União pela Língua
A controversa questão do acordo ortográfico Brasil-Portugal tem antecedentes longínquos que convém relembrar para que melhor juízo se estabeleça sobre as dificuldades que obstam de 'fato-facto' a integral unificação linguística.
Após proclamar-se a república, em 5 de Outubro de 1910, surgiu uma corrente que pretendia realizar a reforma da ortografia. Daí e em 1911, Portugal elaborou uma grande reforma da língua portuguesa, com base no projecto elaborado pelo filólogo Gonçalves Viana, que não incluía o Brasil. Contudo, tal reforma não foi aceite por algumas personalidades da vida intelectual portuguesa.
Liderando o processo reformador que pretendia considerar o Brasil, entre outros e além do principal mentor do plano, Gonçalves Viana, colocaram-se Adolfo Coelho, Cândido de Figueiredo, Carolina Michaelis e Leite de Vasconcelos.
À época houve quem defendesse que a exclusão do Brasil foi erro crasso e decisão muito pouco vantajosa para o relacionamento entre os dois países.
No entanto, Portugal nunca deu mostras de menosprezar as relações com o 'país-irmão', seguindo na senda da aprazível conferência que teve lugar no Brasil, ainda antes da implantação da República, e que dava a conhecer o programa de cooperação política, económica e cultural entre os dois países.
Sobre a Língua Portuguesa, na minha modesta e insignificante opinião, interrogo-me com base nos longos anos de experiência que de pele tenho da aprendizagem real: o que é que obsta para juntar e considerar tudo, deixando que o decurso dos tempo determine expontaneamente a sublimação?
Eu sei o que é!... São os velhos que temem chegar ao céu de 'facto' e sem 'fato' nus... Ninguém gosta de ir morto para o céu!
Os Dois Lados
Ao longo dos anos, filólogos e especialistas do foro linguístico de Portugal e do Brasil têm-se reunido em torno da questão que lobriga a unificada simplificação da língua portuguesa, o que tem gerado muita discussão e divisão.
Na actualidade, o permanecente imbrogliozinho parece estar adormecido. António Houaiss, notável ministro da Cultura do Brasil, falecido em Março de 1999, foi o grande entusiasta do Acordo, da parte brasileira, e lamentou imenso o seu adiamento. Tinha opinião de que os intelectuais brasileiros não estavam muito entusiasmados e faltava entusiasmar também o povo brasileiro. Afirmava igualmente que, se existiam duas ortografias, isso se devia ao facto de o Parlamento brasileiro não ter respeitado o Acordo Ortográfico de 1945.
E assim vamos indo... Até um dia... Torre da Guia |