Sei, não posso descrever com clareza,
Toda dádiva de tê-lo em meus braços.
Nem tão pouco a candura e a pureza,
De atar dos teus sapatos, os laços...
Nunca vi teu sorriso divino,
Nem sorvi o teu cheiro de flor.
Não contive tuas mãos pequeninas,
Ao meu peito, te dando calor.
Não sei qual é o mel dos teus olhos,
Se de engenho ou de doce caju.
Mas me perco em sutis devaneios
Ao pensar em teu rosto taful...
Numa tarde de sol como esta
Me quedei louca a imaginar,
Que teus [trôpegos] passos um dia,
Em pudesse com zelo amparar...
Em meus sonhos te vi pelo parque,
A brincar com degraus e xaxins.
De mãos dadas teu pai te levava
Pra escorregos e coisas afins...
A beleza dos dois de tão grande,
Prostrou de inveja os mortais.
Pois os deuses há muito sabiam
Que não há maravilhas iguais...
Tu trazias no peito estampado
Um patinho com o chapéu azul.
E nos pés a dileta sandália,
De correias de couro cru...
Tu serás para mim, filho amado
Como um sonho que não se dissipa.
E a alegria em meu ser diz teu nome,
Mesmo que tu não o saibas, não existas...
Outro dia [sem pejo] teu pai
Me contou que também te queria.
Mas não foi o meu ventre o eleito,
Pra gerar [com amor] tua vida...
Não te zangues, meu filho querido
Pois o trago comigo, calada!
E meu ventre será com carinho
Tua primeira [e mais quente] morada...
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