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Artigos-->Mudanças São Como Aniversários -- 20/02/2002 - 19:43 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Mudanças são como aniversários. Acontecem todos os anos. E também incomodam. Para uns mais, para outros menos. Ficamos mais velhos. Saímos de uma posição anterior, conhecida, estável, para uma nova situação, desconhecida, instável. Mas é imperativo do tempo. Faz parte da natureza, que também é cíclica, no seu próprio tempo.



É certo que, quando passamos de cinco... para sete...oito anos de idade, as mudanças são brandas, quase imperceptíveis. Porém, quando passamos da casa dos onze, para a fase da adolescência, por volta dos quatorze, quinze anos, a mudança causa enorme impacto. Muda nosso organismo, nosso modo de pensar, muda nossa perspectiva e visão do mundo. Nos homens, o grande volume de testosterona dita a maior parte das mudanças. Desperta e aumenta o desejo sexual. A fase é de masturbação. De questionamentos também. A voz passa a ter configuração rouca, diferenciada da voz feminina. Depois a mudança atinge, creio que de modo semelhante, às meninas. Crescem os seios, vem o primeiro sutiã, o primeiro sangramento, o primeiro amor e logo aparecem as fantasias contrapondo-se à realidade.



Nunca esqueci uma passagem nesta fase de minha adolescência. A linda professora, nem sei mesmo se era tão linda assim, entrava em sala e ao sentar-se na cadeira, que ficava num plano mais alto, cruzou suas lindas pernas para fazer a chamada. Não ouvia nada. Milhares e milhares de coisas passavam pela minha mente. A pesar de não ter visto o que gostaria de ver pois a emoção não deixava. Só conseguia, com certa dificuldade, olhar o conjunto daquela amostra sutilmente escondida..



Mas as mudanças prosseguem por toda a vida, exigindo de nós, decisões cada vez mais complexas. Refletimos, formamos juízos, resistimos, procuramos adaptações, mas, sem perceber, passamos a vida toda mudando. Mudamos de idéias, de conceitos, de crenças e de valores, de time de futebol ou de outro esporte qualquer, de convicções políticas, de emprego, de profissão, de namorada, de mulher, de esposa, de amigos, de parentes, de roupa, de peso, de altura, de sapato, de perfume, de marca de cigarro, de carro, de bebida, de médico, de dentista, de barbeiro, de corte de cabelo, de bigode, de praia, de bar, de gosto musical, de livros, de jornais, de revistas, de canais de televisão, de novelas, de amigos, de presidente da república, de plano econômico, de moradia, de rua, de bairro, de cidade, de estado, de país, e até de sexo. Tantas são as mudanças. Passaríamos à tarde inteira aqui enumerando-as.



Acredito que todas as mudanças, de uma maneira ou de outra, são sempre positivas. São elas que nos tiram do imobilismo. É por causa dela, da mudança, que nos desafia, que nos incomoda, que passamos a reagir e a repensar nossas crenças e nossos valores. E sempre estamos alterando aquilo que nos parecia ser a verdade absoluta, imutável e infinita.



São muitos os exemplos de mudanças. Mudanças para melhor, pois para pior não são mudanças. Quando muito, são equívocos, enganos. Por isso temos que mudar sempre. E são muitos os exemplos de grandes mudanças. Vou citar apenas um. Na área de saúde pública. Justamente na área sabidamente abandonada por vários governos e que,hoje, infelizmente, retrata o monstro obsoleto e improdutivo em que se transformou grande parte da rede pública de prestação de saúde, em todas as esferas de governo. E tudo por causa da resistência em relação às mudanças que se faziam e ainda se fazem necessárias. Mudanças que não são tão difíceis de serem realizadas.. O nosso exemplo demonstra exatamente isso: que é possível mudar, que é possível melhorar, mesmo que seja um pouquinho de cada vez, mas que seja sempre e com métodos e propósitos bem definidos.



Refiro-me à Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor. Referência nacional e internacional no trato de questões afetas aos que sofrem algum tipo de paralisia por conta de acidentes de trânsito, quedas, tiros doenças e outras questões que redundaram em paralisias, parcial ou total de seus movimentos, com reflexos em seus movimentos, na sua fala, na sua vida, enfim, seja pela ocorrência de lesão na medula ou por outro tipo de doença que o acometera.



