autoria de E. Bénézit e publicado pela Livraria Gründ em 1976, William Home Lizars, nasceu em 1788, em Edinburgh, Inglaterra, e faleceu em Jedburgh, aos 30 de março de 1859. Era filho do renomado gravador Daniel Lizars (1754-1812). Estudou com seu pai e na Academia de sua cidade natal. Na sua carreira artística, inicialmente, foi pintor e seus quadros a óleo são raros e pertencem ao Museu de Edimburgo que, pela primeira vez, os expôs na Academia Real Britânica em 1812, ano da morte de Daniel.



Para não interromper o trabalho que Daniel vinha realizando como gravador, William decide abandonar a pintura e dedicar-se à gravura, tornando-se uma das figuras de maior destaque nesta arte em toda a Europa. Tal decisão resultou do fato de ele ter ficado como arrimo de seus irmãos e irmãs menores, arcando com as mesmas responsabilidades do seu genitor.





Seu trabalho como gravador tem destaque especial nas mais de 1.200 ilustrações que, durante três décadas, preparou para a Biblioteca do Naturalista. Suas gravuras foram feitas com técnica “etching” (gravura em metal=água-forte), cuidadosamente pintadas à mão, guardando fiel reprodução de formas e exatidão de cores e nuances. No caso da vida marinha, não mais os exageros dos séculos anteriores com fantasiosas visões de monstros e animais com caras humanizadas. As raras vezes em que tratava destes temas, como que fazendo ressalva, citava as fontes consultadas, como em um dos trabalhos dos anos 1940 intitulado “The great sea serpent” (A grande serpente dos mares), onde, abaixo do título, entre parêntesis, lê-se “according to Hans Egede” (1686-1758), educador, cartógrafo e missionário luterano que em 6 de julho de 1734, quando navegava na costa de Greenland avistou o que descreveu como “... a mais terrível criatura, em nada parecida com o visto até então. O monstro levantou sua cabeça tão alto que parecia estar mais alta do que a cesto da gávea no mastro principal ... sua cabeça era pequena, seu corpo curto e enrugado ... usava suas barbatanas gigantes para locomover-se ... era mais comprido do que nosso navio”. Não pode ser esquecido que Lizars e sua equipe contavam com informações prestadas por viajantes e com espécimes que recebia ou ainda subsídios coletados por desenhistas que foram conhecidos por “artistas enviados”.



Lizars, como seu pai, era artesão mantendo oficina na qual contava com mão-de-obra de outros profissionais altamente especializados. No caso específico das gravuras documentando a fauna ictiológica dos mares, rios e lagos, Lizars contou com a participação do grande desenhista Stewart, cujo nome aparece na quase totalidade das gravuras produzidas entre 1852 e 1854. Além de Stewart, figura também W. Jardini nos trabalhos realizados para a série de publicações intitulada “Naturalist´s Library”, dos anos 1940.



Observando atentamente as gravuras de Lizars, é patente a preocupação de registrar não só o objeto principal de cada trabalho mas, também documentar o meio ambiente no qual ele vivia. Enriquecendo as gravuras, vêm-se matas, bosques, encostas de diversas estruturas, margens de pedras e com vegetação, regiões frias ou tropicais. Vez por outra, aparecem casas e vilas indicando que os seres pintados viviam próximos aos núcleos urbanos da época. Muitas vezes, figuram das gravuras exemplares de espécies diferentes como que querendo dar oportunidade ao observador de cotejar as características peculiares a cada uma delas.



As gravuras de Lizars foram feitas em duas matrizes separadas. Uma com o objeto principal: o peixe, o pássaro, o inseto, o animal etc.; a outra com os demais elementos do meio no qual vivia. Ambas conjugadas permitiam compor uma visão completa de cada obra. Hoje, são disputadas por colecionadores e raramente encontradas em estado de conservação que permita apreciar o alto grau técnico e artístico por ele desenvolvido e aperfeiçoado.



O ateliê de Edimburgo no qual trabalharam Daniel Lizars (1793-1875), homônimo do pai, e seu irmão mais velho William Home Lizars, floresceu desde a segunda metade do século XVIII até 1859 quando fechou as portas com a morte deste último gravador.



Durante os meses de fevereiro e março de 2002, a Associação dos Amigos do Museu de Pesca de Santos, presidida pelo doutor Cláudio da Rocha Brito, exibiu setenta gravuras de Lizars documentando a fauna dos mares, rios e lagos conhecida na metade do século XIX, com curadoria de Catia Adanuy e Paulo Armani. O evento foi noticiado pela imprensa de Santos incluindo ilustrações a cores . Referindo-se à exposição o doutor Rocha Brito disse: “ela mostra a arte contribuindo com a ciência” ... “as gravuras são de extrema delicadeza e são o início do olhar realista sobre a ‘vida biológica ...’”.



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