E o Sarah, diga-se de passagem, é totalmente público e gratuito. Vive de receita oriunda do orçamento da União, vale dizer, de nossos impostos. É a melhor aplicação de nosso dinheiro que conheço. Qual seria o segredo? Administração. Séria e competente. Honestidade. Crenças nas pessoas. Crédito à ciência e à tecnologia. Disposição para mudar, sempre e, sobretudo, respeito aos seres humanos.



No Sarah, todas as pessoas, de qualquer classe social, recebem o mesmo tratamento. Não se diferencia nem na hora das refeições. A mesma refeição que vai para a diretoria, o corpo médico e os profissionais de saúde e administrativo, é a mesma que é servida aos pacientes e seus acompanhantes. E a comida, além de boa, claro, tem supervisão de profissional da área de nutrição. Eu estive um tempo internado. Pouco tempo, mas o suficiente para constatar tudo isso.



O Sarah dispõe hoje dos mais modernos recursos tecnológicos, aparelhagens para exames sofisticados, laboratório, equipe de fisioterapeutas competentes, ginásios de prática de exercícios, piscina coberta e aquecida, e programa de hidroginástica com acompanhamento específico para cada caso.



Aulas aos pacientes sobre o funcionamento do hospital, sobre as doenças de cada um, suas implicações sociais, o corpo humano, a vida sexual, cuidados com a pele, como entrar e sair de um automóvel, dirigi-lo, enfim. E tem a sua oficina própria, onde são fabricados e doados cadeiras de rodas, muletas, bengalas, e tantos outros produtos elaborados e criados dentro da própria oficina, objetivando colaborar para a independência de movimentos do paciente. E há o estímulo na formação e treinamento de equipes de desportistas, na área de basquete, vôlei, tênis de mesa, etc. É um excelente hospital. Vejamos um resumo de alguns dos seus princípios básicos:



”1. Legitimidade – Pelos respeito aos direitos humanos, às instituições nacionais, à ordem jurídica vigente, aos fundamentos morais e espirituais da nacionalidade e das comunidades a que servem.

2. cidadania – Pela evidência de que na rede hospitalar APS (Associação das Pioneiras Sociais os serviços não são propriamente gratuitos mas na realidade pagos com a moeda justa e pessoal de um povo – os recursos do cidadão – contribuinte – repassados pela União, merecendo, portanto, todos os usuários, igualdade de atenção, de consideração e respeito.

3. Eficiência – Pelo propósito de dignificação e valorização do emprego dos recursos postos à disposição da Rede, de forma econômica e produtiva, com ordenação e disciplina, a fim de que sejam alcançados, incessante e inconformadamente, os mais altos padrões de eficiência.

4. Competência Profissional – Pelo imperativo de ampliação e aprofundamento de conhecimentos, de aperfeiçoamento de métodos e processos, feitos através da vivência hospitalar, da pesquisa, do estudo, do debate, do intercâmbio científico.

5. Ação – Pela permanente atitude de assegurar o primado do entusiasmo, da vigilância, da energia, do ânimo otimista, todas as formas, enfim, do espírito empreendedor, sobre a rotina, a inércia, o marasmo, o comodismo, a acomodação.

6. Criatividade – Pelo gosto da descoberta, da criatividade e da invenção, sempre temperados pelo realismo, pela simplicidade, pela objetividade,e a serviço da eficiência.

7. Renovação – Pela coragem e gosto de conviver com idéias novas, de aceitar seus desafios, discuti-los, comprovar sua viabilidade e coloca-los a serviço da Instituição.

8. Liberdade de Expressão – Pela compreensão da necessidade de tudo fazer para manter e estimular a fluência da informação e a liberdade de expressão dentro da instituição, temperadas pelo respeito mútuo e pela disciplina intelectual.

9. Dedicação Exclusiva - Pela total consagração à instituição e aos usuários, extinguindo os conflitos de interesses.



10.Integração Institucional – Pela integração e fidelidade à Instituição, de forma que a dedicação à casa, a coesão e o espírito de equipe sejam características identificadoras dos recursos humanos da Associação das Pioneiras Sociais”.





Este é o Brasil que admiro. Domingos Oliveira Medeiros –

20 de fevereiro de 2002 – Texto com correções que se

faziam necessárias.







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